A importância do diagnóstico precoce para o tratamento, socialização e independência da criança autista: um estudo de caso.
A
importância do diagnóstico precoce para o tratamento, socialização e
independência da criança autista: um estudo de caso.
RESUMO
O presente trabalho tem como tema a “A importância do diagnóstico precoce para o tratamento, socialização e
independência da criança autista: um estudo de caso”.
A partir do estudo de caso serão
abordadas as intervenções realizadas por mim durante o ano de 2013, a atuação
do mediador em sala de aula, assim como a importância do diagnóstico precoce no
acompanhamento da criança autista. Contempla-se também as políticas de inclusão
e características do transtorno do espectro autístico.
Palavras-chave: Autismo, inclusão,
intervenção, mediação.
Introdução
“Eu
sou diferente, mas não sou inferior” (Temple Grandin, 2010).
O trabalho com qualquer tipo de deficiência, em especial com crianças
autistas, envolve o estudo e a compreensão desta condição e uma enorme
dedicação e paciência. É um trabalho em
longo prazo, com resultados discretos e, portanto, o profissional que escolhe atuar
nesta área, deve saber que vai passar por um exercício constante de
aprendizagem e superação de suas frustrações. Em contrapartida, acompanhar os
avanços, mesmo que modestos, traz uma sensação incrível por poder ajudar o
próximo com o seu trabalho.
Lidar, durante todo um ano letivo com uma criança diagnosticada com
autismo não verbal, e acompanhar suas dificuldades e seu desenvolvimento no dia
a dia motivou-me a estudar mais sobre o assunto. Devido ao meu desconhecimento
inicial e na tentativa de ajudar meu aluno, mergulhei fundo na questão do
autismo. Além disso, foi possível perceber, também, o desconhecimento por parte
dos profissionais da educação com quem tive contato. Assim, esse trabalho se
faz relevante no auxílio da compreensão das características do autismo por
parte dos profissionais da educação, pais e interessados na questão. Busca, principalmente,
mostrar como a identificação precoce do autismo aliada à mediação pode
favorecer o desenvolvimento da comunicação, autonomia e socialização das
crianças com autismo.
A partir da observação de um aluno incluído em minha sala de aula em
escola particular, pretendo analisar as propostas de intervenção utilizadas e
acompanhar seu desenvolvimento ao longo do ano letivo.
Pretendo, também, com essa pesquisa, conscientizar o maior número de
pessoas sobre a questão do autismo e do quanto é importante que a intervenção seja
iniciada o mais cedo possível. Além disso, acredito que esse trabalho possa
auxiliar em pesquisas futuras que estejam relacionadas ao autismo, ou ao estudo
de famílias de autistas, pegas de surpresa quando recebem o diagnóstico, e
precisando se reorganizar emocionalmente e financeiramente para conseguirem
oferecer os acompanhamentos necessários de especialistas para o desenvolvimento
de seu filho.
- O autismo
1.1 Caracterizando o autismo
O autismo é considerado pelo DSM-IV
(Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorder, da Associação Americana
de Psiquiatria) um transtorno invasivo do desenvolvimento – TID e não é um
distúrbio raro. Esse manual “propõe que seis itens são suficientes para
chegar-se ao diagnóstico, sendo exigido ao menos duas alterações relacionadas à
sociabilidade, uma relacionada à comunicação e uma alteração de comportamento
do tipo repetitivo ou estereotipado” (Mercadante-DSM-IV, 1994). Sabe-se que o
autismo é uma desordem neurobiológica e que a taxa de incidência é maior no
sexo masculino. Atualmente é uma das patologias mais encontradas na infância. Além
disso, estudos apontam que diferente do que os cientistas pensavam no início
das pesquisas sobre o autismo, não existe relação com a falta de afeto entre a
criança e seus pais. Os genes têm papel importante, mas não são os únicos
fatores envolvidos.
A criança autista pode apresentar sintomas desde os primeiros meses ou,
após um determinado período de desenvolvimento normal, ir perdendo todos os
avanços conquistados ao longo dos meses. Vale ressaltar que em ambos os casos a
criança precisa apresentar esses sintomas antes dos 36 meses.
O autista não reconhece o outro como seu semelhante. São características
do autista fazer pouco ou nenhum contato com o olhar, ter aparente aversão ao
contato físico, não interagir, ter dificuldade em brincadeiras que exijam
imaginação, dificuldades para se relacionar com o outro, ter interesses pouco
comuns, manias, apresentar estereotipias e não aceitar de forma tranquila
mudanças em sua rotina. A dificuldade de interação é um dos sintomas do
espectro, classificados por Wing (1979) juntamente com outros dois sintomas
formando o tripé dos sintomas autísticos. São eles: falha na interação
recíproca, dificuldade na comunicação verbal e não-verbal e comprometimento da
imaginação com repertório restrito de interesses e atividades (GIKOVATE e
MOUSINHO, 2004).
Gikovate e Conceição (2010, p. 121) compreendem o autismo “como um
conjunto de sintomas e dificuldades que causam prejuízo qualitativo na
interação social, dificuldade na comunicação verbal e repertório restrito de
interesses e atividades”.
Não é possível diagnosticar o autismo em exames e talvez isso possa ser
um agravante para que os pais não saibam da existência desse transtorno. Os
exames só servem para identificar se existe alguma doença associada com o
autismo. Muitas crianças autistas são diagnosticadas como surdas no início,
pelo fato de não responderem a barulhos ou aos estímulos dos pais.
O encaminhamento tardio é o
principal problema enfrentado pelos profissionais e a identificação do
Transtorno de Desenvolvimento geralmente acontece no início da idade escolar,
pelos professores e equipe pedagógica. Lampreia e Lima (2008, p.7) alertam que
“a importância de uma identificação de risco precoce é a possibilidade de uma
intervenção também precoce, o que pode minimizar as características do
transtorno autístico, e permitir um melhor prognóstico”. O ideal é que essas
intervenções sejam feitas antes dos 4 anos de idade e que a criança seja matriculada em uma escola
regular para conviver com crianças não autistas.
Por ser um assunto com algumas
incógnitas, temos um longo caminho para explorar e conhecer. Assim, é preciso
que todos tenham consciência de como lidar e o que fazer para ajudar a criança
autista. Boa vontade e cuidado são importantes, mas conhecer o transtorno é
fundamental para que com pequenas ações possamos fazer com que a criança seja
socializada e aos poucos adquira confiança para se relacionar com o outro.
Oferecer um ambiente estruturado, organizar rotinas antecipando o que vai
ser feito ao longo do dia, prepará-lo previamente para alguma mudança futura,
reduzir o numero de situações inesperadas, ser objetivo e claro, são ações
simples que podem melhorar o convívio do autista com os outros e o mais
importante, a criança com espectro autístico precisa saber o que as pessoas
esperam dela nas mais variadas situações.
Não é possível saber até que ponto o autista poderá aprender, mas é de
conhecimento dos pesquisadores que é possível interferir no processo de
desenvolvimento da aprendizagem dessa criança e a mediação é um bom recurso
para auxiliar sua vida.
Devido à complexidade do quadro autístico, Mercadante (1997) afirma que
deve-se elaborar um programa de tratamento que possa interferir nas áreas
comportamentais, de aprendizado, relacionamento familiar, entre outros. O
tratamento farmacológico é apenas um dos tratamentos dentre tantos existentes,
mas que precisa ser bem pensado avaliando os prós e os contras do medicamento
no paciente. (Mercadante–1997). Geralmente, os medicamentos são usados para
controlar a hiperatividade, agressividade, déficit de atenção, impulsividade,
desatenção e distúrbios de movimento.
Ainda hoje, muitos médicos acreditam que se uma criança autista não falar
por volta dos 5 anos, não conseguirá mais se tornar verbal. Recentemente, foram
divulgadas pesquisas feitas por cientistas do Centro para Autismo e Transtornos
Relacionados, localizado em Baltimore, com crianças entre 8 e 17 anos que
tinham atrasos de linguagem, variando de totalmente não verbal ao uso de
palavras e frases simples. As pesquisas foram publicadas no jornal “Pediatrics”
e comprovaram que após esse período ainda é possível adquirir linguagem. De
acordo com as estatísticas, quase metade das 535 crianças pesquisadas
conseguiram se tornar fluentes na fala. Além disso, estes estudos apontam que o
nível de comportamentos estereotipados não afeta a capacidade de desenvolvimento
de linguagem.
As estereotipias são um traço marcante nas crianças autistas. São
movimentos repetitivos e que podem ser feitos com o corpo ou com objetos. Uma
criança que apresenta movimentos estereotipados pode repetir o mesmo movimento
por horas de forma idêntica e constante e, em alguns casos, pode se machucar
seriamente dependendo do tipo de movimento executado. O “flapping de mãos”
(sacudir as mãos) é uma das estereotipias mais comuns. Esses movimentos podem
se acentuar em situações que causam algum desconforto ou até mesmo nos momentos
de euforia.
O interesse por brinquedos pode ser peculiar e bastante específico. Podem
se interessar apenas pelo movimento da roda de um carrinho ou do barulho que o
brinquedo possa fazer. Texturas, gostos, cheiros, luzes e sons também podem ser
elementos que causam fixação.
1.2 Interação e mediação no atendimento à
criança autista
A interação é uma das principais dificuldades encontradas
na tríade dos sintomas do autismo. Interagir com o outro e com o meio é muito importante
para o desenvolvimento psíquico e social de qualquer criança.
Segundo Rego (2010), para Vygotsky a
questão da mediação tem papel imprescindível nas relações que o homem
estabelece ao longo de sua vida. Segundo o autor, existem dois elementos básicos
responsáveis por essa mediação: o instrumento e o signo. Os instrumentos ampliam as
possibilidades de transformação da natureza e têm a função de regular as ações
sobre os objetos. “Diferente de outras espécies animais, os homens não só
produzem seus instrumentos para a realização de tarefas específicas, como
também são capazes de conservá-los para uso posterior, de preservar” (Rego,
2010, p.51). O signo é exclusivamente humano e são representações mentais que
substituem objetos do mundo real.
Segundo Rego
(2010), Vygotsky acreditava que a estrutura fisiológica, ou seja, aquilo que já
nasce conosco, não é suficiente sozinho para produzir o indivíduo. É a partir
da interação com o meio em que vive
e com o outro, que o ser humano adquire suas características individuais. A interação,
principalmente a realizada entre indivíduos face a face, tem uma função central
no processo de internalização. Para Rego
(2010, p 58) “O desenvolvimento está intimamente relacionado ao contexto
sociocultural em que a pessoa se insere e se processa de forma dinâmica (e
dialética) através de rupturas e desequilíbrios provocadores de contínuas
reorganizações por parte do indivíduo”. Portanto, a interação com
o adulto é muito importante para que o bebê sobreviva. É a partir dessa
interação que a criança aprende a se comunicar, compreende os significados das
expressões faciais, etc. Algumas ações consideradas espontâneas da criança não
são possíveis de observar em um autista.
Pensando na questão da inclusão, o mediador ou facilitador inserido no
contexto escolar serve para intermediar as relações da criança com o outro e
com o meio. Suas atribuições são amplas, já que esse profissional precisa
acompanhar a criança dentro e fora de sala de aula durante toda a sua
permanência no espaço escolar. É muito importante para o bom andamento do
trabalho, uma postura adequada por parte desse mediador no sentido de manter um
contato aberto com a família, escola e profissionais envolvidos no
acompanhamento da criança. Estabelecer uma boa relação com todas as partes é
fundamental, já que esse mediador convive com a criança muitas horas do dia e é
peça chave para que sejam detectados problemas ou identificadas melhoras no
quadro.
No caso da criança autista, esse mediador deve ajudá-lo a compreender
como se comportar e se relacionar em diferentes situações, traduzir alguma
informação de difícil compreensão transformando-a em imagens, por exemplo. Além
disso, também pode ensiná-lo a se acalmar quando alguma coisa o incomodar,
controlando suas birras e incentivá-lo a participar das brincadeiras e jogos
com as outras crianças. Portanto, essa mediação diária contribui de forma
significativa para o desenvolvimento da criança autista.
Teixeira (2013, p.179) confirma a importância do mediador atuando junto à
criança autista quando diz que: “O
mediador escolar trabalhará auxiliando a criança na sala de aula e em todos os
ambientes escolares, como um “personal trainer”, mediando e ensinando regras
sociais, estimulando sua participação em sala (...) e acalmando o estudante em
situações de irritabilidade e impulsividade”.
Apesar
das conquistas realizadas até agora, a presença do mediador nas escolas ainda é
um desafio. Nas escolas particulares, por exemplo, o mediador é pago pelos pais
da criança. Já na rede pública, são contratados estagiários para exercer tal
função. Podemos dizer que o facilitador tem informações privilegiadas e
a possibilidade de observar detalhadamente o comportamento da criança. Assim,
ele percebe detalhes que seriam perdidos por um professor encarregado por todo
grupo.
A Neuropediatria é a
especialidade que diagnostica e cuida do autismo. Entretanto, o trabalho de outros
profissionais como Psicopedagogos (foco nas dificuldades de aprendizagem),
Fonoaudiólogos (trabalham para melhorar a comunicação) e Psicólogos, contribuem
bastante, junto com o mediador, para o desenvolvimento dessa criança. O ideal é
que a equipe multidisciplinar avalie e pense um projeto de intervenção em
parceria com todos os profissionais envolvidos no tratamento do autista.
1.3 Políticas de inclusão e o Transtorno Invasivo do Desenvolvimento
A história da Educação Especial no Brasil foi determinada, pelo menos até
o final do século XIX, pelas informações vindas da Europa. A criação da “roda
de expostos” em Salvador e no Rio de Janeiro, no início do século XVIII e, em São Paulo , no início do
século XIX, deram início à institucionalização dessas crianças que eram
cuidadas por religiosas.
Ainda no século XIX tivemos a criação de duas instituições: o Imperial
Instituto dos Meninos Cegos, em 1854, atualmente conhecido como Instituto
Benjamin Constant e o Instituto dos Surdos Mudos, em 1857, hoje denominado
Instituto Nacional da Educação de Surdos – INES, ambos no Rio de Janeiro. Em
1923 foi fundado o Instituto Pestalozzi, instituição especializada no
atendimento às pessoas com deficiência mental; em 1954, foi fundada a primeira
Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais – APAE.
Segundo Eugênio Cunha, (2013) foi por volta da segunda metade do século
XX que a sociedade começou a se preocupar mais com a inclusão de alunos com deficiências.
Antes, o ensino para essas crianças era ministrado em classes especiais para
esses alunos que, segundo a sociedade da época, não tinham capacidade de
acompanhar uma classe dita normal. O ensino era marcado pela segregação e total
preconceito devido à falta de conhecimento da época. Com o passar do tempo, a
ideia de inclusão dos alunos com deficiência, em classes regulares foi ficando
cada vez mais em evidência e ao final do século XX, muito já se falava sobre
esse assunto. Cada vez mais o ambiente segregador da escola ia se tornando um
local aberto para receber o considerado “diferente”.
Podemos perceber as mudanças ocorridas ao longo dos anos, a partir dos
documentos oficiais emitidos pelo governo e das conferências fora do Brasil que
afetaram diretamente a construção de políticas públicas em prol da Educação
Especial em nosso país.
Em 11 de Agosto de 1971, o então presente Emílio G. Médici assina a Lei
5692/71 - Diretrizes e Bases do Ensino de 1º e 2º graus. No Artigo 9º é
previsto o atendimento de alunos com algum tipo de deficiência. De acordo com a
lei, “os alunos que apresentem deficiências físicas ou mentais, os que se
encontrem em atraso considerável quanto à idade regular de matrícula e os
superdotados deverão receber tratamento especial”. Vale lembrar que estávamos
em plena ditadura militar (década de 70). Isso representou o início de um
pensamento voltado para a inclusão dos alunos com deficiência em nosso país, já
que até então, não existia nenhuma lei que os contemplasse quanto ao
atendimento.
Em 1988 temos a nova Constituição da República Federativa do Brasil.
Nesse documento oficial, vários artigos foram destinados aos direitos da
criança com deficiência. Vale ressaltar os seguintes artigos:
O artigo 23º diz que é dever da União, dos Estados, do Distrito Federal e
dos Municípios:
(...) II -
cuidar da saúde e assistência pública, da proteção e garantia das pessoas
portadoras de deficiência;
O artigo 24º aponta que compete à União, aos Estados e ao Distrito
Federal a:
(...) XIV -
proteção à integração social das pessoas portadoras de deficiências;
O artigo 203º aponta que a
assistência social será prestada a quem dela necessitar, independentemente de
contribuição à seguridade social, e tem por objetivo:
(...)
IV - a habilitação e a reabilitação de pessoas portadoras de deficiência e a
promoção de sua integração à vida comunitária;
E o artigo 208º da Constituição diz
que “O dever do Estado com a educação será efetivado mediante a garantia de”:
(...)
III - atendimento educacional especializado aos portadores de deficiência,
preferencialmente na rede regular de ensino.
Os artigos citados acima foram
destacados porque garantem que o aluno com deficiência tenha o cuidado com sua
saúde garantido, assim como sua proteção, habilitação e reabilitação. Novamente
vemos a garantia ao atendimento assim como citado na Lei 5692/71. Além disso, o
direito das pessoas com necessidades especiais receberem educação,
preferencialmente na rede regular de ensino, passa a ser previsto na
Constituição Federal, com o objetivo de integrar esses alunos através da escola
e assegurar o direito à educação.
Em 1990 temos a Conferência Mundial
sobre Educação para todos, realizada em Jomtien, na Tailândia. Essa Conferência
foi promovida pelo Banco Mundial, pela UNESCO, pelo Fundo das Nações Unidas
para a Infância (UNICEF) e pelo programa das Nações Unidas para o
Desenvolvimento (PNUD). Nessa Conferência
foi aprovada a “Declaração Mundial sobre a Educação para Todos: Satisfação das
Necessidades Básicas de Aprendizagem”.
Essa declaração fala diversas vezes
sobre o direito à educação e deixa claro que todos devem ter esse direito
assegurado independente de gênero, raça/etnia, classe social, religião ou
cultura. No que diz respeito à Educação Especial temos o artigo 3º que trata da
universalização do acesso à educação e a promoção da equidade. Em seu parágrafo
5º, preconiza a necessidade de “tomar medidas que garantam a igualdade de
acesso à educação aos portadores de todo e qualquer tipo de deficiência, como
parte integrante do sistema educativo”. Nesse documento, não temos nenhum outro
artigo ou parágrafo que cite a educação especial, mas vale ressaltar que esse
documento teve sua importância no processo de construção dos direitos dos
cidadãos.
Em 1994 temos a Conferência Mundial
sobre Necessidades Educativas Especiais: Acesso e Qualidade. Realizada em
Salamanca, na Espanha, teve a participação de 88 governos e 25 organizações
internacionais. O Brasil foi signatário da “Declaração de Salamanca”. Esse
documento reafirma a ideia do direito à educação de todos os indivíduos citados
na Conferência Mundial sobre Educação para todos. Além disso, existe um item
voltado para os governos, uma espécie de orientação para auxiliar no
atendimento e proteção da criança com deficiência. Dentre eles, podemos citar a
inclusão de todas as crianças no sistema de ensino, independentemente de sua
deficiência, incentivo a participação dos pais e da comunidade dentro da escola
e o investimento na formação dos professores para que possam realizar seu
trabalho respeitando as diferenças de cada um.
Em seguida, temos a criação de umas
das leis mais importantes na História da Educação - Lei de Diretrizes e Bases
da Educação Nacional - Nº 9.394, 20 de dezembro de 1996. Nela fica clara a
valorização da educação inclusiva e a educação especial na rede regular de
ensino. Destacarei apenas o capítulo V que fala especificamente da Educação
Especial.
O artigo 58º entende por Educação
Especial “a modalidade de educação escolar oferecida preferencialmente na rede
regular de ensino, para educandos portadores de necessidades especiais”. Seus
parágrafos seguintes falam que esse aluno deve estar incluído sempre que
possível, com serviços de apoio especializado na escola regular para atender suas
particularidades e o atendimento educacional deverá ser realizado em classes
especializadas, quando não for possível sua integração nas classes comuns do
ensino regular.
O artigo 59º fala sobre as
adaptações de qualquer espécie que favoreçam o aprendizado desses educandos. Os
sistemas de ensino assegurarão aos alunos com necessidades especiais a
adaptação dos “currículos, métodos, técnicas, recursos educativos e organização
específicos, para atender às suas necessidades”; “professores com
especialização adequada em nível médio ou superior, para atendimento
especializado, bem como professores do ensino regular capacitados para a
integração desses educandos nas classes comuns”. Além disso, a inclusão no
mercado de trabalho e o “acesso igualitário aos benefícios dos programas
sociais suplementares disponíveis para o respectivo nível do ensino regular”
também são contemplados nesse documento de lei.
Ao longo
dos anos, muitas portarias e decretos foram apresentados. Entretanto, ainda não
existia uma lei específica que fosse totalmente direcionada para as pessoas com
o transtorno do espectro autístico. Em 2007 temos a criação da Política
Nacional de Educação Especial na perspectiva da educação inclusiva. Esse
documento traz
as diretrizes que fundamentam uma política pública voltada à inclusão escolar
com o objetivo de constituir políticas públicas em prol da Educação Especial em
nosso país.
Essa Política Nacional
tem como objetivo oferecer o acesso, a participação e a aprendizagem dos
alunos com algum tipo de deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e
altas habilidades na escola regular. Para que isso aconteça de forma efetiva,
esse documento orienta as instituições escolares para que possam garantir
atendimento educacional especializado, participação da família na escola,
formação dos professores e estrutura física que atenda as necessidades desse
aluno. Em relação às diretrizes apresentadas pelo documento podemos citar a
importância da formação de profissionais qualificados e atendimento educacional
especializado ao longo de todo o processo de escolarização desse aluno
realizado concomitantemente à sua vida em sala de aula como forma de
complementar seu aprendizado. Uma avaliação pedagógica que seja sensível às
dificuldades do aluno e que seja vista como parte de um processo tem papel
fundamental para o progresso desse aluno.
Em 17 de
Novembro de 2011, a
presidente Dilma assinou o decreto 7.611. Esse documento, fala sobre o dever do
Estado de garantir a inclusão dentro do sistema educacional bem como assegurar que esse aluno receba todos os
cuidados necessários dentro da rede regular de ensino. Além disso, ainda no artigo. 1º fica claro o público alvo desse decreto: “pessoas com deficiência, com transtornos globais do desenvolvimento
e com altas habilidades ou superdotação”.
Segundo esse documento, a educação especial deve garantir
serviços de apoio especializado para complementar o ensino das pessoas com
deficiência e suplementar a aprendizagem dos alunos com altas habilidades. No
artigo 3º, são citados os objetivos do atendimento educacional especializado,
como por exemplo, a promoção de condições de acesso no ensino regular, fomento
ao desenvolvimento de recursos didáticos e oferta de condições para que esse
aluno possa continuar seus estudos.
Por fim,
umas das leis mais recentes e mais importantes envolvendo diretamente as
questões do espectro autístico - Lei n º 12.764, sancionada pela presidente
Dilma Rousseff em 27 de Dezembro de 2012. Esta Lei institui a Política Nacional
de Proteção dos Direitos da Pessoa com Transtorno do Espectro Autista e
estabelece diretrizes para sua consecução. Logo no 2o
parágrafo temos um grande ganho na luta das pessoas com autismo. Essa
medida faz com que os autistas passem a ser considerados oficialmente pessoas
com deficiência, tendo direito a todas as políticas de inclusão do país - entre
elas, as de Educação. Isso
significa que esses alunos passam a ter o direito de estudar em escolas
regulares e, quando necessário, solicitar um acompanhante especializado. É
abordada também a questão da formação do professor e o apoio aos responsáveis
estabelecendo uma parceria entre escola e família. Além disso, também prevê em
lei, no Artigo 7º, a punição para o gestor escolar que se recusar a matricular
uma criança com espectro autista.
Logo no 1º parágrafo é especificado quais pessoas podem ser
consideradas com o transtorno do espectro autista. Para isso, precisam
apresentar:
I – “deficiência persistente e clinicamente
significativa da comunicação e da interação sociais, manifestada por
deficiência marcada de comunicação verbal e não verbal usada para interação
social; ausência de reciprocidade social; falência em desenvolver e manter
relações apropriadas ao seu nível de desenvolvimento”;
II – “padrões restritivos e repetitivos de comportamentos,
interesses e atividades, manifestados por comportamentos motores ou verbais
estereotipados ou por comportamentos sensoriais incomuns; excessiva aderência a
rotinas e padrões de comportamento ritualizados; interesses restritos e fixos”.
O artigo
2º aponta diretrizes da Política Nacional de Proteção dos Direitos da Pessoa
com Transtorno do Espectro Autista. São eles:
a integração de diversos setores no desenvolvimento das
ações e de políticas voltadas para o atendimento à pessoa com transtorno do
espectro autista, bem como a participação da comunidade na formulação de políticas
pública e a atenção integral às necessidades de saúde dessa pessoa objetivando
o diagnóstico precoce, o atendimento multiprofissional, e o acesso a
medicamentos e nutrientes. Além disso, a inserção da pessoa no mercado de
trabalho sempre respeitando suas particularidades, a responsabilização do poder
público quanto o acesso à informação, o incentivo à pesquisa científica no
sentido de quantificar e analisar os problemas relativos a esse transtorno em
nosso país são, também, contemplados nesse artigo. Mais uma vez o “incentivo à
formação e à capacitação de profissionais especializados no atendimento à
pessoa com transtorno do espectro autista, bem como a pais e responsáveis” são
citados na lei, o que mostra a importância do papel que os profissionais e a
família ocupam no tratamento da pessoa com deficiência.
O artigo.
3º é importante, pois mostra quais são os direitos da pessoa com transtorno do
espectro autista. Dentre eles, podemos citar o direito a uma vida digna
(proteção, acesso a serviços de saúde, atendimento, nutrição e medicamentos) e
ao diagnóstico precoce, mesmo que não seja definitivo. Devem ter acesso à educação
e ao ensino profissionalizante, à moradia e ao mercado de trabalho.
O parágrafo único diz que “Em casos de comprovada
necessidade, a pessoa com transtorno do espectro autista incluída nas classes
comuns de ensino regular, nos termos do inciso IV do art. 2o,
terá direito a acompanhante especializado”. Ter em um documento oficial, o
acesso à mediação é um grande passo visto que é fundamental o papel desse
profissional no processo de desenvolvimento dessas pessoas.
Como
dito anteriormente, o artigo 7º surge para deixar claro que qualquer forma de
preconceito por parte das escolas, não será mais aceita sob pena de punição. Recusar a
matrícula já é algo proibido por lei, a medida reforça isso e estabelece a
punição. Segundo a lei “o gestor
escolar, ou autoridade competente, que recusar a matrícula de aluno com
transtorno do espectro autista, ou qualquer outro tipo de deficiência, será
punido com multa de 3 (três) a 20 (vinte) salários-mínimos”. O fato de existir
uma punição para tal atitude faz com que muitos gestores desistam de não
aceitar esses alunos em suas escolas. Caso haja reincidência, haverá
perda do cargo.
Podemos concluir que essa lei
representa uma grande conquista para todos os pais, médicos e demais
profissionais envolvidos com o desenvolvimento da criança autista e mais um
reforço na luta pela inclusão. Conseguir incluir o autismo como
deficiência é um grande passo para garantir direitos que deveriam ser de todos,
mas não são, como acesso a escolas regulares sem possibilidade de recusa. Como
antes não existia um texto específico que enquadrasse o autismo como uma
deficiência, muitos não podiam usufruir desses direitos já previstos em nossa
legislação. Sem dúvida demos um grande salto e conquistamos uma grande vitória.
- Metodologia
e Contexto
O presente trabalho trata de uma pesquisa qualitativa visto que não houve
manipulação intencional de minha parte durante minha observação que ocorreu
diariamente, ao longo de todo o ano de 2013. Optei por fazer o estudo de caso,
por tratar de um assunto do meu interesse e um caso específico dentro da escola
na qual trabalho como auxiliar de turma.
A partir da observação da criança em todas as situações, sejam elas
livres ou dirigidas é que foi possível perceber suas características pessoais.
Foi no dia a dia que, aos poucos fui conhecendo melhor as características do
meu aluno. A partir das minhas experiências e vivências que a necessidade de
escrever se tornou vital para a organização do meu pensamento e melhor
entendimento da situação. Por conta disso, escolhi adotar o diário de campo por
acreditar ser a melhor maneira de registrar seus momentos e assim enriquecer
ainda mais minha pesquisa.
Ludke e Marli (1986) utilizam o
conceito de “participante total” (papel de pesquisador não revelado ao grupo) e
o “observador total” (não interage com o grupo ou é um observador declarado).
Diante desses conceitos, durante a minha pesquisa exerci o papel de
“participante total” visto que não pude realizar minhas anotações na frente de
todos, já que não exerci o papel de observadora declarada diante do grupo.
Contexto
O aluno observado mora com os pais,
seu irmão mais velho e sua babá inserida na família antes mesmo do nascimento
dele. Nascido de 35 semanas e parto normal, ficou internado na UTI por 19 dias
até atingir o peso necessário. A mãe sempre observou a possibilidade de alguns
atrasos. Aos 8 meses começou a pronunciar algumas palavras, mas regrediu após
os 12 meses. Foi diagnosticado com sinais clínicos presentes no TEA (Transtorno
do Espectro Autístico) por volta dos 3 anos de idade e hoje, tem 5 anos.
Frequenta
a escola desde os 2 anos de idade, quando ingressou no Maternal 1. As
desconfianças de sua mãe aumentaram mais quando ele entrou na escola. Seu
comportamento atípico chamava atenção da professora e por isso, ela chamou os
pais para um atendimento onde foi possível conversar sobre um atraso no
desenvolvimento.
A criança ainda encontra-se no processo de
desfralde, já que ainda usa fralda para dormir à noite. Passa o dia bem e
consegue pedir para ir ao banheiro. Sua capacidade de entender sempre foi
superior a sua capacidade de se expressar.
Recebi o aluno aos 3 anos, no auge da
descoberta do autismo. Nos primeiros dias de aula, o aluno insistia em
continuar indo para a sala do ano anterior e era claro seu desconforto e
insegurança conosco e com a nova sala de aula. Não costumava se comunicar muito
e ficava boa parte do tempo em frente ao espelho da sala. Todas as salas
possuem um espelho bem grande e lá era o único lugar da nova sala em que ele se
sentia mais confortável. Foi um grande desafio recebê-lo. Desde que foi
descoberto o autismo, o aluno é acompanhado por diversos profissionais, duas
vezes na semana.
Antes de
começarem as aulas, tivemos a reunião de pais para que a coordenação
apresentasse os professores que acompanhariam as crianças na outra turma.
Quando a mãe nos conheceu e soube que na sala de Maternal 2 teriam 24 crianças,
ela entrou em pânico.
Chorou compulsivamente e disse que iria tirá-lo da escola.
Ela estava acostumada com uma turma menor, visto que no ano anterior a turma
dele tinha apenas 12 alunos. Fui até ela para me apresentar e conversar melhor,
na tentativa de acalmá-la. Ela desabafou, dizendo estar desesperada e achando
que seu filho não se adaptaria e ficaria esquecido na sala de aula. Me comprometi
com ela e assim, se iniciou uma relação de confiança que se estende até hoje. E
foi daí que eu encarei o desafio e comecei a pesquisar sobre o assunto. E
dentro dessa realidade que iniciamos o trabalho com o aluno. Uma família
insegura, o desafio e a criança no meio disso tudo.
3. Análise e discussão
3.1 Inclusão e escola
Sabemos que com a escola há a possibilidade da criança conviver com o
outro, ou seja, é um espaço que possibilita a interação com pessoas diferentes
das que estão no ambiente familiar. Como vimos no capítulo anterior, a Educação
Especial é um tema pensado desde meados do século XX. Já a ideia de inclusão
contemplando a mediação escolar pode ser considerada uma discussão mais atual,
por volta dos anos 2000. A inclusão não é simples e não se torna realidade apenas com
a aprovação de leis.
Conversando com a professora sobre o aluno, percebi que ela estava
bastante acomodada e que não pretendia tomar iniciativa para que o mesmo se
desenvolvesse. Para ela, nós não tínhamos muito o que fazer dentro de sala.
Entrando um pouco mais nesse assunto, senti algumas dificuldades e resistências
ao falar sobre o aluno. Acredito que isso se dê principalmente pela falta de
informação da professora sobre o assunto, alegando sempre que já se formou há
10 anos e que estaria “por fora” de toda a discussão do autismo. Outro ponto
que percebi foi que ela não acreditava muito no diagnóstico de autismo da
criança e confesso que em muitos momentos me questionei também sobre isso. Por
conta disso, ela se dizia perdida e não sabia o que fazer para ajudar a
criança. Além disso, a escola não aceita que o aluno tenha um mediador e por
isso, na maioria das vezes me coloquei como tal, mesmo sendo professora
auxiliar na turma.
Podemos
perceber que tivemos avanços significativos em nossa legislação brasileira. Um
ponto importante a ser destacado e que não vem acompanhando a atualização das
leis é a formação continuada dos professores. Esse item vem sendo esquecido e
com isso, tem prejudicado o andamento do trabalho dos docentes. Sem a
informação e formação adequada é praticamente impossível construir um trabalho
satisfatório com esses alunos. É preciso rever a formação de modo a ajudar os
docentes a lidar com as limitações e as dificuldades de cada aluno, presentes no
dia a dia em sala de aula.
Atualmente,
a mediação já é uma ferramenta mais acessível. Entretanto, como os professores
podem estabelecer parcerias com os mediadores se não tem o conhecimento
necessário para tal? E ainda, como trabalhar diretamente com alunos com
deficiência que não possuem mediador, sem a devida formação? Como visto no
capítulo anterior, a lei n º 12.764, aborda a questão do mediador em
sala de aula em caso de “comprovada necessidade” e também fala da formação dos
professores. O Parágrafo VII do Art.2º aponta como uma das diretrizes “o
incentivo à formação e à capacitação de profissionais especializados no
atendimento à pessoa com transtorno do espectro autista, bem como a pais e
responsáveis”. Isso significa que, em lei existe a preocupação com a
formação docente, mas na prática são poucas ações que de fato, formam e
auxiliam o professor no seu trabalho em sala de aula. Além disso, o mediador
não está disponível para todas as crianças, o que acaba acontecendo na prática
é que as escolas só optam por contratar mediação em casos graves e esquecem dos
outros alunos que mesmo não sendo tão graves precisam receber um mediador para
que possam se desenvolver e progredir no aprendizado.
A realidade que vivo dentro de sala de aula, acontece na maioria das
escolas do país. A falta de formação da professora com quem tenho contato
diariamente, e tantos outros profissionais da educação, acaba sendo consequência
da falta de formação continuada e de programas do governo que tratem sobre a
inclusão nas escolas.
3.2 Família
O preconceito é sempre uma questão bastante
complicada de se falar. Muitas pessoas tem, mas não assumem e vivem suas vidas
assim. Mas e quando a situação acontece dentro de sua própria família, de sua
casa, com seu filho? O desespero, a insegurança e o medo de perder o controle
da situação acabam tomando conta e a tentativa de proteger a pessoa com todas
as forças acaba fazendo com que a família crie mecanismos para se defender e
esconder a verdade, ao invés de encará-la. E foi exatamente assim que aconteceu
com a família da criança observada.
A chegada
de um bebê geralmente desperta na família muitas expectativas. Quando alguma
coisa não sai como planejado e se descobre, por exemplo, alguma deficiência ou
distúrbio, a primeira atitude é a negação. O desconhecimento por parte dos pais,
e a conseqüente dificuldade inicial de adaptação da família, faz com que muitos
pais deixem de interagir com o bebê. Além disso, a rejeição da comunidade em
que vivem (amigos e vizinhos) causam isolamento pessoal e familiar.
No caso específico do aluno observado, apenas a
mãe desconfiava que alguma coisa não estava bem. Por já ter um filho, ela
sempre comparou o desenvolvimento dos dois. E por isso, ficou instigada a
pesquisar o que poderia estar acontecendo. Após muitas consultas, o diagnóstico
de autismo infantil surgiu e com ele muitas dúvidas. O medo também é constante,
principalmente do que o filho vai enfrentar ao longo de sua vida e a grande
dúvida: como lidar com o preconceito na escola, na família, na rua? Essa mãe me
relatou que o medo do preconceito ainda assombra sua vida. Por isso, ela criou
uma versão própria quando é questionada sobre o que seu filho tem. A solução
que encontrou foi dizer que ele tem um atraso de linguagem e por isso, não fala
ainda. Na escola nenhuma mãe sabe do diagnóstico real de seu filho e até mesmo
alguns parentes mais distantes também não.
Por um tempo, ela não levou seu filho para
festinhas dos colegas com receio de que ele possa se incomodar com alguma coisa
e ter alguma reação inesperada. Em alguns eventos de família, com muitas
pessoas, a criança já apresentou crises de choros e de gritos e por isso, ela
preferia deixá-lo em casa. Aos
poucos, foi se sentindo mais segura e, apesar de continuar falando de um atraso
de linguagem, já consegue levá-lo em algumas festas dos coleguinhas, entendendo
que é necessário que ele interaja e participe de eventos sociais com outras
crianças.
Sua mãe é uma pessoa muito comunicativa, gosta
de falar alto e gesticula bastante. Normalmente quem o busca na escola é a babá,
e nas vezes que a mãe resolve pegá-lo, ele tem reações diferentes das que
estamos acostumadas. Por falar muito alto e gesticular bastante, ele acaba
chorando e ficando nervoso, gritando excessivamente, fazendo com que ela também
fique nervosa e a situação fica bastante complicada. A sua tentativa incansável
de fazer com que seu filho se pareça com as outras crianças, faz com que ele se
sinta vulnerável em algumas situações. Ao final da aula, as crianças costumam
brincar no pátio, tirar fotos, correr. Esse momento é bastante delicado, o
aluno procura se isolar e a mãe fica atrás empurrando- o para participar,
gerando um desconforto na criança. Outro momento bem delicado é quando vão
tirar fotos. As outras crianças conseguem olhar para a câmera e sorrir, já seu
filho tem dificuldade em focalizar na câmera com tantos estímulos e pessoas ao
seu redor. A mãe grita bastante, tentando chamar sua atenção até que consiga
tirar uma foto olhando para a câmera e o resultado disso, é o choro
demonstrando sua insatisfação em ser pressionado dessa forma.
Por esses e outros motivos, o comportamento que
R. tem na escola não é o mesmo que a mãe nos conta que ele apresenta em casa. Na escola ele é uma
criança bastante flexível, melhorou bastante suas dificuldades em relação às mudanças
de rotina e tem diminuído gradativamente seus gritos e choros.
Na escola, não sinto preconceito em relação à
criança. Os funcionários tratam-no com muito carinho e sabem de seu
diagnóstico. Procuramos sempre trabalhar, em especial com a nossa turma,
algumas questões com as crianças e repelimos qualquer forma de preconceito
dentro da escola. Não presenciei nenhuma atitude preconceituosa por parte das
crianças, apenas um distanciamento pelo fato dele se isolar. Apesar disso, os
outros colegas cuidam do aluno e tem muito carinho com ele, tentando por
algumas vezes protegê-lo e pedindo para que não chore.
3.3 Comportamento em sala de aula
Desde a primeira vez que vi o R. e soube do seu diagnóstico de autismo
fiquei bastante em
dúvida. Apesar da ausência da fala e de algumas
estereotipias, ele nunca recusou um carinho e sempre olhou no olho, tentando se
comunicar da sua maneira. Ele possui algumas estereotipias como, por exemplo,
bater palmas quando está eufórico com alguma situação, não brincar com os
outros, mas procura estar sempre perto. Um ponto que vale a pena destacar é a
sua fixação por espelhos. Ele simplesmente adora ficar se vendo no espelho,
dançar e emitir sons na frente dele. Procura exercer todas as suas atividades
de frente para o mesmo.
Percebo que ele tenta a todo o momento, se comunicar e por isso ele grita
e emite muitos sons. Percebo também que ele tenta repetir tudo o que nós
falamos. Se por exemplo, eu falo: “Boa Tarde!”, ele emite um determinado som na
tentativa de me responder. Eu sempre o incentivo falando coisas do tipo: “Muito
bem! Obrigada por me dar boa tarde!” e ele começa a bater palmas e rir muito
alto.
Desde que conheci o R. tenho notado alguns avanços em relação ao seu
vocabulário. Suas “falas” são sempre contextualizadas e ele entende
praticamente tudo o que nós falamos e pedimos para ele. Não consegue se sair
muito bem em atividades que exijam dele abstração mas realiza com bastante
eficiência atividades que sejam mais concretas. Anda na ponta dos pés e é
extremamente afetuoso, beijando e abraçando os amigos e as professoras.
Costuma se sentir incomodado com a voz da professora regente da sala. Ela
costuma falar bem alto e quando briga com algum aluno e ele percebe que ela
está brava, ele começa a chorar compulsivamente até que corre para alguém para
ser abraçado. A orientação que tivemos de sua psicóloga é que, quando isso
acontecer, expliquemos para ele o porquê da professora estar brava, e deixemos
bem claro que está tudo bem, e que não é com ele que ela está brigando.
Gradativamente, ele tem conseguido se expressar melhor. Hoje, já consegue
participar mais da rodinha fazendo os gestos e cantando sempre o final das
frases. Houve uma melhora significativa em seu vocabulário. Reconhece o número
3 e sempre que vê esse numero, responde e faz a representação com as mãos.
R. é uma criança bastante
independente, apesar de não se manifestar verbalmente. Praticamente tudo o que
é solicitado para que ele faça, ele faz. Consegue ir ao banheiro sozinho,
escovar os dentes, arrumar seu próprio lanche, comer sozinho, sabe calçar-se e
realiza a maioria das atividades que dizem respeito a sua independência.
Reconhece as partes do corpo e demonstra compreender a maioria dos comandos.
Trocou de fonoaudióloga, que agora é colega de trabalho da psicóloga. Os
pais acreditam que se as duas profissionais se conhecem e trabalham de forma
integrada, o ganho é maior.
A turma tem prestado mais atenção nos comportamentos do R.. Quando ele se
sente ameaçado ou incomodado com alguma coisa, os amigos correm para abraçá-lo
e fazem isso até que ele pare de chorar. Geralmente, quando o R. chora, ele
sempre procura alguém para ser consolado. Antes, ele vinha direto para mim e
hoje ele procura sempre algum amigo para ser afagado. Ele costuma chorar quando
a professora fala um pouco mais alto ou briga com algum aluno. Percebi que ele
se sente bastante incomodado quando ela briga especialmente com uma aluna
chamada Raquel e acredito que isso aconteça, pela proximidade sonora que os
nomes têm. Quando isso acontece, ele começa a chorar e nós explicamos para ele
que não estamos brigando com ele e o porquê de estarmos brigando com essa aluna.
Ainda sobre sua aproximação com a turma, por diversas
vezes pude notar o R. de frente pro espelho e uma criança, em especial, ao lado
dele, imitando tudo o que ele fazia. Essa brincadeira divertiu aos dois. O R.
ria bastante e fazia movimentos cada vez mais diferentes enquanto o colega o
imitava e ria bastante também. Passaram praticamente meia hora brincando em
frente ao espelho.
3.4 Atuação do
mediador
Por ser auxiliar da turma, não tinha muita autonomia para fazer o que
gostaria. O planejamento é feito pela professora regente e preciso segui-lo
conforme o que foi determinado para o dia. Considerando extremamente importante
a presença de um mediador com uma criança com autismo, me vi muitas vezes
exercendo essa função. Procurava sentar ao lado do aluno, explicar o exercício
de maneira mais simples e elogiá-lo sempre que ele conseguia realizar o que era
pedido. Como tinha que dar conta de uma turma inteira, nem sempre era possível
dar essa atenção. A turma em que esse aluno está inserido é bem grande e, por
isso, acredito também que a professora não consiga dar conta de todas as
peculiaridades de cada aluno. Um ponto bastante agravante é que nessa turma
temos vários alunos classificados com dificuldades de aprendizagem ou de
comportamento. Por conta disso, a atenção especial tanto da professora quanto a
minha deveriam ser compartilhadas com mais crianças. Durante o ano de 2013, a
escola não aceitava mediação na Educação Infantil. Agora, em 2014, em virtude
de uma demanda ainda maior de alunos especiais a escola vem estudando a
possibilidade de contratar mediação, somente em casos mais graves e
específicos.
A auxiliar de turma consegue ter mais sensibilidade e se torna mais
próxima dos alunos, enquanto que a professora fica com a parte do cumprimento do
conteúdo programado para o bimestre. Um ponto que me chamou bastante atenção é
o fato de não existir um planejamento específico para o aluno. A partir do
momento em que a escola recebe um aluno especial, independente do comprometimento
que ele apresente, o currículo deve ser adaptado de maneira que facilite o seu
aprendizado. Pensar em um planejamento adaptado, voltado para ele, levando em
conta suas peculiaridades é bastante relevante para que o aluno possa
acompanhar melhor o conteúdo trabalhado.
Diante da realidade vivida em sala de aula e a grande quantidade de
alunos numa mesma sala de Maternal 2 ( 25 crianças com faixa etária de 3 anos
de idade) um mediador voltado para esse aluno seria bastante interessante.
3.5
Intervenção
O aluno em questão encontra-se em acompanhamento fonoaudiológico, duas
vezes por semana. Esse atendimento visa desenvolver a linguagem e outras
habilidades essenciais para a evolução da comunicação e interação social. A
criança não se manifesta de maneira clara. Comunica-se
predominantemente por gestos, vocalizações e palavras-frase. Sua compreensão
verbal é superior a sua capacidade de se expressar. Gosta muito da Xuxa e por
isso, aprendeu a identificar as partes do corpo, com a música “Cabeça, ombro,
joelho e pé”. Ele identifica e reconhece as letras do alfabeto.
Pensando numa parceria com esses atendimentos
que ele faz fora da escola, resolvi pensar em uma intervenção tendo como
objetivo principal desenvolver os campos da linguagem e da socialização do
aluno autista com os outros colegas da turma. Entretanto, para que isso
acontecesse foi preciso pensar também no desenvolvimento de outras áreas que
comprometiam o aluno.
Por isso, foi preciso estipular o que seria feito especificamente. Ao
pensar numa intervenção para auxiliar o aluno, procurei focar em áreas
específicas para desenvolver diariamente com ele. Assim, optei pelas áreas de
comprometimento presentes na tríade dos sintomas autísticos visto em 2.1 e estabeleci
os seguintes objetivos:
· Interação:
Estimular o seu contato com os outros colegas de turma e diminuir seus momentos
de isolamento.
· Comunicação:
Melhorar sua fala e sua capacidade de se expressar.
· Cognitivo:
Adaptar as atividades propostas pela professora regente de acordo com as
dificuldades do aluno para torná-las mais acessíveis.
· Movimentos
repetitivos/estereotipias: Diminuir situações que causem insegurança e
desconforto para que suas estereotipias diminuíssem. Focar nas mudanças de
rotina pequenas e aumentar gradativamente para diminuir suas crises.
· Imaginação:
Criar atividades lúdicas, através de contação de histórias e de imitações para
despertar a criatividade e o poder de abstração.
Num primeiro
momento minha ideia inicial foi trabalhar com a linguagem. Por ser uma área
essencial para a comunicação e que se fosse melhorada abriria portas para
desenvolver outras habilidades, estimulava-o diariamente, a todo instante a
pedir, se comunicar quando quisesse alguma coisa. Para que isso acontecesse, quando
ele parecia querer alguma coisa eu dizia o nome das coisas para que ele
repetisse. Foi um trabalho que exigiu observação constante da criança para que
soubesse o momento certo de intervir.
Na questão da interação,
tinha a ideia de que deveria conversar com as crianças para que elas
entendessem o porquê do aluno ficar sempre distante e com isso, fazer com que
eles o chamassem mais para participar das brincadeiras. É claro que não foi tão
fácil assim, apesar do meu esforço em fazer com o que a criança melhorasse sua
capacidade de se expressar, percebi que suas dificuldades iam além do falar ou
não.
A partir das leituras acerca do
assunto, cheguei a conclusão de que para trabalhar a socialização dessa criança
deveria estimular o desenvolvimento social e afetivo, visando a integração e
uma participação ativa na sala de aula. Como o R. é uma criança muito simpática
e afetuosa, não senti dificuldades em integrá-lo ao grupo. Percebi que de
alguma forma ele estava sempre preocupado em agradar aos adultos e, por isso,
sempre que fazia uma coisa diferente do habitual, direcionava o olhar para mim
ou para a professora para que recebesse um sinal de aprovação (sorriso) ou
desaprovação (expressão séria).
Na tentativa de estabelecer uma
parceria efetiva com os outros profissionais envolvidos, optei por me aproximar
mais ainda do aluno e desafiá-lo sempre que fosse possível. Todos os dias ele
chegava na sala e fazia as mesmas coisas: entrava, dava beijo nas professoras,
guardava a mochila e sentava no chão para esperar a hora da rodinha. Comecei a
me incomodar com isso e quis testar como ele reagiria, caso eu interferisse
nessa sua rotina. No dia seguinte assim que ele chegou, pedi para que me
ajudasse a separar os lanches e tirasse sua agenda de dentro da mochila. Para a
minha surpresa, ele não reagiu mal, entendeu o meu pedido e me ajudou. Diante
desse resultado me senti mais segura para fazer isso com mais freqüência. Notei
que em alguns dias, ele não estava muito solícito e por isso, nesses dias eu
procurava não contrariá-lo.
Após essa primeira mudança que foi
acontecendo aos poucos e de maneira natural, o apego a rotina foi diminuindo.
Desde o começo procurei ser uma pessoa que servisse de referência para o aluno
principalmente nos momentos em que ele se sentisse inseguro e nas crises de
choro que aconteciam às vezes, geralmente quando alguma outra criança chorava
ou quando era advertido de uma forma mais ríspida. Aos poucos consegui
conquistar sua confiança e que ele fizesse o que eu pedia. Então, o próximo
passo foi focar nas atividades desenvolvidas em sala. Não foi possível
adaptar o planejamento feito pela professora pelo fato de eu ter que atender as
necessidades dos outros alunos, obviamente. Por conta disso, nos momentos de
realização dos trabalhinhos, eu era a responsável por fazer a atividade do dia
com o aluno. É claro que sabemos de algumas ações e atitudes que devemos tomar
para auxiliar o aluno autista em seu desenvolvimento e adaptar o material é uma
boa medida. Entretanto, diante das minhas limitações como auxiliar de turma
procurei fazer o que estivesse ao meu alcance para ajudá-lo, e posso dizer que
fui bem sucedida ao final do ano, mesmo com pequenas atitudes. No início foi
bem complicado fazer com que ele entendesse conceitos mais abstratos. Na
verdade, passei praticamente o ano todo com problemas para explicar assuntos
desse tipo, por exemplo, alguma atividade referente a uma contação de história
com perguntas sobre a mesma. Nesses momentos, sentia-o perdido como se quisesse
falar algo, participar, mas não conseguisse se expressar da mesma forma que os
outros alunos. Mesmo assim, após esse momento da história o aluno pegava outro
livro, folheava, e contava a história do seu jeito, mesmo que nós não
conseguíssemos entender o que estava falando.Quando a atividade era alguma
coisa mais objetiva, o aluno se saia melhor como, por exemplo, exercícios de
coordenação motora como amassar, rasgar e fazer bolinhas. Aos poucos a fala do
R. foi melhorando e se tornando mais clara. A cada dia as palavras se
encaixavam mais no contexto da frase.
Outro ponto que trabalhei bastante
ao longo do ano letivo foi a questão da interação da criança com os colegas de
classe e a sua participação nas brincadeiras, atividades dirigidas, momentos de
descontração e de rodinha. Assim como a maioria dos autistas, ele sempre
preferiu brincar sozinho e apesar dos amigos o chamarem, na primeira
oportunidade ele saia de perto dos outros colegas e voltava a brincar sozinho.
Como foi dito anteriormente, após a conversa que tive com a turma, os alunos
passaram a incluir mais o aluno nas brincadeiras e assim foi ao longo de todo o
resto do ano letivo. Quando ele não queria brincar, e se mostrava resistente,
os colegas se adaptavam à brincadeira dele. Uma das brincadeiras preferidas
dele era ficar de frente para o espelho e encenar diversas expressões
(tristeza, felicidade, choro, gargalhadas). Por diversas vezes, os amiguinhos
imitavam-no e a brincadeira acontecia por bastante tempo.
Aos poucos, o aluno foi apresentando
melhora na fala, na interação e na realização dos trabalhinhos e se
desenvolvendo como um todo. Como podemos ver, as atitudes que tive e que dei o
nome de intervenção, são ações simples, mas que resultaram em grandes avanços
na vida da criança observada. É claro que os atendimentos fora da escola foram
de total importância para o seu progresso. Além disso, por não se tratar de um
caso de autismo infantil grave, foi mais fácil interagir com o aluno e fazer
com que ele interagisse conosco. Por essas e outras questões vivenciadas ao
longo de todo o ano de 2013 que posso afirmar que se o aluno tivesse uma
mediação, ele poderia ter apresentado mais alguns avanços. O meu trabalho desenvolvido
em sala, mesmo que não voltado diretamente para ele, se fez relevante para os
avanços apresentados ao final do ano acompanhado.
4.Considerações finais
Ao final do ano letivo são
perceptíveis as mudanças que aconteceram no desenvolvimento da criança
observada e no pensamento da escola. Gradativamente ele tem desenvolvido sua
linguagem, apresentando significativa evolução no aumento de seu vocabulário.
Cada vez mais sua fala está mais contextualizada, ou seja, as palavras que fala
estão dentro do contexto em que acontecem. A pronúncia também está mais clara. Já nomeia e reconhece os números de 0 à 10,
mas ainda não associa numeral à sua quantidade correspondente. Identifica cores
primárias e algumas secundárias. Melhorou suas noções do esquema corporal e seu
interesse por livros. Quando alguém conta a história, logo depois pega para
folhear e é possível observar interpretações de algumas partes da história, de
acordo com as dramatizações feitas anteriormente pelo contador.
A interação com as outras
crianças tem melhorado a cada dia. Ainda não tem a iniciativa de chamar os
colegas para brincar, mas não recusa a brincadeira quando lhe chamam. Se
esforça bastante para participar e fica até o fim. Agora, em 2014,já não sou
mais assistente em sua turma, mas continuo acompanhando-o de longe e percebo
que está cada vez melhor. Consegue escrever seu nome e reproduzi-lo. Reconhece
seu nome dentre os outros nomes da chamada e também os dos colegas. Quando é
solicitado que pegue o nome de um colega da sala, ele prontamente pega e
reproduz corretamente.
Seu apego pela rotina já
não é mais o mesmo. Chega correndo na sala, fala com as professoras, mas é
capaz de ser surpreendido sem apresentar nenhum tipo de resistência. Suas
crises de choro estão cada vez mais espaçadas, acontecendo apenas quando a
professora briga mais sério com algum colega.
Procurei
sempre questionar algumas posturas da escola e mostrar que era preciso ter um
cuidado maior com as crianças com deficiência que estudavam lá. Não consegui
muitas mudanças naquele ano. Agora, em 2014, deixei de ser auxiliar de turma e
fui convidada para fazer parte da equipe da coordenação da escola, como
assistente. Cuido da parte administrativa, mas também estou ligada a um projeto
de colocar mediadores para essas crianças. Fizemos um levantamento de todas as
crianças especiais e com suspeitas e encaminhamos para a direção geral,
solicitando um mediador para a maioria deles. Considero um grande avanço, visto
que não existia na escola nenhum tipo de mediação na Educação Infantil.
Já temos
uma mudança no pensamento da gestora e da escola como um todo, entendendo a
importância de um mediador dentro de sala acompanhando o aluno e criando
mecanismos para auxiliar no processo de ensino aprendizagem de cada criança. Com
isso estabelecemos uma parceria com as famílias e estamos contratando alguns
mediadores para fazer esta experiência.
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