tcc pronto pdf word Atendimento de TI a Micro e Pequenas Empresas Motivos Pelos Quais Os Fornecedores de Soluções de TI Não Conseguem se Estabelecer entre as MPEs e Soluções
RESUMO
O presente documento visa trazer a tona a dificuldade e a disparidade que há no
atendimento, por parte dos desenvolvedores e provedores de soluções de qualquer
área de Tecnologia da Informação (TI) para as micros e pequenas empresas
(MPE’s). Uma vez identificado o problema, esse documento trata das causas, efeitos
e soluções viáveis na tratativa de negócios, comerciais, nos serviços e nos
atendimentos, para que as tecnologias se tornem acessíveis as MPE’s e esses
sejam interessantes aos provedores. Veremos que a ultra especialização leva os
provedores a adotar uma postura que só interessa às corporações e que o erro
maior está na tratativa e metodologias do que nos produtos em si, sem deixar de
apontar as falhas na formação dos profissionais de TI e das instituições voltadas ao
mercado das MPE’s. Apresentaremos a vantagem do generalismo e do convergente,
na contramão do especializado.
Palavras-Chaves: Atendimento, MPE’s, microempresa, TI
12
13
ABSTRACT
This document aims to bring out the difficulty and that there is disparity in
attendance on the part of developers and solution providers in any area of
Information Technology (IT) for the micro and small enterprises (MSEs). Once you
have identified the problem, this paper discusses the causes, effects and possible
solutions in the treatment of business,trade, services and care, so that the
technologies are Access®ible to MSEs and these be interesting to the providers. We
will see that the ultra-specialization leads providers to adopt a posture that is only
interesting to corporations and that the major error is greaterin trreatment and
methodologies than the products themselves, while pointing out the flaws in the
training of professionals and institutions dedicated to the market of MSEs.We will
present the advantage of generalism and convergent, contrary to specialized.
Key Words: Care, MSEs, micro-enterprise IT
14
15
LISTAS
Lista de Figuras, Gráficos e Ilustrações:
FIGURA 1.1: QUANTIDADE DE EMPRESA POR PORTE.......................................................................................................... 24
FIGURA 4.1: ORGANOGRAMA COMUM .......................................................................................................................... 54
FIGURA 4.2: PRATO EMBORCADO ................................................................................................................................. 56
Lista de Tabelas:
TABELA 1-1: QUANTIDADE DE EMPRESA POR PORTE.......................................................................................................... 24
TABELA 1-2: DEFINIÇÃO DE PORTE DE EMPRESAS.............................................................................................................. 26
TABELA 1-3: ÍNDICE DE USO DE TECNOLOGIA DAS MPES................................................................................................... 28
TABELA 2-1: PEQUENOS VS. GRANDE EM MATERIAIS DE CONSTRUÇÃO. ................................................................................ 35
Lista de símbolos:
® Marca registrada (vide próxima lista)
Lista de Siglas, Abreviaturas e Acrônimos:
ABIP : Associação Brasileira da Indústria de Panificação
Bash(*) :
BI(*) : Inteligência de Negócio (do inglês Business Intelligence)
BNDES® : Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social
CCD : Sensor de Carga Acoplada. Normalmente se refere a um tipo de leitor
de código de barras. (do inglês Charge-coupled Device)
CFTV(*) : Circuito Fechado de TV
COBIT(*) : Objetivo de Controle para Tecnologia da Informação e Áreas
Relacionadas (do inglês Control Objectives For Information and
Relatet Technology)
16
CRM(*) : Gestão de Relacionamentos com o Cliente (do inglês Customer
Relationship Management)
DBA(*) : Administrador de Banco de Dados (do inglês Database Administrator)
DBE(*) : Engenheiro de Banco de Dados (do inglês Database Engineer)
DIEESE : Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos
DLL(*) : Biblioteca de Vínculo Dinâmico (do inglês Dynamic Lybrary Link)
DTI : Departamento dos Cursos de Tecnologia da Informação da FATEC®
EPP : Empresa de Pequeno Porte
ERP(*) : Planejamento de Recursos Empresariais (do inglês Enterprise
Resource Planning)
EST APS : Estágio em Análise e Projeto de Sistemas. Disciplina do curso PD da
FATEC®/SP
FATEC®/SP : Faculdade de Tecnologia do Estado de São Paulo, pertencente ao
Centro Paula Souza
FM(*) : Frequência Modulada
IBGE : Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas
INPI : Instituto Nacional de Propriedade Intelectual
IP(*) : Protocolo de inter-redes (do inglês Internet Protocol)
IPEA : Instituto de Pesquisa Aplicada
ITIL(*) : Biblioteca de Infraestrutura de TI (do inglês Information Technology
Infrastructure Library)
KS(*) : Sistema de botões (do inglês Key-System)
matr. : Matrícula
ME : Microempresa
Me. : Mestre (intitulação)
MEI : Micro Empreendedor Individual
MGE : Médias e Grandes Empresa
MPE : Micro e Pequena Empresa
PABX(*) : Comutação automática de Ramais Privados (do inglês Private
Automatic Branch eXchange)
17
PC : Computador Privado (do inglês Personal Computador)
PD : Processamento de Dados: Curso da FATEC®/SP
PDV : Terminal de Ponto de Venda. Caixa.
PIB(*) : Produto Interno Bruto
PMI(*) : Instituto de gerenciamento de Projetos (do inglês Project Management
Institute)
Prof. : Professor
REOB : Receita Operacional Bruta
SAN(*) : Armazenamento de Acesso por Rede (Storage Access® Network)
SAS(*) : Software oferecido como serviço (do inglês Software as Service)
SEBRAE® : Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas
SI : Sistema de Informação
SIMPLES(*) : Sistema Integrado de Imposto e Contribuições das Microempresas e
das Empresas de Pequeno Porte
SOA(*) : Arquitetura Orientada a Serviços (do inglês Service-Oriented
Architeture)
SOHO : Empresa Residencial ou pequena (do inglês Small Office®/Home
Office®)
SOX : Lei Sarbanes-Oxkey
TCC : Trabalho de Conclusão de Curso
TI : Tecnologia da Informação
USPTO : Escritório de Marcas e Patentes dos Estados Unidos (do inglês United
States Patent and Trademark Office)
VoIP(*) : Voz sobre IP (do inglês Voice over IP)
(*) = Vide definição no Glossário
18
Listas de Marcas Citadas e Seus Titulares:
Lista de marcas citadas neste documento, com registro no INPI (Brasil) ou USPTO
(EUA), identificados pelo símbolo “®”,
Marca TITULAR Inst.
Cisco CISCO TECHNOLOGY, INC. INPI
Lynksys CISCO-LINKSYS LLC INPI
SEBRAE SEBRAE SERVIÇO BRASILEIRO DE APOIO ÀS
MICRO E PEQUENAS EMPRESAS
INPI
BNDES BANCO NACIONAL DE DESENVOLVIMENTO
ECONÔMICO E SOCIAL
INPI
ABIP ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE INDUSTRIA DE
PANIFICAÇÃO
INPI
FATEC FUNDAÇÃO DE APOIO A TECNOLOGIA E CIÊNCIA INPI
Skype SKYPE LIMITED INPI
MSN MICROSOFT CORPORATION INPI
Excel MICROSOFT CORPORATION USPTO
Office MICROSOFT CORPORATION USPTO
Orkut GOOGLE INC. INPI
Word MICROSOFT CORPORATION USPTO
Charles Dog LANCHES CHARLES'S DOG'S LTDA ME INPI
Supervizinho REPAS - REDE PAULISTA DE SUPERMERCADOS INPI
SBT TVSBT CANAL 4 DE SÃO PAULO S/A. INPI
Access MICROSOFT CORPORATION USPTO
Outlook MICROSOFT CORPORATION INPI
Digitro DIGITRO TECNOLOGIA LTDA INPI
GeoVision GEOVISION INC. USPTO
Windows MICROSOFT CORPORATION INPI
Java SUN MICROSYSTEMS, INC. INPI
19
SUMÁRIO
FOLHA DE APROVAÇÃO ............................................................ 3
DEDICATÓRIA ........................................................................... 5
AGRADECIMENTO ..................................................................... 7
EPÍGRAFE ................................................................................. 9
RESUMO .................................................................................. 11
ABSTRACT ............................................................................... 13
LISTAS..................................................................................... 15
Lista de Figuras, Gráficos e Ilustrações: ................................... 15
Lista de Tabelas: ...................................................................... 15
Lista de símbolos: .................................................................... 15
Lista de Siglas, Abreviaturas e Acrônimos: ............................... 15
Listas de Marcas Citadas e Seus Titulares: ................................ 18
SUMÁRIO ................................................................................. 19
1. APRESENTAÇÃO .................................................................. 23
1.1. Introdução: ........................................................................ 23
1.1.1. Provedor: ........................................................................................................ 26
1.2. Ajuste de Métricas:............................................................. 26
1.3. Problematização: ................................................................ 27
1.3.1. Índice de uso da TI: ........................................................................................ 27
1.3.1.1. 25% não possuem computador: ....................................................................................................................... 28
1.3.1.2. 79% julgam que ter um computador é algo de média ou grande importância:.............................................. 29
1.3.1.3. 60% Possuem Acesso a Internet na Empresa: ................................................................................................ 29
1.3.1.4. 80% não possuem página web: ........................................................................................................................ 29
1.3.1.5. 63% é utilizado, principalmente, para acesso a Internet: ............................................................................... 29
1.3.1.6. 59% para o controle de cadastro de clientes:................................................................................................... 30
1.3.1.7. 55% cartas e documentos:................................................................................................................................ 30
1.3.1.8. 42% controle de estoque: ................................................................................................................................. 30
1.3.1.9. 28% automação de processos:.......................................................................................................................... 30
1.3.1.10. 34% possuem software integrado: ................................................................................................................. 30
1.3.1.11. 2% utilizam para controle financeiro:........................................................................................................... 30
1.3.2. Necessidade de TI para as MPEs: ................................................................. 31
1.3.3. Definição do problema:................................................................................... 32
1.4. Embasamento: .................................................................... 32
1.5. Justificativa: ...................................................................... 33
1.5.1. O que as MPEs têm:....................................................................................... 33
1.5.2. O que as MPEs precisam: .............................................................................. 34
1.5.3. O que é feito: .................................................................................................. 34
1.5.4. O que é necessário:........................................................................................ 34
2. EQUÍVOCOS IDENTIFICADOS ............................................... 35
2.1. Profissionais de TI: ............................................................ 35
2.1.1. A influência do financiamento:........................................................................ 35
2.1.2. Influencia das metodologias: .......................................................................... 37
2.1.3. Influencia da segmentação:............................................................................ 38
2.1.4. Resultados das influências: ............................................................................ 39
2.1.5. O equívoco:..................................................................................................... 39
2.1.6. Opiniões e respostas obtidas em pesquisa:................................................... 40
2.2. Os Fornecedores de TI: ...................................................... 41
20
2.2.1. O pequeno não é um grande sem partes: ...................................................... 41
2.2.2. O pequeno não é um grande sem necessidades: .......................................... 42
2.2.3. O pequeno não é uma “subempresa”:............................................................ 43
2.2.4. A monopolização dos grandes........................................................................ 43
2.2.5. O equívoco:..................................................................................................... 45
2.3. Os Estudiosos de MPEs ...................................................... 46
2.3.1. O equivoco: ..................................................................................................... 47
2.4. Os Formadores dos Profissionais de TI ............................... 47
2.4.1. O equivoco: ..................................................................................................... 48
3. FATORES DETERMINANTES ................................................. 49
A Pergunta Chave? ................................................................... 49
3.1. Quem é Nosso Concorrente? .............................................. 49
3.2. Teu Cliente Vai Falir, ..., e Renascer: .................................. 50
3.3. Lições e Aprendizado: ........................................................ 51
4. CARACTERÍSTICAS E PECULIARIDADES.............................. 53
4.1. Organograma: .................................................................... 53
4.2. Processos Metamorfos: ...................................................... 58
4.3. Controles: .......................................................................... 60
4.4. Tipo de Pessoa:.................................................................. 61
4.5. Confiança:.......................................................................... 61
4.6. Pra que Crescer? ................................................................ 62
5. SOLUÇÃO ............................................................................ 63
5.1. Posicionamento e Postura Diante do Cliente: ...................... 63
5.1.1. Imagem: .......................................................................................................... 63
5.1.2. O professorado não é opção: ......................................................................... 64
5.1.3. Presença é fundamental: ................................................................................ 65
5.2. Estratégia e Metodologia Técnica: ...................................... 65
5.2.1. A função de gênio: .......................................................................................... 65
5.2.2. Convergência estrutural:................................................................................. 67
5.2.3. O Consultor de Tecnologia ou generalista Tecnológico: ................................ 68
5.2.4. Convergência Funcional: ................................................................................ 69
6. NA PRÁTICA ........................................................................ 71
6.1. Tecnologia Não é Apenas Computador: ............................... 71
6.2. Um Analista? ...................................................................... 75
6.2.1. Como se forma esse profissional?.................................................................. 76
6.2.2. Completando e não substituindo: ................................................................... 76
6.2.3. A dinâmica: ..................................................................................................... 76
6.2.4. Incumbências: ................................................................................................. 77
6.3. A Retaguarda ..................................................................... 80
6.3.1. Custo do serviço: ............................................................................................ 81
6.3.2. Coesão:........................................................................................................... 82
6.4. Conclusão: ......................................................................... 82
7. SUGESTÕES ........................................................................ 83
7.1. Profissionais de TI: ............................................................ 83
7.2. Provedor: ........................................................................... 84
7.2.1. Pequeno:......................................................................................................... 85
7.2.2. Grande: ........................................................................................................... 85
7.3. Formadores de Profissionais: ............................................. 86
7.4. Entidades de Apoio: ........................................................... 86
21
7.5. Governo: ............................................................................ 86
8. CONCLUSÃO ........................................................................ 87
9. FONTES E REFERÊNCIAS ..................................................... 89
9.1. Bibliográficas:.................................................................... 89
9.2. Normativas: ........................................................................ 92
10. GLOSSÁRIO........................................................................ 93
11. APÊNDICES ........................................................................ 97
11.1. Anexos: ............................................................................ 97
22
23
1. APRESENTAÇÃO
1.1. Introdução:
A evolução das tecnologias e da informática tem possibilitado diversos segmentos,
além do próprio computador, como: controles eletrônicos de acesso, automação
comercial, sistemas de gestão empresarial e de negócios, redes de computadores,
comércio eletrônico, controle ambiental, sistemas de comunicação, gerenciamento
de documentos, e até mesmo brinquedos.
O setor de Tecnologia da Informação (TI) se estabeleceu completa e definitivamente
em todos os segmentos, não importando tamanho ou finalidade das empresas.
Desde o escritório residencial até as grandes companhias têm que estar “par e
passo” com a evolução tecnológica e, principalmente, apta a utilizar os novos
recursos.
Sabemos que, em se tratando de processamento de informações, a tecnologia ainda
está “engatinhando” visto as possibilidades, o que resulta numa dinâmica sem
precedentes nas mudanças de conceitos e metodologias.
As grandes empresas, devido ao grande volume de dados, não podem ignorar os
movimentos da tecnologia. Departamentos específicos são estabelecidos,
profissionais, terceirizadas e, devido ao alcance de TI, esse é dividido ainda em
setores com profissionais especializados em cada subárea de TI.
As micros e pequenas empresas possuem o diferencial competitivo da agilidade que,
para ser mantido, é necessário a automação que TI proporciona. Apesar do volume
de dados e transações ser menores o conhecimento tecnológico para
implementação de TI não difere substancialmente, porém, as Micros e Pequenas
Empresas (MPEs) não contam com a infraestrutura departamental e de profissionais
de TI, tal qual as grandes empresas, além do que, o custo desta estrutura nem
justificaria, o que cria um impasse que apenas os provedores de serviços e soluções
podem resolver.
24
MGE
1%
EPP
5%
MEI
15%
Micro
79%
O que temos visto em dezoito anos de atuação em TI é a constante tentativa, por
partes dos provedores/integradores/desenvolvedores, de suprir esse nicho e sempre
resultando em fracasso. Não há uma marca que podemos afirmar ser forte nesse
setor.
Com base no levantamento do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos
Socioeconômicos (DIEESE) em 2008 sobre a importância das MPEs temos que:
Informais 10.335.965 (1)
Micro Empreendedor Individual (MEI) 1.118.502 (2)
Micro e Pequena Empresa (MPE) 6.120.927 (2)
Microempresa (ME) 5.778.773 (2)
Empresa de Pequeno Porte (EPP) 342.154 (2)
Médias e Grandes Empresas (MGE) 59.651 (2)
TOTAL 6.180.578 (2)
Tabela 1-1: Quantidade de empresa por porte
– 99,02% das empresas brasileiras formais são MPEs formais. (2)
– 87% dos MEIs pretendem transformar suas empresas em MPEs.. (3)
– 57 mil informais passam para a formalidade por mês. (3)
– O faturamento das MPEs aumentam em média 13% ao ano. (4)
– Empregam 59% das pessoas economicamente ativas. (5)
– Respondem por 20% do Produto Interno Bruto. (PIB)
– 12% dos brasileiros realizam alguma atividade empreendedora, ocupando a
13º posição mundial, bem acima da média. (6)
Como exemplo dos números do setor, destacamos apenas um setor, o das
panificadoras:
Figura 1.1: Quantidade
de empresa por porte
25
– 96,3% são micros e pequenas empresas (7)
– Faturamento anual acima de R$ 63 bilhões, (7)
– 779 mil trabalhadores diretos, 1,7 milhões indiretos, 127 mil pequenos
empresários. (7)
– 63,2 mil empresas. (7)
Consideremos que uma MPE tem estrutura, em média, similar a de uma agência
bancária. Se somarmos todas as aproximadamente 156 instituições financeiras do
país, temos cerca de, segundo o Instituto de Pesquisa Aplicada (IPEA) (8), 19 mil
agências e , segundo o Sindicato dos Bancários (9), 50 mil agências e 90 mil pontos
de correspondência. Ou seja, se considerarmos os maiores números, o setor das
MPEs é oito vezes maior que toda a rede bancária do país somada.
Esses dados mostram que o nicho que compreende as MPEs, apesar de um
exponencial interesse e esforço dos microempresários em adotar meios tecnológicos
que auxiliem o funcionamento de seus empreendimentos, ainda se mostra oportuno,
interessante, carente e ávido por soluções tecnológicas.
Os números mostram que atuar com MPEs: seria lucrativo; existe a necessidade; os
provedores estão atentos e tentando as mais diferentes estratégias, mas, falta algo
que impede o casamento entre provedor e MPEs.
Concluímos então a necessidade de se analisar O ATENDIMENTO DE TI
PARA AS MICROS E PEQUENAS EMPRESAS. Mais especificamente, o
atendimento dos profissionais, especialistas, empresas, desenvolvedores,
fabricantes e integradores de soluções de Tecnologia da Informação para atender as
necessidades das Micros e Pequenas Empresas, que necessitam, por motivos
distintos, tanto quanto as grandes, dos benefícios que podem ser obtidos, além de
tratar-se um setor tão promissor e de grandes possibilidades, tendo em vista seu
tamanho, relevância e importância.
26
1.1.1. Provedor:
a) Nesse documento o termo “provedor” se refere a todo aquele, pessoa física
ou jurídica, que do mais variados formatos, fornece materiais, equipamentos,
bens e serviços que concerne a tecnologia da informação e informática,
incluindo, fabricantes, distribuidores, revendas, integradores, consultores,
prestadores de serviços, desenvolvedores e etc.
1.2. Ajuste de Métricas:
Não é um consenso o modo como cada instituição define o porte de uma empresa
Para fins fiscais e tributários, instituições governamentais definem conforme valor de
faturamento ou Receita Operacional Bruta (REOB) anual e para fins trabalhistas é
usado números de profissionais e colaboradores, sendo que esses números limites
variam conforme circunstância e local.
Além das unidades e medidas padronizadas universalmente, esta pesquisa requer
uma métrica a mais para qual há diferentes definições, variando conforme o objetivo
de uso que é nano, micro, pequena, média e grande empresa.
Tabela 1-2: Definição de porte de empresas
ME EPP
Definição de Porte por REOB
Lei do SIMPLES (10) Até R$ 360.000,00 De R$ 360.000,01 até R$ 3.600.000,00
Estatuto das MPEs (11) Até R$ 433.755,14 De R$ 433.755,15 até R$ 2.133.222,00
BNDES® (12) Até R$ 2.400.000,00 De R$ 2.400.000,01 até R$ 16.000.000,00
Definição de Porte por Numero de Pessoas Ocupadas (SEBRAE®, IBGE, DIEESE) (2)
Indústria e Construção: Até 19 De 20 até 99
Comércio e Serviços: Até 09 De 10 até 49
SEBRAE®: Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas
IBGE: Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas
Como o tema se aplica especificamente a TI/SI, temos a considerar a
quantidade de usuários, quer seja interno ou externo, a criticidade dos dados e a
necessidade de processamento, ou seja, a estrutura de TI, sem que:
27
– Uma ”terceirizadora” de mão de obra pode ter muitos funcionários (além dos
limites do SEBRAE®) com faturamento de pequena empresa (dentro do limite
do SIMPLES)
– Associações podem ser enormes, sem ao menos, figurarem como empresa.
– Uma escola pode ter milhares de usuários externos, sem faturamento ou
funcionários de média ou grande empresa.
– Em franquias, dependendo da mantenedora, podem ser várias pequenas em
funcionários e faturamento, porém compartilham uma estrutura de grande.
– Representantes comerciais podem ter faturamento bruto enorme, ou ostentar
uma marca forte, com estrutura humana ou física pequena.
– Instituições financeiras ou e-Enterprises podem ser grandes sem nenhum dos
dois fatores que elegem o tamanho.
– Fábricas e agronegócio podem ser grandes nos dois fatores, porém,
possuírem estrutura administrativa bem pequena, ainda mais se houver
grande índice de automatização.
Pelas observações, fica claro que os determinantes usados não se adequam para
definir o porte da estrutura de TI, tornando-se necessário outro enfoque. Para esse
estudo, o tamanho da empresa é considerado pelo tamanho e dependência da
estrutura de tecnologia, ou seja, usuários (físicos ou não) e/ou estações.
– Por micro, entenderemos aquele que, devido ao pouco uso da tecnologia da
informação ou, devido à indisponibilidade de recursos, não possuem um
departamento, ou alguém, exclusivo e integral para informática e/ou TI.
– Por pequeno, entenderemos aquele que precisa dispor de uma ou duas
pessoas, para manter o TI operante, mas não uma equipe e hierarquia de TI.
1.3. Problematização:
1.3.1. Índice de uso da TI:
Compilamos e comentamos a seguir alguns dados levantados pelo
DIEESE em parceria com o SEBRAE® que revelam informações pertinentes quanto
ao uso de ferramentas de TI nas MPE’s: (13)
28
Tabela 1-3: Índice de Uso de Tecnologia das MPEs
Microcomputador
Utilizam
Julgam de grande ou média importância
Principais finalidades
Acesso a internet
Cadastro de clientes
Documentação/cartas
Controle de estoques
Automação de processos
Envio de mala direta
Emissão de nota fiscal
Controle de pessoal (folha)
Controle financeiro
Desenhos e projetos gráficos
Outras finalidades (*1)
Acesso Internet
Utilizam
Julgam de grande ou média importância
Principais finalidades
E-mail (correio eletrônico)
Pesquisa preço/fornecedor
Serviços de bancos
Serviços de governo
Compra insumos/mercadorias
Divulgação da empresa (site)
Exposição de produtos
Fórum/comum. virtual/web conf.
Vende produtos/serviços
Outras finalidades
Meios de Acesso
Na empresa
Na residência
Cyber Café/LanHouse
Postos gratuitos
Outros locais (*2)
Empresas que possuem software para
administrar de forma integrada as diversas
atividades do negócio
(*1) pesquisa de fornecedores, controle de compras e venda, emissão de boletos, comunicação (e-mail,
Skype®, MSN®, Voz sobre IP (VoIP)), segurança e aplicações específicas à atividade.
(*2) casa de amigos, parentes, contador, etc.
1.3.1.1. 25% não possuem computador:
Apesar de ser minoria, se considerarmos uma MPE do tamanho de uma agência
bancária, a estrutura necessária para que fosse metade (12,5%) superaria a
estrutura de todos os bancos brasileiros somadas.
34%
7%
3%
8%
39%
60%
5%
14%
14%
18%
23%
32%
48%
49%
53%
64%
75%
71%
11%
2%
2%
22%
24%
26%
28%
42%
55%
59%
63%
79%
75%
66%
93%
97%
92%
61%
40%
95%
86%
86%
82%
77%
68%
52%
51%
47%
36%
25%
29%
89%
98%
98%
78%
76%
74%
72%
58%
45%
41%
37%
21%
25%
0% 20% 40% 60% 80% 100%
<--Têm/Usa Não Têm/Não Usa -->
29
Com essa visão, se conhecermos a complexidade de TI que um único banco tem
para atender suas agências, podemos imaginar o que representa 25% das MPE’s.
Não podemos deixar de considerar que, muitas dessas empresas são escolas, Lan
Houses, empresas de TI, lojas de informática, que possuem computadores para
atendimento da necessidade do cliente e não para uso próprio. Também há
supermercados que usam computadores, exclusivamente como terminais ponto de
venda (PDVs).
1.3.1.2. 79% julgam que ter um computador é algo de média ou grande importância:
Se 75% possuem computador, isso significa que 4%, algo em torto de 244 mil MPEs,
estão convencidos da necessidade, mas não possuem seus anseios atendidos.
1.3.1.3. 60% Possuem Acesso a Internet na Empresa:
Se 75% possuem computador, isso significa que há 15% carentes de serviços de
rede e conectividade. Também significa que 40% das MPEs são possíveis clientes
para serviços de Acesso a Internet
1.3.1.4. 80% não possuem página web:
Não possuem uma identidade digital, e não usufruem desse novo cenário
globalizado, onde as microempresas seriam as mais beneficiadas, pois teriam o
mesmo alcance que as grandes.
1.3.1.5. 63% é utilizado, principalmente, para acesso a Internet:
Ou seja, boa parte dos que possuem ao menos um computador, investiram na
aquisição do mesmo para sua empresa, e não aproveitam dos recursos e
ferramentas que já adquiriram.
30
1.3.1.6. 59% para o controle de cadastro de clientes:
Esse tem sido o principal uso do MS-Excel® que, apesar de ser uma planilha
eletrônica de cálculo, se assemelha ao, ainda em uso, caderno tabulado onde se
anotam os dados dos clientes.
1.3.1.7. 55% cartas e documentos:
Isso significa que 45% dos que possuem computador, não o usam nem para editor
de textos.
1.3.1.8. 42% controle de estoque:
Novamente é onde vemos o Excel® sendo usado como banco de dados por se
assemelhar a uma versão eletrônica da lista tabulada usada em papel.
1.3.1.9. 28% automação de processos:
Nessa parcela estão os supermercados que automatizam transferências financeiras
e operações de crédito, ou seja, os PDVs, o que reduz bastante essa porcentagem
nos outros projetos.
1.3.1.10. 34% possuem software integrado:
A maioria coberta por essa parcela são franquias que utilizam software fornecido
pelo franqueador.
1.3.1.11. 2% utilizam para controle financeiro:
Nesta parcela estão os profissionais liberais que, embora não seja aconselhável,
utilizam o controle financeiro pessoal para gerir seu empreendimento.
31
Apenas com esses números é possível notar que as empresas desse nicho não
estão sendo atendidas de maneira satisfatória. Os números mostram que muitos
microempresários não tem acesso a TI, e quando tem, não utilizam as ferramentas
possíveis de forma apropriada, sendo que, as mesmas ferramentas que são
ignoradas reduziriam os problemas e dificuldade de pouco alcance, poucos
profissionais, inerentes ao pequeno negócio.
Por outro lado, a grande maioria de fabricantes, provedores e integradores possuem
produtos e soluções desenhados para esse mercado, quer seja hardware ou
software. As entidades de apoio a MPEs desenvolve amplo trabalho de treinamento
e capacitação dos usuários
A busca destas soluções pelos microempresários é pequena se comparado a
necessidade, e nenhum produto se firmou de forma sólida nesse mercado.
1.3.2. Necessidade de TI para as MPEs:
O livro O Segredo de Luísa, de Fernando Dolabela, de 1999, (14), se tornou
referência quando o assunto é empreendedorismo. Nele o autor lista vários fatores
determinantes para o fracasso das MPEs e destaca que, entre eles, em 90% dos
causos têm influencia a • Falta de recursos de informática.
A porcentagem apresentada refere-se ao fato de que essas empresas podem ter
mais de um fator condicionante de fracasso em cada caso, e chama a atenção pelo
alto índice de falta de recursos de informática.
O Relatório de Pesquisa do SEBRAE®, Fatores Condicionantes e Taxa de
Mortalidade de Empresas no Brasil, de 2004, (15) aponta que:
– 17% dos empresários de empresas extintas e 23% dos de empresas ativas
apontam o Acesso a novas tecnologias, como fator de sucesso das empresas
segundo a Logística Operacional
– 14% dos empresários de empresas extintas e 6% dos de empresas ativas
julgam a informática como uma das áreas de conhecimento mais importante
no primeiro ano de atividade de uma empresa.
32
Vários outros documentos corroboram os citados, e confirmam que TI é um dos
fatores que determinam sucesso, fracasso, sobrevivência e mortalidade das MPEs.
Por um lado temos os empresários, principalmente os de sucesso, apontando a
importância do TI, e no tópico anterior vemos uma realidade na contramão disso.
1.3.3. Definição do problema:
Os provedores e fornecedores de soluções, produtos e serviços de tecnologia,
informática, infraestrutura e TI não atendem de forma eficiente o cobiçado mercado
das nanos, micros e pequenas empresa, e quando atendem não se firmam ou se
estabelecem de forma definitiva.
1.4. Embasamento:
O contexto para a identificação do problema se baseia em experiência profissional
própria. Sempre trabalhei em pequenas empresas, em grande parte, compondo
soluções para grandes.
Por conta da flexibilidade, que é a maior arma de um pequeno, durante quatorze
anos atuei em diversas funções técnicas, comerciais e administrativas. Na maioria
das vezes essas funções eram acumuladas, ou assumidas apenas em momentos
críticos, que colaboraram para formar visão holística dos processos de uma micro ou
pequena empresa. Com as privatizações das empresas de telecomunicações
brasileiras, as terceirizações de TI por parte dos bancos e as junções e compras de
instituições financeiras o mercado foco da empresa que eu atuava reduziu-se a
poucas dezenas de possíveis clientes atendidos por poucos integradores. A
empresa, na qual eu atuava, mudou de produto/setor, condicionando minha
permanecia a abdicar do conhecimento adquirido.
A solução adotada foi usar o conhecimento técnico adquirido ao atender as grandes
empresas clientes somado a experiência holística em microempresas para atender o
mercado tema desse trabalho. Abri uma empresa de assessoria em TI especializada
em MPEs, acreditando que, tendo condições de gerir projetos para uma grande
rede, não teria dificuldade em projetos para várias pequenas. Ledo engano. Todos
os recursos financeiros aplicados foram perdidos.
33
Passamos a buscar respostas que explicassem o fracasso da empreita. Por que não
obtive sucesso, sendo que, em situações muito mais críticas, lograva êxito? Concluí,
pesquisei, me capacitei, testei e aprovei e esse estudo é resultado disso:
Não sabemos, não queremos, não conhecemos e, principalmente, não estudamos
para atender pequenas e médias empresas. Todos os livros, técnicas, teorias e
normas não aderem a esse mercado por serem pensados para grandes, e pequenas
tidas como um resumo de uma grande.
Antecipando a conclusão de forma resumida, direta e concisa, o resultado foi que
não é possível atender um mercado se não entender a dinâmica e peculiaridades
desse mercado. (ATENDER = ENTENDER).
1.5. Justificativa:
1.5.1. O que as MPEs têm:
A ideia do Personal Computer (PC) em sua essência, de certa forma, já visionava os
pequenos negócios. Com a expansão das arquiteturas de redes e ambientes
compartilhados o PC adquiriu status de terminal de grandes estruturas, mas sua
invenção já preconizava a preocupação em estender o acesso dos benefícios da
tecnologia às pequenas estruturas. Todos desenvolvedores e provedores de
produtos e soluções tecnológica de automação, telemática, e TI possuem produtos
desenvolvidos ou adaptados para MPE e “Small Office and Home Office” (SOHO).
Normalmente são criados planos e campanhas com o intuito de atingir esse
mercado.
Geralmente as soluções são dividas em versões Home, para o usuário residencial,
Professional, para profissionais liberais ou que usam além de aplicações amadoras e
antes das versões full, advanced, interprise ou datacenter, variando conforme
fornecedor, sempre há a Small Business dedicada a esse mercado. A pouco tempo
tivemos, por parte da gigante em equipamento de rede, Cisco®, a aquisição da
Linksys®, justamente para poder atender o mercado de empresas com estruturas
menores, o que atesta o interesse nesse mercado.
34
1.5.2. O que as MPEs precisam:
Os benefícios da tecnologia são mais latentes no mercado SOHO e MPE. Enquanto,
para a MGE a tecnologia aperfeiçoa e agiliza o negócio, nas SOHOs e MPEs
garante visibilidade, alcance e otimização de recursos necessários para a
sobrevivência em uma época competitiva e globalizada.
É fácil notar que as soluções criadas para esse mercado não atingem seus objetivos.
Há inúmeras soluções que os microempresários, salvo os de negócios relacionados
a TI, desconhecem, visto os dados estatísticos citados na “Problematização”.
1.5.3. O que é feito:
As instituições de apoio a esse mercado, como SEBRAE®, possuem iniciativas para
diminuir essas distancias por meio de fóruns, consultorias e treinamentos. Os
governos de várias autarquias possuem programas de incentivos com
financiamentos e descontos em tributos para provocar o interesse no
desenvolvimento para esse mercado. Graças a esses programas temos, nos últimos
anos, elevada queda dessa distância, mas, como vimos, há ainda uma grande
distância que parece intransponível.
1.5.4. O que é necessário:
É necessário estabelecer meios, programas, métodos que transponham essa
barreira, que ora queremos descrever, para que haja a sinergia entre os setores, tal
qual ocorreu com outros.
Essa aproximação resultaria em até 20% (vinte por cento) a mais de faturamento no
setor de TI e promoveria o acesso aos benefícios da tecnologia para MPEs, que é o
mercado que mais emprega, reduz informalidade e recolhem tributos. O efeito
econômico, comercial e social seria bastante grande.
Essa dificuldade, esse distanciamento justificam o desenvolvimento dessa pesquisa,
para descobrir as dificuldades, motivos, carências que impedem o estabelecimento
definitivo das ferramentas de TI nas MPEs.
35
2. EQUÍVOCOS IDENTIFICADOS
Há alguns envolvidos que influenciam o investimento das MPEs em tecnologia de
forma direta, sendo que todos buscam o melhor resultado na integração tecnológico
dos negócios. Têm-se os problemas já discriminados e se todos buscam a
Excelência, é sinal que há equívocos a serem considerados em cada uma dessas
partes. Temos identificado alguns desses equívocos, principalmente relacionados ao
modo como as MPEs são vistas e na tratativa.
2.1. Profissionais de TI:
2.1.1. A influência do financiamento:
Os requisitos funcionais de um Sistema de Informação (SI), principalmente em
sistemas gerenciais e administrativos, não diferem substancialmente quando o
volume de transações aumenta. Os requisitos de infraestrutura, por sua vez, é o que
diferencia o sistema para maior ou menor volume de dados.
Para esclarecer vamos considerar, a título de exemplo, o desenvolvimento de um
banco de dados ou um módulo, para registro de pagamentos a prazo, portanto
recebíveis, para empresas varejistas do setor de materiais de construção no estado
de São Paulo:
Os pequenos varejistas respondem por 99% das vendas do setor, sendo que
os demais 1% ficam a cargo dos cinco grandes varejistas. Entre eles a
Telhanorte a qual usaremos para estabelecer a base dessa análise.
Pequenos Varejistas (16) Telhanorte (17)
- média de 1,71 funcionários por loja - 2400 funcionários, média de 66 por loja.
- 800 mil estabelecimentos - 22 lojas em São Paulo, 36 no Brasil.
- 71% apenas materiais básicos - 50 mil itens comercializados
- faturamento médio de 500 mil - faturamento de 1,5 bilhões
Tabela 2-1: Pequenos vs. Grande em materiais de construção.
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– Com base no faturamento, ao se desenvolver para grandes varejistas
estaremos desenvolvendo sistema para um volume de transações até
3000 vezes maior, porém, para atender apenas 1% do mercado.
– Se um pequeno varejista fizer 300 vendas a prazo ao mês, o grande
varejista fará, com base na dedução acima, 900.000.
– Se cada venda representar R$ 20,00, o sistema estará, com base no
número acima, comprometido com R$ 6.000,00 ao mês se atender o
pequeno varejista e R$ 18.000.000,00 em um grande varejista.
Uma estrutura de Banco de Dados para 900.000 registros é totalmente
diferente de uma para 300 registros. No caso do grande varejista será
necessário empregar gerenciadores mais robustos, hardware com maior
disponibilidade, particionamentos, redundâncias e alto poder de
processamento para efetuar consultas. No caso do pequeno varejista, um
banco de dados de qualquer pacote de escritório tipo Office® é capaz de
manipular com maestria esses 300 registros. Na prática, por conta da
necessidade de maior estrutura de armazenamento, para o grande, também
será necessário pessoal melhor capacitado, espaço físico maior, estruturas
hierárquicas.
Por outro lado, falando ainda apenas de registro de pagamentos a prazo, os
requisitos de funcionalidades são praticamente os mesmos. O conhecimento e o
tempo de desenvolvimento necessário para estabelecer as tabelas do banco de
dados da grande serão o mesmo aplicado para o caso do pequeno.
Toda tecnologia, principalmente TI, possui alto custo inicial de desenvolvimento,
principalmente de apropriação. É necessário desenvolver treinamentos, cursos,
capacitações. Apenas grandes empresas podem dispor de pessoal e estrutura para
testes e experimentos para a implantação.
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Usando nosso exemplo, como o grande varejista de materiais de construção possui
faturamento 3000 vezes maior que a média dos pequenos varejistas, ele possui
3000 vezes mais recursos para investir no desenvolvimento do que o pequeno,
sendo que o custo de desenvolvimento da funcionalidade é o mesmo. Apenas se
3000 pequenos varejistas se juntassem teríamos os mesmos recursos que apenas
uma grande. Esses recursos se refletem em testes, pessoal, laboratórios e pessoal
com dedicação exclusiva, o que é quase utópico em pequenas empresas.
Por esse, e por outros motivos, a quase totalidade dos especialistas trabalham em
técnicas e métodos para situações mais críticas, que, normalmente, se situam em
estruturas que podem dispor de recursos, principalmente intelectuais, que são as
grandes empresas.
O que não é considerado é que, focando apenas os casos mais críticos que são as
grandes estamos abandonando, no caso do setor de materiais de construção 99%
do mercado (em vendas).
2.1.2. Influencia das metodologias:
Em termos administrativos também há o reflexo do tamanho da empresa. Usando
nosso caso de exemplo, um pequeno varejista possui a média de dois funcionários
enquanto o maior varejista possui 2400. As rotinas devem ser mais precisas, os
controles melhor elaborados, afinal, a diferença entre efetuar o pagamento de
salários para dois funcionários e para 2400 é gritante.
A partir da necessidade de processos mais preciso, controlado, organizado e
apurado, as teorias básicas de administração, os métodos de gestão, desde o
surgimento da administração científica, bem como no surgimento do processamento
eletrônico de dados, sempre estiveram focados nas corporações.
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ITIL® (“Information Technology Infrastructure Library”), Cobit® ("Control Objectives
For Information and Related Technology"), BI (“Business Inteligence”), PMI (“Project
Management Institute”), reengenharia, são termos que se referem a normas que, na
leitura de poucos parágrafos, vemos que se destinam a estruturas complexas. Os
profissionais de TI estudam, analisam e aprimoram essas técnicas pra
aperfeiçoarem suas ferramentas.
Se numa ponta temos as MGEs, na outra ponta há o usuário comum. Jogos,
pacotes, comunidades, web 2.0 e diversos outros termos remetem a esse tipo de
usuário.
Imaginemos a estrutura de uma pequena empresa. Nela não há um profissional de
TI dedicado, o operacional e administrativo se misturam, não possui a complexidade
prevista nas normas comuns e sem segregação de funções, tal qual acontece com o
usuário doméstico, porém, com leis, impostos, rotinas e ambiente multiusuário tal
qual ocorre com a corporação. Não é muito difícil notar que esse não se enquadra
em nenhuma das duas divisões por ter características próprias. Nem no que é
pensado para os usuários nem para as empresas.
2.1.3. Influencia da segmentação:
A complexidade funcional dos profissionais de TI pode ser comparada a dos
profissionais de saúde. As matérias e disciplinas são tantas que apenas a
segregação pode viabilizar o desenvolvimento adequado. Por exemplo, assim como
seria impraticável um profissional da saúde atender a todas as especialidades, um
profissional de TI não teria como se especializar nos inúmeros segmentos que há
nessa área do conhecimento. As empresas, instituições de ensino, cursos e
correlatos seguem essa tendência, criando segmentos e subáreas em TI, inibindo a
visão holística de tudo que TI envolve. Temos profissionais de desenvolvimento,
telemática, infraestrutura, banco de dados, analistas, programadores, gestão, web,
comunicações e etc.
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Nas corporações a segmentação de TI é acompanhada por coordenadores,
departamento, setores e profissionais distintos. Por outro lado, na pequena empresa
temos um único responsável, que por vezes também é responsável pelo
administrativo, contábil e/ou financeiro. Não há setor de TI quanto mais,
departamentos e segmentações. O mesmo que julga um segmento julga o outro.
O profissional de TI precisa entender que o microempresário não sabe, e não deve
saber, a diferença entre analista, programador ou Database Administrator (DBA).
Para compor uma solução o microempresário precisa contatar empresas distintas e
profissionais distintos, pois há uma segmentação que, na maioria das vezes, nem
mesmos os profissionais de TI entendem, para atingir um só objetivo.
2.1.4. Resultados das influências:
Os fatores expostos nesse tópico criam a figura do profissional ideal, focado em
situações críticas, raciocinando de forma normatizada e científica, altamente
especializado, detentor de profundo conhecimento em uma tecnologia, visando os
grandes negócios onde os projetos podem ser financiados e há receptividade por
conta da necessidade.
2.1.5. O equívoco:
Os profissionais que atuam nos fornecedores de TI são treinados pra pensar em
estruturas críticas corporativas. A complexidade, a criticidade e a capacidade de
financiamento levam os profissionais de TI a raciocinarem nos moldes que atendem
o modelo das corporações. O resultado é que não são capazes de ver a empresa
como um administrador de uma MPE normalmente vê.
Longe de dizer que os métodos são errados, muitos modelos colaborariam com a
MPE, porém a tecnologia existe pra auxiliar e não dificultar. Ou se pensa e se vê a
estrutura no modo como o usuário da tecnologia vê, ou a tecnologia se torna um
sonho distante.
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Uma MPE é uma estrutura peculiar com características próprias. Uma MPE não é
uma minicorporação ou uma versão menor da grande empresa, mas um
ecossistema diferente, com regras que poucas vezes se adequam a modelos que,
no máximo, são miniaturizações dos modelos para as grandes.
2.1.6. Opiniões e respostas obtidas em pesquisa:
“Prefiro pedir ajuda para meu sobrinho. Do modo com fala eu entendo sem ter que
fazer dezenas de cursos, como é o caso quando uma empresa especializada vem
aqui” (Luiz Brandão, Brandão Corretora de Seguros, informação verbal).
“Quando eu tenho um problema eu gasto mais tempo tentando descobrir que
profissional eu chamo, do que resolvendo o problema. Um meche na rede, mas não
meche no servidor, outro meche no servidor desde que não no banco de dados. Já
teve vez que precisei de três pessoas diferentes pra resolver um problema simples.”
(Lucia Morita, Supermercado Portal, informação verbal).
“Vocês de TI tem a mania de achar que conhecem nossa empresa mais do que nós
mesmo. É a arrogância de se acharem mais espertos que me faz preferir usar o
caderno no lugar do computador.” (Mauricio, Extinflama, informação verbal).
“Se minha empresa funciona, mas para ter um sistema está errada, quem está
errado é o sistema. Prefiro me adaptar para vender meus produtos do que mudar
para me adaptar a um sistema que não se adapta a mim.” (Aloisio Rocha, Revac,
informação verbal).
“Conversar com alguém de TI é como ir ao médico por causa de um resfriado e o
médico te dar o diagnostico em linguagem que só ele entende. Sairia do consultório
achando que iria morrer”. (Eurico Piccin, Supermercado Piccin, informação verbal).
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