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TCC PRONTO


 Rua Dr. Moacir Birro, 663 – Centro – Cel. Fabriciano – MG CEP: 35.170-002 Site: www.ucamprominas.com.br e-mail: diretoria@institutoprominas.com.br BIBLIOTECA PARA O CURSO DE PROJETOS E LICENCIAMENTO AMBIENTAL Selecionamos para você uma série de artigos, livros e endereços na Internet onde poderão ser realizadas consultas e encontradas as referências necessárias para a realização de seus trabalhos científicos, bem como, uma lista de sugestões de temas para futuras pesquisas na área. Primeiramente, relacionamos sites de primeira ordem, como: www.scielo.br www.anped.org.br www.dominiopublico.gov.br SUGESTÕES DE TEMAS 1. PROJETOS, PLANEJAMENTOS E LICENCIAMENTO AMBIENTAL; 2. INDICADORES DE QUALIDADE AMBIENTAL; 3. CERTIFICAÇÃO SÉRIE ISO 14000 - GESTÃO AMBIENTAL; 4. AUDITORIA E CERTIFICAÇÃO; 5. SISTEMA DE GESTÃO AMBIENTAL; 6. DIREITO E LEGISLAÇÃO AMBIENTAL; 7. RETIFICAÇÃO DE ÁREA E PARCELAMENTO DO SOLO; 8. GESTÃO DE RESÍDUOS; 9. MEIO AMBIENTE, DESENVOLVIMENTO E SUSTENTABILIDADE; 10.SAÚDE DOS TRABALHADORES E MEIO AMBIENTE EM TEMPOS DE GLOBALIZAÇÃO E REESTRUTURAÇÃO PRODUTIVA; 11.A GLOBALIZAÇÃO E A REESTRUTURAÇÃO PRODUTIVA; 12.TECNOLOGIA E ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO; 13.NOVAS MODALIDADES DE TRABALHO E NOVAS RELAÇÕES DE TRABALHO; Rua Dr. Moacir Birro, 663 – Centro – Cel. Fabriciano – MG CEP: 35.170-002 Site: www.ucamprominas.com.br e-mail: diretoria@institutoprominas.com.br 2 14.MUNDIALIZAÇÃO DA PRODUÇÃO/DESTERRITORIALIZAÇÃO DO CAPITAL; 15.ESPECIALIZAÇÃO FLEXÍVEL; 16.FINANCEIRIZAÇÃO DA ECONOMIA; 17.EMERSÃO DE NOVOS ATORES GLOBAIS E CRISE DO ESTADO NACIONAL; 18.QUE CONSEQUÊNCIAS DESTE PROCESSO PODEM SER ESPERADAS E OBSERVADAS NO MUNDO DO TRABALHO?; 19.APROFUNDAMENTO DA FRAGMENTAÇÃO DA SOCIEDADE; 20.AGRAVAMENTO DA QUESTÃO SOCIAL, AMPLIAÇÃO DA EXCLUSÃO E AMEAÇA À COESÃO SOCIAL; 21.COMO A GLOBALIZAÇÃO E A REESTRUTURAÇÃO PRODUTIVA REBATEM SOBRE O CAMPO DA SAÚDE DOS TRABALHADORES E DO MEIO AMBIENTE? Que Tendências Podem Ser Observadas?; 22.TENDÊNCIAS COMUNS AO CONJUNTO DOS TRABALHADORES; 23.TENDÊNCIAS NA TERCEIRIZAÇÃO PREDATÓRIA; 24.HERANÇA DE DIFERENCIAÇÃO E FUTURO DE FRAGMENTAÇÃO; 25.0 PROCESSO DE GLOBALIZAÇÃO E SEUS REBATIMENTOS NO ESTADO; 26.A GLOBALIZAÇÃO E O DESAFIO DA QUESTÃO SOCIAL; 27.GLOBALIZAÇÃO E A SAÚDE E SEGURANÇA DOS TRABALHADORES; 28.TRABALHO E REESTRUTURAÇÃO PRODUTIVA: 10 anos de linha de produção; 29.A DEGRADAÇÃO DO TRABALHO E OS RISCOS INDUSTRIAIS NO CONTEXTO DA GLOBALIZAÇÃO, REESTRUTURAÇÃO PRODUTIVA E DAS POLÍTICAS NEOLIBERAIS 30.TRABALHO, RISCOS INDUSTRIAIS E MEIO AMBIENTE: rumo ao desenvolvimento sustentável? 31.GLOBALIZAÇÃO ÉTICA E SOLIDARIEDADE 32.DESAFIOS DA GLOBALIZAÇÃO 33.AS TRÊS ECOLOGIAS 34.ERA DOS EXTREMOS - O BREVE SÉCULO XX Rua Dr. Moacir Birro, 663 – Centro – Cel. Fabriciano – MG CEP: 35.170-002 Site: www.ucamprominas.com.br e-mail: diretoria@institutoprominas.com.br 3 35.A DESORDEM DO TRABALHO 36.OS MUITOS BRASIS - SAÚDE E POPULAÇÃO NA DÉCADA DE 80 37.MUDANÇAS TECNOLÓGICAS E ORGANIZACIONAIS E OS IMPACTOS SOBRE O TRABALHO E A QUALIFICAÇÃO PROFISSIONAL 38.REESTRUTURAÇÃO PRODUTIVA E ESTRATÉGIAS NO MUNDO DO TRABALHO: as consequências para os trabalhadores 39.TECNOLOGIA E SAÚDE: um convívio sustentável? 40.GLOBALIZAÇÃO: em direção a um mundo só? 41.A GEOGRAFIA POLÍTICA DO DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL 42.EM BUSCA DE NOVAS ESTRATÉGIAS DE DESENVOLVIMENTO 43.GLOBALIZAÇÃO E MEIO AMBIENTE 44.DESAFIOS DA GLOBALIZAÇÃO 45.UMA ANÁLISE CRÍTICA DA ISO 14000 46.UMA DISCUSSÃO FENOMENOLÓGICA SOBRE OS CONCEITOS DE PAISAGEM E LUGAR, TERRITÓRIO E MEIO AMBIENTE 47.SAÚDE E AMBIENTE NO PROCESSO DE DESENVOLVIMENTO 48.VULNERABILIDADES E RISCOS: entre geografia e demografia 49.RISCOS E VULNERABILIDADES: trajetória demográfica 50.POPULAÇÕES EM SITUAÇÕES DE RISCO: um avanço conceitual 51.VULNERABILIDADE SOCIODEMOGRÁFICA: um conceito latino-americano 52.VULNERABILIDADE SOCIOAMBIENTAL: aproximando-se da geografia 53.POPULAÇÃO E AMBIENTE: entre geografia e demografia 54.APLICAÇÃO DAS TÉCNICAS DOS RISCOS COMPETITIVOS À MORTALIDADE DO BRASIL E MACRORREGIÕES 55.MIGRAÇÃO, AMBIENTE E SAÚDE NAS CIDADES BRASILEIRAS 56.POPULAÇÃO, POBREZA E POLUIÇÃO EM CUBATÃO 57.POPULAÇÃO, MEIO AMBIENTE E DESENVOLVIMENTO: verdades e contradições 58.A RELAÇÃO ENTRE POPULAÇÃO E AMBIENTE: desafios para a Rua Dr. Moacir Birro, 663 – Centro – Cel. Fabriciano – MG CEP: 35.170-002 Site: www.ucamprominas.com.br e-mail: diretoria@institutoprominas.com.br 4 demografia 59.POPULAÇÃO E MEIO AMBIENTE: debates e desafios 60.DISTRIBUIÇÃO ESPACIAL DA POPULAÇÃO E SUSTENTABILIDADE: alternativas de urbanização 61.URBANIZAÇÃO E VULNERABILIDADE SÓCIO-AMBIENTAL: o caso de Campinas 62.MIGRAÇÃO E AMBIENTE NAS AGLOMERAÇÕES URBANAS 63.A CIDADANIA VULNERABILIZADA NA AMÉRICA LATINA 64.VIVER EM RISCO: sobre a vulnerabilidade no brasil urbano 65.VULNERABILIDADES E RISCOS NA METRÓPOLE: a perspectiva da experiência 66.O RISCO EM PERSPECTIVA: tendências e abordagens 67.VULNERABILIDADE: esboço para uma discussão conceitual 68. GÊNERO, SAÚDE E PROTEÇÃO ENTRE JOVENS: um perfil tradicional 69. INTERFACES: gênero, sexualidade e saúde reprodutiva 70. INDÚSTRIA QUÍMICA BRASILEIRA, ACIDENTES QUÍMICOS AMPLIADOS E VULNERABILIDADE SOCIAL 71. POPULAÇÃO E MEIO AMBIENTE: debates e desafios 72. UMA ANÁLISE DE RISCOS COMPETITIVOS SOBRE O USO DE MÉTODOS ANTICONCEPTIVOS NO NORDESTE 73. DEGRADAÇÃO AMBIENTAL EM FAVELAS DE SÃO PAULO 74. POPULAÇÃO E MEIO AMBIENTE: debates e desafios 75. A DEMOGRAFIA DO RISCO AMBIENTAL 76. REFLEXÕES SOBRE A HIPERPERIFERIA: novas e velhas faces da pobreza no entorno municipal 77. POBREZA E ESPAÇO: padrões de segregação 78. DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL E SEGURANÇA AMBIENTAL GLOBAL 79. COLOCANDO DADOS NO MAPA: a escolha da unidade espacial de agregaçäo e integraçäo de bases de dados em saúde e ambiente através do Rua Dr. Moacir Birro, 663 – Centro – Cel. Fabriciano – MG CEP: 35.170-002 Site: www.ucamprominas.com.br e-mail: diretoria@institutoprominas.com.br 5 geoprocessamento 80. MOBILIDADE POPULACIONAL E MEIO AMBIENTE 81. CIÊNCIAS SOCIAIS E MEIO AMBIENTE NO BRASIL: um balanço bibliográfico 82. POLÍTICAS E PLANEJAMENTO DO TURISMO NO BRASIL 83. TURISMO E MEIO AMBIENTE NO LITORAL PAULISTA DINÂMICA DA BALNEABILIDADE NAS PRAIAS 84. SAÚDE E MEIO AMBIENTE: ANÁLISE DE DIFERENCIAIS INTRAURBANOS, MUNICÍPIO DE SÃO PAULO, BRASIL 85. A CONCEPÇÃO DE" ESPAÇO" NA INVESTIGAÇÃO EPIDEMIOLÓGICA 86. A INSURREIÇÃO DA ALDEIA GLOBAL CONTRA O PROCESSO CIVIL CLÁSSICO: apontamentos sobre a opressão ea libertação judiciais do meio ambiente e do consumidor 87. VULNERABILIDADES E RISCOS: entre geografia e demografia 88. CRESCIMENTO DEMOGRÁFICO E MEIO AMBIENTE 89. A GEOGRAFÍA MÉDICA E AS DOENÇAS INFECTOPARASITARIAS 90. CONTRIBUIÇÕES PARA A GESTÃO DA ZONA COSTEIRA DO BRASIL: elementos para uma geografia do litoral brasileiro 91. GÊNERO E MEIO AMBIENTE 92. ESTIMATIVAS DE PERDA DA ÁREA DO CERRADO BRASILEIRO 93. SAÚDE E AMBIENTE NO PROCESSO DE DESENVOLVIMENTO 94. ACESSO AOS SERVIÇOS DE SAÚDE: uma abordagem de geografia em saúde pública 95. DESCENTRALIZAÇÃO E MEIO AMBIENTE 96. A TEMÁTICA SAÚDE E AMBIENTE NO PROCESSO DE DESENVOLVIMENTO DO CAMPO DA SAÚDE COLETIVA: aspectos históricos, conceituais e metodológicos 97. CONFLITOS CONCEITUAIS NOS ESTUDOS SOBRE MEIO AMBIENTE 98. HISTÓRIA E MEIO AMBIENTE 99. O LITORAL DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO: uma caracterização físicoambiental Rua Dr. Moacir Birro, 663 – Centro – Cel. Fabriciano – MG CEP: 35.170-002 Site: www.ucamprominas.com.br e-mail: diretoria@institutoprominas.com.br 6 100. O CONCEITO DE ESPAÇO NA EPIDEMIOLOGIA DAS DOENÇAS INFECCIOSAS 101. OS (DES) CAMINHOS DO MEIO AMBIENTE 102. MEIO AMBIENTE E CIÊNCIAS HUMANAS 103. SAÚDE DOS TRABALHADORES E MEIO AMBIENTE EM TEMPOS DE GLOBALIZAÇÃO E REESTRUTURAÇÃO PRODUTIVA 104. GEOGRAFIA SOCIOAMBIENTAL 105. UMA DISCUSSÃO FENOMENOLÓGICA SOBRE OS CONCEITOS DE PAISAGEM E LUGAR, TERRITÓRIO E MEIO AMBIENTE 106. CIDADE E MEIO AMBIENTE: percepções e práticas 107. ESPAÇO GEOGRÁFICO UNO E MÚLTIPLO 108. A QUESTÃO DO MEIO AMBIENTE: desafios para a construção de uma perspectiva transdisciplinar ARTIGOS PARA LEITURA, ANÁLISE E UTILIZAÇÃO COMO FONTE OU REFERENCIA Revista Brasileira de Saúde Ocupacional, 93/94: 9-20, dez.1998 SAÚDE DOS TRABALHADORES E MEIO AMBIENTE EM TEMPOS DE GLOBALIZAÇÃO E REESTRUTURAÇÃO PRODUTIVA Raquel Maria Rigotto Professora do Departamento de Saúde Comunitária da Faculdade de Medicina da Universidade do Ceará. RESUMO Quais os rebatimentos da Globalização e da Reestruturação Produtiva sobre a saúde dos trabalhadores e o meio ambiente? Para identificar as principais tendências neste sentido, este artigo apresenta algumas características daqueles macro-processos - como a incorporação de novas tecnologias e novas formas de Rua Dr. Moacir Birro, 663 – Centro – Cel. Fabriciano – MG CEP: 35.170-002 Site: www.ucamprominas.com.br e-mail: diretoria@institutoprominas.com.br 7 organizar o trabalho, a flexibilização e a focalização da produção, a desterritorialização do capital, a financeirização da economia, a emersão de novos atores globais e a crise do estado nacional, a assimetria. Descreve as conseqüências deste processo no mundo do trabalho, enfatiza a fragmentação da classe trabalhadora e o agravamento da exclusão social. Relaciona as mudanças urbanas, as transformações no processo de trabalho e a difusão ampliada dos riscos industriais-ambientais como mediadoras dos rebatimentos da Globalização e da Reestruturação Produtiva sobre a saúde humana e o meio ambiente. Palavras-chave: Globalização, Reestruturação produtiva, Saúde dos trabalhadores, Meio Ambiente. O CENÁRIO Contempla-se, como fruto da modernidade, nesta virada de milênio, o espetáculo dos avanços científicos e tecnológicos da civilização humana nos últimos duzentos ou trezentos anos. Nossos pais ou avós, que cruzaram este século que agora finda, testemunharam a difusão do uso da eletricidade, o surgimento do rádio e da televisão, a invasão dos motores à explosão, a bandeira americana sendo fincada no solo da Lua, o telefone e, ultimamente, a expansão da informática e da microeletrônica, revolucionando os conceitos de tempo e distância, a comunicação, a produção, os nossos modos de vida. A população mundial cresceu, a maioria é melhor alimentada, mais alta e mais pesada, mais longeva. Somos muito mais capazes de produzir bens e serviços. A humanidade é muito mais culta (HOBSBAWM, 1995). Testemunham-se, porém, também os limites do projeto moderno - centrado na racionalidade, na técnica e na ciência - para resolver problemas fundamentais da humanidade. Mesmo sabendo que a avalanche de números muitas vezes banaliza os problemas e oculta o sofrimento humano, vale lembrar que mais de um bilhão de pessoas vivem em pobreza absoluta, 900 milhões de adultos são analfabetos, 100 milhões de pessoas não tem casa, 150 milhões de crianças menores de 5 anos são desnutridas... (United Nations Development Programm / UNDP, 1990). Há ainda os problemas ambientais gerados pela sociedade urbano-industrial - como o efeito Rua Dr. Moacir Birro, 663 – Centro – Cel. Fabriciano – MG CEP: 35.170-002 Site: www.ucamprominas.com.br e-mail: diretoria@institutoprominas.com.br 8 estufa, a destruição da camada de ozônio, as chuvas ácidas, a produção de milhares de poluentes da água, do solo e do ar, o acúmulo de lixo tóxico e a exploração intensiva de recursos naturais não-renováveis - que colocam sob ameaça a sobrevivência do Planeta. A globalização e a reestruturação produtiva É exatamente neste cenário de modernização conservadora (MATTOSO, 1995) que surgem mudanças profundas na vida social e nos processos de trabalho, as quais vem sendo estudadas como Reestruturação Produtiva, ou Reconversão Econômica, ou Nova Ordem Econômica Mundial, ou Terceira Revolução Industrial. Falar em Terceira Revolução Industrial pode invocar em nosso imaginário uma paisagem arrojada e futurista: robôs, maquinas de comando numérico, manufaturas e desenhos ajudados por computador, programas de controle de qualidade, ISO 9000, reengenharia... Mas ela é mais que o fetiche tecnológico. Está claro que a Reestruturação Produtiva é um processo econômico, político e cultural em curso, de grande dinamismo e alta complexidade, acontece em escala planetária e em ritmo intenso, exigindo a inserção de todos. Estruturalmente vinculada à Globalização, estes dois processos tem sido conduzidos pelas forças hegemônicas em âmbito internacional, representando a mais recente configuração do capitalismo - a qual converte o sistema mundial em espaço de acumulação - apontando para profundas repercussões sobre a vida social (CARVALHO, 1997a). Dai a importância de estudar este processo, verificar suas reais dimensões; identificar, em essência, suas potencialidades, para buscar interferir nele. A seguir apresentam-se algumas das características ou tendências que já se configuram: Tecnologia e organização do trabalho Apropria-se dos avanços da microeletrônica e da incorporação da informática aos processos de produção para garantir produtos de melhor qualidade e maior competitividade no mercado. Modifica as rígidas formas Taylorista e Fordista de organizar o trabalho nas empresas, sob forte influência do modelo Rua Dr. Moacir Birro, 663 – Centro – Cel. Fabriciano – MG CEP: 35.170-002 Site: www.ucamprominas.com.br e-mail: diretoria@institutoprominas.com.br 9 Toyotista japonês, reduzindo os níveis hierárquicos, buscando mais iniciativa e participação do trabalhador no processo (FERREIRA, 1993). Novas modalidades de trabalho e novas relações de trabalho Expandem-se novas modalidades de trabalho, como o autônomo, o tempo parcial, o temporário, a domicilio etc. No campo das relações de trabalho, "verifica-se a implementação de políticas que visam impor ao empregado uma nova identidade, configurada na relação entre indivíduo-empresa e forjada através de diferentes estratégias de interação na disputa pela lealdade do trabalhador" (NEVES, s.d.). Mundialização da produção/desterritorialização do capital Desconcentra geograficamente a produção, aproveitando-se das facilidades de transporte oferecidas pela globalização: organiza a fabricação de componentes a partir de atividades em diversos países, usufruindo de vantagens comparativas no acesso a recursos naturais e matérias-primas, isenções oferecidas pelos governos, características da mão-de-obra local - qualificação, custo etc. (CARVALHO, 1997a). Focalização da produção A grande empresa tende a ser substituída por estabelecimento menor, que centra sua atividade naquilo que é a sua excelência (por exemplo, o motor do carro). As demais partes do processo produtivo são delegadas a outras empresas, as terceirizadas. Estas empresas, as vezes, são implantadas numa mesma área geográfica, formando um condomínio de empresas (GONÇALVES, s.d.). Especialização flexível A competitividade baseia-se na identificação e na produção de bens não padronizados, voltados para nichos de mercado ou atende, aparentemente, aos desejos do consumidor individual. Em oposição a produção de bens em massa, supõe uma planta industrial flexível, com máquinas universais programáveis e operadas por trabalhadores desespecializados, qualificados e polivalentes Rua Dr. Moacir Birro, 663 – Centro – Cel. Fabriciano – MG CEP: 35.170-002 Site: www.ucamprominas.com.br e-mail: diretoria@institutoprominas.com.br 10 (ANTUNES, 1996¹). Financeirização da economia Há um domínio do capital financeiro, operando como "dinheiro volátil", por meio de redes e circuitos informatizados globais, cerca de 1,4 trilhões de dólares por dia, em detrimento do investimento produtivo. Mesmo as corporações tipicamente industriais tem as aplicações financeiras como um elemento central do processo de acumulação (CARVALHO, l 997a). Emersão de novos atores globais e crise do Estado Nacional Articuladas ao neoliberalismo, estas transformações tem sido conduzidas pelos interesses diretos de novos e poderosos atores sociais, refletindo acelerada concentração do capital, como os 358 grandes conglomerados e grupos transnacionais que controlam 40% da riqueza mundial e controlam 80 a 90% das tecnologias. Com este poderio econômico e aproveitando-se das fragilidades dos sistemas de governo mundial, têm prescindido e até inibido a participação reguladora do Estado ou do conjunto da sociedade civil na definição e implantação de políticas (RATTNER, 1997), criando o que vem sendo denominado de crise dos estados nacionais. Assimetria Sob a cortina de um mundo globalizado, de uma suposta "aldeia global" homogeneizada pela superação dos limites do espaço/tempo, esconde-se um processo estruturalmente assimétrico. Ele designa papeis e limites específicos a cada povo/segmento ou país/região/localidade, mediante nova divisão internacional do trabalho, aprofundando as desigualdades inter e intranacionais. Os países industrializados passaram a ser exportadores de tecnologia cientifica e muitos "países subdesenvolvidos" passaram a ser os "novos países industrializados", num processo desigual tanto do ponto de vista socioeconômico quanto ambiental, no tocante à distribuição dos riscos ambientais e ocupacionais (RODRIGUES apud SOBRAL, 1997). 0 Brasil, como outros países periféricos, está buscando seu ajuste a esta nova ordem mundial, de acordo com o caminho prescrito pelo Rua Dr. Moacir Birro, 663 – Centro – Cel. Fabriciano – MG CEP: 35.170-002 Site: www.ucamprominas.com.br e-mail: diretoria@institutoprominas.com.br 11 Banco Mundial e o FMI no Consenso de Washington: privatização, redução do Estado, abertura comercial, desregulação dos mercados etc. Mas, por esta proposta, serão integrados apenas os setores, os pólos dinâmicos que podem atingir os padrões de competitividade exigidos. Para os demais, não há propostas, não há horizontes (BACELAR, 1997). Que conseqüências deste processo podem ser esperadas e observadas no mundo do trabalho? De fato, tendo como base concreta a incorporação de inovações tecnológicas e organizacionais à esfera produtiva, esta revolução abre possibilidades técnicas muito importantes, como é a fantástica ampliação da comunicação humana em tempo real, representada hoje pela Internet. Outro exemplo é a oportunidade de usar as novas tecnologias para eliminar o trabalho humano em funções insalubres, penosas ou destituídas de conteúdo significativo, libertando trabalhadores do sofrimento, da doença e da morte no trabalho. Mais do que isto: olhares otimistas sobre a trajetória histórica da humanidade tentam explorar neste processo a oportunidade de realização de parte da utopia moderna, rumo à emancipação dos seres humanos do jugo do trabalho: as máquinas trabalhariam enquanto as pessoas se dedicariam ao lazer, à preguiça, à criação, às artes, à vivência solidária. Mas a questão é mais complexa e precisa ser contemplada também por outros ângulos. A Reestruturação Produtiva rompe com a hegemonia do Estado e o capitalismo de bem-estar do pós-guerra e afeta o interior do processo produtivo, a divisão do trabalho, o mercado de trabalho, o papel dos sindicatos, as negociações coletivas. Estas mudanças estão ocorrendo sem rupturas significativas com a cultura da acumulação, da exploração irresponsável da natureza e injusta dos homens. Também não se tem verificado, na maioria dos países, a necessária regulação por parte do Estado: dar direcionalidade e racionalidade a este processo, buscando as melhores alternativas de inserção do país nesta nova ordem mundial, na perspectiva do conjunto de seus cidadãos. Tendem a prevalecer, até o momento, os interesses do capital de se rearranjar por maior competitividade, questionando direitos e conquistas dos trabalhadores e das sociedades democráticas (MATTOSO, 1995). Rua Dr. Moacir Birro, 663 – Centro – Cel. Fabriciano – MG CEP: 35.170-002 Site: www.ucamprominas.com.br e-mail: diretoria@institutoprominas.com.br 12 Surgem, assim, novos problemas para o mundo do trabalho: efeitos sobre o nível e composição dos empregos, sobre as qualificações requeridas ao trabalhador, o valor dos salários e sua relação com a massa de lucro apropriada pelas empresas, as condições de trabalho, a gestão e controle da mão-de-obra e as relações sindicais (DIEESE, 1994). Outras revoluções já chacoalharam o mundo do trabalho em nossa História. Esta última produz o desemprego estrutural, resultante da desregulação da concorrência e dos mercados, da ausência de políticas macroeconômicas apropriadas, dos efeitos da globalização financeira sobre o investimento e o crescimento econômico (MATTOSO, 1995). Como dimensão da insustentabilidade deste processo, evidencia-se a transformação de boa parte dos seres humanos que vivem do trabalho em redundantes: um bilhão de desempregados no mundo de hoje confundem- se com os excluídos do acesso e do gozo de direitos e benefícios sociais mínimos. Número crescente da população - brasileira e mundial - torna-se desnecessária para o processo produtivo, o que significa falta de acesso a bens e serviços públicos, à informação e à cultura e, na falta de políticas sociais eficientemente compensatórias, a fome e até a morte (RATTNER, 1996). Mais do que isto, consolida-se um brutal aprofundamento da fragmentação da classe trabalhadora, retalhando-a em segmentos com perfis de vida muito diferenciados, como se vê a seguir: * os empregados das empresas de ponta, * os empregados das "terceiras" , * o diversificado e crescente contingente dos trabalhadores no mercado informal e * os excluídos, não só do mercado de trabalho, mas também das políticas públicas, da identidade cultural, da participação e da representação política. Há, evidentemente, uma lógica que articula estes segmentos. Ao cenário de Rua Dr. Moacir Birro, 663 – Centro – Cel. Fabriciano – MG CEP: 35.170-002 Site: www.ucamprominas.com.br e-mail: diretoria@institutoprominas.com.br 13 modernidade e sofisticação tecnológica das empresas de ponta articula-se - não como efeito colateral indesejável, mas como um dos paradigmas constitutivos deste processo - o universo das "terceiras". Na maioria dos casos, em vez de representarem um esforço articulado entre a grande e a pequena empresa no sentido de qualificar fornecedores e aumentar a qualidade dos produtos - o padrão reestruturante de terceirização, consistem de estratégias restritivas de externalização das atividades para redução de custos via precarização das relações e condições de trabalho, somada à diminuição do nível de remuneração e na perda de parte dos benefícios sociais - o padrão predatório de terceirização (DIEESE, 1994). Faz também parte deste cenário o grande e diversificado grupo de trabalhadores do mercado informal, que inclui desde os trabalhadores ligados à indústria de calçados, por exemplo, e que desenvolvem suas atividades em casa; ou os de confecções ligados a "facções" ; os camelôs, lavadores e vigias de carros nas grandes cidades; as mulheres não remuneradas no seu trabalho cotidiano de cuidar das crianças, dos idosos, dos deficientes; as crianças obrigadas precocemente ao trabalho, e tantos outros, que chegam a se igualar com a população economicamente ativa inserida no mercado formal de trabalho, ou, em algumas regiões, superam-na. Para completar este quadro, qualificado como modernização conservadora exatamente por seus graves impactos sociais, é preciso ainda trazer à cena outro grupo de trabalhadores, de fronteiras nebulosas com o anterior, que é o dos excluídos, dos desempregados, dos sem-terra, dos jovens e idosos que não conseguem acesso ao mercado de trabalho, das famílias subjugadas ao trabalho escravo no ermo das carvoarias ou das plantações de cana, dos famintos das grandes cidades, das correntes migratórias em busca de trabalho. A eles vêm juntarse trabalhadores demitidos nos processos de enxugamento das empresas - não só os menos qualificados, mas também supervisores e chefias intermediárias; categorias que se extinguem - bancários, por exemplo, de 1.700.000 trabalhadores em 1990 para 400.000 em 1995 etc. Parece, assim, que mais duas características ou tendências devem ser Rua Dr. Moacir Birro, 663 – Centro – Cel. Fabriciano – MG CEP: 35.170-002 Site: www.ucamprominas.com.br e-mail: diretoria@institutoprominas.com.br 14 acrescentadas à Reestruturação Produtiva, pela forma como vem sendo conduzida em especial nos países periféricos: Aprofundamento da fragmentação da sociedade (CARVALHO, 1997b, NEVES, s.d.). Consolidam-se segmentos com pouca mobilidade entre si, com níveis de vida muito desiguais, ao tempo em que, pela ampliação estrutural do desemprego, condena parte considerável da população à condição de desnecessária ao mercado de trabalho e de consumo - os excluídos. Agravamento da questão social, ampliação da exclusão e ameaça à coesão social Agravam-se os mecanismos geradores de desigualdades entre os segmentos sociais, ao aprofundar o abismo entre ricos e pobres. Em 1991, um "quinto mais rico da população do mundo apropriava-se de 84,7% do PIB mundial, enquanto um quinto mais pobre estava reduzido a 1,4%. Em 30 anos, a disparidade das rendas entre estes dois extremos passou, de 30 por um, para 60 por um" (SACHS,1995). Este quadro aponta para o aumento da heterogeneidade no interior das macrorregiões, coexistindo áreas dinâmicas e "integradas" com outras estagnadas (BACELAR, 1997) - o que, somado aos diversos mecanismos de quebra dos laços de solidariedade de classe no mundo do trabalho, coloca em xeque a própria sociabilidade do sistema. Quanto à dinâmica política da sociedade, entram em rigoroso questionamento as formas tradicionais de representação e defesa de interesses. 0 setor privado aperfeiçoa seu desempenho na disputa pela adesão dos trabalhadores, apelando à sua subjetividade para criar novos laços de identidade entre empresa e empregados. Os sindicatos de trabalhadores, de maneira geral, tem encontrado muitas dificuldades diante da magnitude do desafio, hoje, da defesa do emprego e dos salários, num quadro de redução da massa de trabalhadores formalmente empregados e da modificação de seu perfil. Apesar do esforço de algumas entidades em compreender o processo mais geral em curso e redirecionar suas práticas, não tem sido simples, num contexto que tende a minar a Rua Dr. Moacir Birro, 663 – Centro – Cel. Fabriciano – MG CEP: 35.170-002 Site: www.ucamprominas.com.br e-mail: diretoria@institutoprominas.com.br 15 solidariedade, adotar uma visão de classe social que ultrapasse os limites da corporação de ofício e avance na interlocução com a sociedade (ANTUNES, 1996²). São poucas as experiências bem sucedidas, por exemplo, de incorporação do universo dos trabalhadores terceirizados à agenda sindical. Há também a questão dos trabalhadores do mercado informal, com maiores dificuldades ainda de desenvolver formas ou instâncias de organização que tragam suas questões para a agenda social. Os horizontes apontam para a diversidade dos movimentos sociais e para o crescimento das Organizações Não-Governamentais, ampliando o leque de questões em debate - gênero, etnias, homossexualismo, ambiente, entre outras - e para a possibilidade de atuação articulada entre elas. Como a Globalização e a Reestruturação Produtiva rebatem sobre o campo da saúde dos trabalhadores e do meio ambiente? Que tendências podem ser observadas? A saúde humana, hoje, é profundamente marcada pela forma como se vive, no Brasil e no mundo, o processo de Globalização e de Reestruturação Produtiva, mediado pelas mudanças urbanas, as transformações no processo de trabalho e a difusão ampliada dos riscos industriais-ambientais. 0 modo de vida desenhado por este modelo redefine os padrões de saúde-doença das populações: "A incorporação de milhares de novas substâncias químicas, o aumento das plantas industriais, dos volumes produzidos e transportados e da aplicação de diversas formas de energia trouxeram, indubitavelmente, a ampliação da grandeza e do alcance dos impactos sócio ambientais das atividades humanas nas sociedades contemporâneas. Assim, os padrões de produção e consumo passaram a definir, cada vez mais profundamente, tanto o estado das águas, do ar, dos solos, da fauna e flora, quanto as próprias condições da existência humana: seus espaços de moradia e de trabalho, seus fluxos migratórios, as situações de saúde e de morte." (FRANCO e DRUCK,1997: 25) Estas autoras apontam que, nos espaços urbano-industriais - que hoje concentram mais de dois terços da população, rompem-se as fronteiras entre o ambiente intra e extra-fabril, como demonstram os acidentes industriais de grande porte. Os riscos Rua Dr. Moacir Birro, 663 – Centro – Cel. Fabriciano – MG CEP: 35.170-002 Site: www.ucamprominas.com.br e-mail: diretoria@institutoprominas.com.br 16 gerados na atividade produtiva expandem seu raio de ação, movimentam-se pelo espaço geográfico por meio de dutovias e outros meios de transporte, ampliando a população a eles exposta. A biotecnologia e novos materiais geram novos meios de agressão aos mecanismos de regulação da biosfera e lesam os organismos humanos com efeitos cumulativos que podem resultar em mutagênese, teratogênese, carcinogênese (FRANCO e DRUCK, 1997). Por outro lado, as doenças infecto-contagiosas emergentes, como a AIDS, e as reemergentes, como a tuberculose, a dengue e o cólera, vem nos lembrar o duplo perfil de morbi-mortalidade dos países periféricos, onde elas se associam às doenças crônico-degenerativas e ao crescimento das causas externas, como a violência, os acidentes de trânsito e de trabalho e as intoxicações de origem ambiental ou ocupacional. É o registro, no corpo das pessoas, da perversa sobreposição de padrões de pobreza e miséria aos padrões "modernos" de desgaste da saúde (MINAYO, 1995). Assim, é possível identificar vários rebatimentos deste processo sobre a saúde que são comuns ao conjunto da classe trabalhadora. Outros, entretanto, devem ser compreendidos na especificidade da inserção do segmento de classe considerado naquele processo, como se vê a seguir. Tendências comuns ao conjunto dos trabalhadores Retrocesso nas Políticas Sociais, como tem sido visto na questão da Previdência Social ou do financiamento do Sistema Único de Saúde, com sérios impactos sobre a qualidade da atenção prestada à saúde da população. A disputa entre os governos pela instalação de plantas industriais, apresentadas à sociedade como soluções para o desemprego, na maioria das vezes não considera seus impactos sobre o meio ambiente e as condições de trabalho, podendo levar a maior degradação ambiental e à geração de mais situações de risco. Tendência ao deslocamento dos empreendimentos para cidades de menor porte, sem tradição industrial, ampliando os territórios expostos a tensores ambientais e a Rua Dr. Moacir Birro, 663 – Centro – Cel. Fabriciano – MG CEP: 35.170-002 Site: www.ucamprominas.com.br e-mail: diretoria@institutoprominas.com.br 17 riscos ocupacionais, sem a correspondente capacitação do poder público e dos organismos da sociedade civil para seu controle. Tendência à "privatização" do controle ambiental, relegado às leis do mercado e à iniciativa privada, sem participação do Estado ou da sociedade civil, como no caso dos sistemas de certificação ISO 14000 e 9000 (SOBRAL, 1997; VILELA & IGUTI, 1997). Flexibilização das relações de trabalho, com tendência a retrocessos dos direitos conquistados e reconhecidos na legislação trabalhista, como as formas de contratação e a jornada de trabalho, com a possibilidade de intensificação do desgaste dos trabalhadores. Terceirização - cresce o número de trabalhadores ligados ao setor de serviços, onde estão expostos a riscos ocupacionais mais relacionados à carga mental e psíquica, agentes ergonômicos etc. Introdução de novas matérias-primas, produtos, tecnologias e formas de organizar o trabalho ainda não suficientemente avaliados quanto aos seus efeitos nocivos à saúde, à segurança e ao ambiente. Maior dedicação de energia do trabalhador ao trabalho: exigência de qualificação permanente, de participação na construção da competitividade da empresa. Relações no trabalho e sociais mais competitivas. Quebra dos laços de solidariedade, maior individualismo, maior solidão. Maior dificuldade para a ação coletiva e sindical, quanto às iniciativas dos sujeitos em defesa da saúde no trabalho e do meio ambiente. Tendência ao crescimento da violência, pelo agravamento da questão social, com os seus reflexos sobre o perfil de morbi-mortalidade da população: assaltos, homicídios, dependência de drogas, gangs urbanas, delinqüência juvenil e acidentes de transito. Rua Dr. Moacir Birro, 663 – Centro – Cel. Fabriciano – MG CEP: 35.170-002 Site: www.ucamprominas.com.br e-mail: diretoria@institutoprominas.com.br 18 Tendências nas empresas de ponta No tocante às relações de trabalho, as exigências de qualidade neste setor tornam necessária maior adesão dos trabalhadores ao projeto da empresa, fazendo emergir a proposta da parceria. Abrem-se assim, para algumas categorias com maior tradição de organização, maiores possibilidades de conversa entre empresários e trabalhadores, reconhecendo, de um lado, a existência de identidades e interesse distintos, ao procurar espaços de negociação delimitados pelo interesse comum na manutenção do emprego/sobrevivência da empresa. Neste segmento, podem ser observados alguns avanços na contratação coletiva do trabalho, na negociação madura da redução e da flexibilização da jornada de trabalho, com ganhos para os trabalhadores na manutenção do emprego e não-redução do salário. Há alguma abertura para ultrapassar limites impostos pela CLT e pelos padrões tradicionais de relação: pode-se, por exemplo, negociar a introdução de inovações tecnológicas e organizacionais e as condições de trabalho (DIEESE, 1994). Entretanto, existem muitos problemas para este grupo de trabalhadores. Com a introdução de inovações tecnológicas e, em especial, de novas formas de organizar o trabalho, surge a exigência de um novo perfil do trabalhador. 0 saber já possuído por ele não interessa mais, há demanda de aquisição permanente de novos conhecimentos, somada à exigência de polivalência. Possibilidade/exigência de maior iniciativa e criatividade do trabalhador no processo de trabalho. Substituição do controle de chefias e hierarquias por novas formas de controle. Nem sempre a maior qualidade do produto e produtividade implicam a melhoria da qualidade de vida e da qualidade do trabalho. Tendência ao controle dos riscos ocupacionais mais "selvagens", com possível redução dos acidentes do trabalho, inclusive os fatais e das doenças profissionais clássicas. Entretanto, podem persistir exposições a riscos ocupacionais em baixas dosagens, levando a efeitos crônicos e de longa latência, de identificação mais difícil para os níveis atuais de desenvolvimento do conhecimento. Podem-se manifestar "outros efeitos" dos riscos ocupacionais já existentes, como os neurocomportamentais, reprodutivos e até o Rua Dr. Moacir Birro, 663 – Centro – Cel. Fabriciano – MG CEP: 35.170-002 Site: www.ucamprominas.com.br e-mail: diretoria@institutoprominas.com.br 19 câncer (DIAS e LINO, 1996). Podem surgir novos riscos e agravos em relação às novas formas de organizar o trabalho (stress, hipertensão arterial, LER, sofrimento psíquico, doenças mentais). Permanecer numa empresa após um "enxugamento" pode trazer experiências e sentimentos que questionam a identidade do trabalhador: que valor tenho para a empresa? Em que medida meus esforços e os dos colegas estão sendo reconhecidos? Até onde vai o compromisso da empresa conosco? 0 medo da demissão assola os trabalhadores e gera profunda insegurança quanto ao futuro. Ele sobrepõe-se à preocupação permanente em "garantir-se" no emprego, num clima de "salve-se quem puder" que deteriora as relações humanas no trabalho e submete os trabalhadores a um cotidiano estressante. Tendência à redução da jornada de trabalho, com repercussões sobre tempo de lazer, convivência familiar e social, hábitos culturais. Possibilidade de reflexo sobre o perfil de morbi-mortalidade: acentuar tendência já verificável de aumento das doenças mentais, psicossomáticas, cardiovasculares e crônico-degenerativas. Tendências na terceirização predatória Já no segmento das "terceiras" o que se observa é a implantação do padrão predatório de terceirização, deixando de cumprir até mesmo os preceitos da CLT e precarizando as relações e condições de trabalho. Várias categorias têm denunciado a proposta empresarial de parceria de mão única, voltada para a flexibilização de direitos sem negociação de ganhos também para os trabalhadores. 0 desemprego crescente pressiona o trabalhador empregado a aceitar... Os sindicatos vão se enfraquecendo, fragmentados entre diversas categorias/entidades numa mesma empresa. Condições de trabalho já precárias, agravadas pela redução de custos com pessoal, segurança, prevenção, treinamentos. Rua Dr. Moacir Birro, 663 – Centro – Cel. Fabriciano – MG CEP: 35.170-002 Site: www.ucamprominas.com.br e-mail: diretoria@institutoprominas.com.br 20 Tendência à redução dos benefícios sociais, como fornecimento de transporte, alimentação etc. Os convênios de assistência médica podem ser revistos, em favor de grupos que ofereçam menores preços, em detrimento da qualidade do serviço prestado. Há a possibilidade de suspender também este tipo de benefício, empurrando os trabalhadores para o sistema público, no qual a prestação de serviços encontra-se prejudicada pelas dificuldades de financiamento. Intensificação de ritmos de trabalho, prolongamento das jornadas, aumentando o tempo de exposição aos riscos ocupacionais e o desgaste dos trabalhadores. Exposição profissional a altas doses de agentes tóxicos, com efeitos agudos e de curta latência, paralela à exposição a baixas doses, com efeitos crônicos e de longa latência. Alta incidência de acidentes de trabalho, inclusive fatais, e das doenças profissionais clássicas (DIAS e LINO, 1996). Deterioração da qualidade de vida: redução do numero de horas de sono e repouso, baixa qualidade alimentar e de moradia. Possibilidade de reflexo sobre o perfil de morbi-mortalidade: manutenção ou aumento das doenças infecto-contagiosas, parasitárias e carenciais, superpondo-se as crônico-degenerativas e da violência, reforçando o duplo perfil epidemiológico. Excluídos 0 agravamento da questão social aponta para a deterioração progressiva das condições de sobrevida em todos os seus aspectos. A isto soma- se a limitação e a ineficiência das políticas sociais de mitigação da miséria. Taxas de mortalidade infantil elevadas, expectativa de vida inferior à dos outros grupos sociais, desnutrição, doenças infecto-contagiosas emergentes e reemergentes. Exposição a condições socioambientais mais precárias: moradia em áreas de risco, Rua Dr. Moacir Birro, 663 – Centro – Cel. Fabriciano – MG CEP: 35.170-002 Site: www.ucamprominas.com.br e-mail: diretoria@institutoprominas.com.br 21 vivência nos centros e periferias das grandes cidades, com seus riscos de poluição e violência, em particular para as mulheres e as crianças (prostituição, drogas, gravidez em adolescentes, doenças sexualmente transmissíveis etc.). Degradação intensa da dignidade humana, com repercussão na identidade dos indivíduos, na coesão das famílias, no futuro dos jovens. 0 sofrimento psíquico do desempregado: o constrangimento, a crise de identidade, a perda da auto-estima, a depressão e até o suicídio (SELIGMAN, 1997³). À guisa de conclusão: novas perguntas Não seria correto cair no determinismo tecnológico e execrar as novas tecnologias como os demônios responsáveis por nossos males. Os impactos das tecnologias dependem das políticas sociais que acompanham sua implantação (NEVES, 199l). Quais as nossas finalidades? Guattari nos interpela: "A do desemprego, da marginalidade opressiva, da solidão, da ociosidade, da angústia, da neurose, ou a da cultura, da criação, da pesquisa, da reinvenção do meio ambiente, do enriquecimento dos modos de vida e de sensibilidade" (GUATTARI, 1990). Se queremos usufruir coletivamente dos potenciais benefícios da tecnologia, teremos de encontrar e viabilizar respostas para muitas perguntas. Como garantir o sustento de milhões de trabalhadores tornados desnecessários ao processo produtivo? Como aproveitar estas possibilidades para melhorar a qualidade de vida no trabalho - enriquecendo seu sentido humano - e fora dele? Como construir a via da inclusão? Como dar sentido às nossas vidas sem a ética do trabalho, que tem nos regido há séculos? Há quem diga que estamos nos umbrais de uma nova era: privilégio estar vivo, testemunhar e poder influenciá-la! Se o devir é aberto, se os caminhos da História não estão predeterminados, então podemos participar no desenho do futuro: a perplexidade se transforma em desejo de descobrir jeitos de aproveitar destes avanços da modernidade para reinventar e construir, juntos, modos de vida mais Rua Dr. Moacir Birro, 663 – Centro – Cel. Fabriciano – MG CEP: 35.170-002 Site: www.ucamprominas.com.br e-mail: diretoria@institutoprominas.com.br 22 humanizados, mais solidários, mais ricos... "Nenhuma teoria da transformação político-social do mundo me comove, sequer, se não parte de uma compreensão do homem e da mulher enquanto seres fazedores da Historia e por ela feitos, seres da decisão, da ruptura da opção. A grande força sobre que deve alicerçar-se a nova rebeldia e a ética universal do ser humano e não a do mercado, insensível a todo reclamo das gentes e aberta apenas à gulodice do lucro. É a ética da solidariedade humana" (FREIRE, 1997) Referências bibliográficas BACELAR, Tânia. 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Sua pretensão é de relacionar de uma maneira holística o homem e seu ambiente ou, mais genericamente o sujeito e o objeto, fazendo uma ciência fenomenológica que extraia das essências a sua matéria prima. É sob esta perspectiva que serão encaminhadas as reflexões contidas neste texto. Antes de tudo cabe dizer que a fenomenologia e a geografia tem, em planos diferentes, objetivos convergentes: o de estudar a constituição do mundo. Rua Dr. Moacir Birro, 663 – Centro – Cel. Fabriciano – MG CEP: 35.170-002 Site: www.ucamprominas.com.br e-mail: diretoria@institutoprominas.com.br 25 Como a fenomenologia se propõe a efetuar este estudo? Ela procura levantar as experiências concretas do homem e encontrar nestas experiências uma orientação que não as limite a uma simples sucessão. Ela não se atém a estudar as experiências do conhecimento, ou da vida tais como se apresentam na história. Sua tarefa é de: "analisar as vivências intencionais da consciência para perceber como aí se produz o sentido dos fenômenos, o sentido do fenômeno global que se chama mundo" (DARTIGUES. 1973, 30). Análise que parte do princípio da intencionalidade, incluindo o mundo na consciência, caracterizando uma nova relação entre o sujeito e o objeto definida por sua correlação, que não se configura em um só objeto, mas no mundo inteiro, como ser-envolvido-no-mundo. A intencional idade torna possível a redução fenomenológica, a "colocação entre parênteses" da realidade como é concebida pelo senso comum. A redução fenomenológica nos remete às experiências e ao mundo originais, sem considerar as teorias que lhe foram acrescentadas pelas ciências. Nos colocando duas questões: o da constituição do mundo, que interessa diretamente aos que estudam a geografia; e o da distinção entre ciência fenomenológica e ciência positivista. A razão cartesiana baseia-se na dúvida metódica e atribui apenas às ciências naturais oque é racional, objetivo e científico. Ela sustenta que só os conceitos de quantidade são objetivos, daí a atribuição do que é racional à matemática e à física. Para a fenomenologia a razão objetiva se refere a existência humana. independentemente de que possa ser expressa em categorias de quantidade. A filosofia cartesiana, segundo a fenomenologia, provoca a matematização da natureza, iniciada por Galileu, e a ruptura entre o mundo da ciência e o mundo da vida. O projeto da fenomenologia é de reaproximar as ciências de nossas vidas, ações e projetos, a partir das experiências ante-predicativas (anteriores aos conceitos e aos juízos), ou seja, relativas à percepção do mundo e de seus objetos enquanto fundamentos dos conceitos. Deve-se aqui abrir um breve parêntese e distinguir a experiência do experimentalista (experiência sobre o fenômeno), da experiência do fenomenólogo (experiência do fenômeno). A primeira só tem sentido quando fundamentada na segunda. Assim, a Rua Dr. Moacir Birro, 663 – Centro – Cel. Fabriciano – MG CEP: 35.170-002 Site: www.ucamprominas.com.br e-mail: diretoria@institutoprominas.com.br 26 ciência empírica tem como fundamento o que a fenomenologia denomina de ciências essenciais ou eidéticas. Para chegar às essências a fenomenologia procede a variações imaginárias, que consistem em, no pensamento, fazer variar as características de um objeto ou realidade até que se obtenha o que é invariável - a possibilidade de designação deste fenômeno, ou seja, sua própria essência. As variações reais, por sua vez, derivam das experimentações, da pesquisa empírica e dedutiva. Este processo de variações imaginárias. denominado redução eidética, permite a distinção entre fatos e essências, onde o fato é colocado "entre parênteses" deixando que apareça a idéia. o sentido. As essências são tantas quantas forem as significações que possamos produzir. Seus veículos são a percepção, o pensamento, a memória e a imaginação, dando a estas significações um caráter universal, intersubjetivo e absoluto. Este modo de apreensão é o mesmo das ciências cartesianas: elas também iniciam por estabelecer uma rede de essências, de significados primitivos, que são confrontados com as experimentações. Há, pois, um relacionamento, que não é de simples sucessão, entre o processo eidético e o processo experimental. Neste contexto, a tarefa da fenomenologia é de estudar e classificar em "regiões" os diversos tipos de essência, ou seja, de proceder a uma ontologia regional. Ela foi definida por Husserl como: "...idéia de que há muitas atitudes no sujeito intencional, irredutíveis umas às outras. A intencional idade científica, artística, política. técnica, ética e religiosa é sempre um 'relacionamento' original e irredutível. Isso implica também que o 'mundo' como correlato da intencionalidade não é construído monisticamente .... Os 'mundos' que decorrem de uma atitude científica, artística, política, ética ou religiosa do sujeito intencional são esferas específicas do ser, 'regiões' nas quais os objetos concordam entre si por um específico ser-assim"(LUIJPEN, 1973, 178). Para Husserl essa meta seria atingida quando a individualidade fosse ultrapassada e se chegasse ao caráter plenamente objetivo deste "mundo", o que é conseguido quando se compreende a sua constituição para uma pluralidade de sujeitos - sua constituição intersubjetiva. A intersubjetividade acontece no momento em que o corpo, como elemento móvel, coloca-se em contato com o exterior e localiza o outro, comunicando-se com outros homens e conhecendo outras situações. Rua Dr. Moacir Birro, 663 – Centro – Cel. Fabriciano – MG CEP: 35.170-002 Site: www.ucamprominas.com.br e-mail: diretoria@institutoprominas.com.br 27 Vistas estas definições, fundamentais para a compreensão deste texto, vou me deter na geografia enquanto ciência das essências, e em conceitos que podem constituir a sua região, como os de paisagem e lugar, território e ambiente. Notem que nos parágrafos acima, sem falar especificamente da geografia, utilizei diversas palavras que tem como essência significados espaciais ou, como prefiro, geográficos, tais como: mundo, região e situação. Estes termos foram utilizados por filósofos e outros cientistas sociais, e por si mesmos demonstram como a geografia é uma ciência essencial ou eidética. Um problema que se coloca quando nos direcionamos para a fenomenologia é que não podemos nos restringir às denominações positivistas para as diversas ciências. A classificação cartesiana baseia-se em quantidades e métodos empíricos de mensuração. A ciência das essências se refere à existência humana e a nossa experiência do mundo. Há, ainda, a divisão entre essências exatas, que se relacionam indiretamente com a vivência, produzindo construções; e essências morfológicas, que exprimem nossa vivência e têm por base a sua descrição. As primeiras se referem à lógica dedutiva e à lógica das significações (gramatical); as outras se referem ao percebido, ao imaginário, à consciência, à essência dos objetos materiais, culturais, sociais, etc. Deste modo, no plano das essências exatas, posso concordar com o filósofo quando afirma que "todo objeto natural tem por essência ser espacial, e a geometria é a eidética do espaço" (GILES, 1975, 154). Mas, no plano das essências morfológicas, estudadas pela ontologia regional, a eidética do espaço é a geografia, e a sua essência pode ser definida pelo que DARDEL (1990) chamou de geographicité (que pode ser traduzido por geograficidade). A geograficidade não se refere ao espaço como constructo, ela se refere ao espaço geográfico que, como observa Dardel, "tem um horizonte, um modelado, cor, densidade .... Ele é sólido, líquido ou aéreo, largo ou estreito: ele limita e ele resiste" (DARDEL, 1990, 2). A geograficidade, enquanto essência, define a relação do serno-mundo, e não do ser-no-espaço. Isto é fácil de compreender a partir da consulta a qualquer dicionário, onde o espaço é definido como: "distância entre dois pontos, ou área ou volume entre limites determinados; ou, lugar ... cuja área pode conter alguma coisa; ou, extensão indefinida; ou, o próprio Universo". Rua Dr. Moacir Birro, 663 – Centro – Cel. Fabriciano – MG CEP: 35.170-002 Site: www.ucamprominas.com.br e-mail: diretoria@institutoprominas.com.br 28 A palavra "mundo" é fundamental para que se compreenda a relação entre a ciência geográfica essencial, ou fenomenológica, e a sua essência, que pode ser denominada geograficidade. Vejamos uma das definições para mundo: "... a percepção é sempre percepção da coisa total, compreendida num campo mais amplo, o qual por sua vez, é abrangido em um horizonte de significados mais distantes. O conjunto desse complicado sistema de sempre mutáveis significados 'próximos' e 'longínquos' ligados aos sempre mutáveis momentos de atualidade e potencialidade da percepção, eis o que se chama 'mundo' na fenomenologia." (LUIJPEN, 1973, 106). A partir desta definição podemos nos deter em um dos conceitos que estão em discussão neste texto: o de meio ambiente ou, como prefiro, de ambiente. O ambiente, como muito bem coloca Rapoport, pode ser definido como "qualquer condição ou influência situada fora do organismo, grupo ou sistema que se estuda" (RAPOPORT, 1978, 25). Tuan o define como: "As condições sob as quais qualquer pessoa ou coisa vive ou se desenvolve; a soma total de influências que modificam ou determinam o desenvolvimento da vida ou do caráter" (TUAN, 1965, 6). O próprio Tuan, no entanto, nos lembra que a palavra "environment" origina-se do francês "environnement" , onde tinha o significado do "ato de circunscrever" ou "daquilo que nos rodeia" - seria a paisagem? A palavra podia também equivaler a "monde ambiance" r como era utilizada por St-Hilaire e pelo" Oictionnaire de I'Académie Française", de 1884. Podemos ver que o termo "ambiente", em sua origem, tinha um sentido bem mais amplo. Possuía uma relação dialética com a palavra "mundo" r assim como com o termo "paisagem". Sua apropriação pelas ciências cartesianas e positivistas lhe impôs uma restrição: impediu-se que ele abarcasse ao mesmo tempo o sujeito e o objeto. O termo ambiente, para a geografia escrita em português, ficou com o sentido de "suporte físico imediato" ou de "sistema de objetos que percebemos de imediato a nossa volta". Os que se utilizam da língua portuguesa parecem ter sido os únicos a se dar conta de quão restrito pode ser o termo "ambiente". Associaram-no então à palavra "meio" , provavelmente via língua francesa, que há muito utiliza-se do termo "milieux" , ainda que também com a conotação de suporte físico. Rua Dr. Moacir Birro, 663 – Centro – Cel. Fabriciano – MG CEP: 35.170-002 Site: www.ucamprominas.com.br e-mail: diretoria@institutoprominas.com.br 29 Chatelin nos ensina que: "Meios e paisagens são formados desses objetos que todo mundo pode ver, que alguns estudam, e que todos utilizam de diversas maneiras: as árvores e as terras, as rochas e as colinas ... Pensar os meios e as paisagens, é empreender a reunificação ou de colocar todas as atitudes que se pode adotar, em face destes objetos. para perceber, compreender sentir e se exprimir" (CHATELlN. 1986, 1). A palavra "meio ambiente" amplia a escala: o "meio" é mais amplo do que o "ambiente". Mas, continua a se considerar apenas o suporte físico e os objetos, ou traços, que o identificam. Ao homem é reservado o papel de mero espectador: o que percebe, compreende, sente. Esta expressão "meio ambiente", assim como a de meio, a de ambiente, e as mais "sofisticadamente científicas", como ecossistema egeossistema, foi tomada de empréstimo pela geografia de outras ciências, notadamente da biologia, que tem o homem como um entre os milhões de seres vivos que são seu objeto de estudo. A geografia tem um termo que me parece muito mais rico e apropriado para o seu campo de estudo. Esta palavra incorpora ao suporte físico os traços que o trabalho humano, que o homem como agente, e não como mero espectador, imprime aos sítios onde vive. Mais do que isso, ela denota o potencial que um determinado suporte físico, a partir de suas características naturais, pode ter para o homem que se propõe a explorá-lo com as técnicas de que dispõe. Este é um dos conceitos essenciais da geografia: o conceito de "paisagem". A paisagem, assim como o lugar e a região, é um desses termos que permitem à geografia colocar-se como uma das ciências das essências nos moldes propostos pela fenomenologia. Ela nos remete para o "mundo" que, como coloca TUAN (1965), é um campo que se estrutura na relação do eu com o outro, o reino onde ocorre a nossa história, onde encontramos as coisas, os outros e a nós mesmos. Neste campo de relações o corpo representa a transição do "eu" para o mundo, ele está do lado do sujeito e, ao mesmo tempo, envolvido no mundo. O corpo constitui O ponto de vista do ser-no-mundo. Desta relação fundamental, que é com certeza, geográfica, devem brotar os conceitos essenciais a serem utilizados pelos geógrafos. Vejamos como o território pode vir a ser um deles. O "território" tornou-se um conceito científico a partir da etologia. Um ornitólogo estabeleceu a primeira definição de territorialidade: "a conduta Rua Dr. Moacir Birro, 663 – Centro – Cel. Fabriciano – MG CEP: 35.170-002 Site: www.ucamprominas.com.br e-mail: diretoria@institutoprominas.com.br 30 característica adotada por um organismo para tomar posse de um território e o defender contra os membros da própria espécie" (HOWARD, 1920; citado por BONNEMAISON, 1981,253). SACK (1983) afirma que a definição mais comum para territorialidade é mesmo a de defesa de uma área. Defender uma área, nos diz ele, apresenta-se como sendo uma meta em si mesma ou um meio para exercer controle específico sobre algum aspecto da ação humana. O próprio Sack não aceita esta definição, achando-a demasiado simplista. Para ele, a territorialidade baseia-se no princípio da ação pelo contato e todas as relações territoriais devem ser definidas no contexto social de um acesso diferenciado às coisas e às pessoas. A territorialidade é "a tentativa de um indivíduo ou grupo (x) de influenciar, afetar ou controlar objetos, pessoas e relacionamentos (y) pela delimitação e pela afirmação de seu controle sobre uma área geográfica. Esta área é o território" (SACK, 1983: 56). Esta definição nos coloca vários problemas ao ser analisada segundo os parâmetros da fenomenologia. Primeiramente porque, apesar de afastar-se da definição oriunda da etologia (adequada, talvez, aos animais, mas nunca aos seres humanos), ela se refere ao que RAPOPORT (1978) denomina de "ambiente percebido", que relacionase com as noções de "ambiente do comportamento" (enunciado por Tolman em 1948); "espaço vital" (como foi proposto por Lewin em 1951); ou de "Umwelt" (como sugeria Von Uexküll em 1959). Este "ambiente percebido" , como na definição de Sack, constitui-se a partir do espaço de ação das pessoas, restringindo o território as áreas que são objeto de sua atuação direta. Outra questão é que, centrando sua definição nas relações de poder e no acesso diferenciado às coisas e às pessoas, praticamente se exclui a possibilidade de grupos com organização estruturada em outras bases possuírem uma territorialidade ou um território. O próprio Sack admite que existem ações não-territoriais que se relacionam dialeticamente com as territoriais, mas não as define. Coloca-se, então, o problema de se, por exemplo, os povos tradicionais ou os povos nômades possuem territorialidade ou território a partir desta definição. Temos outro problema: o de que tanto os etólogos quanto Sack definem com facilidade apenas a territorialidade enquanto um processo social, mas a relacionam Rua Dr. Moacir Birro, 663 – Centro – Cel. Fabriciano – MG CEP: 35.170-002 Site: www.ucamprominas.com.br e-mail: diretoria@institutoprominas.com.br 31 apenas vagamente com uma "área geográfica", denominada "território" , onde este processo se desenrola. Uma ciência que tem como essência a geograficidade não pode tomar as definições dadas acima para território e para territorialidade como fenomenologicamente geográficas. Elas podem ser tratadas, no máximo, como uma interface com outras "regiões" afins de um mesmo campo essencial morfológico. Existem, no entanto, outras possibilidades de definição do território que são essencialmente geográficas. O primeiro passo, nos aponta Bonnemaison, é nos afastarmos da definição que a etologia deu para o território: qual seja, a de associálo a uma apropriação biológica de uma área que se torna exclusiva de determinados membros de uma espécie, a partir da delimitação de uma fronteira. Para ele, "as sociedades humanas têm uma concepção diferente do território. Ele não é forçosamente fechado, ele não é sempre um tecido espacial unido, ele não induz somente a um comportamento necessariamente estável" (BONNEMAISON, 1981, 253). O segundo passo, como nos aponta Lacasse (1996), é de relativisarmos as concepções de território, aceitando que elas possam acontecer em grupos sem governo constituído ou que não tenham políticas territoriais definidas. Lacasse, ao estudar os Innus (esquimós), observou que eles não conhecem a apropriação privada e não possuem em seu vocabulário termos como propriedade, posse ou direito de propriedade. Para os Innus, o território é a vida. Sua noção de território deriva da ordem costumeira, "que faz referência aos laços afetivos que eles mantêm com a terra. E, nesta ordem, a terra é o lugar de sua cultura" (LACASSE, 1996, 189). O território, para os Innus, é objeto de gestão, do qual eles são os guardiões. Esta concepção de território tem como base o "lugar" , este sim um conceito essencial para a formulação de um "mundo" pessoal ou intersubjetivo, e que portanto interessa aos que se propõem a fazer uma geografia fenomenológica. Voltemos a Bonnemaison. Ele observa que: "... um território, antes de ser uma fronteira, é um conjunto de lugares hierárquicos, conectados por uma rede de itinerários ... No interior deste espaço-território os grupos e as etnias vivem uma certa ligação entre o enraizamento e as viagens .... A territorialidade se situa na junção Rua Dr. Moacir Birro, 663 – Centro – Cel. Fabriciano – MG CEP: 35.170-002 Site: www.ucamprominas.com.br e-mail: diretoria@institutoprominas.com.br 32 destas duas atitudes: ela engloba ao mesmo tempo o que é fixação e o que é mobilidade ou, falando de outra forma, os itinerários e os lugares" (BONNEMAISON, 1981, 253-254). O autor vai mais longe, observando que a territorialidade é melhor compreendida através das relações sociais e culturais que o grupo mantém com esta trama de lugares e itinerários que constituem o seu território, onde os conceitos de apropriação biológica e o de fronteira têm validade, no mínimo, limitada. Para muitas culturas o território pode ser visto como um "arquipélago": "uma coleção de lugares denominados e apropriados geograficamente, dispersos e assentados em espaços de contornos indistintos, que são limitados não por linhas, mas por alguns pontos notáveis: rochedos, árvores, desníveis, etc." (BONNEMAISON, 1981,254). Outro ponto levantado pelo autor é o da importância em se distinguir as relações culturais das relações sociais. Ele nos diz: "O espaço social é produto, o espaço cultural é estímulo. O primeiro é concebido em termos de organização e de produção, o segundo em termos de significação e de relação simbólica. Um emoldura, o outro é o portador do sentido" (BONNEMAISON, 1981, 255). Concordamos com o autor de que a territorialidade não pode ser reduzida ao estudo do sistema territorial, ela é a expressão dos comportamentos vividos, ou se preferirmos, da constituição dos mundo pessoal e intersubjetivo, englobando a relação do território com o desconhecido - o espaço estrangeiro. Conclui-se que, tomando-se os lugares como constituintes essenciais do território, e procedendo-se à investigação dos modos intersubjetivos dessa constituição, estaremos nos proporcionando a tarefa de fazermos uma geografia voltada para a sua essência, a do estudo do espaço geográfico. No caso do território caberia à geografia, juntamente com outras ciências, delinear suas diferenças, a diversidade de suas identidades culturais. Se desprezarmos esta tarefa essencial da geografia, que é de delinear a constituição integral do "mundo", reduziremos nossa disciplina, no caso do estudo território, a um mero ramo da etologia. Estaremos então, destinados, enquanto tributários da ciência cartesiana, aos limites que o espaço impõe ao estudo das nações, dos estados, ou da ordenação mundial de fronteiras sejam elas econômicas, tecnológicas ou políticas. Rua Dr. Moacir Birro, 663 – Centro – Cel. Fabriciano – MG CEP: 35.170-002 Site: www.ucamprominas.com.br e-mail: diretoria@institutoprominas.com.br 33 Estaremos conceitualmente desarmados para uma análise das alternativas à um planeta uniformizado economicamente e culturalmente, ou seja, onde atitudes de aproximação com o mundo e com os outros são todas planejadas por quem detém a informação e o poder. Estaremos, enquanto estudiosos da geografia, sem argumentos para contrapor àqueles que vêem o território como uma correlação entre poderes determinada tão somente por algum sistema econômico, e com isso não saberemos educar os que nos sucederão para que respeitem aqueles que compreendem que o território deve ser gerido como um todo intersubjetivo, considerando toda a vida que há na Terra, considerando-a como um mundo. Bibliografia BONNEMAISON, Joel (1981): "Voyage Autour du Territoire". In: l'Espace géographique, 10 (4): 249-262. CHATELlN, Yvon (1986): "Avant-propos." In: BLANC-PAMARD et alii (eds.). Milieux et Paysages: essai sur diverses modalités de connaissance. Paris, Masson, p. 1-3. DARDEL, Eric (1990): I'Homme et la Terre - nature de la réalité géographique. Paris, Ed. CTHS, 199 p. (P ed. Paris, PUF, 1952). DARTIGUES, André (1973): O que é a Fenomenologia. Rio de Janeiro, Eldorado, 163 p. GILES, Thomas R. (1975): História do Existencialismo e da Fenomenologia. São Paulo, EPU/EDUSP, 2 v. 302 p. (v 1). LACASSE, Jean-Paul (1996): "Le Territoire dans I'Univers Innu d'Aujourd'hui". In: Cahiers de Géographie du Québec, 40 (11O): 185-204. LUIJPEN, Wilhelmus A. M. (1973): Introdução à Fenomenologia Existencial. São Paulo, EPU/EDUSP, 400 p. RAPOPORT, Amos (1978): Aspectos Humanos de la Forma Urbana: hacia uma confrontación de las ciencias sociales con el aiseôo de la forma urbana. Barcelona, Ed. Gustavo Gilli, 381 p. SACK. Robert D. (1983). "Hurnan Territoriality: A Theory". Anna/s of the Association of American Geographers, 73 (1): 54-74. TUAN, Yi-Fu. (1965). "Environment and World". In: ProtessionalGeographer, 17 (5): 6-7. Rua Dr. Moacir Birro, 663 – Centro – Cel. Fabriciano – MG CEP: 35.170-002 Site: www.ucamprominas.com.br e-mail: diretoria@institutoprominas.com.br 34 Ciência & Saúde Coletiva Print version ISSN 1413-8123 Ciênc. saúde coletiva vol.8 no.1 Rio de Janeiro 2003 doi: 10.1590/S1413-81232003000100024 SAÚDE E AMBIENTE NO PROCESSO DE DESENVOLVIMENTO Prof. Dr. Milton Santos (in memoriam) USP Conferência magna proferida no I Seminário Nacional Saúde e Ambiente no Processo de Desenvolvimento, em 12 de julho de 2000. No ano de 2002 perdemos nosso grande companheiro Milton Santos, intelectual brilhante, cuja obra seminal ultrapassou as fronteiras brasileiras e com certeza, influenciará ainda muitas gerações, na forma de pensar a geografia e a sociedade. A presença de Milton Santos na área da saúde se deveu muito a um movimento, que se intensificou na década de 1990, de articular os eventos e agravos aos Rua Dr. Moacir Birro, 663 – Centro – Cel. Fabriciano – MG CEP: 35.170-002 Site: www.ucamprominas.com.br e-mail: diretoria@institutoprominas.com.br 35 espaços socioculturais e econômicos nos quais acontecem. E também, se deve à clareza de seu pensamento sobre o lugar da ciência e da técnica na sociedade. Sua arguta capacidade crítica está presente no texto que vem abaixo, proferido em um dos eventos do Centenário da Fundação Oswaldo Cruz. A única justificativa para minha ousadia de estar aqui é o fato de que o que une as disciplinas todas é o mundo. E o mundo se havendo tornado acessível a todos nós, neste fim de século, fez que a filosofia se colocasse à disposição dos não filósofos, abrindo espaço para que a filosofia produzida em cada campo do saber seja operacional. Acredito que o convite que me foi feito vem do fato de que não sou outra coisa senão um geógrafo. Um geógrafo que se dedicou ao longo da vida, com a sorte de viver até o fim do século, às coisas do mundo, agora que o mundo decidiu colocar-se ao alcance da nossa mão. Isso me permite alguns atrevimentos. Primeiro, vai ser exatamente o de expor o que eu penso. O termo "meio ambiente" me incomoda profundamente. Não é uma questão corporativa; é que meio ambiente se constitui apenas uma metáfora, portanto não se pode teorizar a partir dessa noção. O que há é o meio, que por simplificação às vezes se chama meio ambiente, o que constitui também uma redução. Uma redução que, como a expressão está dizendo, limita o raciocínio e pode trazer um perigo de equívoco que desejamos ultrapassar: ou seja, desejamos sair de uma acepção puramente técnica do viver e alcançar essa visão global sem a qual o humanismo pode ficar no discurso e ser portador de uma moralidade. O que distingue a moralidade é que ela é o fundamento da política, e nada se resolve a partir do domínio da técnica sem que o dado político seja posto em primeiro lugar. Quando eu falo em política não estou me referindo à política com o "p" minúsculo da qual estamos desgraçadamente muito longe, mas àquela outra que é o desejo dos homens que pensam e que desejam e que pretendem, com o seu trabalho, melhorar o mundo para que melhore o seu país e o seu lugar. Na realidade, a geografia, minha disciplina, tem algumas responsabilidades nisso, porque trabalhamos durante um século a partir da vertente européia, com visões que, na realidade, mais prejudicam que iluminam o debate da história do presente. Uma dessas visões é a visão do território Rua Dr. Moacir Birro, 663 – Centro – Cel. Fabriciano – MG CEP: 35.170-002 Site: www.ucamprominas.com.br e-mail: diretoria@institutoprominas.com.br 36 freqüentemente confundida com a visão do ambiente. Na realidade, território também não é uma categoria analítica. A categoria analítica é o território usado pelos homens, tal qual ele é, isto é, o espaço vivido pelos homens, sendo também, o teatro da ação de todas as empresas, de todas as instituições. Desse espaço humanizado, as cidades são hoje a grande representação e a grande esperança. Eu queria fazer essa primeira consideração, pois ela se impõe para que não tenha eu que recorrer, cada vez, a uma nota de pé-de-página. A mensagem mais importante que gostaria de passar é que a busca da utopia é algo ancestral e companheiro do homem. O que distingue o ser humano dos outros animais não é o dedão, é exatamente o fato de que ele é portador de utopia. Eu sei que hoje se costuma ridicularizar quem fala em utopia, mas não me preocupo em insistir que sem ela não vale a pena viver, e sem ela também é impossível pensar, porque o pensamento não é produzido a partir do que houve, nem do que há. O pensamento portador de frutos é produzido a partir do que pode ser. É isso que nos reúne aqui, nesta sala, e é isso que reúne os homens de boa vontade em toda a parte. Ora, essa utopia secular, milenar, expressa de diferentes maneiras, pelas diferentes civilizações, codificadas pelos filósofos, tende a acabar com o século 20, que agora se esquiva dela graças ao fato de que o prometido casamento entre a técnica – isto é, modos de fazer – e a ciência – produção na mente dos modos de fazer a partir dos modos de ser – começa a se tornar algo impossível. Ora, os homens e mulheres, perdão, as mulheres e os homens que se ocupam da questão da saúde são, possivelmente, entre todos nós, aqueles que mais claramente se devotam à utopia, uma vez que cuidam do bem-estar e da dignidade da vida humana. Esses sonhos e essas visões que eles e elas portam foram capazes de transformar a esperança dos cientistas no começo do século numa coisa viável, num presente construído a partir do pensamento científico. A área da saúde é responsável por um belo momento da história da humanidade, belíssimo momento da história da ciência que buscou alicerçar as condições pelas Rua Dr. Moacir Birro, 663 – Centro – Cel. Fabriciano – MG CEP: 35.170-002 Site: www.ucamprominas.com.br e-mail: diretoria@institutoprominas.com.br 37 quais a vida se tornaria não apenas mais longa, mas também mais digna de viver. Essa busca de possibilidades da medicina se baseou numa ciência em que houve um encontro entre preocupações morais e preocupações científicas. A discussão presente na ética do trabalho do cientista não se imporia, como hoje, da forma que começa a se impor, exatamente porque o cientista era cauteloso diante do que produzia, difundia, propunha: a moral era a grande fiscal das realizações intelectuais. Isso também tinha relação com o fato de que o mercado que existia – já que o capitalismo, este breve momento da história da humanidade, dura 500 anos, por conseguinte, é mais velho do que a institucionalização da ciência – era circunscrito pelas fronteiras e regulado por um estado nacional. O mercado era um monstro domado, era um grande selvagem todavia domesticado. E as ideologias tinham livre curso, uma vez que as grandes revoluções foram presididas por grandes produções de idéias. As idéias filosóficas precediam a produções das idéias políticas, que precediam a produção da política. Por isso hoje também, talvez, devamos levar em conta que uma idéia que brota aqui ou ali, e parece frágil num primeiro momento, pode ter força. Esse é o único alento que têm os que trabalham intelectualmente: a consciência de que podem ficar sozinhos, porque sozinhos não estão, têm a companhia do futuro que ajudam a gestar através exatamente da produção de idéias generosas. As idéias libertárias e igualitárias e a ambição universalista levaram, depois da guerra, sobretudo, a que se tornassem gêmeas, as místicas do desenvolvimento e da civilização. É importante assinalar isso, porque, esse momento que tive a oportunidade de assistir e viver, batalhando com tantos outros na busca dessa civilização nova, desse desenvolvimento que ganha então uma expressão contraditória em relação ao crescimento econômico, essa distinção necessária entre os dois conceitos, é que vai marcar a história do mundo na metade do século 20. Esse momento, por outro lado, é muito rico porque permite aflorar uma grande quantidade de postulações que leva ao debate mais filosófico da questão da vida. É aí que incluo a saúde. Evidente que a saúde pode ser tratada do ponto de vista técnico, mas é importante que o seja também do ponto de vista filosófico, subordinando as práticas e os recursos. É preciso lembrar que a palavra Rua Dr. Moacir Birro, 663 – Centro – Cel. Fabriciano – MG CEP: 35.170-002 Site: www.ucamprominas.com.br e-mail: diretoria@institutoprominas.com.br 38 recurso não tem valor por si própria, ela é um termo do vocabulário da política. Cada vez que tratamos a questão dos recursos com autonomia, estamos abandonando a utopia, por conseguinte estamos renunciando a ser humanos. Ora, a questão da saúde, como a da alimentação e a do bem-estar, foi no primeiro momento tratada segundo critérios deterministas. Essa é uma das razões pelas quais a palavra ambiente me choca, me aborrece. Com freqüência ela conduz a uma deriva determinista e por isso creio ser preciso retomar o debate na sua raiz. Foi essa questão do determinismo que levou, por exemplo, à conceituação das chamadas doenças tropicais. Tive há alguns anos um privilégio, digamos assim, de haver ensinado na Universidade de Bordeaux, cujo Instituto de Geografia se chamava ou se chama Instituto de Geografia Tropical, como se houvesse uma ciência social tropical e uma ciência social temperada. São formas de raciocínio próprias ao racismo, mais ou menos velado, dos europeus e que estão presentes também na vida acadêmica e na produção intelectual. É como se houvesse uma vontade de dizer: "as culpas das suas dores são suas. Nós pretendemos aliviá-las mas vocês são como são". Essa idéia da geografia tropical foi que me conduziu a escrever um livro, do qual cada capítulo se tornou depois um novo livro, desmistificando o racismo implícito. Ele se chama O trabalho do geógrafo no Terceiro Mundo. E hoje, devo dizer isso agora, esse livro é a crítica que eu fazia à geografia ensinada naquela faculdade. Essa idéia de doenças tropicais que também levou a um certo paralelismo entre a noção de trópico e noção de uma higiene dificultada pela tropicalidade. Da mesma forma, a questão alimentar, que já então preocupava as pessoas de boa vontade, também era apontada como um problema e uma questão da regionalização. Ou seja, haveria regiões fadadas a ter fome e outras fadadas a ter abundância. Critiquei a dicotomia racista e preconceituosa que considerava normal e evidente que os europeus se organizassem inteligentemente, e nós, naturalmente, em parte em culpa de nossa tropicalidade e em parte devido a nossa precariedade intelectual, não poderíamos ultrapassar nossos limites. É aí que surge Josué de Castro, jamais suficientemente lembrado por nós. Ele teve a má sorte de morrer quando o Brasil era um país em pleno caminho para Rua Dr. Moacir Birro, 663 – Centro – Cel. Fabriciano – MG CEP: 35.170-002 Site: www.ucamprominas.com.br e-mail: diretoria@institutoprominas.com.br 39 um regime autoritário e morrer na França, que, nesse momento abandonava sua vocação universalista. Então ele se foi sem o brilho que se costuma dar aos grandes homens quando eles desaparecem. E até hoje nós não conseguimos resgatá-lo condignamente. Quero dizer que Josué de Castro sugeria uma mudança fundamental na visão do mundo e das coisas, inclusive na questão saúde, deslocando o problema do chamado ambiente e recolocando a questão no domínio da sociedade e da sociedade internacional. Razão pela qual ele acusava o Ocidente do que hoje acusamos nós, isto é, essa vontade deliberada de genocídio através da vontade de poder. Não é de estranhar que Josué de Castro não tenha tido o prêmio Nobel, geralmente outorgado a quem faz o possível para dar impressão que está cuidando da humanidade. A idéia da natureza natural iria nos perseguir permanentemente. A história comprova que a natureza natural tem um papel, evidentemente. Ninguém vai desconhecer, no entanto, que ele não é central na história; sobretudo hoje, cada vez menos. Ao mesmo tempo, a universidade era marcada pelo livre-pensar – coisa que cada vez é menos – e a cooperação internacional, em matéria de pensamento, era possível. Nós sabemos que hoje é quase impossível cooperar com os nossos colegas do Norte, por motivos que não vou analisar agora, porque as nossas universidades nos pedem que sejamos cada vez mais amiguinhos dos colegas de lá para aumentar os nossos títulos. Então somos convidados a um expediente de safadeza cotidiano para obter as promoções. Não sei o que acontece no Equador, Cuba, mas no Brasil é muito freqüente que o que você faz seja diferenciado pelas categorias "nacional" e "internacional". Ou seja, o que se faz aqui nunca é internacional? Equivocadamente os valores são atribuídos a quem poderia ser transferido para o Ministério do Turismo em vez de permanecer no Ministério da Educação ou da Ciência e Tecnologia. Essa época que estamos vivendo nos leva à necessidade de imbricação crescente de várias questões e a uma vontade de teorizar, que se mostra necessária em todos os domínios: teorizar a população, teorizar a urbanização, teorizar a nutrição, teorizar a saúde pública, teorizar o desenvolvimento. Essas teorias, tempos atrás, eram imbricadas umas com as outras porque o elo central era exatamente o mundo, que é a unidade de pensamento de problemas. Mas hoje tudo o que era baseado numa Rua Dr. Moacir Birro, 663 – Centro – Cel. Fabriciano – MG CEP: 35.170-002 Site: www.ucamprominas.com.br e-mail: diretoria@institutoprominas.com.br 40 solidariedade internacional e numa luta civilizatória deixou de existir. Daí a contribuição fundamental à questão da saúde, dada por desenvolvimentistas, terceiro-mundistas, antiimperialistas, no fim dos anos 60 e no começo dos anos 70. Perdoem-me os que são muito jovens, pois até eu "cometi" um livro, que não está traduzido para o português, que discute a questão da alimentação e da população, evidentemente passando pela questão da saúde, a partir de uma visão de um geógrafo. É dessa época também que se notam progressos médicos conducentes a uma melhor saúde individual e coletiva, havendo avanços, ainda que não homogêneos, na questão da prevenção, da informação e de uma tomada de consciência. Então, a ajuda internacional tinha um papel positivo. A partir dos anos 70, em grande parte, essa ajuda se deixa comandar por interesses das grandes potências. Basta ver o tratamento dado à questão da fome, na África subsaariana comandada pela política dos novos grandes impérios. Também é o mesmo caso do tratamento de diversas questões no subcontinente asiático, consideradas como ajuda internacional, mas tratadas de forma egoística, de tal maneira que as pessoas bem pensantes passaram, desde então, a desconfiar da palavra "ajuda". Mas também vivenciamos a timidez das idéias provenientes das instituições internacionais, a prudência com a qual os seus representantes tomam a palavra nas ocasiões que lhe são oferecidas, o escamoteamento da centralidade do problema social e político mundial, a prevalência dos enfoques tecnicistas que também dominam situações de grande relevo para a vida do ser humano, como é o caso também na própria medicina em todos os seus aspectos. Essa última mostra o distanciamento entre uma produção intelectual que se amplia e para a qual os recursos são abundantes, desde que, os esforços se dirijam nesta "direção vesga", e a realidade que avoluma problemas que necessitam de enfoques mais abrangentes. Naquele tempo gabávamo-nos dos efeitos das políticas, mas também dos efeitos do desenvolvimento sobre os índices vitais, mortalidade geral, mortalidade infantil, fertilidade, esperança de vida e nutrição. Buscávamos essa combinação entre minorias e condições gerais e efeitos do desenvolvimento sobre a vida individual e das famílias. Esses anos 70 marcam a emergência tímida e depois agressiva de aspectos chamados qualitativos. Mas todo mundo sabe que o qualitativo Rua Dr. Moacir Birro, 663 – Centro – Cel. Fabriciano – MG CEP: 35.170-002 Site: www.ucamprominas.com.br e-mail: diretoria@institutoprominas.com.br 41 rapidamente mostra-se com sua cara quantitativa, portando variáveis novas, dentre as quais a tecnociência que tem um papel desgraçadamente muito importante nas questões que interessam a área da saúde. Esses progressos da ciência e da técnica estimularam a produção pragmática, ou seja, vamos fazer assim para obter tal resultado. A tal ponto isso se generalizou que as formulações ditas gerais começam do resultado e não das causas, o que é sempre um empobrecimento do ponto de vista da posição do pensamento. Essa pragmática coloca os resultados à prova, como algo a desejar, mostrados como se fossem algo moral. Inclusive essa questão do meio ambiente freqüentemente é mal colocada, já que as dificuldades da maior parte da população não vêm do fato de estar aqui e ali, mas do fato de ser assim ou assado. Um saber e uma prática bem descolados de preocupações humanísticas são a principal marca do domínio da técnica sobre a ciência que estamos agora assistindo: é a técnica que também está ditando as escolhas possíveis dos remédios. É curioso que a nova ciência semi-imposta pela via da técnica, pelos portadores de uma filosofia pragmática, vem sobretudo dos Estados Unidos que hoje têm o comando absoluto do debate das questões, por exemplo de saúde, tanto do ponto de vista social quanto individual. Isso se dá em paralelismo com a busca de uma nova ordem da economia. Quando os progressos técnicos científicos ganham autonomia – e é ao que estamos assistindo hoje na vida acadêmica com profundas repercussões negativas na produção da política –, eles tenderiam a aconselhar ou justificar visões de buscas parciais, cada vez mais parciais; cada vez mais profundas e mais parciais, cada vez mais penetrantes e cada vez mais parciais; cada vez mais isoladas e cada vez mais autônomas. Dessa forma a produção de conhecimento ganha autonomia sobre a vontade de humanização da vida sobre o planeta. Sou apenas um observador das questões médicas; quem sou eu para ter um juízo definitivo ou mesmo próximo disso. A respeito disso confesso que tenho muito medo do que leio, sobretudo; sou um homem assustado porque chego à idade que tenho quase com a obrigação de ser também doente. Vejo-me cada dia cotejado com manchetes contraditórias dentro das mesmas revistas, dando conta do trabalho já Rua Dr. Moacir Birro, 663 – Centro – Cel. Fabriciano – MG CEP: 35.170-002 Site: www.ucamprominas.com.br e-mail: diretoria@institutoprominas.com.br 42 não tanto das universidades mas das empresas, ou então, das empresas dentro das universidades. A grande moda agora é pedir às universidades que perguntem às empresas que digam o que elas devem fazer. É considerado chique e permite ao CNPq se retirar do processo de financiamento. Só que, na produção de dados que têm relação com a vida, o resultado pode ser a corrupção da pesquisa e a desconfiança justificada em relação aos homens de ciência. Uma meia verdade serve a objetivos pragmáticos, mas uma meia verdade não é a verdade. E todas as meias verdades possíveis reunidas não produzem a verdade. As verdades parciais podem ser eficazes no interesse daqueles a quem interessem, mas não conduzem à verdade, e cedo ou tarde conduzirão a desastres. Tal é o caso do Brasil, cujo primeiro grande desastre vai se manifestar no setor da saúde. Aliás já está se mostrando, exatamente porque esse modelo foi aceito tranqüilamente pelo Estado e também por nós da universidade, por nós os cientistas que não levantamos suficientemente a voz para protestar. Isso tem que ser dito: essa "universidade de resultados" com esse autocontrole suicida, mas também assassino dos cientistas, dá prioridade à elaboração dos textos, ao poder e ao mercado, um círculo fechado. É evidente que as questões técnicas do "como fazer" são importantíssimas, mas que faço delas se não obtiver antes esse dia mais amplo de recolocá-las dentro de um quadro, no qual as coisas todas possam ser cotejadas, revistas, produzindo uma idéia generosa da convivência entre os homens, uma idéia generosa do que o mundo pode ser? Isso é responsabilidade nossa como intelectuais. A globalização vai deixando para trás as grandes questões civilizatórias, humanísticas; basta ver o debate que se dá no Brasil atual, e no qual a palavra civilização é quase obscena também para os adultos. Ou seja, não está proibida apenas aos menores de 14 ou 16 anos, é uma palavra que se tornou proibida neste país. É grave que esse reducionismo não seja apenas um dado do oficialismo, é também um dado das oposições. Eu ia dizendo das esquerdas, poderia insistir nisso somente acrescentando que ser esquerda hoje é de novo ser diferente de ser direita, só que a direita dá centralidade a isso que passamos a adorar, a moeda estável, o fim da inflação, os equilíbrios macroeconômicos, repetindo sempre o mesmo sem saber para que e por que. E a esquerda seria aquela parte da sociedade Rua Dr. Moacir Birro, 663 – Centro – Cel. Fabriciano – MG CEP: 35.170-002 Site: www.ucamprominas.com.br e-mail: diretoria@institutoprominas.com.br 43 preocupada com essa coisa tão insignificante, mas que configura a única justificativa real para que o mundo prossiga: o homem. A globalização veio sem que se viesse junto um mundo só. Busca-se abreviar o tempo do trabalho, mas não é para socializar o lazer, é pra fazê-lo ainda mais mercantil. Acredita-se que a técnica conduz ao desemprego. Que horror! A técnica jamais existiu historicamente sem a política. É um equívoco imaginar que se poderia conceber a presença histórica da técnica sem o paralelo da política. É a política que decide o que fazer da técnica: em todos os tempos foi assim. Inventam-se novas formas construtivas, mas não para humanizar a cidade. Ou seja, não é a cidade que é responsável pelos problemas, como tantas vezes se diz. A urbanização não é um mal. A urbanização permitiu avanços formidáveis em todas as áreas, inclusive da saúde. Não foi por causa da urbanização que os países subdesenvolvidos tiveram muitas dificuldades para enfrentar as questões de saúde, tanto do ponto de vista individual quanto do ponto de vista coletivo. É a maneira como organizamos a sociedade, separando os que podem e os que não podem viver em determinados lugares. Mas, em geral não queremos falar em mudanças sociais, queremos falar das mudanças dos organogramas. Daí esse enfoque tímido e de subserviência ao sistema e que, geralmente, dá prioridade ao que não tem, à falta e ao que deve ser suprido. Nos anos 60 e 70, a grande luta era para aumentar a produção alimentar. Aí, nos anos 70 houve os que toleraram a revolução verde. Agora há os que estão justificando os transgênicos, como se a questão da fome e todas as questões sociais fossem derivadas de soluções técnicas. Vimos que, primeiro a produção alimentar ultrapassou a necessidade alimentar do mundo tomado como um todo, basta ver o ardor com que os europeus arrancam as suas plantações alimentares para garantir o preço. Portanto, a questão não é técnica, é de economia política, de distribuição do poder e da riqueza. No caso das doenças, não são os anais dos congressos que determinam como elas vão ser tratadas e sim o poder econômico que privilegia uma parte da sociedade em detrimento da outra. A discussão que agora timidamente se dá no Brasil quanto à distribuição dos Rua Dr. Moacir Birro, 663 – Centro – Cel. Fabriciano – MG CEP: 35.170-002 Site: www.ucamprominas.com.br e-mail: diretoria@institutoprominas.com.br 44 remédios é bem explicativa dessa situação. Isso tem que ver, em grande parte, com o fato de que a técnica passou a ter comando sobre a ciência, e como a técnica é cada vez mais comandada pelo mercado, é também o mercado que comanda a ciência. Os estudiosos da área da saúde sabem disso melhor do que eu, porque a minha disciplina não me obriga a produzir produtos, somente idéias, enquanto eles são obrigados a produzir produtos-resultados. A cidade está ameaçada de privatização, o que vai ser um grande problema nas questões de saúde pública. Na nossa análise está faltando – na dos profissionais de saúde e na dos geógrafos – uma análise prospectiva desse processo de privatização que vai agravar ainda mais questões de saúde pública: a privatização da água, dos esgotos, e tudo mais que concerne à vida urbana. No mundo em que a cidade, tendo crescido de tamanho, tem nas empresas filiadas aos grandes bancos a solução para as questões urbanas, na medida em que são cegos para a vida social e para as questões humanitárias, os problemas vão se avolumar contra os que não podem pagar. Será que essa técnica, assim comandante da ciência, essa técnica assim comandada pelo mercado, esse mercado comandante da ciência decretaram uma vez por todas a maldição dos homens de ciência ou podem eles ainda erguer a sua cabeça, e dizer: não! Espero que essa famosa lista com que os congressos terminam inclua os grandes problemas de sociedade que em um país como Brasil têm gravidade irrecusável. Aí comparece o papel crítico e que tem de ser de grande valentia, das ciências humanas, e entre elas, das ciências sociais da saúde. É evidente que a estrutura da universidade atual é hostil a qualquer exercício do pensamento livre. Esse, talvez, seja o maior problema da universidade brasileira. Ou seja, o maior desmentido da universidade pública brasileira, que se quer pública, mas não chega a sê-lo e não o é. Considero que o pensamento que se elabora em nossas universidades públicas é cada vez menos público, porque cada vez menos livre. Por conseguinte, já que me convidaram, eu lhes venho fazer esse apelo, evidente que nem precisava fazê-lo, porque essas idéias estavam presentes nas mentes e nos corações. Todavia, é sempre bom que alguém venha e produza algum discurso de conjunto, oferecendo uma provocação que amplie as vozes e Rua Dr. Moacir Birro, 663 – Centro – Cel. Fabriciano – MG CEP: 35.170-002 Site: www.ucamprominas.com.br e-mail: diretoria@institutoprominas.com.br 45 que, eventualmente, as façam entendidas. As vozes não são entendidas quando se dirigem às autoridades, esse tempo acabou. As vozes têm de se dirigir à sociedade em geral, que se incumbe depois de impor aos ouvidos das autoridades. Ela condiz com o que profundamente sentem as pessoas. Quero falar sobre a esperança que os senhores me dão, e com a esperança me despeço. VULNERABILIDADES E RISCOS: entre Geografia e Demografia* Eduardo Marandola Jr.** Daniel Joseph Hogan*** Entre as diferentes tendências de estudo dos riscos, temos inúmeras ciências que se utilizam da mesma categoria de diversas formas, ligadas a seus próprios pressupostos ontológicos, mas que pouco se comunicam. Este estudo objetiva aproximar duas dessas áreas disciplinares, que têm demonstrado preocupações semelhantes e que podem enriquecer-se mutuamente: Geografia e Demografia. A primeira, uma das mais antigas a tomar o risco em sua dimensão ambiental, tem larga experiência no esforço de focar as dinâmicas sociais e naturais simultaneamente. A segunda enfrenta maiores dificuldades, por ter incorporado a dimensão ambiental a seu escopo científico bem mais recentemente. Além disso, Rua Dr. Moacir Birro, 663 – Centro – Cel. Fabriciano – MG CEP: 35.170-002 Site: www.ucamprominas.com.br e-mail: diretoria@institutoprominas.com.br 46 ambas têm trazido, em seu arcabouço conceitual, a vulnerabilidade como conceito complementar ao de risco. Os geógrafos a entendem de modo mais simbiótico, a relação sociedade-natureza. Os demógrafos conferem a ela um forte componente socioeconômico. Nesse sentido, a discussão conceitual acerca dos riscos e vulnerabilidades, procurando aproximar os dois campos, é uma forma de avançar conceitualmente e de enriquecer as várias perspectivas de trabalhos empíricos. Palavras-chave: Riscos. Perigos naturais. Vulnerabilidade sociodemográfica. População e ambiente Contexto da pesquisa Este trabalho faz parte de um esforço conceitual que temos perseguido no contexto de um projeto que envolve pesquisadores do Núcleo de Estudos de População (Nepo) e do Núcleo de Economia Social, Urbana e Regional (Nesur), ambos da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). Tal projeto tem como objetivo estudar as vulnerabilidades sociodemográficas das metrópoles do interior e litoral paulista (Campinas e Santos). Ao tomar o termo vulnerabilidade como mote principal, o projeto estribou-se, a priori, na bibliografia desenvolvida, sobretudo por pesquisadores latino-americanos que têm enfocado a dimensão social e demográfica da vulnerabilidade. Nosso interesse particular, no entanto, vai além dessas questões, ressaltando prioritariamente a dimensão ambiental da vulnerabilidade, a partir da relação população-ambiente. É nesse contexto que se insere o esforço conceitual de mapear e compreender as formas e os sentidos de como os diferentes pesquisadores empregam tal idéia, enfocando várias dimensões da vulnerabilidade a partir de seus quadros teórico-metodológicos e ontológicos. Localizar e entender o termo vulnerabilidade nas diversas abordagens científicas é um empreendimento que não pode ser realizado sem se considerar, simultaneamente, o conceito de risco. Isso se deve ao fato de a vulnerabilidade aparecer no contexto dos estudos sobre risco em sua dimensão ambiental, num primeiro momento, e só mais tarde no contexto socioeconômico. Na realidade, os primeiros estudos científicos envolvendo o conceito de risco possuíam uma forte orientação objetivista (empiricista-realista), tendo Rua Dr. Moacir Birro, 663 – Centro – Cel. Fabriciano – MG CEP: 35.170-002 Site: www.ucamprominas.com.br e-mail: diretoria@institutoprominas.com.br 47 como pressuposto o entendimento da realidade como um dado, ou seja, passível de mensuração. Essa noção de risco ainda possui grande eco em diferentes tradições de estudos. No entanto, com o tempo surgiram não apenas posições contrárias – como a subjetivista (idealista), que entendia que o risco existe apenas a partir da linguagem –, mas outras posturas que procuravam mesclar esses dois extremos. Entretanto, um marco crucial no desenvolvimento desses estudos é a discussão da Sociedade de Risco, inaugurada pela sociologia em meados da década de 80. Esses estudiosos deslocaram o debate de um local circunscrito no tempo e no espaço para o âmbito das macrotransformações sociais. Contudo, permanece um hiato entre essa análise contemporânea e os estudos anteriores, com algumas exceções importantes e esforços preliminares de conjunção. Esse texto se inscreve, portanto, num esforço continuado de ―cartografar‖ as tendências e abordagens de estudo dos riscos e vulnerabilidades, com o intuito de compor um quadro teórico-metodológico para embasar nossas pesquisas empíricas (do projeto maior, como um todo, e dos subprojetos inseridos em seu contexto, em particular). Isso significa dizer que, embora esse esforço tenha, a princípio, uma nítida orientação teórica, o seu objetivo final é o quadro metodológico que ainda se desenha à nossa frente. Em vista disso, temascomo os trabalhos dos geógrafos sobre os natural hazards (perigos naturais) – talvez entre os primeiros a estudar esses conceitos –, os diferentes enfoques historicamente utilizados no estudo do risco (percepção do risco, risco e cultura, análise de risco, eventos e sistemas ambientais) em perspectiva com as discussões recentes acerca da Sociedade de Risco e os dois principais horizontes de estudo da vulnerabilidade hoje (pobreza e desigualdade, de um lado, e a sua dimensão ambiental nas várias escalas, de outro) (Marandola Jr. e Hogan, 2004c) foram abordados de um ponto de vista teóricoconceitual, com foco em seus significados epistemológicos e ontológicos, bem como os pontos mais significativos das diversas abordagens. Por outro lado, há outras tradições de estudo do risco no contexto das ciências sociais, como as contribuições de Niklas Luhmann, Mary Douglas, Deborah Lupton e Caroline Moser, que ainda não foram consideradas (nem serão neste momento, em virtude do recorte teórico-metodológico), e merecerão nossa atenção (Luhmann, Rua Dr. Moacir Birro, 663 – Centro – Cel. Fabriciano – MG CEP: 35.170-002 Site: www.ucamprominas.com.br e-mail: diretoria@institutoprominas.com.br 48 1993; Douglas, 1966, 1992; Douglas e Wildavsky, 1982; Lupton, 1999; Moser, 1998, 2004). Agora, portanto, nosso foco se direciona aos geógrafos, que foram os primeiros a trazer a vulnerabilidade para o debate ambiental no contexto dos estudos sobre os riscos. Eles, como mencionado, têm colocado em relevo essas categorias no contexto de uma linha de investigação que se ocupa do estudo dos natural hazards (Marandola Jr. e Hogan, 2004a). O interesse dos geógrafos e dos demógrafos tem confluído, principalmente, com preocupações mais recentes destes últimos sobre as populações em situações de risco. Ambos passam a ocupar-se de estudos sobre enchentes e deslizamentos, entre outras situações em que o ambiente, conjugado a fatores socioeconômicos, expõe as populações a riscos, sobretudo nas cidades. É nesse contexto que vemos a pertinência de propor uma aproximação conceitual entre estes dois campos: geografia e demografia. A primeira é uma das pioneiras em trabalhar os riscos e as vulnerabilidades em sua dimensão ambiental, com um espesso edifício conceitual e uma larga tradição de trabalhos empíricos. A segunda só recentemente incorporou em uma parte de suas preocupações a dimensão ambiental, mas, no entanto, tem contribuído com estudos empíricos e preocupações confluentes em um universo teórico distinto dos geógrafos e ainda por ser mais bem desenhado. E ambas alinham-se às abordagens com forte orientação empírica, com preocupações diretas sobre espaços-tempos específicos e problemáticas relacionadas ao planejamento e à gestão. Faremos uma breve revisão de como o debate acerca dos riscos e das vulnerabilidades se desenvolveu e evoluiu entre os geógrafos, passando depois aos demógrafos. Tal abordagem incidirá sobre os estudos dos natural hazards, a principal linha de investigação entre os geógrafos que têm trabalhado os conceitos de risco e vulnerabilidade. Esse recorte é tanto circunstancial, em razão da dimensão deste texto, quanto metodológico, pois esta é a área de principal contato entre geografia e demografia neste campo, bem como é a base teórico-metodológica da qual muitos demógrafos têm se servido para ajudar a orientar seus trabalhos.1 No final, relacionamos os dois campos, procurando tecer um quadro comum para discussão dos conceitos e para operacionalizar nossas pesquisas, tendo como preocupação de fundo a relação população-ambiente. Rua Dr. Moacir Birro, 663 – Centro – Cel. Fabriciano – MG CEP: 35.170-002 Site: www.ucamprominas.com.br e-mail: diretoria@institutoprominas.com.br 49 Natural hazards: uma tradição geográfica Os estudos geográficos sobre risco receberam tratamento especial dos pesquisadores preocupados com fenômenos naturais que, em situações extremas, causavam danos e expunham as populações ao perigo. Os natural hazards, ou perigos naturais, 2 têm exigido grande esforço e apreensão por parte de pesquisadores envolvidos com ações de planejamento e gestão e com a relação do homem com seu ambiente. Entre esses perigos estão as enchentes, deslizamentos, tornados, erupções vulcânicas, furacões, vendavais, granizo, geadas, nevascas, desertificação, terremotos e assim por diante. São considerados perigos no momento em que causam dano às populações (Burton, Kates e White, 1978; Aneas de Castro, 2000). Como o estudo desses perigos sempre esteve num contexto de planejamento, em que havia áreas específicas em foco e perdas humanas, materiais e econômicas iminentes, o estudo sempre esteve imbuído da preocupação de não apenas entender a extensão e o dano que os perigos causariam àquelas populações. O prognóstico da probabilidade daqueles fenômenos ocorrerem era fundamental naquele contexto. Nesse sentido, os geógrafos desenvolveram largamente o que chamavam de risk assessment (avaliação do risco): avaliação do risco de ocorrer um perigo em determinado local. É evidente que a avaliação do risco não era algo exclusivo dos geógrafos. No entanto, eles desenvolveram metodologias específicas, abordando tanto as variáveis ambientais quanto as respostas coletivas e individuais das populações em risco. Nesse aspecto, destacam-se os trabalhos de Robert W. Kates, Risk assessment of environmental hazards (Kates, 1978) e de Anne White e Ian Burton, Environmental risk assessment (White e Burton, 1980), ambos no contexto do Scientific Committee on, importante organização científica que contribuiu muito nos estudos sobre as relações do homem com seu ambiente, principalmente nos anos 70 e 80. Tais metodologias orientaram diversos trabalhos de análise do risco no mundo todo. Nesses trabalhos seminais, os conceitos principais eram risco e perigo. O perigo era o fenômeno estudado e o risco, a perspectiva em que se colocava a abordagem do problema. Em vez de se utilizar o impacto como abordagem, imperava uma preocupação prognóstica que reclamava a minimização da incerteza, ou seja, a Rua Dr. Moacir Birro, 663 – Centro – Cel. Fabriciano – MG CEP: 35.170-002 Site: www.ucamprominas.com.br e-mail: diretoria@institutoprominas.com.br 50 mensuração das probabilidades de os perigos acontecerem era fundamental para diminuir a ocorrência e a intensidade dos desastres. Nesses primeiros estudos, a vulnerabilidade não aparece como conceito, mas como idéia subjacente à noção de capacidade de resposta. Tal idéia é central nas metodologias propostas, sendo parte integrante das pesquisas. Na importante obra avaliativa dessa linha de investigação, Ian Burton, Robert W. Kates e Gilbert F. White dão destaque a essa questão. Para os autores, a resposta ao perigo é a capacidade de diminuir as perdas e salvar vidas. ―Response to hazards is related both to perception of the phenomena themselves and to awareness of opportunities to make adjustments‖ (Burton, Kates e White 1978, p. 35). Os autores levantam assim a questão da percepção do risco como fundamental na resposta que as populações darão ao perigo. As respostas podem ser de curto, médio ou longo prazo. Assim, entre elas, os autores listam as ações de emergência, de evacuação de áreas e de prestação de auxílio às pessoas atingidas, a adaptação biológica e a adaptação cultural, assim como a capacidade de absorção dos perigos e os ajustamentos. O enfoque incide sobre as de médio e longo prazos, e entre estas as que são intencionais, ou seja, fruto de planejamento e decisão (escolhas). As adaptações biológica e cultural estão numa escala temporal anterior, em que as sociedades humanas, através da história, têm se adaptado aos diferentes perigos naturais. Essas adaptações ocorrem hoje em pequena escala, embora a cultural possa ser relacionada às mudanças de comportamento e valores, promovidas principalmente pelos novos riscos vividos nas cidades. No entanto, os ajustamentos é que são mais interessantes, pois envolvem as ações e escolhas, coletivas e individuais, que têm como conseqüência a diminuição do desajuste existente entre as populações e esses eventos da natureza (Burton, Kates e White, 1978). Eles podem ser tanto incidentais (atitudes que não têm o perigo em perspectiva, mas produzem em conseqüência a diminuição de seu dano ou risco) quanto frutos de decisão consciente, individual ou coletiva. ―Adjustments may be separated into those that are purposefully adopted and other activities and characteristics of individual behavior that sometimes are not primarily hazard-related but have the effect of reducing potential losses‖ (Burton, Kates e White, 1978, p. 40). É nesse quadro que se coloca a ampla gama de propostas de intervenção, Rua Dr. Moacir Birro, 663 – Centro – Cel. Fabriciano – MG CEP: 35.170-002 Site: www.ucamprominas.com.br e-mail: diretoria@institutoprominas.com.br 51 planejamento e gestão, bem como as políticas públicas que têm como objetivo diminuir as perdas (materiais e humanas) e aumentar a segurança. São igualmente importantes aqui as ações coletivas e individuais no âmbito das comunidades, da família e de outros círculos não-governamentais, mas que também agem para aumentar o ajuste ao perigo, diminuindo assim o risco e sua própria vulnerabilidade. Um outro conceito significativo neste contexto é a capacidade de absorção (absorptive capacity). Segundo os autores, como os perigos são eventos naturais que atingem diretamente os sistemas de uso humanos, as respostas têm de envolver aspectos tanto da vida econômica e social quanto dos sistemas naturais. E apesar do foco primário se dar sobre ajustamentos decididos, os autores destacam o papel dos ajustamentos incidentais, da adaptação cultural, que cria um nível de capacidade individual, e dos sistemas sociais para absorver os efeitos das flutuações ambientais extremas. Tal capacidade de absorção está, portanto, ligada diretamente aos ajustamentos, sendo fundamental para que, mesmo sofrendo as perdas, a sociedade, as pessoas e o sistema ambiental sejam capazes de absorver este impacto e se recuperar.3 Portanto, embora a vulnerabilidade já tivesse lugar nesses primeiros estudos,4 ela ganhará maior atenção no fim da década de 80 e nos anos 90. Isso ocorre quando as pesquisas deixam de se ocupar apenas com os perigos naturais, passando a enfocar também os perigos sociais e os tecnológicos. Além disso, os ―naturais‖ passam a ser vistos como ambientais, implicando que os perigos só podem ser compreendidos levando-se em conta o contexto natural e as formas pelas quais a sociedade tem se apropriado da natureza, produzindo perigos (Jones, 1993). Embora os geógrafos sempre tenham enfocado a dimensão humana simultaneamente à física (os perigos só existiam a partir do momento que houvesse populações atingidas), essas novas preocupações davam uma atenção mais direta a processos socioeconômicos e a problemas eminentemente sociais. A vulnerabilidade aparece agora em três contextos – social, tecnológico e ambiental – e sua importância vai crescendo gradativamente. Em vista disso, uma discussão que se torna relevante, em relação ao debate acerca da vulnerabilidade, é sua natureza ou, em outras palavras, suas causas e elementos constitutivos, pois, enquanto tinha seu foco nos fenômenos biofísicos, a vulnerabilidade poderia ser facilmente relacionada aos ecossistemas ou Rua Dr. Moacir Birro, 663 – Centro – Cel. Fabriciano – MG CEP: 35.170-002 Site: www.ucamprominas.com.br e-mail: diretoria@institutoprominas.com.br 52 aos ambientes. No entanto, com a ampliação das perspectivas de estudo, coloca-se a questão: a vulnerabilidade é um atributo definido pelas condicionantes ambientais (biofísicas – naturais) ou pelos recursos socioeconômicos, que conferem maior capacidade de resposta diante dos perigos? Segundo Susan Cutter, importante sistematizadora das diferentes abordagens sobre vulnerabilidade,5 essa riqueza se dá em virtude da própria diversidade de temas abordados, dos muitos espaços estudados (países em várias situações de desenvolvimento), bem como da própria orientação epistemológica (ecologia política, ecologia humana, ciência física, análise espacial) e suas conseqüentes práticas metodológicas. Essas diferenças resultarão, segundo a autora, em três posturas principais (Cutter, 1996, p. 530): 1. uma que se foca na probabilidade de exposição (biofísica ou tecnológica); 2. outra que se ocupa da probabilidade de conseqüências adversas (vulnerabilidade social); 3. e uma última que combina as duas anteriores. Essas três posições são representadas por três tendências denominadas pela autora de (1) vulnerabilidade como condição preexistente; (2) vulnerabilidade como resposta controlada (tempered response); e (3) vulnerabilidade como perigo do lugar (hazard of place). Na primeira, Cutter afirma que os estudos se caracterizam por focar a distribuição da condição perigosa, a ocupação humana em zonas perigosas (áreas costeiras, zonas sísmicas, planícies inundáveis) e o grau de perdas (de vida e propriedade) associado com a ocorrência de um evento particular (inundação, furacão, terremoto). Na aferição da vulnerabilidade nesses estudos, são consideradas magnitude, duração, impacto, freqüência e as características biofísicas gerais e da exposição ao fenômeno. Muitos dos primeiros estudos sobre vulnerabilidade e perigos naturais estavam centrados nessa perspectiva, como o de Hewitt e Burton (1971) e os trabalhos reunidos na seminal coletânea de Gilbert F. White (um dos mais destacados pioneiros e difusores dessa linha de investigação), como resultado dos trabalhos da Comissão sobre o Homem e o Ambiente, da União Geográfica Internacional (UGI), com colaboração de pesquisadores de vários países (White, 1974). O segundo grupo de estudos sobre vulnerabilidade, afirma Cutter, está ocupado com as respostas da sociedade, incluindo a resistência e resiliência social para Rua Dr. Moacir Birro, 663 – Centro – Cel. Fabriciano – MG CEP: 35.170-002 Site: www.ucamprominas.com.br e-mail: diretoria@institutoprominas.com.br 53 com os perigos. ―The nature of the hazardous event or condition is usually taken as a given, or at the very minimum viewed as a social construct not a biophysical condition‖ (Cutter, 1996, p.532-533). Esta tendência se concentra, portanto, na construção social da vulnerabilidade e em seus fatores culturais, econômicos, políticos e sociais, condicionantes das respostas individuais e coletivas. Tal propensão é a mais próxima dos trabalhos mais fecundos dos demógrafos, conforme veremos à frente. Mas é também nessa perspectiva que alguns geógrafos ocupados de perigos sociais têm trabalhado (Watts e Bohle, 1993; Oppong, 1998), além de alguns pesquisadores latino-americanos que têm tratado a vulnerabilidade sobretudo em sua dimensão social (García, 2003; Schmoisman e Márquez-Azúa, 2003). Por fim, Cutter destaca sua tendência de escolha, que é de fato a predominante atualmente. Vulnerabilidade como perigo do lugar é uma perspectiva mais conjuntiva que é, na avaliação da autora, a mais geograficamente centrada. Em tal perspectiva, [...] vulnerability is conceived as both a biophysical risk as well as a social response, but within a specific area or geographic domain. This can be geographic space, where vulnerable people and places are located, or social space, who in those places are most vulnerable. (Cutter, 1996, p. 533) Incorporam-se à mesma discussão a mensuração do risco biofísico (ambiental), a produção social do risco e as capacidades de resposta, tanto da sociedade (grupos sociais) quanto dos indivíduos. Nessa abordagem, encontraremos vários geógrafos trabalhando diferentes perigos. Keith Smith, por exemplo, em obra sobre Environmental hazards: assessing risk e reducing disaster, define seu conceito de vulnerabilidade, baseado em Timmerman (1981): The learning benefits of experience for future hazard reduction strategy will be nullified if the level of human vulnerability to disaster continues to rise faster than the degree of protection which can be offered. The concept of vulnerability implies a measure of risk combined with the level of social and economic ability to cope with the resulting event in order to resist major disruption or loss (Timmerman, 1981). In other words, vulnerability is the liability of a community to suffer stress, or the consequence of the failure of any protective devices, and may be defined as ‗the degree to which a system, or part of a system, may react adversely to the occurrence of a hazardous event‘ (Smith, 1992, p. 22). Rua Dr. Moacir Birro, 663 – Centro – Cel. Fabriciano – MG CEP: 35.170-002 Site: www.ucamprominas.com.br e-mail: diretoria@institutoprominas.com.br 54 O autor deixa claro assim que a vulnerabilidade, olhada por esse ângulo, não pode ser auferida apenas através de avaliações das dinâmicas naturais dos perigos em evidência, muito menos apenas pelo estudo dos recursos sociais para lidar com o perigo. Antes, é fundamental compreender a relação existente entre esses condicionantes, para evitar os dois enganos: supervalorizar os fatores ambientais ou a dinâmica social. Harold Brookfield externou essa preocupação. Segundo ele, enquanto alguns fenômenos têm suas causas facilmente identificadas (como as bombas atômicas – oriundas da ação humana), outros são mais complexos, tendo-se de atribuir pesos iguais às causas naturais e humanas. Brookfield (1999) afirma ainda que é freqüente a aferição de causas de maneira apressada, estabelecendo-se relações de causa e efeito de forma simplista, não raro subvalorizando os fatores ambientais. O autor entende a vulnerabilidade relacionada tanto à geografia de onde se encontra a comunidade estudada, quanto à sua situação econômica e política. Para ele, ―[...] there are both geophysical and human forces at work in the production of vulnerability to damage and of damage itself‖ (Brookfield, 1999, p. 7). O autor propõe assim que o estudo sobre a vulnerabilidade seja focado na resistência e sensibilidade do ambiente e não partindo da causa social da vulnerabilidade, pois uma abordagem assim, em sua opinião, pode acabar mascarando as causas naturais envolvidas no processo. Todo o esforço do autor é para recolocar a importância dos estudos das causas biofísicas dos perigos. Ele afirma que há muito mais causas físicas em mais casos do que se imagina. Essa preocupação é mais do que legítima, na medida em que, envolvidos num sistema com um modo de produção amplamente controlador, com implicações diretas e indiretas em todas as facetas de nossa vida, as ciências sociais em geral (e nelas se inclui a geografia) vivem uma tendência de minimizar fatores que não sejam socioeconômicos ou políticos. Embora não desejemos incentivar um esvaziamento político da discussão sobre vulnerabilidade, centrando-a nas discussões de suas determinantes ambientais, não podemos reduzi-la a elementos sociais. O alerta de Brookfield torna-se tanto mais relevante num cenário interdisciplinar e num esforço como esse de firmar um diálogo entre geografia e demografia. Rua Dr. Moacir Birro, 663 – Centro – Cel. Fabriciano – MG CEP: 35.170-002 Site: www.ucamprominas.com.br e-mail: diretoria@institutoprominas.com.br 55 Contudo, os termos desse diálogo estão, em grande parte, nos termos da discussão da terceira tendência apontada por Cutter, que busca não priorizar nenhum dos dois pólos. Muitos exemplos poderiam ser dados de estudos empíricos que têm utilizado essa orientação, procurando tanto considerar as implicações e condicionantes sociais na resposta a perigos, como enfatizar a natureza e a relevância desses fenômenos na capacidade de resposta dos diferentes grupos sociais (Gardner, 2002; Paulson, 1993; Naughton-Treves, 1997; Palm e Hodgson, 1993; Kolars, 1982; Ayoade, 1998; Liverman, 1990). Cutter (1996) elabora melhor essa abordagem através de uma figura, em que aparece claramente sua idéia do que seria o estudo da vulnerabilidade por uma perspectiva conjuntiva centrada no lugar (Figura 1). Esse modelo mostra as relações existentes entre o risco, as ações de mitigação (respostas e ajustamentos) e a vulnerabilidade do lugar, havendo a definição destes elementos nos termos da relação estabelecida entre eles. Ou seja, o aumento das ações mitigadoras poderá significar a diminuição do risco e, conseqüentemente, implicará a redução da vulnerabilidade do lugar. Por outro lado, o risco poderá aumentar se houver alterações no contexto geográfico ou na produção social, que poderão incorrer no aumento da vulnerabilidade biofísica e social (respectivamente) e da vulnerabilidade do lugar. Tal processo poderá ser iniciado também pelo aumento do perigo potencial, que tanto pode ser resultado quanto condicionante do aumento ou da diminuição da vulnerabilidade. Na parte de baixo da figura, Cutter deixa claro que propõe centrar os estudos sobre vulnerabilidade em um local circunscrito no espaço, mas sem desprezar a evolução temporal que imprime mudanças nos elementos desse esquema. Assim, a alteração dos termos da relação entre os elementos deve ser ponderada numa escala temporal satisfatória para que possam ser avaliadas as mudanças e colocadas em perspectiva. Não se pode considerar a situação como estática, congelada no tempo. As interações espaciais e sociais são ininterruptas e apenas aumentam a complexidade de nossa tarefa como pesquisadores de tentar compreendê-las e dar respostas às inquietações e problemáticas enfrentadas pela sociedade. De fato, buscar encontrar tais caminhos passa pela aplicação de modelos mais conjuntivos que aliem os conhecimentos das dinâmicas sociais e naturais. Rua Dr. Moacir Birro, 663 – Centro – Cel. Fabriciano – MG CEP: 35.170-002 Site: www.ucamprominas.com.br e-mail: diretoria@institutoprominas.com.br 56 A vulnerabilidade, como a têm entendido esses geógrafos, é uma característica intrínseca dos lugares definidos por esse conjunto de condicionantes ambientais e sociais, que devem ser estudados caso a caso para que se possa auferir onde um ou outro elemento tem maior relevância, e onde ambos agem simultaneamente e com a mesma intensidade na exposição das populações a riscos e perigos e na sua conseqüente vulnerabilidade. Elemento crucial nesse sentido é a noção da capacidade de resposta, tão associada à vulnerabilidade, bem como os ajustamentos e a capacidade de absorção. Todos esses são conceitos trabalhados mais ou menos pelos demógrafos, não apenas por aqueles ocupados da dimensão ambiental, mas também pelos focados na vulnerabilidade sociodemográfica. Procuraremos agora traçar a evolução do uso e entendimento dos conceitos de risco e vulnerabilidade na demografia, esforçando-nos em apontar a especificidade do uso que os demógrafos fazem deles, bem como os pontos de contato com a linha de estudo dos geógrafos. Riscos e vulnerabilidades: trajetória demográfica O risco na análise demográfica tradicional Tradicionalmente, a demografia utiliza-se da noção de risco associada às probabilidades de ocorrerem certos eventos da dinâmica demográfica. Esse risco é fruto de um cálculo matemático, que tem seus elementos definidos de acordo com a natureza de tal fenômeno. Calculam-se, principalmente, o risco de morte e o risco de contrair uma determinada doença. Geoge W. Barclay, em sua obra clássica, Techniques of population analysis, assim explica este uso tradicional de risco na análise demográfica: Both expressions [proportions dying and probability of dying] refer to the notion of the ‗risk‘ of death, which is a way of saying that people live continually exposed to some chance of dying, a chance that is precisely measurable. Everyone of course dies some time, but the prospect is uncertain at any given moment. The risk is the degree of uncertainty. The ‗proportion dying‘ and the ‗probability of death‘ both indicate how great the risk of dying is. The numerical value measuring this degree is also called a ‗mortality rate‘ (Barclay, 1958, p. 100). Rua Dr. Moacir Birro, 663 – Centro – Cel. Fabriciano – MG CEP: 35.170-002 Site: www.ucamprominas.com.br e-mail: diretoria@institutoprominas.com.br 57 O risco é, portanto, uma fração matemática expressa por um índice, que varia de 0,0 (impossibilidade de ocorrência) a 1,0 (absoluta certeza de ocorrência). Essa diferença ou gradação refere-se ao grau de certeza que se consegue inferir de que determinada pessoa (ou grupo populacional), em determinadas circunstâncias, irá contrair certa doença ou ter certo comportamento de natalidade/mortalidade. Barclay destaca, entre alguns dos passos para delimitação desses cálculos, a definição do universo, da faixa etária e do total de pessoas que têm possibilidade de morrer durante o intervalo. Assim, o universo é definido no número máximo possível de mortes, calculando-se com base nos fatores relevantes para aquela dinâmica o universo de oportunidades que podem matar durante aquele intervalo de tempo. No entanto, o autor mostra que há outras utilizações da noção de risco, como o risco de se casar, risco de ter filhos, risco de entrar em alguma atividade econômica, risco de ter algum tipo de doença mental. No entanto, destacando o caráter demográfico, Barclay enfatiza que o cálculo do risco a qualquer ocorrência deve ter seu universo bem delimitado, pois o risco de ter um filho, por exemplo, é bem diferente entre determinados grupos demográficos, como os abaixo de 10 anos, os de 20 a 40 e os de mais de 60 anos. O risco, nesse entendimento, é um elemento probabilístico estritamente neutro, não carregando uma carga negativa em si, como ocorre nos estudos dos geógrafos e como é encarado o risco, em geral, desde a entrada da modernidade (Giddens, 1991). Assim, fundamentais nessa tradição de estudos são a delimitação e o conhecimento dos fatores de risco. De fato, essa é uma tendência ainda presente e significativa dos estudos demográficos, principalmente os ligados à saúde. Vários estudos dedicados a compreender a relação da dinâmica e do comportamento demográfico com determinadas doenças têm se utilizado largamente dessa linha tradicional para identificar grupos demográficos de risco. Além disso, aumenta hoje a importância dada aos grupos de comportamento de risco, buscando-se ampliar a discussão e fugir de um certo ―determinismo‖. E também há uma maior atenção às diferentes percepções dos grupos acerca do risco, bem como de sua inserção cultural, material e simbólica na sociedade, o que influi diretamente em seus comportamentos e na Rua Dr. Moacir Birro, 663 – Centro – Cel. Fabriciano – MG CEP: 35.170-002 Site: www.ucamprominas.com.br e-mail: diretoria@institutoprominas.com.br 58 adoção ou não de atitudes preventivas (Monteiro, 2002; Connors, 1992; Paicheler, 1992). No entanto, algumas correlações são bastante claras e com ampla comprovação de estudos variados. Estes ganham maior legitimidade à medida que incorporam entre seus fatores não apenas elementos como natalidade, gênero e família, mas também as condições socioeconômicas dos pais e as dimensões da escolaridade, entre outros comportamentos e situações que não são diretamente fatores demográficos (Cruz e Leite, 2002; Saad e Potter, 1994; Barbosa e Andrade, 2000). Nesses estudos, portanto, procura-se a correlação entre os diversos fatores, por meio de técnicas diferenciadas de estatística para determinar quais deles constituem fatores de risco e quais podem ser descartados como irrelevantes. Ser um fator de risco significa, portanto, influir diretamente na probabilidade de ocorrência de determinado fenômeno. Ou seja, há uma correlação positiva. Grande parte desses estudos se prende a uma noção da realidade estritamente objetivista, entendida como um dado passível não apenas de mensuração, mas também de identificação de relações causais, mesmo que multifocais e multivariadas. Além disso, tais estudos nem sempre incorporavam, de uma maneira mais intensa, a capacidade que as pessoas e os grupos demográficos possuíam ou poderiam possuir para minimizar o risco a que estavam expostos, ou mesmo se eles teriam alguma chance de ―escapar‖ da probabilidade imposta pelo coeficiente dos fatores de risco. Nesse sentido, a epidemiologia, aliada à demografia, tem contribuído e trazido enriquecimentos à discussão de saúde, incorporando o conceito de vulnerabilidade – mesmo que de forma ainda imprecisa – como um passo além em relação ao conceito de comportamento de risco, conforme mostram Ayres et al. (1999). Tendo em perspectiva o caso específico da Aids, mas podendo ampliar o quadro para a epidemiologia em geral, esses autores se esforçaram em, acompanhando movimentos internacionais, traçar as possibilidades e enriquecimentos do conceito, apontando que um dos maiores desafios é ultrapassar a dimensão comportamental para a social, que leva em conta elementos sociais e demográficos. O conceito de vulnerabilidade não visa distinguir a probabilidade de um indivíduo qualquer se expor à Aids, mas busca fornecer elementos para avaliar Rua Dr. Moacir Birro, 663 – Centro – Cel. Fabriciano – MG CEP: 35.170-002 Site: www.ucamprominas.com.br e-mail: diretoria@institutoprominas.com.br 59 objetivamente as diferentes chances que cada indivíduo ou grupo populacional particular tem de se contaminar, dado o conjunto formado por certas características individuais e sociais de seu cotidiano, julgadas relevantes para a maior exposição ou menor chance de proteção diante do problema (Ayres et al., 1999, p. 65). Assim, Ayres et al. avançam do conceito de risco objetivo, quantitativo e comportamental, para uma análise ―quanti-quali‖, que incorpora elementos quantitativos objetivos a conjunturas sociodemográficas e programáticas. Um dos principais enriquecimentos conceituais é a biface vulnerabilidade-empowerment6 como duas faces do mesmo processo, que interagem na equação do risco e da saúde. Outro ponto fundamental é a ênfase nos processos coletivos, sociais e demográficos, e na face política da doença e do risco, influenciando a capacidade das pessoas e grupos de se protegerem e/ou se tratarem. No entanto, a conceituação de vulnerabilidade ainda continua em construção, amplamente utilizada embora pouco precisada na maior parte desses estudos. Quanto ao espectro maior dos trabalhos, a vulnerabilidade ainda não se tornou o conceito-chave, embora haja tendências importantes nesse sentido. E, apesar das críticas à persistência do uso de conceitos como fatores de risco ou até de grupos e comportamento de risco,7 ela persiste como significativa linha de investigação muito ligada à epidemiologia, que tem avançado no refinamento estatístico e na ampliação de suas bases teórico-metodológicas, enriquecendo os quadros que tem desenhado para a análise dos dados e das problemáticas colocadas em foco. Populações em situações de risco: um avanço conceitual Talvez esses sejam os caminhos iniciais, a partir da demografia, que conduziram as inquietações do Grupo de Trabalho sobre População e Meio Ambiente, da Associação Brasileira de Estudos Populacionais (Abep), principalmente nos anos 90. Esse grupo tem papel fundamental no avanço conceitual e metodológico, no contexto da demografia, nos estudos sobre risco. Um dos conceitos centrais que foram discutidos entre esses pesquisadores foi o de populações em situação de risco. De fato, após alguns anos de discussões e pesquisas, o grupo publicou uma importante obra na qual podemos verificar o Rua Dr. Moacir Birro, 663 – Centro – Cel. Fabriciano – MG CEP: 35.170-002 Site: www.ucamprominas.com.br e-mail: diretoria@institutoprominas.com.br 60 amadurecimento desse debate e como o grupo, de maneira geral, encarava tal conceito e lhe concedeu operacionalidade.8 Daniel J. Hogan, fazendo uma ampla avaliação sobre o tema população e meio ambiente, identifica as populações em situações de risco entre as perspectivas para pesquisa em demografia nessa temática. Segundo o autor, é uma abordagem promissora, pois: Como as conseqüências da deterioração ambiental não são sentidas de forma igual entre grupos sociais nem uniformemente através do território, as categorias usuais para a análise demográfica nem sempre são capazes de revelar estas conseqüências (Hogan, 2000, p. 41). O autor chama a atenção para trabalhos que têm contribuído para a ampliação do entendimento dessa abordagem e que consideram os fatores biofísicos dos ambientes e sua inter-relação com a dinâmica demográfica. Exemplos disso são populações que ocupam várzeas de rios e áreas sujeitas a inundações em favelas, ou populações sujeitas a desastres naturais. Hogan procura aliar nessa abordagem, portanto, os elementos físicos dos ambientes onde as populações habitam com sua situação socioeconômica, quando relevantes. Haroldo da G. Torres, em A demografia do risco ambiental, faz as perguntas que estiveram na pauta do grupo: o que são riscos ambientais? Que tipo de população reside nas áreas de risco, como mensurá-la e como estudá-la? Percebemos, de imediato, um acréscimo importante à tradicional preocupação dos demógrafos, que é o componente ambiental. Ou seja, uma preocupação latente do grupo era superar a limitação que os componentes da dinâmica demográfica apresentam para compreender certos fenômenos, que têm uma carga do ambiente físico muito forte como ―fatores de risco‖. Torres (2000) não apenas discute teoricamente o conceito de risco ambiental, como também propõe e reflete sobre os embates existentes na sua operacionalização. O autor busca sair do lugar comum das discussões sobre risco, procurando elaborar um plano lógico para seu enfrentamento. Ele aponta quatro dificuldades e cinco passos desse plano. As dificuldades podem ser assim resumidas: 1. há substâncias conhecidas e não-conhecidas que podem ter exposto ou estar expondo as populações a riscos, conhecidos e não-conhecidos. Há riscos que Rua Dr. Moacir Birro, 663 – Centro – Cel. Fabriciano – MG CEP: 35.170-002 Site: www.ucamprominas.com.br e-mail: diretoria@institutoprominas.com.br 61 apenas serão conhecidos quando seus efeitos negativos já tiverem afetado muitas pessoas, às vezes com processos irreversíveis; 2. a noção do que é arriscado é definida historicamente, podendo transformar-se ao longo do tempo; 3. a percepção dos indivíduos e das famílias acerca do risco pode ser bastante diferente, por diversos fatores, mesmo que o risco seja relativamente conhecido; 4. a capacidade dos indivíduos ou grupos sociais de se proteger é afetada pelo nível de renda. Esses pontos que registram a dificuldade de lidar com os riscos têm, segundo o autor, forte influência espacial. Ou seja, a escala de análise, os recortes espaciais e a distribuição espacial dos fenômenos têm influência direta em como poderemos lidar com eles, bem como melhor compreendê-los em sua relação com a sociedade (Marandola Jr., 2004). Além disso, talvez a maior dificuldade, segundo Torres (2000, p. 64), seja a ―[...] identificação dos grupos sociais mais afetados por um determinado fenômeno ambiental que se queira estudar‖. Ciente dessa dificuldade inerente, o autor propõe os principais passos lógicos envolvidos na definição do que são as populações sujeitas a riscos ambientais: 1. identificação de uma fonte/fator potencialmente gerador de riscos ambientais; 2. construção de uma curva de riscos (real ou imaginária); 3. definição de um parâmetro de aceitabilidade do risco; 4. identificação da população sujeita a riscos; 5. identificação de graus de vulnerabilidade. Elemento fundamental intrínseco nesses passos é a característica que o estudo dos riscos adquire nessa perspectiva, qual seja, de se concentrar em uma área específica, em geral menos ampla do que aquela que a demografia está comumente acostumada a trabalhar. ―Para observar as características da população em situação de risco, [...] a demografia é chamada a pensar também na escala intra-urbana, em pequenos setores censitários, ou naquilo que em algum momento passou a chamar de demografia das pequenas áreas‖ (Torres, 2000, p. 63). Vemos assim que tais pesquisadores deram um grande passo em relação aos estudos tradicionais sobre o risco, apesar de observarmos nesse debate inicial um uso mais livre do termo ―risco‖, às vezes empregando a palavra para se Rua Dr. Moacir Birro, 663 – Centro – Cel. Fabriciano – MG CEP: 35.170-002 Site: www.ucamprominas.com.br e-mail: diretoria@institutoprominas.com.br 62 referir a ―perigo‖ ou a ―vulnerabilidade‖, além de ―risco‖ per si. Ao observar, porém, essas cinco etapas, a demografia em seu sentido tradicional atentaria apenas para a primeira, talvez incidindo sobre a quarta, mas apenas em virtude dos resultados demográficos da aplicação de seus modelos. Torres (2000, p. 67) reconhece, nessas cinco etapas, a necessidade de uma atividade interdisciplinar em que especialistas de outras áreas seriam cruciais, principalmente nas três primeiras. No entanto, a atividade dos demógrafos vinculados ao Grupo de Trabalho demonstra que eles têm aceitado este desafio, conforme observamos nas demais contribuições do livro (Taschner, 2000; Porto e Freitas, 2000), bem como em outros trabalhos mais recentes (Hogan et al., 2001; Hogan e Carmo, 2001; Torres e Marques; 2001).9 Por fim, Torres (2000, p. 69) lembra um elemento de fundamental importância, que tem a ver com as ―[...] características socioeconômicas das populações nas áreas de risco‖. Fatores como distribuição de renda, escolaridade, raça, tipo de ocupação, entre outros, segundo o autor, devem receber atenção juntamente com as variáveis demográficas clássicas. Essa relevância está na identificação de desigualdades ambientais, que revelam uma correlação forte entre áreas de risco ambiental e grupos de renda mais baixa e com consideráveis níveis de dificuldades sociais. Essa é uma questão fundamental que emerge tanto das preocupações desse grupo, quanto de outros setores da demografia, mais ligados à sociologia. Tanto Hogan quanto Torres mencionam a questão da vulnerabilidade, embora naquele momento não tenham desenvolvido suficientemente essa noção. No entanto, em ambos os casos, ela aparece como vinculada à situação socioeconômica e à capacidade de resposta (ou enfrentamento) diante dos riscos ambientais. Mas ela será amplamente desenvolvida em outro contexto e com alguns elementos constitutivos um pouco distintos da abordagem enfocada aqui. É sobre tal abordagem que nos deteremos a seguir. Vulnerabilidade sociodemográfica: um conceito latino-americano Essa outra tendência tem lugar no cenário latino-americano, ligada principalmente a pesquisadores do Centro Lationamericano y Caribeño de Demografia (Celade), divisão da Comisión Econômica para América Latina y el Caribe (Cepal), com ampla Rua Dr. Moacir Birro, 663 – Centro – Cel. Fabriciano – MG CEP: 35.170-002 Site: www.ucamprominas.com.br e-mail: diretoria@institutoprominas.com.br 63 repercussão internacional e um grande número de trabalhos comparativos. Apesar de também utilizarem o termo vulnerabilidade, o contexto teórico-metodológico desses pesquisadores é sensivelmente outro, o que resultará numa visão distinta, embora relacionada, da vulnerabilidade e dos riscos. Vejamos a origem desse debate e como tais pesquisadores têm tratado o termo. Em primeiro lugar, a tendência é considerar a vulnerabilidade ―[...] more as na analytical approach than as a conceptual category‖ (Cepal, 2002a, p. 1). Mas que perspectiva analítica? A maioria dos estudos está centrada na discussão das desigualdades sociodemográficas, vinculadas à pobreza e à problemática da exclusão social. Um documento da Cepal elaborado para sistematizar o conhecimento acerca da noção, conforme vem sendo utilizada por seus pesquisadores, ―[...] aims to apply a vulnerability-oriented approach to the analysis of the relations between population and development at the community, household and personal levels‖ (Cepal, 2002a, p. 1). Essa orientação irá ditar, evidentemente, o que os autores entendem por vulnerabilidade e sua aplicação teórico-metodológica. Nesse sentido, é dada ênfase ao estudo e à identificação de grupos vulneráveis, que são aqueles que apresentam características específicas que os tornam suscetíveis aos riscos. A delimitação desses grupos obedece aos componentes tanto da dinâmica demográfica quanto da dinâmica social. The use of the notion vulnerability to refer to specific groups of the population has a long history in social analysis and social policies. It is used, firstly, to identify groups which are in a situation of ‗social risk‘: i.e., groups made up of individuals who, because of factors typical of their domestic or community environment, are more likely to display anomic forms of conduct (aggressiveness, delinquency, drug addiction), to suffer different forms of harm by the action or omission of others (intrafamily violence, attacks in the street, malnutrition), or to display inadequate levels of performance in key areas for social inclusion (such as schooling, work or interpersonal relations) (Cepal, 2002a, p. 2). A pobreza e a mobilidade social (principalmente para baixo na pirâmide social) são, de fato, os motes principais que motivam esses pesquisadores. Rua Dr. Moacir Birro, 663 – Centro – Cel. Fabriciano – MG CEP: 35.170-002 Site: www.ucamprominas.com.br e-mail: diretoria@institutoprominas.com.br 64 Thus, lack of assets, their loss of value or inability to manage them properly form the distinctive sign of vulnerability to two social risks of capital importance: poverty, and downward economic and social mobility (Cepal, 2002a, p. 3). A esse respeito, há uma tendência de entender a vulnerabilidade como a suscetibilidade de sofrer perdas socioeconômicas, como no poder de compra, na capacidade de inserção social ou mesmo de emprego. A linha da pobreza tem sido encarada, às vezes, como um desses limites em que haveria maior vulnerabilidade (Celade, 1999; Cepal 2002b; Torres et al., 2003). A vulnerabilidade é entendida, portanto, a partir de três componentes: (1) a existência de um evento potencialmente adverso (risco), endógeno ou exógeno; (2) incapacidade de responder à situação, seja por causa da ineficiência de suas defesas, seja pela ausência de recursos que lhe dêem suporte; (3) inabilidade de se adaptar à situação gerada pela materialização do risco (Cepal, 2002a, p. 1). Essas etapas colocam a dinâmica em três momentos distintos: (1) há um evento potencial que poderá causar dano; (2) diante desse risco, as pessoas procuram os meios de se proteger e percebem que são incapazes de fazer isso, porque não há recursos ou meios para defendê-las; (3) quando o evento ocorre, ou materializa-se, as pessoas enfrentam o perigo e sofrem pela falta de habilidade para adaptar-se a ele, sofrendo danos e perdas. Tal perspectiva apresenta a vulnerabilidade de maneira essencialmente negativa, num sentido extremamente inescapável e inevitável. Confluente a esse esforço cepalino, Rubén Kaztman tem sido um dos principais pesquisadores a tratar da vulnerabilidade social, juntamente com um grupo de pesquisadores de Montevidéu (Uruguai) e de Córdoba (Argentina). A contribuição mais significativa desses autores tem sido sua leitura dos ativos e da estrutura de oportunidades. Essas duas noções enriquecem um quadro operacional de estudo da vulnerabilidade, na mesma perspectiva da Cepal. Em estudo comparativo entre Argentina e Uruguai, Kaztman et al. (1999) explicitam em que contexto aplicam os conceitos de vulnerabilidade e ativos, deixando mais claro ainda o horizonte de pesquisa: [Estes conceitos] se constituye o podría constituirse en teorías de alcance medio, no ya por su pretensión de recortar de um fenómeno macro un subgrupo y explicarlo, Rua Dr. Moacir Birro, 663 – Centro – Cel. Fabriciano – MG CEP: 35.170-002 Site: www.ucamprominas.com.br e-mail: diretoria@institutoprominas.com.br 65 sino porque pretende aproximarnos a La explicación del fenómeno de la pobreza en general, contribuyendo con un tipo de causa eficiente. En definitiva, procura ofrecer um cuerpo sistemático de conceptos y relaciones que expliquen parte de la varianza de la pobreza y del bienestar. Este modelo apoya su eje explicativo en los recursos com que cuentan los propios hogares para enfrentar las coyunturas externas (Kaztman et al., 1999, p. 2). Essa preocupação com a pobreza é que leva os autores a proporem o que chamam de ativos, que são uma estrutura profunda de recursos (capitais humano, social e físico) distribuídos desigualmente numa sociedade em diversos lugares. A distribuição desses ativos, as estratégias dos lugares para utilizá-los e as trocas que determinam a produção dos ativos, bem como o acesso diferenciado a eles, constituem a base analítica para o estudo da pobreza. A vulnerabilidade é entendida pelos autores como a menor disponibilidade, acesso ou capacidade de manejo desses ativos, componentes de uma dada estrutura de oportunidades (na qual se encontram os ativos), em que se aprofundam as desigualdades sociais, condicionando muitas vezes à marginalidade e à exclusão. Assim como o conceito de populações em situação de risco, a vulnerabilidade nessa perspectiva necessita, segundo os autores, recorrer a uma análise microssocial no nível das comunidades. Através dessa aproximação, permite-se também ver a segunda maior virtude de uma relação vulnerabilidade/ativos, que é a possibilidade de ―[...] incursionar en un aspecto clave, generalmente omitido, de la acción social intencional‖ (Kaztman et al., 1999, p. 4). Esse é um ponto-chave, pois é a perspectiva de ver a sociedade dando resposta à situação adversa em que se encontra. Há, evidentemente, outras formas de contextualizar a discussão da vulnerabilidade sociodemográfica. Muitos autores discutem a vulnerabilidade no contexto da cidadania e das identidades (Hopenhayn, 2002), dos direitos civis e da cidadania em contraposição à exclusão social (Kowarick, 2002); ou ainda das vulnerabilidades sociais a diferentes doenças relacionadas a construções simbólicas e representações sociais (Monteiro, 2002). Há, sem dúvida, uma ampla gama de discussões que ainda merecerão avaliação e debate mais detalhado. No entanto, tal entendimento sociodemográfico da vulnerabilidade mantém, em virtude de seu foco (a pobreza e a exclusão), um sentido de estado e não Rua Dr. Moacir Birro, 663 – Centro – Cel. Fabriciano – MG CEP: 35.170-002 Site: www.ucamprominas.com.br e-mail: diretoria@institutoprominas.com.br 66 de correspondência direta a elementos que causam riscos. A vulnerabilidade é vista de maneira mais permanente, entendendo-a como resultado das interações sociais maiores, não se estabelecendo relações causais mais diretas, como é o caso dos demógrafos (e dos geógrafos, como vimos) ocupados da vulnerabilidade em sua dimensão ambiental, conforme veremos a seguir. Vulnerabilidade socioambiental: aproximando-se da geografia Como apontado, já havia uma tendência dos pesquisadores ligados ao Grupo de Trabalho sobre População e Meio Ambiente em estudar a vulnerabilidade. E podemos afirmar que esse tem sido o degrau seguinte que tais estudiosos galgaram desde o amadurecimento do conceito de populações em situações de risco. Esse avanço tem duas matrizes principais: o estudo dos geógrafos sobre os perigos ambientais e o estudo dos demógrafos sobre a vulnerabilidade social. Em primeiro lugar, entre as referências iniciais sobre vulnerabilidade em sua dimensão ambiental, utilizada por esses pesquisadores, está a literatura geográfica. Essa confluência não se dá simplesmente por coincidência, mas por sobreposição de problemas de estudo. Assim como os geógrafos, os demógrafos viram-se diante de problemas como as enchentes, os deslizamentos e outros riscos que expunham as populações ao perigo (Hogan ET al., 2001). Em outros contextos, a reflexão sobre as dinâmicas de metropolização e a degradação ambiental em áreas densamente urbanizadas também reclamaram dos demógrafos a consideração mais detida dos elementos ambientais (biofísicos) que incidiam diretamente sobre determinadas populações, ora demograficamente localizadas, ora espacialmente delimitadas. Tal situação também trouxe à tona os conceitos trabalhados pelos geógrafos, que possuem orientação semelhante, devido à origem dos problemas estudados (Hogan e Carmo, 2001). Mas essa confluência não é exclusividade da literatura nacional. Encontramos, na bibliografia internacional, obras e trabalhos escritos sobre esse tema, convergindo o interesse dos demógrafos com o dos geógrafos, sob os auspícios dos perigos naturais (Blaikie et al., 1994; Satterthwaite, 1998; Ezra, 2002; Hunter, 2004). Por outro lado, em ambos os casos, a vulnerabilidade sociodemográfica também esteve presente por se entender, como os geógrafos, a vulnerabilidade não apenas Rua Dr. Moacir Birro, 663 – Centro – Cel. Fabriciano – MG CEP: 35.170-002 Site: www.ucamprominas.com.br e-mail: diretoria@institutoprominas.com.br 67 numa perspectiva ambiental (elementos biofísicos), mas por se relacionar à capacidade socioeconômica (os ativos e estrutura de oportunidades) das respectivas populações em dar resposta ao perigo. A noção de estrutura de oportunidades parece ter uma contribuição ainda a ser mais bem explorada nesses estudos, pois ela amplia o leque, não limitando tais ativos à situação socioeconômica. Então, numa situação de risco, entre os ativos que determinada população poderá articular para diminuir sua vulnerabilidade, poderão estar elementos do capital social que não têm vinculação com poder aquisitivo nem renda. São as redes de solidariedade, os sistemas de proteção comunitários e familiares, além de alternativas que não estão diretamente vinculadas à situação socioeconômica da população. Essa discussão não se restringe à América Latina, é evidente. O Global Science Panel on Population Environment (GSP), numa publicação recente que objetivava traçar uma avaliação do papel da população nas estratégias de desenvolvimento sustentável, incluiu algumas considerações sobre as populações vulneráveis. O GSP focalizou segmentos populacionais vulneráveis e como eles se relacionam no âmbito espacial (ambiental) e social. O texto englobou a pobreza e a degradação da saúde, bem como baixos níveis de educação, diferença de sexos, carência de acesso a recursos e serviços e localização geográfica desfavorável. Populations that are socially disadvantaged or lack political voice are also at greater risk. Particularly vulnerable populations include the poorest, least empowered segments, especially women and children. Vulnerable populations have limited capacity to protect themselves from current and future environmental hazards, such as polluted air and water and catastrophes, and the adverse consequences of largescale environmental change, such as land degradation, biodiversity loss, and climate change (GSP, 2002, p. 3). A diminuição da vulnerabilidade é vista, nesse aspecto, como crucial no aumento da sustentabilidade, acreditando-se que dotar as populações de capacidade de resposta a situações adversas a que são expostas (riscos sociais ou ambientais) resultará na melhoria de sua qualidade de vida e de sua inserção social. Quanto à dinâmica migratória, Lori M. Hunter deu fundamental contribuição ao estudo da relação dos perigos naturais e tecnológicos com os motivos das Rua Dr. Moacir Birro, 663 – Centro – Cel. Fabriciano – MG CEP: 35.170-002 Site: www.ucamprominas.com.br e-mail: diretoria@institutoprominas.com.br 68 migrações (Hunter, 2004). Ela procura revisitar a teoria migratória tradicional, incorporando a vulnerabilidade e o risco aos perigos como fundamentais para entender o fenômeno migratório em nossa sociedade contemporânea. A autora movimenta importante bibliografia, apoiando-se também nos estudos dos geógrafos sobre perigos ambientais, de um lado, e nas pesquisas demográficas sobre migração, de outro. Migration as a demographic process can be associated with environmental hazards in several ways. On the one hand, proximate environmental hazards might influence residential decision-making by shaping the desirability of particular locales. In this case, we might consider environmental hazards as factors shaping migration. On the other hand, migration can represent an exacerbating force with regard to environmental hazards as a result of increasing population density in vulnerable locales (Hunter, 2004, p. 4). Sua noção de vulnerabilidade, em razão de sua proximidade com o estudo dos geógrafos, está centrada nos locais, ou seja, pessoas em risco são pessoas vivendo em lugares vulneráveis a perigos. No entanto, não se trata de uma postura simplista. Hunter alia, numa mesma perspectiva, a dinâmica de eventos extremos (naturais e tecnológicos), a estrutura familiar (demográfica e social) e a percepção do risco (individual), para compreender o fenômeno migratório a fim de integrar as dinâmicas sociais (quem pode ou não escolher como e para onde migrar), ambientais (os fenômenos e danos físicos que atingem as pessoas e as famílias) e individuais (os elementos preceptivos e particulares que influem na vulnerabilidade e na tomada de decisão). É uma contribuição fundamental que busca uma perspectiva conjuntiva da multidimensão da realidade (Marandola Jr., 2004), apontando caminhos possíveis de um diálogo profícuo entre geografia e demografia. Tais caminhos já têm sido desbravados por outros autores, como Markos Ezra, em seus estudos sobre a vulnerabilidade ambiental e a migração na África (Ezra, 2002); ou mesmo estudos anteriores, como os de Hogan (1992; 1996) sobre a relação migração, ambiente e saúde, revelando facetas e componentes dessa dinâmica em conexão aos danos e degradações ambientais, principalmente a poluição, em conjunto com os reveses sociais. Embora ainda não estivessem incorporados claramente os conceitos de risco, perigo ou vulnerabilidade em sua análise, essas pesquisas já Rua Dr. Moacir Birro, 663 – Centro – Cel. Fabriciano – MG CEP: 35.170-002 Site: www.ucamprominas.com.br e-mail: diretoria@institutoprominas.com.br 69 possuíam as preocupações e orientações que guiariam os demógrafos ocupados com a relação população e ambiente nos próximos anos. Assim, a demografia partiu de uma noção estritamente objetivista e centrada nos elementos da dinâmica demográfica e evoluiu para uma perspectiva mais global, incorporando elementos socioeconômicos e ambientais. Esse caminho é um constante aproximar-se da geografia, da qual os demógrafos puderam extrair importantes noções e bases conceituais. O principal ponto de encontro é a preocupação que guia o trabalho desses geógrafos e demógrafos: as relações entre o homem e seu meio (geógrafos) e das populações com seu ambiente (demógrafos). Tais relações são, em muitos sentidos, maneiras particulares de se expressar acerca da mesma problemática, e por isso iremos, a partir dela, centrar nossa análise preliminar das perspectivas e possibilidades de aumentar o diálogo e contato entre essas duas disciplinas. População e ambiente: entre geografia e demografia A preocupação com a situação ambiental das populações em seus diferentes contextos geográficos é um foco comum entre esses pesquisadores. Para os geógrafos, o interesse parte do próprio espaço, que numa perspectiva holística incluiu as pessoas. Para os demógrafos, a preocupação parte das populações em si, estendendo-se ao ambiente enquanto ele é fundamental na delimitação das condições de vida dessas pessoas. Assim, os dois campos disciplinares encontramse preocupados e ocupados dos mesmos problemas, embora suas trajetórias, conforme buscamos mostrar neste texto, tenham sido diferenciadas. Em vista disso, que linhas podemos traçar quiçá conjuntivas dessas duas ciências? Traçamos um amplo painel de suas pesquisas que possuem aqui e acolá pontos de contato. Mas há um diálogo promissor de fato? Em primeiro lugar, devemos reforçar o caráter multidimensional e polissêmico das categorias risco, perigo e vulnerabilidade. As diferentes abordagens e perspectivas de estudo, muito mais amplas e díspares do que estas que abordamos aqui, tratam os termos em determinados contextos teórico-metodológicos e de abordagem analítica. Não há uma base conceitual comum, a qual os diversos campos tenham utilizado como matriz. Existem, sim, algumas posturas confluentes, principalmente quando há preocupações Rua Dr. Moacir Birro, 663 – Centro – Cel. Fabriciano – MG CEP: 35.170-002 Site: www.ucamprominas.com.br e-mail: diretoria@institutoprominas.com.br 70 semelhantes, como ocorre no caso da geografia e da demografia no campo dos estudos ambientais. Notamos essa convergência em vários pontos. Por exemplo, a exposição do problema das populações em situação de risco, feita por Hogan (2000), apresenta as mesmas indagações que moveram os trabalhos sobre os perigos naturais. O autor afirma ser necessário um enfoque que dê conta da amplitude dos perigos e dos riscos, tanto em sua dimensão ambiental quanto socioeconômica. Isso ocorre, também, em virtude de os demógrafos estarem estudando esses mesmos perigos, tendo como referência a linha de investigação específica dos geógrafos, embora não diretamente filiados a ela. Quando Torres (2000) expõe suas indagações, também há uma nítida referência à geografia, principalmente pela preocupação com os recortes espaciais, a escala de análise e a distribuição espacial dos fenômenos. Portanto, se, de um lado, os demógrafos têm importante referência no tratamento espacial das dinâmicas ambientais feito pelos geógrafos, de outro, estes também têm um amplo leque de discussões sócio-demográficas que merecem sua atenção, assim como ainda podem enriquecer a já presente abordagem da vulnerabilidade em seus estudos. Pensamos especialmente nos trabalhos sobre os ativos e a estrutura de oportunidades, que são conceitos com muito a contribuir num cenário de entendimento amplo acerca da vulnerabilidade, para além de sua dimensão sociodemográfica. Nesse sentido, aos ativos podemos incorporar elementos do ambiente físico, que também têm lugar nesta estrutura de oportunidades que as pessoas utilizam para lidar com os riscos, diminuindo sua vulnerabilidade. Por outro lado, os riscos e as vulnerabilidades também são elementos que influem na mobilidade espacial da população. Fugir do risco (busca de segurança) e de uma alta vulnerabilidade (procura de proteção) são motivos que estão entre os principais nas decisões das pessoas de se mudar, principalmente de uma parcela da população que tem condições para isso. Em certo sentido, esse mudar faz parte da estrutura de oportunidades dessas pessoas (e não faz da maioria), que procuram locais de moradia onde os elementos sociais e ambientais estejam num patamar entendido como de qualidade. Rua Dr. Moacir Birro, 663 – Centro – Cel. Fabriciano – MG CEP: 35.170-002 Site: www.ucamprominas.com.br e-mail: diretoria@institutoprominas.com.br 71 Tais exemplos mostram que necessitamos de entendimentos mais conjuntivos, reunindo numa mesma perspectiva conceitual os elementos sociodemográficos e os ambientais. A proposição de Cutter (Figura 1) parece atender a essa demanda, procurando estabelecer uma reciprocidade entre o contexto social e o espacial. Contudo, uma questão que merece maior atenção é o enfoque metodológico na análise por áreas (risco/vulnerabilidade de lugares/áreas) e na análise por pessoas (risco/vulnerabilidade de pessoas/famílias). Mais do que expressar as diferentes trajetórias de estudo das duas disciplinas, esses dois enfoques não são, hoje, sinônimos de geografia e demografia, respectivamente. Os geógrafos já há algum tempo vêm trabalhando com abordagens culturais e humanistas, que enfocam as relações de envolvimento, pertencimento e identidade de pessoas e coletividades, utilizando-se de abordagens qualitativas e metodologias de certa forma próximas da antropologia (principalmente com inspiração fenomenológica). Por outro lado, os demógrafos, em especial aqueles envolvidos com a problemática ambiental, têm se valido muito da análise por áreas, trabalhando inclusive com análise espacial, geoestatística e Sistemas de Informação Geográfica (SIGs). Nesse sentido, não vemos posições excludentes em tal diferença de enfoque. Na verdade, talvez essa seja outra faceta promissora do diálogo entre as disciplinas. Buscar conjugar essas abordagens amplia a capacidade de análise, aumentando as dimensões da vulnerabilidade que estão sendo colocadas em foco. Evidentemente, adotar a abordagem da ―vulnerabilidade do lugar‖, como proposta por Cutter, está mais afinada a trabalhos aprofundados, verticalizados em locais específicos. E é justamente nessas abordagens que o olhar focado nas pessoas/famílias pode tornar-se mais útil e revelador, por permitir maior detalhamento e aprofundamento da realidade vivida por aqueles que habitam determinado lugar. Por outro lado, o enfoque nas pessoas, numa perspectiva mais abrangente, permite abarcar um número maior de realidades espacialmente localizadas, mas que possuem diferenças demográficas (e também espaciais) significativas. Esse enfoque nos apresenta quadros gerais mais bem delineados (olhar horizontal), perdendo em conseqüência a perspectiva do lugar verticalizado. Da mesma maneira, é possível conjugar os dois enfoques, trazendo as informações das pessoas/famílias Rua Dr. Moacir Birro, 663 – Centro – Cel. Fabriciano – MG CEP: 35.170-002 Site: www.ucamprominas.com.br e-mail: diretoria@institutoprominas.com.br 72 em correspondência aos espaços que ocupam, bem como a relação existente entre eles na macroorganização socioespacial, seja da cidade, da metrópole, seja de uma região maior. Em vista disso, caminhamos para uma perspectiva ampla da vulnerabilidade e dos riscos, que não privilegie apenas o enfoque por áreas (o lugar) nem o das pessoas (famílias). A ambição maior é dotar os riscos/vulnerabilidades de um sentido multidimensional e transescalar (Marandola Jr., 2004), que nos permita trabalhar com os dois enfoques de forma confluente. Pretendemos assim lidar com os aspectos sociais, ambientais e demográficos ao mesmo tempo, que enfocamos a perspectiva da experiência – relacionada à construção sociocultural e à percepção do risco (Marandola Jr., 2005) – e as mudanças ambientais globais, procurando um elo que conecte processos aparentemente tão distintos, mas que na sua gênese ou orientação final possuem elos claros que apontam para o sentido geral do devir de nossa sociedade (Marandola Jr. e Hogan, 2004c). Podemos dizer, portanto, que nossa tendência é antropocêntrica no sentido de focarmos o risco/vulnerabilidade das pessoas/famílias, entendendo, porém, que para esta delimitação os fatores de diferentes dimensões são fundamentais; entre eles, o lugar, ou seja, o espaço (e todas as suas implicações) onde aquela pessoa/família vive. Não se trata de definir o risco ou a vulnerabilidade a priori, como uma condição in natura. O risco é resultado da relação perigo–vulnerabilidade, sendo cada um deles proveniente de outras equações que incluem as várias dimensões envolvidas na geração, enfrentamento e impacto do fenômeno. Nesse sentido, não é possível, numa perspectiva abrangente, tratar de aspectos isolados como, por exemplo, os fatores ambientais stricto sensu. O contexto geográfico e a produção social dos perigos, bem como os sistemas de proteção e insegurança que estão na base da configuração da vulnerabilidade, são diversos e apresentam um quadro bastante complexo de variáveis, condições e indeterminações que nos induzem a procurar formas de incluir os determinantes sociodemográficos juntamente com os espaço-ambientais, numa perspectiva histórica e geográfica suficientemente ampla para abarcar a variedade dos processos envolvidos. Rua Dr. Moacir Birro, 663 – Centro – Cel. Fabriciano – MG CEP: 35.170-002 Site: www.ucamprominas.com.br e-mail: diretoria@institutoprominas.com.br 73 Contudo, ainda enfrentamos várias dificuldades para realizar tal conjunção. Em vista disso, continuamos com a reflexão aberta, buscando melhores condições de realizar esse diálogo, à medida que lidamos com as dificuldades inerentes ao processo. Assim, para finalizar, listamos os principais pontos confluentes e de enriquecimento que acreditamos poder compor uma pauta de diálogo entre essas duas disciplinas, além dos já citados, com o objetivo de construir uma base conceitual que permita o diálogo mais estreito e profícuo entre os enfoques e as disciplinas. • Em ambas as disciplinas, o risco é entendido como uma noção probabilística que alerta para o perigo e reclama ação. Na demografia, iniciase como neutro, passando a ser essencialmente negativo nos estudos ambientais e sociais, enquanto sempre teve um sentido negativo entre os geógrafos. • Perigo é um evento que provoca dano. Ele está intimamente relacionado ao risco e à vulnerabilidade, mas não faz parte do vocabulário dos demógrafos. É comumente confundido com risco, e sua distinção enriquece o quadro conceitual e explicativo. • Os demógrafos destacam três componentes constitutivos da vulnerabilidade: (1) existência de um risco; (2) incapacidade de responder ao risco; (3) inabilidade de adaptar-se ao perigo. Esta posição dos demógrafos estabelece a vulnerabilidade como essencialmente negativa, ou seja, colocando-a como incapacidade e como inabilidade. Os geógrafos, embora concordem com essas três componentes, as encaram como características dos lugares (não apenas das pessoas) e tendem a entender a vulnerabilidade como o grau de capacidade de resposta e de habilidade de adaptação (ajuste). Os demógrafos inclinam-se a ver a vulnerabilidade como característica de populações menos favorecidas (menos recursos socioeconômicos), enquanto os geógrafos tendem a ter esta perspectiva mais marginal, por enfocarem as vulnerabilidades dos lugares. • A resiliência e a capacidade de absorção são conceitos que aparecem tanto na literatura dos geógrafos quanto dos demógrafos. Também são promissores e apresentam excelentes possibilidades analíticas a serem mais bem exploradas e delineadas neste contexto de pesquisas. Busca-se identificar mecanismos que promovam a interconectividade e a flexibilidade, fomentando uma resiliência mais robusta a impactos externos. A abordagem permitirá análises ao nível individual, familiar, comunitário ou estatal. Rua Dr. Moacir Birro, 663 – Centro – Cel. Fabriciano – MG CEP: 35.170-002 Site: www.ucamprominas.com.br e-mail: diretoria@institutoprominas.com.br 74 • Os ativos e estrutura de oportunidades são noções a serem exploradas e ampliadas, colocando-as no contexto de discussões mais amplas, para além da sua dimensão sociodemográfica. A incorporação de elementos do ambiente biofísico parece promissora para uso tanto de geógrafos quanto de demógrafos. • Os debates sobre cidadania, exclusão social e pobreza precisam incorporar também esta discussão da vulnerabilidade ambiental. Isso se deve ao fato de muitas das áreas onde residem os grupos sociodemograficamente vulneráveis serem de alta vulnerabilidade ambi-ental. Nesse aspecto, reforça-se a idéia de conceitos mais conjuntivos e amplos para enfocar a problemática da desigualdade ambiental ao lado da desigualdade social. • O estudo das percepções e construções socioculturais em torno do risco também é tema ainda não explorado em grande medida pelos demógrafos. Há alguns apontamentos nesse sentido, mas ainda é uma questão não enfrentada pelos pesquisadores. Tal lacuna é importante porque influi diretamente no resultado de políticas públicas ou esforços de prevenção, proteção e construção de estruturas de oportunidades. Na geografia, embora exista uma larga tradição de estudos sobre a percepção do risco e das experiências humanas em seus ambientes, ainda há que se buscar um maior esforço de confluência dessas abordagens de problemáticas biofísicas e sociodemográficas. Sem dúvida, é um grande desafio para ambas as disciplinas. • Não há um esforço sistemático por parte de ambas as disciplinas de relacionar os elementos estudados (ambientes e grupos demográficos) na dinâmica da Sociedade de Risco. Torres (2000) chega a reconhecer esse hiato e a dificuldade de fazer essa ligação. Contudo, ela é de enriquecimento mútuo e pode aumentar o universo explicativo dos fenômenos estudados, por estabelecer a ponte entre fenômenos circunscritos no espaço e dinâmicas maiores que estão na própria ordem da produção macrossocial da sociedade contemporânea. É uma agenda importante para ambas as disciplinas, que até permitirá, provavelmente, um elo teórico para o enquadramento das diferentes perspectivas de estudo da vulnerabilidade. • Será essencial incorporar explicitamente nessa discussão os perigos criados pelo homem, como também os aspectos sociais de perigos naturais. A pulverização de agrotóxicos, as áreas com solo contaminado por usos industriais Rua Dr. Moacir Birro, 663 – Centro – Cel. Fabriciano – MG CEP: 35.170-002 Site: www.ucamprominas.com.br e-mail: diretoria@institutoprominas.com.br 75 anteriores, a proximidade de linhas de transmissão de eletricidade ou de dutos de gás ou petróleo, etc. são perigos espacialmente localizados, cujas conseqüências são filtradas por vulnerabilidades distintas. Se o objetivo maior da pesquisa é pensar na qualidade de vida e na sustentabilidade, não caberá partir de uma distinção rígida entre perigos naturais e os man-made. Os estudos de perigos naturais produziram um arcabouço conceitual importante, mas que hoje terá que ser integrado nos trabalhos que relativizam a noção de ―naturais‖. • Paralelamente a esse esforço, será necessário buscar indicadores ―síntese‖ de perigos e vulnerabilidades. O comprometimento da qualidade de vida (de uma população, de um indivíduo, de um grupo doméstico ou de um lugar) e da sustentabilidade não poderá ser dimensionado por um simples somatório de perigos de enchente, de deslizamentos, de exposição a produtos químicos, etc. Um desafio metodológico significativo são os índices compostos de perigo, de risco e de vulnerabilidade (Cutter, 2003). Tal esforço não eliminará a utilidade de estudos setoriais, que continuarão a orientar políticas também setoriais. Mas aqui, como no planejamento ambiental em geral, as visões inte-gradas são indispensáveis, mesmo quando a intervenção necessária for setorial. As vantagens dessas linhas de pesquisa incluem o fato de dirigir a nossa atenção a outros fatores da pobreza, stricto sensu, e à adoção de perspectivas claramente inter e multidisciplinares, que podem enriquecer os quadros de análise e a compreensão destes fenômenos tão latentes e candentes em nossas cidades. Além disso, elas apresentam questões que perpassam vários campos de investigação contemporânea em diferentes ciências, que necessitam maior atenção e estudo por parte não apenas de geógrafos e demógrafos, mas de outros preocupados com as questões sociais e ambientais de maneira geral. Contudo, são apenas algumas questões e reflexões preliminares que merecerão refinamento ao longo do exercício deste diálogo entre geografia e demografia, nosso, em particular, e do grupo de pesquisa, em geral. Esse é um dos desafios que, esperamos, possa contribuir para o estudo da situação ambiental das populações que têm o risco como uma sombra negra que paira sobre suas vidas, em seus lares. O conhecimento das diferentes vulnerabilidades dessas populações pode contribuir para identificar os ativos de que estas precisam para conseguir dar Rua Dr. Moacir Birro, 663 – Centro – Cel. Fabriciano – MG CEP: 35.170-002 Site: www.ucamprominas.com.br e-mail: diretoria@institutoprominas.com.br 76 respostas mais adequadas aos perigos, melhorando assim sua perspectiva e qualidade de vida. Referências bibliográficas ANEAS DE CASTRO, S.D. Riesgos y peligros: una visión desde la geografía. Scripta Nova: Revista Electrónica de Geografía y Ciencias Sociales. Barcelona, n. 60. Disponível em: . Acesso em: 15 de mar., 2000. AYOADE, J.O. Introdução a climatologia para os trópicos. Tradução Maria J. Z. dos Santos, 5ª ed. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 1998. AYRES, J.R. de C., FRANÇA JÚNIOR, I., CALAZANS, G.J. e SALETTI FILHO, H.C. Vulnerabilidade e prevenção em tempos de Aids. In: BARBOSA, R.M. e PARKER, R. (Orgs.). Sexualidades pelo avesso: direitos, identidades e poder. São Paulo: Ed. 34, 1999. p. 49-72. BARBOSA, L.M. e ANDRADE, F.C.D. Aplicação das técnicas dos riscos competitivos à mortalidade do Brasil e macrorregiões, 1991. 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Neste sentido, trata-se da defesa e preservação pelo Poder Público e pela coletividade, de um bem público (o meio ambiente ecologicamente equilibrado), cujo modo de apropriação dos seus elementos constituintes, pela sociedade, pode alterar as suas propriedades e provocar danos ou, ainda, produzir riscos que ameacem a sua integridade. A mesma coletividade que deve ter assegurado o seu direito de viver num ambiente que lhe proporcione uma sadia qualidade de vida, também precisa utilizar os recursos ambientais para satisfazer suas necessidades. Na vida prática, o processo de apropriação e uso dos recursos ambientais não acontece de forma tranqüila. Há interesses em jogo e conflitos (potenciais e explícitos) entre atores sociais que atuam de alguma forma sobre os meios físico-natural e construído, visando o seu controle ou a sua defesa. (Quintas, 2002a). Portanto, é na tensão entre a necessidade de assegurar o direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, como bem de uso comum da população e a definição do modo como devem ser apropriados os recursos ambientais na sociedade, que o processo decisório sobre a sua destinação (uso, não uso, quem usa, como usa, quando usa, para que usa, etc.) opera. Nesta perspectiva, o parágrafo primeiro do Artigo 225 da Constituição Federal, objetivando tornar efetivo o direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, responsabiliza o Poder Público (e somente a ele) por sete incumbências, mesmo impondo a este e à coletividade a obrigação por sua defesa e preservação. São elas: I. Preservar e restaurar os processos ecológicos essenciais e prover o manejo ecológico das espécies e ecossistemas; II. Preservar a diversidade e a integridade do patrimônio genético do país e fiscalizar as entidades dedicadas à pesquisa e manipulação de material genético; III. Definir, em todas as unidades da federação, espaços territoriais e seus componentes a serem especialmente protegidos, sendo a alteração ea supressão permitidas somente através de lei, vedada qualquer utilização que comprometa a integridade dos atributos que justifiquem sua proteção; Rua Dr. Moacir Birro, 663 – Centro – Cel. Fabriciano – MG CEP: 35.170-002 Site: www.ucamprominas.com.br e-mail: diretoria@institutoprominas.com.br 83 IV. Exigir, na forma da lei, para instalação de obra ou atividade potencialmente causadora de significativa degradação do meio ambiente, estudo prévio de impacto ambiental, a que se dará publicidade; V. Controlar a produção, a comercialização e o emprego de técnicas, métodos e substâncias que comportem risco para a vida, a qualidade de vida e o meio ambiente; VI. Promover a educação ambiental em todos os níveis de ensino e a conscientização pública para a preservação do meio ambiente; VII. Proteger a fauna ea flora, vedadas, na forma da lei, as práticas que coloquem em risco sua função ecológica, provoquem a extinção de espécies ou submetam os animais à crueldade. Das sete incumbências: • Quatro (I, II, III e VII) direcionam a ação do Poder Público para defesa e proteção de processos ecológicos essenciais, ecossistemas, patrimônio genético, flora e fauna utilizando diferentes estratégias (preservar, restaurar, manejar, fiscalizar, criar áreas protegidas); • Duas (IV e V) para a prevenção de danos e avaliação de riscos ambientais, decorrentes da realização de obras e atividades potencialmente degradadoras, e da produção e circulação de substâncias perigosas; e • Uma (VI) para criação de condições para coletividade cumprir o seu dever de defender e proteger ―o meio ambiente ecologicamente equilibrado para as presentes e futuras gerações‖, por meio da promoção da educação ambiental. Estas incumbências estabelecem as bases legais para o ordenamento da prática da gestão ambiental no Brasil, pelo Poder Público, seja pela validação de dispositivos anteriores à Constituição de 1988, seja pela promulgação de novos. É neste contexto que a equipe de educadores do IBAMA vem construindo uma proposta denominada Educação no Processo de Gestão Ambiental ou Educação Ambiental na Gestão do Meio Ambiente. Seu objetivo (IBAMA, 1995) é proporcionar condições para o desenvolvimento de capacidades,(nas esferas dos conhecimentos, das habilidades e das atitudes) visando a intervenção individual e coletiva, de modo qualificado, tanto na gestão do uso dos recursos ambientais quanto na concepção e aplicação de decisões que Rua Dr. Moacir Birro, 663 – Centro – Cel. Fabriciano – MG CEP: 35.170-002 Site: www.ucamprominas.com.br e-mail: diretoria@institutoprominas.com.br 84 afetam a qualidade do meio ambiente, seja ele físico-natural ou construído. Por ser produzida no espaço tensionado, constituído a partir do processo decisório sobre a destinação dos recursos ambientais na sociedade, a Educação no Processo de Gestão Ambiental exige profissionais especialmente habilitados, que dominem conhecimentos e metodologias específicas para o desenvolvimento de processos de ensino-aprendizagem com jovens e adultos em contextos sociais diferenciados. Exige, também, compromissos com aqueles segmentos da sociedade brasileira, que na disputa pelo controle dos bens naturais do país, historicamente são sempre excluídos dos processos decisórios e ficam com o maior ônus. Cabe esclarecer que, ao se falar em Educação no Processo de Gestão Ambiental, não está se falando de uma nova Educação Ambiental. Está se falando sim, em uma outra concepção de educação que toma o espaço da gestão ambiental como elemento estruturante na organização do processo de ensino-aprendizagem, construído com os sujeitos nele envolvidos, para que haja de fato controle social sobre decisões, que via de regra, afetam o destino de muitos, senão de todos, destas e de futuras gerações. Neste sentido, esta proposta é substancialmente diferente da chamada Educação Ambiental convencional cujo elemento estruturante da sua prática pedagógica é o funcionamento dos sistemas ecológicos (Layrargues, 2002). A proposta praticada pelo IBAMA referencia-se em outra vertente, a da Educação Ambiental Crítica que, segundo Layrargues (2002: 189)―é um processo educativo eminentemente político, que visa ao desenvolvimento nos educandos de uma consciência crítica acerca das instituições, atores e fatores sociais geradores de riscos e respectivos conflitos sócio ambientais‖. Por outro lado, é habitual se encontrar em documentos oficiais nacionais e internacionais, inclusive na Lei 9.795/99, que dispõe sobre a Política Nacional de Educação Ambiental, a denominação de Educação Ambiental Não-Formal para processos educativos praticados fora do currículo escolar. Definir galinha como a ave que não é pato não diz nada sobre ela. Pode-se saber tudo sobre patos, mas por esta definição continua-se não sabendo nada sobre galinhas. Do mesmo modo, pode-se conhecer bastante sobre Educação Ambiental Formal, mas continua-se ignorando o que qualifica a chamada Educação Ambiental Não-Formal. Concordando com a afirmação de que, negar o que um objeto é, nem sempre é a melhor maneira de caracterizá-lo, os educadores do IBAMA preferem Rua Dr. Moacir Birro, 663 – Centro – Cel. Fabriciano – MG CEP: 35.170-002 Site: www.ucamprominas.com.br e-mail: diretoria@institutoprominas.com.br 85 qualificar a sua prática a partir do espaço em que ela se produz: o da gestão ambiental pública. A problemática ambiental19 A problemática ambiental, aqui assumida como produto da relação que se instaura, em determinado momento histórico, entre sociedade e natureza, quando analisada indica a existência de dois tipos de relações interdependentes: a dos seres humanos entre si (meio social) e destes com a natureza não humana (meio físico-natural). 19 Extraído do texto do autor: Curso de Formação do Analista Ambiental: Concepção Pedagógica (2002a). Neste sentido, os seres humanos estabelecem relações sociais e por meio delas atribuem significados à natureza (econômico, estético, sagrado, lúdico, econômicoestético etc.). Agindo sobre ela (a natureza) instituem práticas e alterando suas propriedades garantem a reprodução social de sua existência. Estas relações (dos seres humanos entre si e com o meio físico-natural) ocorrem nas diferentes esferas da vida societária (econômica, política, religiosa, científica, jurídica, afetiva, étnica, etc.) e assumem características específicas decorrentes do contexto social e histórico onde acontecem. Portanto, são as relações sociais que explicam as múltiplas e diversificadas práticas de apropriação e uso dos recursos ambientais (inclusive a atribuição deste significado econômico). A existência de determinado risco ou dano ambiental (poluição do ar, contaminação hídrica, pesca predatória, aterramento de manguezais, emissões radiativas, etc.), para ser compreendida em sua totalidade, deve ser analisada a partir da interrelação de aspectos que qualificam as relações na sociedade (econômicas, sociais, políticas, éticas, afetivas, culturais, jurídicas etc.), com os aspectos próprios do meio físico-natural. Tudo isto, sem perder de vista que outras ações sobre o meio físico natural podem gerar novas conseqüências sobre o meio social. Assim, são as decisões tomadas no meio social que definem as alterações do meio físico-natural. Deste modo, a problemática ambiental coloca a questão do ato de conhecer como fundamental para se praticar a gestão ambiental. Pela sua complexidade, a questão ambiental não pode ser compreendida segundo a ótica de uma única ciência. Segundo Gonçalves (1990: 134)―ela (a questão ambiental) convoca Rua Dr. Moacir Birro, 663 – Centro – Cel. Fabriciano – MG CEP: 35.170-002 Site: www.ucamprominas.com.br e-mail: diretoria@institutoprominas.com.br 86 diversos campos do saber a depor. A questão ambiental, na verdade, diz respeito ao modo como a sociedade se relaciona com a natureza. Nela estão implicadas as relações sociais e as complexas relações entre o mundo físico-químico e orgânico. Nenhuma área do conhecimento específico tem competência para decidir sobre ela, embora muitas tenham o que dizer.‖ A necessidade que a problemática ambiental coloca de se buscar um outro modo de conhecer, que supere o olhar fragmentado sobre o mundo real, coloca também, o desafio de se organizar uma prática educativa, onde o ato pedagógico seja um ato de construção do conhecimento sobre este mundo, fundamentado na unidade dialética entre teoria e prática. Portanto, o reconhecimento da complexidade do conhecer implica em se assumir a complexidade do aprender. Gestão Ambiental Pública e Sustentabilidade20 Historicamente, os seres humanos estabelecem relações sociais e por meio delas atribuem significados à natureza (econômico, estético, sagrado, lúdico, econômicoestético, etc.). Agindo sobre o meio físico-natural instituem práticas e alterando suas propriedades garantem a reprodução social de sua existência. Estas relações (dos seres humanos entre si e com o meio físico-natural) ocorrem nas diferentes esferas da vida societária (econômica, política, religiosa, jurídica, afetiva, étnica, etc.) e assumem características específicas decorrentes do contexto social e histórico onde acontecem. Portanto, são as relações sociais que explicam as múltiplas e diversificadas práticas de apropriação e uso dos recursos ambientais (inclusive a atribuição deste significado eminentemente econômico). (Quintas, 2002b). No Brasil, em virtude do estabelecido na Constituição Federal, cabe ao Poder Público ordenar estas práticas promovendo o que se denomina neste trabalho, de gestão ambiental pública. Gestão ambiental pública, aqui entendida como processo de mediação de interesses e conflitos21 (potenciais ou explícitos) entre atores sociais que agem sobre os meios físico-natural e construído, objetivando garantir o direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, conforme determina a Constituição Federal. Este processo de mediação define e redefine, continuamente, o modo como os diferentes atores sociais, através de suas práticas, alteram a qualidade do meio Rua Dr. Moacir Birro, 663 – Centro – Cel. Fabriciano – MG CEP: 35.170-002 Site: www.ucamprominas.com.br e-mail: diretoria@institutoprominas.com.br 87 ambiente e também, como se distribuem na sociedade, os custos e benefícios decorrentes da ação destes agentes (Price Waterhouse-Geotécnica, 1992). No Brasil, o Poder Público, como principal mediador deste processo, é detentor de poderes estabelecidos na legislação que lhe permitem promover desde o ordenamento e controle do uso dos recursos ambientais, inclusive articulando instrumentos de comando e controle com instrumentos econômicos, até a reparação e mesmo a prisão de indivíduos responsabilizados pela prática de danos ambientais. Neste sentido, o Poder Público estabelece padrões de qualidade ambiental, avalia impactos ambientais, licencia e revisa atividades efetiva e potencialmente poluidoras, disciplina a ocupação do território eo uso de recursos naturais, cria e gerencia áreas protegidas, obriga a recuperação do dano ambiental pelo agente causador, e promove o monitoramento, a fiscalização, a pesquisa, a educação ambiental e outras ações necessárias ao cumprimento da sua função mediadora. Por outro lado, observa-se, no Brasil, que o poder de decidir e intervir para transformar o ambiente, seja ele físico, natural ou construído, e os benefícios e custos dele decorrentes estão distribuídos socialmente e geograficamente na sociedade, de modo assimétrico. Por serem detentores de poder econômico ou de poderes outorgados pela sociedade, determinados grupos sociais possuem, por meio de suas ações, capacidade variada de influenciar direta ou indiretamente na transformação (de modo positivo ou negativo) da qualidade do meio ambiente. É o caso dos empresários (poder do capital); dos políticos (poder de legislar); dos juizes (poder de condenar e absolver etc.); dos membros do Ministério Público (poder de investigar e acusar); dos dirigentes de órgãos ambientais (poder de embargar, licenciar, multar); dos jornalistas (poder de influenciar na formação da opinião pública); das agências estatais de desenvolvimento (poder de financiamento, de criação de infra-estrutura) e de outros atores sociais cujos atos podem ter grande repercussão na qualidade ambiental e, conseqüentemente, na qualidade de vida das populações. Há que se considerar, ainda, que o modo de perceber determinado problema ambiental, ou mesmo a aceitação de sua existência, não é meramente uma função cognitiva. A percepção dos diferentes sujeitos é mediada por interesses econômicos, políticos, posição ideológica, e ocorre num determinado contexto social, político, espacial e temporal. Rua Dr. Moacir Birro, 663 – Centro – Cel. Fabriciano – MG CEP: 35.170-002 Site: www.ucamprominas.com.br e-mail: diretoria@institutoprominas.com.br 88 Entretanto, estes atores, ao tomarem suas decisões, nem sempre levam em conta os interesses e necessidades das diferentes camadas sociais, direta ou indiretamente afetadas. As decisões tomadas podem representar benefícios para uns e prejuízos para outros. Um determinado empreendimento pode representar lucro para empresários, emprego para trabalhadores, conforto pessoal para moradores de certas áreas, votos para políticos, aumento de arrecadação para governos, melhoria da qualidade de vida para parte da população e, ao mesmo tempo, implicar prejuízo para outros empresários, desemprego para outros trabalhadores, perda de propriedade, empobrecimento dos habitantes da região, ameaça à biodiversidade, erosão, poluição atmosférica e hídrica, desagregação social e outros problemas que caracterizam a degradação ambiental. Portanto, a prática da gestão ambiental não é neutra. O Estado, ao assumir determinada postura diante de um problema ambiental, está de fato definindo quem ficará, na sociedade e no país, com os custos, e quem ficará com os benefícios advindos da ação antrópica sobre o meio, seja ele físico, natural ou construído (Quintas & Gualda, 1995). Todavia, um mesmo dano ou risco ambiental decorrente de alguma ação sobre o meio, que a partir de determinada racionalidade é tido como inaceitável por um ator social, pode ser considerado desprezível ou inexistente por outro, se avaliado sob a égide de outra racionalidade. O primeiro ator social ao justificar seu posicionamento, certamente tentará demonstrar que a intervenção proposta é uma ameaça de tal ordem à integridade do meio, que, se realizada, provocará a médio e longo prazo, danos irreversíveis ao ambiente e à sadia qualidade de vida da população. E assim, estará caracterizando a insustentabilidade do empreendimento. O segundo ator, provavelmente argumentará que a escala do dano e o potencial de risco são mínimos, se aplicadas as medidas mitigadoras adequadas. Afirmará, também, a inexistência de estudos científicos comprovadores da ameaça e ainda, que a médio e longo prazos novos conhecimentos e tecnologias poderão resolver os problemas que eventualmente surgirem. Para ele não há nenhuma dúvida sobre a sustentabilidade do empreendimento. Rua Dr. Moacir Birro, 663 – Centro – Cel. Fabriciano – MG CEP: 35.170-002 Site: www.ucamprominas.com.br e-mail: diretoria@institutoprominas.com.br 89 Nos dois casos exemplificados, um mesmo conceito foi avocado para justificar posições opostas, o que é uma constante quando se discute a viabilidade ambiental de um empreendimento, seja a construção de um conjunto de usinas hidrelétricas em uma bacia hidrográfica, seja a introdução de organismos geneticamente modificados (OGM) na agricultura, por exemplo. Para Simão Marrul (2003: 86), ―ao contrário de estruturas conceituais que pretendem explicar o real, a noção de sustentabilidade se vincula a ele e à lógica das práticas humanas. Assim, se constitui historicizada e, é socialmente construída, tendo raízes em questões como: sustentabilidade do que, para quem, quando, onde, por que, por quanto tempo (Acselrad, 1995; Lélé, 1991; Carvalho, 1994). Isso significa que os atores sociais se movem, em seus discursos e práticas, buscando legitimá-los, ou sendo por outro (as) deslegitimizados, de modo a prevalecerem aqueles (as)[discursos e práticas] que vão construir autoridade para falar em sustentabilidade e, assim, discriminar, em seu nome, aquelas práticas que são sustentáveis ou não (Acselrad, 1995).‖ E ainda alertando, que a noção de sustentabilidade é, fundamentalmente relacional, o autor (Marrul, 2003: 87) lembra que: ―a construção tanto da autoridade como da discriminação de práticas boas ou ruins, constituem uma relação temporal entre passado, presente e futuro (Acselrad, 1995) e em uma comparação entre o que se retira e o que se deveria retirar da natureza, para satisfação das necessidades humanas presentes e futuras‖.(...) E citando Acselrad (1995, apud Marrul, 2003), conclui que ―é sustentável hoje aquele conjunto de práticas portadoras de sustentabilidade no futuro‖(grifos meus). Assim, a condição para uma sociedade, um grupo social ou um indivíduo avaliarem se determinada prática, em determinado momento é sustentável ou não,(e conseqüentemente sobre a conveniência de adotá-la), dependerá, fundamentalmente, do caráter que ela irá assumir no futuro. Portanto, há um vínculo indissolúvel entre as ações do presente e as do futuro. E como estas ações são realizadas para a satisfação de necessidades humanas presentes e futuras, fica o problema, ainda, de se lidar no presente com algo (necessidades) cuja veracidade estará explícita em outro tempo. Rua Dr. Moacir Birro, 663 – Centro – Cel. Fabriciano – MG CEP: 35.170-002 Site: www.ucamprominas.com.br e-mail: diretoria@institutoprominas.com.br 90 Então como determinar no presente, se um conjunto de práticas é sustentável e se realmente sua realização responde a necessidades da sociedade, também, do futuro, ou se será apenas um futuro ônus para ela? Evidentemente não há uma fórmula mágica, uma bola de cristal para responder a esta indagação. Bartholo Jr. & Bursztyn (2001, apud Marrul, 2003: 87), assumem que ―para a prática do princípio ‗sustentabilidade‘o conceito-chave é o de ‗fins‘‖. Na opinião de Marrul (2003: 88), ―o sentido de ‗fins‘ apresentado por esses autores não nos remete apenas para a questão da solidariedade intergeracional que domina, de certa maneira, as discussões sobre sustentabilidade. Os ‗fins‘a que a sustentabilidade se propõe, como construtora de um outro futuro, são propostos da mesma forma, para a construção de um ‗outro presente‘, evitando-se assim que se busquem apenas resolver problemas do futuro, no presente, o que, para Santos (1996), pode causar problemas maiores que aqueles que se pretende resolver. Isso significa que a sustentabilidade, em suas várias dimensões, não deve ser perseguida apenas em benefício das gerações futuras mas, e principalmente, deve ser meio e fim no processo de construção de um outro presente‖. Ainda para Marrul (2003: 88), ―a discussão sobre a construção da sustentabilidade no tempo presente está vinculada à quantidade de bens ambientais que é extraída da natureza para a satisfação das necessidades das presentes gerações, sem que se inviabilize as gerações futuras. Significa também entender o que são necessidades humanas e como elas podem ser satisfeitas de maneira sustentável. O conceito de necessidade, além de seu conteúdo subjetivo no plano do indivíduo,‗(...) possui um conteúdo histórico e cultural, e por si não é capaz de descrever um estado fixo, imutável, para todas as sociedades do planeta, e, sobretudo, para as ‗futuras gerações‘‖(Derani, 1997). Por tudo que foi discutido, sustentabilidade não é um problema técnico que pode ser resolvido por meio da escolha de práticas ―sustentavelmente adequadas‖(reciclagem de resíduos por exemplo), propostas por especialistas em várias áreas de conhecimento. Ainda que se reconheça a importância da ciência e da tecnologia no processo de busca da sustentabilidade, sua contribuição é condição necessária, jamais suficiente. Rua Dr. Moacir Birro, 663 – Centro – Cel. Fabriciano – MG CEP: 35.170-002 Site: www.ucamprominas.com.br e-mail: diretoria@institutoprominas.com.br 91 Pois quando se fala em sustentabilidade há sempre que se perguntar: ―sustentabilidade do que, para quem, quando, onde, por que, por quanto tempo‖(Marrul, 2003). Na verdade, o que está em debate é o caráter da relação sociedade natureza a ser construída para a constituição de ―um outro futuro‖, liberto da lógica da economia de mercado, cujo processo instituinte comece por criar um outro presente diverso do atual. Nesta perspectiva a sustentabilidade comporta múltiplas dimensões. O quadro a seguir, organizado por Simão Marrul (2003: 95), proporciona uma visão das dimensões da sustentabilidade e respectivos critérios a partir das contribuições de vários estudiosos. DIMENSÕES Social Cultural Ecológica CRITÉRIOS • Alcance de um patamar razoável de homogeneidade social; • Distribuição de renda justa; • Emprego pleno e/ou autônomo com qualidade de vida decente; • Igualdade de gênero; incorporação plena da mulher na cidadania econômica (mercado), política (voto) e social (bem-estar); • Universalização de cobertura das políticas de educação, saúde, habitação e seguridade social. • Mudanças no interior da continuidade (equilíbrio entre respeito à tradição e à inovação); • Capacidade de autonomia para elaboração de um projeto nacional integrado e endógeno (em oposição às cópias servis dos modelos alienígenas); • Autoconfiança combinada com abertura para o mundo; • Preservação em seu sentido mais amplo; preservação de valores, práticas e símbolos de identidade; promoção dos direitos constitucionais das minorias. • Preservação do capital/natureza na sua produção de recursos renováveis; • Limitação do uso dos recursos não-renováveis. DIMENSÕES Rua Dr. Moacir Birro, 663 – Centro – Cel. Fabriciano – MG CEP: 35.170-002 Site: www.ucamprominas.com.br e-mail: diretoria@institutoprominas.com.br 92 Ambiental Territorial Econômica Político-institucional (Nacional) Política (Internacional) CRITÉRIOS • Respeito e realce da capacidade de autodepuração dos ecossistemas naturais. • Balanceamento entre configurações urbanas e rurais (eliminação das inclinações urbanas nas alocações do investimento público); • Melhoria do ambiente urbano; • Superação das disparidades inter-regionais; • Implementação de estratégias de desenvolvimento ambientalmente seguras para áreas ecologicamente frágeis. • Desenvolvimento econômico intersetorial equilibrado; • Segurança alimentar; • Capacidade de modernização contínua dos instrumentos de produção; • Razoável nível de autonomia na pesquisa científica e tecnológica; • Inserção soberana na economia internacional. • Democracia definida em termos de apropriação universal dos direitos humanos; • Desenvolvimento da capacidade do Estado para implementar o projeto nacional, em parceria com todos os empreendedores; • Um nível razoável de coesão social; • Democratização da sociedade e do Estado; • Aplicação efetiva do princípio da precaução; • Proteção da diversidade biológica e cultural. • Eficácia do sistema de prevenção de guerras da ONU, na garantia da paz e na promoção da cooperação internacional; • Um pacote Norte-Sul de co-desenvolvimento, baseado na igualdade (regras do jogo e compartilhamento da responsabilidade de favorecimento do parceiro mais fraco); • Controle institucional efetivo do sistema internacional financeiro e de negócios; • Controle Internacional efetivo do Princípio da Precaução na gestão do meio ambiente e dos recursos naturais; prevenção das mudanças globais Rua Dr. Moacir Birro, 663 – Centro – Cel. Fabriciano – MG CEP: 35.170-002 Site: www.ucamprominas.com.br e-mail: diretoria@institutoprominas.com.br 93 negativas; proteção da diversidade biológica e cultural; e gestão do patrimônio global como herança comum da humanidade; • Sistema efetivo de cooperação científica e tecnológica internacional e eliminação parcial do caráter de commodity da ciência e tecnologia, assumindo-se, também como propriedade da herança comum da humanidade. Fonte: Adaptação a partir de Guimarães (1998), Bartholo Jr. & Bursztyn (1999) e Sachs 2000). Portanto, o Estado brasileiro ao praticar a gestão ambiental, está mediando disputas pelo acesso e uso dos recursos ambientais, em nome do interesse público, numa sociedade complexa, onde o conflito é inerente a sua existência. Neste processo, ao decidir sobre a destinação dos bens ambientais (uso, não uso, como usa, quem usa, quando usa, para que usa, onde usa) o Poder Público, além de distribuir custos e benefícios, de modo assimétrico no tempo, no espaço e na sociedade está explicitando, também, o caráter da sustentabilidade que assume, cuja noção comporta variadas possibilidades de atribuição de significados. De fato, ao se falar de sustentabilidade, está se falando de algo polissêmico ou seja, portador de sentidos diversos, tantos quantos forem necessários, para que os atores sociais, em nome de seus valores e interesses, legitimem suas práticas e necessidades na sociedade e, assim, se fortaleçam nas disputas travadas com outros atores, que defendem outros valores e interesses. Acrescente-se, ainda, o grau de incerteza das decisões sobre o destino dos bens ambientais, mesmo quando há utilização do melhor conhecimento disponível sobre a questão e transparência no processo decisório. Estudos demonstram que a percepção de riscos ambientais e tecnológicos, mesmo entre peritos, é mediada por seus valores e crenças (Guivant, 1998). Isto sem perder de vista que estas decisões são tomadas num jogo de pressões e contrapressões, exercidas por atores sociais na defesa de seus valores e interesses. Daí a importância de estarem subjacentes ao processo decisório, de um lado, a noção de limites: seja da disponibilidade dos bens ambientais, seja da capacidade de auto-regeneração dos ecossistemas, ou ainda, do conhecimento científico e tecnológico para lidar com a problemática e, de outro, os princípios que garantam Rua Dr. Moacir Birro, 663 – Centro – Cel. Fabriciano – MG CEP: 35.170-002 Site: www.ucamprominas.com.br e-mail: diretoria@institutoprominas.com.br 94 transparência e justiça social, na prática da gestão ambiental pública (Quintas, 2003). Há ainda a considerar que não é necessariamente óbvio para as comunidades afetadas, a existência de um dano ou risco ambiental e nem tampouco as suas causas, conseqüências e interesses subjacentes à ocorrência deles. O processo de contaminação de um rio, por exemplo, pode estar distante das comunidades afetadas, espacialmente (os objetos são lançados a vários quilômetros rio acima) e temporalmente (começou há muitos anos, e ninguém lembra quando). O processo pode, também, não apresentar um efeito visível (a água não muda de sabor e de cor mas pode estar contaminada por metal pesado, por exemplo) e nem imediato sobre o organismo humano (ninguém morre na mesma hora ao beber a água). Outra dificuldade para percepção objetiva dos problemas ambientais é a tendência das pessoas assumirem a idéia da infinitude de certos recursos ambientais. É comum se ouvir que um grande rio jamais vai secar (até que fique visível a diminuição do volume de suas águas) ou, ainda, que uma grande floresta não vai acabar ou que os peixes continuarão abundantes todos os anos, até que a realidade mostre o contrário. Um outro fator que dificulta, muitas vezes, a participação das comunidades no enfrentamento de problemas ambientais que lhes afetam diretamente, é a sensação de impotência frente à sua magnitude e à desfavorável correlação de forças subjacente. A ocupação desordenada do litoral, por exemplo, que resulta em destruição de dunas, aterramento de manguezais, expulsão de comunidades e privatização de praias, envolve grandes interesses de grupos econômicos e políticos e leva as pessoas a se sentirem incapacitadas de reagirem, perante a força dos atores sociais responsáveis pela degradação daquele ambiente. Há ainda a descrença da população em relação à prática do Poder Público para coibir as agressões ao meio ambiente, quando a degradação decorre da ação de poderosos. É neste espaço de interesses em disputa que o Estado brasileiro deve praticar a gestão ambiental pública, promovendo a construção de graus variados de consensos22, sobre a destinação dos recursos ambientais, no limite do permitido na legislação ambiental. Neste momento, o Poder Público ao aprovar a realização de determinada prática, está assumindo também que ela tem alta probabilidade de ser portadora de sustentabilidade no futuro. Rua Dr. Moacir Birro, 663 – Centro – Cel. Fabriciano – MG CEP: 35.170-002 Site: www.ucamprominas.com.br e-mail: diretoria@institutoprominas.com.br 95 22 Segundo Bobbio, Matteucci & Pasquino (1992)―O termo Consenso denota a existência de um acordo entre os membros de uma determinada unidade social, em relação a princípios, valores, normas, bem como, quanto aos objetivos almejados pela comunidade e aos meios para os alcançar. O Consenso se expressa, portanto, na existência de crenças que são mais ou menos partilhadas pelos membros da sociedade. Se se considera a extensão virtual do Consenso isto é, a variedade dos fenômenos em relação aos quais pode ou não haver acordo, e, por outro lado, à intensidade da adesão às diversas crenças, torna-se evidente que um Consenso total é um tanto improvável mesmo em pequenas unidades sociais, sendo totalmente impensável em sociedades complexas...‖ Portanto, neste texto, consenso não é o mesmo que unanimidade (NA). Entretanto, apesar da Constituição Federal (artigo 37) determinar que no Brasil, a Administração Pública ―obedecerá‖ aos princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência (...), ainda persistem no cotidiano do aparelho do Estado, práticas características do patrimonialismo, cujo traço marcante é a subordinação do interesse público a interesses privados. Esta prática faz com que a Administração Pública muitas vezes dedique mais esforços à distribuição de favores do que à promoção da cidadania. Nem sempre o Poder Público age no sentido de garantir o interesse público (Quintas, 2002b). O que de certa forma dá sentido à desconfiança da população em relação a ação do Estado. Neste contexto, cabe ao Estado criar condições para transformar o espaço ―técnico‖ da ―gestão ambiental‖ em espaço público. E dessa forma, evitar que os consensos sejam construídos apenas entre atores sociais com grande visibilidade e influência na sociedade (os de sempre) à margem de outros, em muitos casos os mais impactados negativamente pelo ato do Poder Público. Apesar de conhecerem profundamente os ecossistemas em que vivem, via de regra, por não possuírem as capacidades necessárias no campo cognitivo e organizativo, para intervirem no processo de gestão ambiental, não conseguem fazer valer seus direitos. Em outras palavras, publicizar, efetivamente as práticas da Administração Pública, trazendo para o processo decisório todos os atores sociais nele implicados, como determina a Constituição Federal e não apenas fazer a sua publicidade. Portanto, trata-se de garantir o controle social, da gestão ambiental, incorporando a participação de amplos setores da sociedade nos processos decisórios sobre a Rua Dr. Moacir Birro, 663 – Centro – Cel. Fabriciano – MG CEP: 35.170-002 Site: www.ucamprominas.com.br e-mail: diretoria@institutoprominas.com.br 96 destinação dos recursos ambientais e, assim, torná-los, além de transparentes, de melhor qualidade. A Educação Ambiental, para cumprir a sua finalidade, conforme definida na Constituição Federal, na Lei 9.795/99, que institui a Política Nacional de Educação Ambiental e em seu Decreto regulamentador (4.281/02), deve proporcionar as condições para o desenvolvimento das capacidades necessárias; para que grupos sociais, em diferentes contextos sócio-ambientais do país, exerçam o controle social da gestão ambiental pública. Isto posto, é necessário elucidar o caráter de uma educação ambiental com este propósito e seus pressupostos. Educação no Processo de Gestão Ambiental23: caminhos que levam a uma prática pedagógica emancipatória. Freqüentemente, educadores de órgãos ambientais e das chamadas organizações não-governamentais, são procurados por grupos sociais, órgãos públicos, empresas, movimentos sociais, escolas, entidades comunitárias e até pessoas, para formularem, orientarem ou desenvolverem programas de educação ambiental a partir de várias temáticas. São trabalhos relacionados com lixo, recursos hídricos, licenciamento ambiental, desmatamento, queimadas, assentamentos de reforma agrária, agrotóxicos, irrigação, manejo florestal comunitário, captura e tráfico de animais silvestres, espécies ameaçadas de extinção, ordenamento da pesca, maricultura, aqüicultura, ecoturismo, unidades de conservação, construção de agendas 21 locais e tantos outros temas que, em muitos casos, estão também associados com questões étnicas, religiosas, políticas, geracionais, de gênero, de exclusão social etc. Além da variedade de temas é comum também se encontrar uma grande variedade de abordagens. O modo como um determinado tema é abordado em projeto de educação ambiental, define tanto a concepção pedagógica quanto o entendimento sobre a questão ambiental assumidos na proposta. A questão do lixo, por exemplo, pode ser trabalhada em programas de educação ambiental, desde a perspectiva do Lixo que não é lixo, em que o eixo central de abordagem está na contestação do consumismo e do desperdício, com ênfase na ação individual por meio dos três R (reduzir, reutilizar e reciclar), até Rua Dr. Moacir Birro, 663 – Centro – Cel. Fabriciano – MG CEP: 35.170-002 Site: www.ucamprominas.com.br e-mail: diretoria@institutoprominas.com.br 97 aquela que toma esta problemática como conseqüência de um determinado tipo de relação sociedade–natureza, histórica e socialmente construída, analisa desde as causas da sua existência até a destinação final do resíduo e, ainda, busca a construção coletiva de modos de compreendê-la e superá-la (a problemática). Para quem se identifica com a primeira perspectiva, está implícita a idéia de que a prevenção ea solução dos problemas ambientais dependeriam, basicamente, de ―cada um fazer sua parte‖. 23 Parte deste texto consta do artigo do autor ―Considerações sobre a formação do educador para atuar no processo de Gestão Ambiental‖(2000). Assim, se cada pessoa passasse a consumir apenas o necessário (aquelas que podem), a reaproveitar ao máximo os produtos utilizados e a transformar os rejeitos em coisas úteis, em princípio estariam economizando recursos naturais e energia e, desta forma, minimizando a ocorrência de impactos ambientais negativos. Os detentores desta conduta também tenderiam a consumir produtos ecologicamente corretos e, assim, estimulariam as empresas a adotarem práticas sustentáveis em seus processos produtivos. Neste quadro, à educação ambiental caberia, principalmente, promover a mudança de comportamento do sujeito em sua relação cotidiana e individualizada com o meio ambiente e com os recursos naturais, objetivando a formação de hábitos ambientalmente responsáveis no meio social. Esta abordagem evidencia uma leitura acrítica e ingênua da problemática ambiental e aponta para uma prática pedagógica prescritiva e reprodutiva. Assim, a transformação da sociedade seria o resultado da transformação individual dos seus integrantes. E a sustentabilidade seria atingida quando todos adotassem práticas sustentáveis, cotidianamente, na sua esfera de ação. Na outra perspectiva, assume-se que o fato de ―cada um fazer sua parte‖, por si só, não garante, necessariamente, a prevenção e a superação dos problemas ambientais. Numa sociedade massificada e complexa, assumir no dia-a-dia condutas coerentes com as práticas de proteção ambiental pode estar além das possibilidades da grande maioria das pessoas. Muitas vezes o indivíduo é obrigado, por circunstâncias que estão fora do seu controle, a consumir produtos que usam embalagens descartáveis em lugar das retornáveis; a alimentar-se com frutas e verduras cultivadas com agrotóxicos; a utilizar o transporte individual em Rua Dr. Moacir Birro, 663 – Centro – Cel. Fabriciano – MG CEP: 35.170-002 Site: www.ucamprominas.com.br e-mail: diretoria@institutoprominas.com.br 98 vez do coletivo, apesar dos engarrafamentos; a cumprir escala de rodízio de veículos; a trabalhar em indústrias poluentes; a aceitar a existência de lixões no seu bairro; a desenvolver atividades com alto custo energético; a morar ao lado de indústrias poluentes; a adquirir bens com obsolescência programada, ou seja, a conviver ou a praticar atos que repudia pessoalmente, cujas razões na maioria dos casos, ignora. De acordo com esta visão, as decisões envolvendo aspectos econômicos, políticos, sociais e culturais são as que condicionam a existência ou inexistência de agressões ao meio ambiente. Nesta concepção, o esforço da educação ambiental deveria ser direcionado para a compreensão e busca de superação das causas estruturais dos problemas ambientais por meio da ação coletiva e organizada. Segundo esta percepção, a leitura da problemática ambiental se realiza sob a ótica da complexidade do meio social eo processo educativo deve pautar-se por uma postura dialógica, problematizadora e comprometida com transformações estruturais da sociedade, de cunho emancipatório. Aqui se acredita que, ao participar do processo coletivo de transformação da sociedade, a pessoa, também, estará se transformando. Nesta perspectiva a sustentabilidade decorreria de um processo de construção coletiva de ―um outro mundo‖ que seja socialmente justo, democrático e ambientalmente seguro. Nesta perspectiva, a prática de uma educação ambiental emancipatória e transformadora (Quintas & Gualda, 1995; Quintas, 2000) comprometida com a construção de um futuro sustentável, deve se fundamentar nos seguintes pressupostos: 1. O meio ambiente ecologicamente equilibrado é: • direito de todos; • bem de uso comum; • essencial à sadia qualidade de vida. 2. Preservar e defender o meio ambiente ecologicamente equilibrado para presentes e futuras gerações é dever: • do poder público; • da coletividade. Preservar e defender o meio ambiente ecologicamente equilibrado antes de ser um dever é um compromisso ético com as presentes e futuras gerações. Rua Dr. Moacir Birro, 663 – Centro – Cel. Fabriciano – MG CEP: 35.170-002 Site: www.ucamprominas.com.br e-mail: diretoria@institutoprominas.com.br 99 3. No caso do Brasil, o compromisso ético de preservar e defender o meio ambiente ecologicamente equilibrado para as presentes e futuras gerações implica: • construir um estilo de desenvolvimento socialmente justo e ambientalmente seguro, num contexto de dependência econômica e exclusão social; • praticar uma Gestão Ambiental democrática, fundada no princípio de que todas as espécies têm direito a viver no planeta, enfrentando os desafios de um contexto de privilégios para poucos e obrigações para muitos. 4. A gestão ambiental é um processo de mediação de interesses e conflitos entre atores sociais que disputam acesso e uso dos recursos ambientais. 5. A gestão ambiental não é neutra. O Estado, ao assumir determinada postura diante de um problema ambiental, está de fato definindo quem ficará, na sociedade e no país, com os custos, e quem ficará com os benefícios advindos da ação antrópica sobre o meio, seja ele físico-natural ou construído. 6. Ao praticar a gestão ambiental, o Estado distribui custos e benefícios de modo assimétrico na sociedade (no tempo e no espaço). 7. A sociedade não é o lugar da harmonia, mas, sobretudo, de conflitos e dos confrontos que ocorrem em suas diferentes esferas (da política, da economia, das relações sociais, dos valores etc.). 8. Apesar de sermos todos seres humanos, quando se trata de transformar, decidir ou influenciar sobre a transformação do meio ambiente, há na sociedade uns que podem mais do que outros. 9. O modo de perceber determinado problema ambiental, ou mesmo a aceitação de sua existência, não é meramente uma questão cognitiva, mas é mediado por interesses econômicos, políticos e posição ideológica e ocorre em determinado contexto social, político, espacial e temporal. A Educação no Processo de Gestão Ambiental deve proporcionar condições para produção e aquisição de conhecimentos e habilidades, e o desenvolvimento de atitudes visando à participação individual e coletiva: • na gestão do uso dos recursos ambientais; • na concepção e aplicação das decisões que afetam a qualidade dos meios físiconatural e sociocultural. 10. Os sujeitos da ação educativa devem ser, prioritariamente, segmentos sociais que são afetados e onerados, de forma direta, pelo ato de gestão Rua Dr. Moacir Birro, 663 – Centro – Cel. Fabriciano – MG CEP: 35.170-002 Site: www.ucamprominas.com.br e-mail: diretoria@institutoprominas.com.br 100 ambiental e dispõem de menos condições para intervirem no processo decisório. 11. O processo educativo deve ser estruturado no sentido de: • superar a visão fragmentada da realidade através da construção e reconstrução do conhecimento sobre ela, num processo de ação e reflexão, de modo dialógico com os sujeitos envolvidos; • respeitar a pluralidade e diversidade cultural, fortalecer a ação coletiva e organizada, articular os aportes de diferentes saberes e fazeres e proporcionar a compreensão da problemática ambiental em toda a sua complexidade; • possibilitar a ação em conjunto com a sociedade civil organizada e sobretudo com os movimentos sociais, numa visão de educação ambiental como processo instituinte de novas relações dos seres humanos entre si e deles com a natureza. • proporcionar condições para o diálogo com as áreas disciplinares e com os diferentes atores sociais envolvidos com a gestão ambiental. Portanto, está se propondo uma educação ambiental crítica, transformadora e emancipatória. Critica na medida em que discute e explicita as contradições do atual modelo de civilização, da relação sociedade-natureza e das relações sociais que ele institui. Transformadora, porque ao pôr em discussão o caráter do processo civilizatório em curso, acredita na capacidade da humanidade construir um outro futuro a partir da construção de um outro presente e, assim, instituindo novas relações dos seres humanos entre si e com a natureza. É também emancipatória, por tomar a liberdade como valor fundamental e buscar a produção da autonomia dos grupos subalternos, oprimidos e excluídos. De acordo com Layrargues (2002: 169), ―um processo educativo eminentemente político, que visa ao desenvolvimento nos educandos de uma consciência crítica acerca das instituições, atores e fatores sociais geradores de riscos e respectivos conflitos socioambientais. Busca uma estratégia pedagógica do enfrentamento de tais conflitos a partir de meios coletivos de exercício da cidadania, pautados na criação de demandas por políticas públicas participativas conforme requer a gestão ambiental democrática.‖ Concepção Metodológica A questão ambiental ao exigir um outro modo de conhecer, que supere a visão fragmentada sobre a realidade, coloca também, o desafio de se organizar Rua Dr. Moacir Birro, 663 – Centro – Cel. Fabriciano – MG CEP: 35.170-002 Site: www.ucamprominas.com.br e-mail: diretoria@institutoprominas.com.br 101 processos de ensino-aprendizagem, onde o ato pedagógico seja um ato de construção coletiva do conhecimento sobre a realidade, num processo dialético de ação-reflexão, ou seja, de exercício da práxis. Realidade aqui entendida ―como processo multidimensional, complexo que tem aspectos ‗transitórios‘e aspectos ‗permanentes‘, aspectos visíveis e aspectos invisíveis, aspectos materiais e aspectos não materiais, aspectos específicos e aspectos gerais, uns agindo sobre os outros em forma de contraposição, de conflito e contradição‖(Arruda, 1986; apud Vasconcelos; 1989: 100). Assim o reconhecimento da complexidade do ato de conhecer implica necessariamente no reconhecimento da complexidade do ato de aprender-ensinar. E mais ainda, trata-se da criação de processos de ensino-aprendizagem que, como alerta Paulo Freire,(1974: 67),―superem a contradição educador-educadores, de tal maneira que se façam ambos, simultaneamente, educadores e educando‖. Segundo Leandro Konder (1992: 115-116), ―a práxis é a atividade concreta, pela qual os sujeitos humanos se afirmam no mundo, modificando a realidade objetiva e, para poderem alterá-la, transformando-se a si mesmos. É a ação que, para se aprofundar de maneira mais conseqüente, precisa de reflexão, do autoquestionamento, da teoria; é a teoria que remete à ação (grifos meus), que enfrenta o desafio de verificar seus acertos e desacertos, cotejando-os com a prática. Os problemas cruciais da teoria se complicam interminável e insuportavelmente quando a teoria se autonomiza demais e se distancia excessivamente da ação‖. Discorrendo sobre a construção da unidade teoria-prática (ou teoria-ação), Marilena Chauí (1980: 81-82) ensina que: a)―a relação teoria-prática é uma relação simultânea e recíproca por meio da qual a teoria nega a prática enquanto prática imediata, isto é, nega a prática como um fato dado para revelá-la em suas mediações e como práxis social, ou seja como atividade socialmente produzida e produtora da existência social. A teoria nega a prática como comportamento e, ação dados, mostrando que se trata de processos históricos determinados pela ação dos homens que, depois, passam a determinar sua ações.‖(grifos meus). b) A prática, por sua vez, nega a teoria como um saber separado e autônomo, como puro movimento de idéias se produzindo uma às outras na cabeça dos Rua Dr. Moacir Birro, 663 – Centro – Cel. Fabriciano – MG CEP: 35.170-002 Site: www.ucamprominas.com.br e-mail: diretoria@institutoprominas.com.br 102 teóricos. Nega a teoria como um saber acabado que guiaria e comandaria de fora a ação dos homens (grifos meus). E negando a teoria enquanto saber separado do real que pretende governar esse real, a prática faz com que a teoria se descubra como conhecimento das condições reais da prática existente, de sua alienação e de sua transformação.‖ Neste sentido, teoria e prática são indissociáveis, são faces de uma mesma moeda. Portanto, o atingimento dos objetivos de aprendizagem passa, necessariamente, pela articulação dos elementos estruturantes do processo de ensino-aprendizagem: conteúdo, subjetividade e contexto na perspectiva da unidade teoria-prática. Como já foi visto, lidar com questão ambiental implica, necessariamente, em se superar a visão fragmentada, da realidade. Isto é válido no campo da produção do conhecimento, na sua aplicação na gestão ambiental e conseqüentemente, no processo de ensino-aprendizagem para compreendê-la e praticá-la. Em termos de abordagem dos conteúdos, deve-se, portanto, ultrapassar as fronteiras disciplinares das várias áreas de conhecimento necessárias à compreensão de qualquer problema. Como se trata de gestão ambiental, esta abordagem, além de considerar a estrutura e a constituição interna das diferentes áreas de conhecimento, inclusive as do chamado saber popular (Martinic, 1994: 69/86), deve articular estas áreas, buscando a construção de um entendimento de determinada realidade a partir da inter-relação de aspectos sociais, econômicos, políticos, legais, éticos, culturais e ecológicos. Entretanto, uma situação-problema (disputa pelo controle de um recurso ambiental, uso do fogo na agricultura, desmatamento, sobrepesca, plantio da soja transgênica, poluição atmosférica, contaminação hídrica etc), aparentemente restrita a determinado lugar, quando analisada com maior profundidade revela relações que a primeira vista pareciam inexistentes. Como trabalhar esta questão em processos de ensino-aprendizagem, com grupos sociais pertencentes a contextos socioambientais específicos? Evidentemente, não existe receita pronta. Há que se considerar as características dos sujeitos da ação educativa, seus saberes e fazeres (Martinic, 1994), a realidade em discussão, as áreas de conhecimento envolvidas, a ordenação e seqüência dos conteúdos, pré-requisitos, tempo disponível etc, com vistas a abordagem de determinada questão. Como não há ―um artifício universal para ensinar Rua Dr. Moacir Birro, 663 – Centro – Cel. Fabriciano – MG CEP: 35.170-002 Site: www.ucamprominas.com.br e-mail: diretoria@institutoprominas.com.br 103 tudo ea todos‖, como queria Comênio em sua Didática Magna, trata-se, portanto, da construção com sujeitos concretos, em contextos socioambientais concretos, de processos de ensino-aprendizagem, cuja temática a ser trabalhada comporta relações e inter-relações, que exigem, para serem compreendidas, o aporte simultâneo de várias áreas do conhecimento (aí incluindo o conhecimento popular). Neste sentido, a concepção metodológica, aqui entendida como (o modo de conceber e organizar a prática educativa) deve constituir-se a partir da articulação de elementos de duas outras concepções, a epistemológica e a pedagógica, nas quais os objetos são, respectivamente, a produção do conhecimento e a sua socialização. De acordo com Edgar Morin (2001: 35-38) ―para articular e organizar os conhecimentos e assim reconhecer e conhecer os problemas do mundo, é necessária a reforma do pensamento. Entretanto, esta reforma é paradigmática e, não programática: é a questão fundamental da educação já que se refere à nossa aptidão para organizar o conhecimento. A esse problema universal confronta-se a educação do futuro, pois existe uma inadequação cada vez mais ampla profunda e grave entre, de um lado, os saberes desunidos, divididos, compartimentados e, de outro, as realidades ou problemas multidisciplinares, transversais, multidimensionais, transnacionais, globais e planetários. Nessa inadequação tornam-se invisíveis: • O contexto • O global • O multidimensional • O complexo.‖ Ainda, segundo Morin,―para que o conhecimento seja pertinente, a educação deve torná-los evidentes‖(grifo meu)(...).―O conhecimento das informações ou dos dados isolados é insuficiente. É preciso situar as informações e os dados em seu contexto para que adquiram sentido (grifo meu). Para ter sentido, a palavra necessita do texto, que é o próprio contexto, E o texto necessita do contexto no qual se enuncia. Desse modo, a palavra ‗amor‘muda de sentido no contexto religioso e no contexto profano‖. Sobre o global (as relações entre o todo e as partes) o autor chama atenção que ele ―é mais que o contexto, é o conjunto das diversas partes ligadas a ele de modo interretroativo ou organizacional. Dessa maneira, uma sociedade é mais que Rua Dr. Moacir Birro, 663 – Centro – Cel. Fabriciano – MG CEP: 35.170-002 Site: www.ucamprominas.com.br e-mail: diretoria@institutoprominas.com.br 104 um contexto: é o todo ao mesmo tempo organizador e desorganizador de que fazemos parte. O todo tem qualidades ou propriedades que não são encontradas nas partes, se estas estiverem isoladas umas das outras, e certas qualidades ou propriedades das partes podem ser inibidas pelas restrições provenientes do todo (grifo meu). É preciso efetivamente recompor o todo para conhecer as partes (...). Além disso, tanto no ser humano, quanto nos outros seres vivos, existe a presença do todo no interior das partes. Cada célula contém a totalidade do patrimônio genético de um organismo policelular; a sociedade, como um todo, está presente em cada indivíduo, na sua linguagem, em seu saber, em suas obrigações e em suas normas. Dessa forma, assim como cada ponto singular de um holograma contém a totalidade da informação do que representa, cada célula singular, cada indivíduo singular contém de maneira ―hologrâmica‖ o todo do qual faz parte e que ao mesmo tempo faz parte dele‖(grifos meus). Ao tratar do multidimensional, Edgar Morin afirma que ―as unidades complexas, como o ser humano ou a sociedade são multidimensionais: dessa forma, o ser humano é ao mesmo tempo biológico, psíquico, social, afetivo e racional. A sociedade comporta as dimensões histórica, econômica, sociológica, religiosa... O conhecimento pertinente deve reconhecer este caráter multidimensional e nele inserir estes dados: não apenas não se poderia isolar uma parte do todo, mas as partes umas das outras; a dimensão econômica por exemplo, está em interretroação permanente com todas dimensões humanas; além disso, a economia carrega em si, de modo ―hologrâmico‖, necessidades, desejos e paixões humanas que ultrapassam os meros interesses econômicos‖. Para Morin,(2001: 38-39)―o conhecimento pertinente deve enfrentar a complexidade‖. Complexus significa que foi tecido junto, de fato, há complexidade quando elementos diferentes são inseparáveis constitutivos do todo (como o econômico, o político, o sociológico, o psicológico, o afetivo, e mitológico), e há um tecido interdependente, interativo e inter-retroativo entre o objeto de conhecimento e seu contexto, as partes e o todo, o todo e as partes, as partes entre em si (grifos meus). Por isso a complexidade é a união, entre a unidade e a multiplicidade (...) Em conseqüência, a educação deve promover a ―inteligência geral‖ apta a referir-se ao complexo, ao contexto, de modo multidimensional e dentro da concepção Rua Dr. Moacir Birro, 663 – Centro – Cel. Fabriciano – MG CEP: 35.170-002 Site: www.ucamprominas.com.br e-mail: diretoria@institutoprominas.com.br 105 global‖.(grifo meu). Neste sentido, praticar a gestão ambiental é agir na complexidade. Um conhecer agindo e um agir conhecendo. Se o espaço de gestão é complexo, a concepção pedagógica subjacente à organização dos processos de ensino-aprendizagem deve ser coerente com esta evidência. Como nos ensina Paulo Freire (1976: 66),―somente os seres humanos que podem refletir sobre sua própria limitação são capazes de libertar-se desde, porém, que sua reflexão não se perca numa vaguidade descomprometida, mas se dê no exercício da ação transformadora da realidade condicionante. Desta forma, consciência de e ação sobre a realidade são inseparáveis constituintes do ato transformador pelo qual homens e mulheres se fazem seres de relação. A prática consciente dos seres humanos, envolvendo reflexão, intencionalidade, temporalidade e transcendência, é diferente dos meros contatos dos animais com o mundo‖. Estes elementos conformadores da prática consciente e a unidade dialética entre teoria e prática, na construção do conhecimento sobre a realidade, para transformála, com a mediação de critérios éticos, são os outros elementos fundamentais que configuram esta concepção. Implícitos nesta concepção, estão um conjunto de princípios que Paulo Freire (1997) propõe como ―saberes necessários à prática educativa‖. São eles:―ensinar exige: rigorosidade metódica; pesquisa; respeito aos saberes dos educandos; criticidade, estética e ética; corporeificação das palavras pelo exemplo; risco, aceitação do novo e rejeição a qualquer forma de discriminação; reflexão crítica sobre a prática; reconhecimento e assunção da identidade cultural; consciência do inacabamento; reconhecimento de ser condicionado; respeito à autonomia do ser do educando; bom senso; humildade, tolerância e luta em defesa dos direitos dos educadores; apreensão da realidade; alegria e esperança; convicção que a mudança é possível; curiosidade; segurança, competência profissional e generosidade; comprometimento; compreender que a educação é uma forma de intervenção no mundo; liberdade e autoridade; tomada consciente de decisões; saber escutar; reconhecer que a educação é ideológica; disponibilidade para o diálogo; e querer bem aos educandos‖. Portanto, estes elementos ea epistemologia da complexidade, como base para Rua Dr. Moacir Birro, 663 – Centro – Cel. Fabriciano – MG CEP: 35.170-002 Site: www.ucamprominas.com.br e-mail: diretoria@institutoprominas.com.br 106 compreensão da problemática ambiental, são as referências fundantes da concepção metodológica desta proposta. Referências Bibliográficas Bobbio, N.; Matteucci, N. & Pasquino, G.(Orgs). Dicionário de Política. Brasília: Edunb, 1992. Chauí, M. O que e ideologia. São Paulo: Brasiliense, 38a edição, 1980. Freire, P. Pedagogia da autonomia-saberes necessários à prática educativa. São Paulo: Paz e Terra, 1997. ____. Ação cultural para a liberdade e outros escritos. Rio de Janeiro: Paz & Terra, 1976. ____. Pedagogia do oprimido. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1974. Gonçalves, CWP Possibilidade e limites da ciência e da técnica diante da questão ambiental. In: Seminários Universidade e Meio Ambiente-Documentos Básicos. Brasília: IBAMA, 1990. 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Brasília: Edições IBAMA, 2002 (Série Meio Ambiente em Debate 43). ____. Por uma educação ambiental emancipatória. SENAC e Educação Ambiental, ano 10, no 1, p. 49, jan/abr. 2001. ____. Considerações Sobre a Formação do Educador para Atuar no Processo de Gestão Ambiental. In: Philippi Júnior, A. & Peliconi, MF (Orgs.). Educação ambiental: Rua Dr. Moacir Birro, 663 – Centro – Cel. Fabriciano – MG CEP: 35.170-002 Site: www.ucamprominas.com.br e-mail: diretoria@institutoprominas.com.br 108 desenvolvimento de cursos e projetos. São Paulo: Universidade de São Paulo. Faculdade de Saúde Pública. Núcleo de Informações em Saúde Ambiental: Signus, 2000. ____. Meio ambiente e cidadania. In: Montoro, TS (Org). Comunicação e mobilização social. Brasília: UNB, Vol. 1. 1996. ____. e Gualda, MJ A formação do educador para atuar no processo de gestão ambiental. Brasília: Edições IBAMA, 1995 (Série Meio Ambiente em Debate 1). Revista de Administração Contemporânea On-line version ISSN 1982-7849 Rev. adm. contemp. vol.8 no.4 Curitiba Oct./Dec. 2004 doi: 10.1590/S1415-65552004000400005 A PROPOSIÇÃO DE UMA TAXONOMIA PARA ANÁLISE DA GESTÃO AMBIENTAL NO BRASIL Sandra Simm Rohrich; João Carlos da Cunha RESUMO Este trabalho propõe uma taxonomia para sistemas de gestão ambiental de Rua Dr. Moacir Birro, 663 – Centro – Cel. Fabriciano – MG CEP: 35.170-002 Site: www.ucamprominas.com.br e-mail: diretoria@institutoprominas.com.br 109 organizações industriais e analisa a relação da gestão ambiental com a inovação tecnológica adotada. As organizações têm demonstrado comportamentos diferenciados quanto às políticas de gestão, recursos aplicados e instrumentos de controle de gestão ambiental, mesmo quando têm um Sistema de Gestão Ambiental certificado. A pesquisa foi realizada em 37 organizações industriais no Brasil e os dados foram analisados com as técnicas de análise fatorial, o teste estatístico Kruskal-wallis e a análise de Clusters. O estudo propõe um modelo de seis fatores para análise da gestão ambiental nas empresas: controle, prevenção (formalização, crescimento, prevenção e cadeia de prevenção) e proatividade. As empresas pesquisadas, certificadas pela norma ISO 14.001, enquadraram-se em três grupos: controle, prevenção e proatividade. O modelo sugerido demonstrou ser válido como um aperfeiçoamento do modelo de classificação da política ambiental proposto por Hunt e Auster (1990). Os diversos grupos de empresas diferenciaram-se também em termos de comportamentos quanto às inovações tecnológicas de processo e origem das tecnologias adotadas. Palavras-chave: gestão ambiental; inovação tecnológica; NBR ISO 14.001. INTRODUÇÃO Historicamente, países como o Brasil, em virtude do atraso em aspectos tecnológicos, educacionais e sociais (elevado grau de pobreza), priorizaram o crescimento sem preocupações com o meio ambiente. A exploração da natureza sobrepõe-se à mentalidade de preservação, encontrada nos países considerados de primeiro mundo. O Brasil tem visto a destruição ambiental como aceitável preço a ser pago pelo progresso econômico ou como uma prioridade menor considerando suas necessidades. Os estudos que observaram a diversidade de empresas do setor produtivo brasileiro constataram grande diversidade de práticas de gestão ambiental. Estas podem variar de acordo com os tipos de produtos e processos de cada organização, assim como também são influenciadas por outros fatores relacionados ao porte, setor, Rua Dr. Moacir Birro, 663 – Centro – Cel. Fabriciano – MG CEP: 35.170-002 Site: www.ucamprominas.com.br e-mail: diretoria@institutoprominas.com.br 110 região de atuação e inovações tecnológicas adotadas. Em referência às inovações tecnológicas, Viegas e Fracasso (1998) afirmam que as empresas que aumentam continuamente a sua capacidade tecnológica estão mais aptas a adotarem o gerenciamento ambiental; porém há diferenças entre os países desenvolvidos e em desenvolvimento. No Brasil, por exemplo, prevalecem as tecnologias chamadas end-of-pipe ou fim de tubo, que tratam os resíduos e efluentes somente no final do processo produtivo, sendo consideradas tecnologias de controle. Schmidheiny (1992, p. 107) afirma que: "Apesar da aceitação geral da prevenção como prioridade máxima para a diminuição de resíduos, a maioria de recursos e esforços reguladores do governo estão ainda orientados no sentido de controle da poluição". De certa forma prevalecem ações corretivas na política ambiental brasileira, com a finalidade de cumprir a legislação, quanto a problemas ocasionados por acidentes ambientais; porém há indícios de que a gestão ambiental das organizações brasileiras está desenvolvendo-se e alcançando níveis que podem superar as ternologias de controle. Uma das demonstrações das mudanças que o Brasil está conquistando é o crescimento do número de organizações em busca de um Sistema de Gestão Ambiental. Visando a analisar o tema exposto este trabalho teve como objetivos propor uma taxonomia para analisar a Gestão Ambiental em organizações industriais com um sistema de gestão ambiental formalizado e analisar o perfil das organizações industriais quanto às tecnologias de produto e de processo em relação ao padrão de gestão ambiental adotado. A GESTÃO AMBIENTAL Os estudos que envolvem a gestão ambiental, na maioria das vezes, trazem determinadas taxonomias, a fim de facilitar a compreensão da variável. Destaca-se o fato de serem identificados níveis diferentes de gestão ambiental, onde se percebem processos de evolução da questão ambiental dentro das organizações. Rua Dr. Moacir Birro, 663 – Centro – Cel. Fabriciano – MG CEP: 35.170-002 Site: www.ucamprominas.com.br e-mail: diretoria@institutoprominas.com.br 111 Muitas vezes são adotados modelos de classificação com três, quatro ou cinco níveis, para caracterizar a preocupação das empresas com os aspectos ambientais. Em todas essas classificações, três níveis se destacam. O primeiro nível corresponde ao controle da poluição, existindo a adaptação à regulamentação ou exigências de mercado. O segundo nível é o da prevenção que ocorre nas funções de produção, modificando-se os processos e/ou produtos. O terceiro nível caracteriza-se pela proatividade e integração do Controle Ambiental na Gestão Administrativa (Donaire, 1994; Maimon, 1994; Maimon, 1995). Hunt e Auster (1990) descrevem cinco estágios no desenvolvimento de programas de gerenciamento ambiental, que vão desde a empresa iniciante, sem nenhuma preocupação ambiental, até a proatividade das empresas altamente comprometidas. Segundo os autores o primeiro estágio envolve organizações que não possuem programas ambientais, ou possuem programas limitados por orçamentos ou relações que os tornam impotentes. O segundo estágio é formado por um pequeno staff centralizado, que auxilia na resolução das crises ambientais. No terceiro estágio, a organização considera que o máximo a ser feito pelo meio ambiente é a prevenção de acidentes. Não existe efetivamente um programa proativo de gestão ambiental. Existe um departamento ambiental, formado por especialistas como geólogos, químicos e biólogos, mas que não possuem influência nem autoridade para fazer mudanças efetivas. No quarto estágio, é dedicado tempo para gerenciar os problemas ambientais. Os departamentos ambientais têm experiência, financiamento e autoridade. Avaliam riscos, começam a desenvolver a educação ambiental e programas para treinar os trabalhadores chaves. No quinto estágio, as organizações possuem programas que se estendem por meio da corporação, educam os funcionários com informações e responsabilidade, monitoram as operações continuamente e são rápidos em resolver os problemas. Esse último pode ser observado como proativo, porquanto, segundo Sanches (2000), é observada a incorporação de fatores ambientais nas metas, políticas e estratégias da empresa, considerando os riscos e impactos ambientais não só de seus processos produtivos, mas também de seus produtos. Rua Dr. Moacir Birro, 663 – Centro – Cel. Fabriciano – MG CEP: 35.170-002 Site: www.ucamprominas.com.br e-mail: diretoria@institutoprominas.com.br 112 Uma taxonomia proveniente de análises de autores na área econômica, Cromwell e Winpenny (1993) apud Gueorguieva e Bolt (2003), propôs uma estrutura para análise dos efeitos ambientais em quatro dimensões: cobertura espacial, escala de produção, mix de produtos e técnicas de produção. Essa proposta, diferentemente das anteriores, identifica aspectos diferentes e não excludentes. Em uma interrelação das teorias anteriores com a proposta atual torna-se possível observar que as dimensões de Cromwell e Winpenny (1993) podem ser tanto corretivas, quanto preventivas ou proativas. Kessler e Van Dorp (1998) propuseram uma taxonomia para avaliação das estratégias ambientais, cujas principais ênfases constatadas pelos autores são as seguintes: a) A qualidade ambiental do solo, da água e das florestas. b) A regulamentação ambiental ou funções estabilizadoras de recursos e as conseqüências dos impactos na sociedade. c) Conseqüências de longo prazo e limites à degradação ambiental para diferentes sistemas humanos, utilizando os recursos naturais. Percebe-se que em todas as propostas é possível classificar as organizações em níveis diferentes quanto ao padrão de gestão ambiental adotado. Fatores como o respeito à legislação, por exemplo, geralmente são tratados como corretivos ou voltados ao controle da poluição. Já as mudanças em produtos e processos, ou a percepção da necessidade de longo prazo para as questões ambientais podem ser vistas como comportamento proativo em relação à gestão ambiental. Desse modo, o presente trabalho buscou identificar essas diferenças quanto à importância dada aos fatores ambientais na gestão de algumas organizações localizadas no Brasil, porquanto, mesmo nas empresas que possuem certificação ISO 14.001, são encontradas especificidades no tratamento do problema. PRINCÍPIOS DA TECNOLOGIA AMBIENTAL Rua Dr. Moacir Birro, 663 – Centro – Cel. Fabriciano – MG CEP: 35.170-002 Site: www.ucamprominas.com.br e-mail: diretoria@institutoprominas.com.br 113 A Comissão Mundial para o Meio Ambiente e Desenvolvimento - CMMAD (1991) afirma alguns aspectos referentes às promessas e riscos das novas tecnologias: "A tecnologia continuará a mudar a tessitura social, econômica e cultural das nações e da comunidade mundial; as tecnologias novas oferecem grandes oportunidades para elevar a produtividade e os padrões de vida, melhorar a saúde e conservar as bases dos recursos naturais". Acreditando na eficácia da inovação tecnológica, Barbieri (1997) argumenta que inovações ambientalmente saudáveis são aquelas que respeitam o meio ambiente e contribuem para ampliar a capacidade de suporte dos ecossistemas a que elas se aplicam. As inovações tecnológicas de produto e de processo podem variar de acordo com a importância atribuída à gestão ambiental; quanto mais proativa a organização, mais inovações tecnológicas voltadas ao meio ambiente serão encontradas. "A preocupação ambiental deve resultar em ações que modifiquem o processo produtivo e o produto de maneira a torná-los menos impactantes sobre o meio ambiente" (Daroit e Nascimento, 2000, p. 2). No mesmo sentido, Souza (1993) afirma que a agenda 21 é importante caminho na consecução da sustentabilidade ecológica e melhoria dos sistemas de produção. Isso deve ser obtido por meio de tecnologias e processos que utilizem recursos de forma eficiente e que minimizem os refugos durante o ciclo de vida do produto. Daroit e Nascimento (2000) argumentam ainda a respeito do crescimento da conscientização ecológica, resultando em maiores exigências quanto ao desempenho ambiental dos produtos, além da legislação ambiental que pressiona ações nos processos e produtos. Assim, segundo os autores, essa realidade obriga as organizações a desenvolverem inovações ambientais chamadas de ecoinovações. Estas são observadas por Venzke (2002) como ecoeficientes, onde se torna possível identificar o equilíbrio entre a eficiência dos recursos e a responsabilidade ambiental. Blumenfeld (1991), Quadro1, analisa o ciclo de vida dos produtos, considerando Rua Dr. Moacir Birro, 663 – Centro – Cel. Fabriciano – MG CEP: 35.170-002 Site: www.ucamprominas.com.br e-mail: diretoria@institutoprominas.com.br 114 desde a aquisição de materiais, disposição de resíduos perigosos, disposição final do produto, enfocando a sua atenção para além do produto em si, ou seja, para a sua embalagem. Abarca et al. (1997) também abordam a importância da análise do ciclo de vida, posicionando-a como ferramenta para obter informações detalhadas para as áreas responsáveis no desenvolvimento de produtos. Quanto aos processos, Fiksel (1996) caracteriza os processos mais limpos como aqueles em que há inovações tecnológicas, a fim de gerar menos poluição. Os produtos mais limpos seriam aqueles que geram menos poluição e lixo durante o seu ciclo de vida. O autor afirma que as inovações para os produtos vão além dos processos, porque, muitas vezes, exigem reconfiguração do processo produtivo, que está acima da aplicação de melhorias contínuas. Neder (1992) propõe que as conseqüências tecnológicas dos processos possuem impactos em dois planos: a) Troca de sistemas, máquinas e equipamentos, com eventual adoção de novas tecnologias de origem microeletrônica, novos materiais, biotecnologia visando direta Rua Dr. Moacir Birro, 663 – Centro – Cel. Fabriciano – MG CEP: 35.170-002 Site: www.ucamprominas.com.br e-mail: diretoria@institutoprominas.com.br 115 e exclusivamente ao controle da poluição. b) Processo produtivo mais amplo, no qual são alteradas as exigências técnicas e produtivas, gestão do trabalho e demais aspectos relacionados à modernização da base técnica. É importante lembrar que, por serem predominantes as ações corretivas, grande parte das indústrias no país enfatiza mais a modernização da tecnologia de controle ambiental e menos o processo produtivo para melhorias ambientais. Entretanto, analisando as mudanças mais amplas no processo produtivo, aquelas cujas tecnologias aplicadas passam a ser consideradas limpas, as inovações tecnológicas voltadas ao meio ambiente se tornam duas: as de controle e as de prevenção (Pereira, Cunha e Pereira, 1997). Daroit e Nascimento (2000) consideram que as inovações de processo podem ser opções de fim de tubo ou tecnologias que resultem em produção mais limpa, porém ressaltando que as soluções fim de tubo se vêm revelando insuficientes. Os autores ainda ressaltam que as tecnologias de produção mais limpa podem reduzir os custos com investimentos em tecnologias caras e complexas de tratamento de fim de tubo, além de cumprirem a legislação ambiental. Desse modo, o caso clássico de uma tecnologia limpa de controle são as Estações de Tratamento de Efluentes (ETE). Os autores citados demonstram parecer natural que a organização adote primeiramente a tecnologia de controle, para depois alcançar a de prevenção, como, por exemplo, a redução de produtos químicos e metais pesados no processo de produção. Como tecnologias limpas, os autores citam todas as tecnologias utilizadas na produção de bens e serviços que não destroem o meio ambiente. Por exemplo: 1) reciclagem de papel, latas, entre outros; 2) uso de energias alternativas, como a eólica, solar, biomassa e células fotovoltaicas; 3) produtos biodegradáveis; 4) tecnologias para redução e prevenção da poluição do ar, das águas, do solo ou a sonora, ou dos resíduos sólidos e a visual. North (1997) apresenta uma metodologia para P&D: pesquisa e desenvolvimento de Rua Dr. Moacir Birro, 663 – Centro – Cel. Fabriciano – MG CEP: 35.170-002 Site: www.ucamprominas.com.br e-mail: diretoria@institutoprominas.com.br 116 produtos e processos ecológicos, a qual pode ser utilizada no gerenciamento da inovação tecnológica. A preocupação em torno das questões ambientais evidencia que a introdução de tecnologias ecologicamente mais adequadas passam a ser vistas pelas empresas não apenas como estratégia preventiva, mas também como vantagem de mercado altamente competitiva, permitindo que elas usem mais produtivamente uma série de insumos. O desempenho ambiental do setor industrial está associado, portanto, ao Rua Dr. Moacir Birro, 663 – Centro – Cel. Fabriciano – MG CEP: 35.170-002 Site: www.ucamprominas.com.br e-mail: diretoria@institutoprominas.com.br 117 desafio de produzir mais, utilizando menos recursos (Oashi e Simon, 1997). METODOLOGIA DO ESTUDO A população da pesquisa abrangeu todas as indústrias localizadas no Brasil que possuíam um Sistema de Gestão Ambiental formalizado e certificado pela norma NBR ISO 14.001 até junho de 2000. Essa população compunha um total de 149 organizações, segundo o Comitê Brasileiro de Gestão Ambiental, vinculado à Associação Brasileira de Normas Técnicas - ABNT. Foi utilizada uma amostra não probabilística por conveniência. Inicialmente a intenção foi enviar os questionários para todas as empresas da população; porém, devido à dificuldade na obtenção dos dados das empresas e respectivos contatos, foram enviados questionários para 62 empresas do total de 149. Os questionários foram respondidos pelos responsáveis pela área de gestão ambiental das organizações. Como retorno foi obtido um total de 37 questionários válidos, ou seja, 59% da amostra. Assim, os dados primários foram obtidos por meio de questionário estruturado, composto de perguntas fechadas, construídas com base em escala de cinco pontos do tipo Likert. Os objetivos do estudo foram os dois seguintes: a) propor uma taxonomia para analisar a Gestão Ambiental em organizações industriais com um sistema de gestão ambiental formalizado e localizadas no Brasil; b) analisar o perfil das organizações industriais quanto às tecnologias de produto e de processo em relação ao padrão de gestão ambiental adotado. ANÁLISE DOS DADOS Como procedimento para estruturar a investigação foram formuladas as quatro hipóteses seguintes: Rua Dr. Moacir Birro, 663 – Centro – Cel. Fabriciano – MG CEP: 35.170-002 Site: www.ucamprominas.com.br e-mail: diretoria@institutoprominas.com.br 118 H1) A gestão ambiental, de acordo com o grau de importância dada às questões relativas ao meio ambiente, pode ser caracterizada como controle, preventiva ou proativa. Para verificar esta primeira hipótese de pesquisa, utilizou-se a análise fatorial. H2) Organizações que possuem um Sistema de Gestão Ambiental, caracterizado por controle, prevenção ou proatividade, enfatizam, de modo diferenciado, as inovações tecnológicas de processos. H3) Organizações que possuem um Sistema de Gestão Ambiental, caracterizado por controle, prevenção ou proatividade, enfatizam, de modo diferenciado, as inovações tecnológicas de produtos. H4) Organizações que possuem um Sistema de Gestão Ambiental, caracterizado por controle, prevenção ou proatividade, enfatizam, de modo diferenciado, a origem da tecnologia. A verificação das hipóteses de número 2, 3 e 4 foi realizada por meio do teste estatístico denominado Análise de Cluster, que possibilita a verificação da formação de grupos de empresas com propriedades em comum. Foi realizado o teste partindo-se do agrupamento da variável gestão ambiental em grupos de empresas com comportamentos semelhantes quanto às variáveis da gestão ambiental. Com a obtenção dos Clusters, a verificação de diferenças entre os grupos foi realizada pela aplicação do teste Kruskal-Wallis. Após a confirmação das diferenças, a análise de cada fator foi realizada com base nos valores da moda de cada item analisado. Para testar as hipóteses, foram aplicadas as conclusões de Rohrich (2001); este, mediante análise fatorial, encontrou, entre outros fatores, três que podem ser empregados para classificar as inovações tecnológicas voltadas ao meio ambiente: produtos, processos e origem da tecnologia: Rua Dr. Moacir Birro, 663 – Centro – Cel. Fabriciano – MG CEP: 35.170-002 Site: www.ucamprominas.com.br e-mail: diretoria@institutoprominas.com.br 119 Análise da Gestão Ambiental Analisando a hipótese H1 a análise fatorial verificou 19 variáveis da escala aplicada no questionário e agrupadas em 6 fatores, explicando 77,38% da variância total, conforme Tabela 1. Para testar a correlação entre as variáveis foi utilizado o teste KMO (Kaiser-Meyer-Olkin) e Bartlett. Resultados encontrados: Kaiser-Meyer-Olkin - Medição da adequação da amostra 0,540 Teste de Bartlett's 449,894 Sig. 0,000 Dimensões Identificadas Rua Dr. Moacir Birro, 663 – Centro – Cel. Fabriciano – MG CEP: 35.170-002 Site: www.ucamprominas.com.br e-mail: diretoria@institutoprominas.com.br 120 Nesse fator, o item que variou inversamente refere-se à preocupação da gestão ambiental com o tratamento de resíduos e efluentes. Esta não é preocupação da proatividade, pois estaria mais voltada às questões de controle da poluição. Pertencem ao fator proatividade a autoridade formal designada por função específica; a participação dos objetivos ambientais na formulação das estratégias e a existência de programas de educação ambiental. Esse fator enfatiza as questões voltadas à opinião da comunidade em relação às conseqüências das atividades organizacionais para o meio ambiente. A presença de especialistas ambientais também se caracteriza como prevenção, conforme constatado por Hunt e Auster (1990). Rua Dr. Moacir Birro, 663 – Centro – Cel. Fabriciano – MG CEP: 35.170-002 Site: www.ucamprominas.com.br e-mail: diretoria@institutoprominas.com.br 121 Identificado como prevenção para a formalização, enfatiza eventos formais, como a elaboração de relatórios escritos e a adoção de auditorias ambientais periódicas. As influências do ambiente externo passam a ser mais consideradas a partir do fator prevenção para o crescimento, onde se destacam a influência dos consumidores, a adoção de inovações tecnológicas e a previsão de orçamentos para a gestão ambiental. Interpretado como cadeia de prevenção, primeiramente a organização faz exigências aos seus fornecedores e, internamente, divulga as suas práticas para Rua Dr. Moacir Birro, 663 – Centro – Cel. Fabriciano – MG CEP: 35.170-002 Site: www.ucamprominas.com.br e-mail: diretoria@institutoprominas.com.br 122 toda a organização. Conforme pode ser verificado na Tabela 7, o controle dos níveis da gestão ambiental geralmente é realizado mediante algumas práticas comuns: medição dos níveis de poluição, cumprimento de legislação e envolvimento com a área produtiva, principalmente para aplicação de tecnologias end of pipe, ou fim de tubo. Formação de Grupos de Empresas com Propriedades em Comum Utilizou-se a análise de Cluster para testar as hipóteses da H2 à H4. Optou-se pelo método hierárquico, a fim de descobrir o comportamento dos grupos de empresas quanto à variável gestão ambiental. Para verificar se os grupos encontrados em relação à variável gestão ambiental eram iguais ou diferentes, utilizou-se o teste não paramétrico denominado KruskallWallis, que foi adequado para confirmar as diferenças. Identificação dos Clusters Para identificação dos clusters encontrados na análise foram observados alguns dados descritivos dos clusters, com base nos valores das modas obtidas nas respostas de cada item, a fim de identificá-los conforme os seus comportamentos em relação às variáveis gestão ambiental. O primeiro cluster, formado por onze empresas, ficou denominado Grupo Proativo, pois as empresas que representam este grupo são as que possuem as Rua Dr. Moacir Birro, 663 – Centro – Cel. Fabriciano – MG CEP: 35.170-002 Site: www.ucamprominas.com.br e-mail: diretoria@institutoprominas.com.br 123 características ambientais nos níveis mais elevados das análises. Nos itens referentes aos fatores, prevenção para a formalização e proatividade em relação às características ambientais, as empresas desse grupo apresentaram os maiores escores possíveis no estudo. Nos itens referentes aos fatores prevenção para a comunidade, prevenção para o crescimento e cadeia de prevenção, o grupo atingiu os maiores escores do estudo, embora não tenham sido o máximo possível. O segundo cluster, com quinze empresas, denominado Grupo Preventivo, obteve escores inferiores na prevenção para a comunidade, tratando-se principalmente de pesquisas de opinião da comunidade e divulgação de práticas ambientais na comunidade. Os escores do grupo também são inferiores ao proativo quanto à prevenção para o crescimento, pois o grupo exerce menos influência no processo de decisão de compra de seus clientes, em relação a características ambientais. Em relação ao fator cadeia de prevenção, o grupo está fazendo menos exigências a seus fornecedores quanto a características ambientais. O terceiro cluster, com onze empresas, Grupo Controle, devido à obtenção dos maiores escores possíveis nos fatores controle e formalização. Em relação à proatividade, o grupo não possui autoridade formal para todas as situações ambientais. No fator prevenção para a comunidade, o grupo apresentou escores muito reduzidos, demonstrando poucas pesquisas em relação à opinião da comunidade. Quanto às práticas ambientais adotadas pelas organizações, não há especialistas ambientais em todas as organizações e também não há suficiente divulgação das práticas ambientais na comunidade. Verificação das Hipóteses da H2 a H4 Esta hipótese objetivou verificar se as organizações que possuem um Sistema de Gestão Ambiental, caracterizado por controle, prevenção (comunidade, formalização, crescimento, cadeia de prevenção) ou proatividade, enfatizam de modo diferenciado as inovações tecnológicas para controle de processos. Essa hipótese foi aceita de acordo com a observação dos diferentes comportamentos apresentados pelos grupos Proativo, Preventivo e Controle, Rua Dr. Moacir Birro, 663 – Centro – Cel. Fabriciano – MG CEP: 35.170-002 Site: www.ucamprominas.com.br e-mail: diretoria@institutoprominas.com.br 124 evidenciado no teste Kruskal-Wallis, cujas significâncias obtidas foram: 0,026; 0,002; 0,139; 0,001 e 0,006; comprovou-se, assim, a diferença entre os grupos. A avaliação se as organizações que possuem um Sistema de Gestão Ambiental, caracterizado por controle, prevenção (comunidade, formalização, crescimento, cadeia de prevenção) ou proatividade, enfatizam de modo diferenciado as inovações tecnológicas de produtos. Essa hipótese foi rejeitada, considerando que não há diferentes ênfases em relação às inovações tecnológicas de produtos para os Grupos Proativo, Preventivo e Controle, conforme se observou na significância obtida no teste Kruskal-Wallis, cujas significâncias obtidas foram: 0,357 e 0,321; não demonstrando diferença entre os grupos. Avaliando a quarta hipótese, se as organizações que possuem um Sistema de Gestão Ambiental, caracterizado por controle, prevenção (comunidade, formalização, crescimento, cadeia de prevenção) ou proatividade, enfatizam de modo diferenciado a origem das tecnologias, constatou-se que essa hipótese pode ser confirmada em relação à diversidade de comportamentos, apresentados pelos grupos proativo, preventivo e controle e pela confirmação das diferenças observadas no teste Kruskal-Wallis 0,046. Verifica-se que os clusters analisados são diferentes quanto às inovações tecnológicas de processo, principalmente nos itens relativos às altas tecnologias e utilização de materiais alternativos. Na origem das inovações tecnológicas, evidenciou-se que para as organizações pertencentes aos clusters proativo e controle a maioria de suas inovações tecnológicas são de origem externa, sendo possível considerar que essas empresas não desenvolvem suas próprias tecnologias. Quanto às inovações tecnológicas de produto, apenas no item que se refere à responsabilidade ambiental o grupo considerado como controle obteve menor êxito. Contudo, no item que analisou a importância dada ao ciclo de vida dos produtos, os três grupos assinalaram para o índice cinco na escala de Likert, de modo que esta análise seria realizada em todos os tipos de empresas pesquisadas. Rua Dr. Moacir Birro, 663 – Centro – Cel. Fabriciano – MG CEP: 35.170-002 Site: www.ucamprominas.com.br e-mail: diretoria@institutoprominas.com.br 125 CONCLUSÕES As organizações localizadas no Brasil têm demonstrado diferentes comportamentos quanto aos aspectos que tangem à gestão ambiental. Mesmo nos casos em que se observa a existência de um Sistema de Gestão Ambiental certificado conforme a NBR ISO 14.001, há diferenças consideráveis entre as organizações. Este trabalho tomou por base outros que procuraram delinear taxonomias para a gestão ambiental, de modo que os principais autores referenciados na construção desta taxonomia foram Hunt e Auter (1990). Como metodologia optou-se pela análise fatorial, onde foram identificados seis fatores para análise da variável gestão ambiental. Estes foram caracterizados como controle, prevenção (formalização, crescimento, prevenção e cadeia de prevenção) e proatividade. Quanto às empresas, a análise de cluster permitiu evidenciar três grupos de empresas: controle, prevenção e proatividade. Esta classificação está montada em ordem crescente de preocupação e ação efetiva das empresas em relação ao meio ambiente. As empresas pertencentes ao grupo proativo seriam as que adotaram as melhores práticas ambientais, enquanto o grupo denominado controle é o que adotou as práticas mais simples. Evidenciou-se que as organizações consideradas proativas são aquelas que têm como diferencial a análise dos possíveis impactos sociais de suas atividades e a divulgação de suas práticas na comunidade. Nesse grupo as empresas, na sua maioria, analisam o processo de decisão de compra dos consumidores e as possíveis influências dos atributos ambientais, aspectos pouco praticados pelos grupos prevenção e controle. Esses grupos também demonstraram comportamentos diversos quanto às inovações tecnológicas de processo e origem das tecnologias adotadas. Do ponto de vista das inovações tecnológicas, o grupo proativo destaca-se principalmente pela mudança das características dos processos ou composição final dos produtos, o que ressalta a afirmação a respeito da influência no processo de decisão de compra do consumidor, quanto aos possíveis atributos ambientais. Rua Dr. Moacir Birro, 663 – Centro – Cel. Fabriciano – MG CEP: 35.170-002 Site: www.ucamprominas.com.br e-mail: diretoria@institutoprominas.com.br 126 Quanto à origem das tecnologias foram verificadas duas situações: a primeira diz respeito aos grupos proativo e controle, que em ambos os casos, as tecnologias empregadas são, na maior parte das vezes, de origem externa, talvez porque nacionalmente ainda não haja o domínio tecnológico para abranger todo o mercado, observação que pode ser aprofundada em outras pesquisas. Nas inovações tecnológicas de produtos, os três grupos têm comportamentos semelhantes quanto à análise do ciclo de vida; todavia, no item que trata da responsabilidade ambiental após a venda e consumo, a ênfase se deu gradualmente: o grupo proativo apresentou desempenho superior ao preventivo e este ao controle. Estudos futuros poderão ser realizados, buscando maior aprofundamento por meio de entrevistas pessoais com os responsáveis pelas áreas de gestão ambiental, o que poderia ser feito mediante a utilização de outras metodologias mais voltadas a análises qualitativas; a extensão desse estudo para populações maiores seria mais uma forma para conseguir a generalização de algumas conclusões percebidas. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ABARCA, C. D. G. et al. ISO 14000 - Análisis del ciclo de vida. In: ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO, 17., 1997, Gramado. Anais... Gramado: ENEGEP, 1997.CD-ROM. [ Links ] BARBIERI, J. C. Políticas públicas indutoras de inovações tecnológicas ambientalmente saudáveis nas empresas. Revista de Administração Pública, São Paulo, v. 31, n. 2, p. 135-52, mar/abr. 1997. [ Links ] BLUMENFELD,K. Managing the product life cycle. Management Review, v. 80, n.3, p. 30-32, mar., 1991. [ Links ] COMISSÃO MUNDIAL SOBRE MEIO AMBIENTE E DESENVOLVIMENTO (CMMAD). 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Capacidade tecnológica e gestão de resíduos em empresas de calçados do Vale dos Sinos : Estudo de dois casos. Revista de Administração Contemporânea, Curitiba, v. 2, n. 2, p. 41-62, maio/ago. 1998. [ Links ] Artigo recebido em 03.05.2003. Aprovado em 15.04.2004. Sandra Simm Rohrich, Doutoranda em Política Científica e Tecnológica pela Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP). Mestre em Administração de Empresas pela Universidade Federal do Paraná (UFPR). Graduada em Administração de Empresas pela Faculdade de Administração e Economia (FAE). Professora do Curso de Administração de Empresas das Faculdades SPEI (Sociedade Paranaense de Ensino e Informática). Suas áreas de interesse em pesquisa são gestão ambiental e inovação tecnológica. Endereço: Av. Presidente Affonso Camargo, 5011, casa 03, Curitiba, PR, Brasil, CEP 82810-000. E-mail: sandrasimm@ige.unicamp.br João Carlos da Cunha, Doutor em Administração pela Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade (FEA) da Universidade de São Paulo (USP). Mestre em Administração pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-RJ). Professor Titular em Negócios Internacionais da Universidade Federal do Paraná (UFPR). Suas áreas de interesse em pesquisa são inovação tecnológica, competitividade, arranjos produtivos. Endereço: Av. Pref. Lothario Meissner, 3400, Campus III, UFPR, Jardim Botânico, Curitiba, PR, Brasil, CEP 80210-170. E-mail: jccunha@ufpr.br Rua Dr. Moacir Birro, 663 – Centro – Cel. Fabriciano – MG CEP: 35.170-002 Site: www.ucamprominas.com.br e-mail: diretoria@institutoprominas.com.br 129 GESTÃO AMBIENTAL: um enfoque no desenvolvimento sustentável Maria Elisabeth Pereira Kraemer Contadora, Professora e membro da equipe de Ensino e Avaliação na pró-Reitoria de Ensino da UNIVALI – Universidade do Vale do Itajaí. Mestre em Relações Econômicas Sociais e Internacionais pela Universidade do Minho-Portugal. Doutoranda em Ciências Empresariais pela Universidade do Museu Social da Argentina. Contato: beth.kraemer@terra.com.br Resumo A ameaça à sobrevivência humana em face da degradação dos recursos naturais, a extinção das espécies da fauna e flora, o aquecimento da temperatura devido à emissão de gases poluentes fizeram a questão ambiental ocupar um lugar de destaque nos debates internacionais. O meio ambiente da empresa é constituído por diversas formas de relacionamento, considerando as disciplinas gerenciais, as técnicas e o processo de produção junto às instalações e ao meio interno e externo, incluindo-se também a relação entre mercado, cliente, fornecedores, comunidade e consumidor. Neste sentido, o gerenciamento ambiental não pode separar e nem ignorar o conceito de ambiente empresarial em seus objetivos, pois o desenvolvimento deste conceito possibilita melhores resultados nas relações internas e externas, com melhorias na produtividade, na qualidade e nos negócios. Introdução A incorporação da variável ambiental dentro da gestão empresarial se tem convertido em uma necessidade inexplicável para aquelas empresas que não queriam atuar e cumprir com as obrigações perante a sociedade. Esta incorporação se desenvolve eficientemente mediante a inclusão junto ao sistema de gestão geral da empresa, conhecida como Sistema de Gestão Ambiental, que deve instrumentar-se mediante os meios e estruturas necessárias Rua Dr. Moacir Birro, 663 – Centro – Cel. Fabriciano – MG CEP: 35.170-002 Site: www.ucamprominas.com.br e-mail: diretoria@institutoprominas.com.br 130 para que não fique só como uma mera declaração de intenções. Neste contexto, este artigo trata do desenvolvimento econômico em relação ao meio ambiente; a responsabilidade ambiental da empresa; desenvolvimento sustentável; gestão ambiental; impacto ambiental; benefícios da gestão ambiental; sistema de gestão ambiental e por fim trata dos padrões internacionais de gestão ambiental como: ISO 14000, BS 7750 e EMAS. Desenvolvimento econômico em relação ao meio ambiente Os avanços ocorridos na área ambiental quanto aos instrumentos técnicos, políticos e legais, principais atributos para a construção da estrutura de uma política de meio ambiente, são inegáveis e inquestionáveis. Nos últimos anos, saltos quantitativos foram dados, em especial no que se refere à consolidação de práticas e formulação de diretrizes que tratam a questão ambiental de forma sistêmica e integrada. Neste sentido, o desenvolvimento da tecnologia deverá ser orientado para metas de equilíbrio com a natureza e de incremento da capacidade de inovação dos países em desenvolvimento, e o programa será atendido como fruto de maior riqueza, maior benefício social eqüitativo e equilíbrio ecológico. Meyer (2000) enfoca que, para esta ótica, o conceito de desenvolvimento sustentável apresenta pontos básicos que devem considerar, de maneira harmônica, o crescimento econômico, maior percepção com os resultados sociais decorrentes e equilíbrio ecológico na utilização dos recursos naturais. Assume-se que as reservas naturais são finitas, e que as soluções ocorrem através de tecnologias mais adequadas ao meio ambiente. Deve-se atender às necessidades básicas usando o princípio da reciclagem. Parte-se do pressuposto de que haverá uma maior descentralização, que a pequena escala será prioritária, que haverá uma maior participação dos segmentos sociais envolvidos, e que haverá prevalescência de estruturas democráticas. A forma de viabilizar com equilíbrio todas essas características é o grande desafio a enfrentar nestes tempos. Neste sentido, Donaire (1999) diz que o retorno do investimento, antes, entendido simplesmente como lucro e enriquecimento de seus acionistas, ora em diante, passa, fundamentalmente, pela contribuição e criação de um mundo sustentável. Estes processos de produção de conhecimento têm oportunizado o Rua Dr. Moacir Birro, 663 – Centro – Cel. Fabriciano – MG CEP: 35.170-002 Site: www.ucamprominas.com.br e-mail: diretoria@institutoprominas.com.br 131 desabrochar de práticas positivas e pró-ativas, que sinalizam o desabrochar de métodos e de experiências que comprovam, mesmo que em um nível ainda pouco disseminado, a possibilidade de fazer acontecer e tornar real o novo, necessário e irreversível, caminho de mudanças. Isto é corroborado por Souza (1993), ao dizer que as estratégias de marketing ecológico, adotadas pela maioria das empresas, visam a melhoria de imagem tanto da empresa quanto de seus produtos, através da criação de novos produtos verdes e de ações voltadas pela proteção ambiental. Desse modo, o gerenciamento ambiental passa a ser um fator estratégico que a alta administração das organizações deve analisar. Figura 1 - Motivação para proteção ambiental na empresa Fonte: Callenbach et al (1993, p. 26) Neste contexto, as organizações deverão, incorporar a variável ambiental no aspecto de seus cenários e na tomada de decisão, mantendo com isso uma postura responsável de respeito à questão ambiental. Empresas experientes identificam resultados econômicos e resultados estratégicos do engajamento da organização na causa ambiental. Estes resultados não se viabilizam de imediato, há necessidade de que sejam corretamente planejados e organizados todos os passos para a interiorização da variável ambiental na organização para que ela possa atingir o conceito de excelência ambiental, trazendo com isso vantagem competitiva. Os dez passos necessários para a excelência ambiental segundo Elkington & Burke, Rua Dr. Moacir Birro, 663 – Centro – Cel. Fabriciano – MG CEP: 35.170-002 Site: www.ucamprominas.com.br e-mail: diretoria@institutoprominas.com.br 132 apud Donaire (1999) são os seguintes: "1 - Desenvolva e publique uma política ambiental. 2 - Estabeleça metas e continue a avaliar os ganhos. 3 - Defina claramente as responsabilidades ambientais de cada uma das áreas e do pessoal administrativo (linha de assessoria). 4 - Divulgue interna e externamente a política, os objetivos e metas e as responsabilidades. 5 - Obtenha recursos adequados. 6 - Eduque e treine seu pessoal e informe os consumidores e a comunidade. 7 - Acompanhe a situação ambiental da empresa e faça auditorias e relatórios. 8 - Acompanhe a evolução da discussão sobre a questão ambiental. 9 - Contribua para os programas ambientais da comunidade e invista em pesquisa e desenvolvimento aplicados à área ambiental. 10 - Ajude a conciliar os diferentes interesses existentes entre todos os envolvidos: empresa, consumidores, comunidade, acionistas etc." A primeira dúvida que surge quando considerarmos a questão ambiental do ponto de vista empresarial é sobre o aspecto econômico. Qualquer providência que venha a ser tomada em relação à variável ambiental, a idéia é de que aumenta as despesas e o conseqüente acréscimo dos custos do processo produtivo. Donaire (1999) refere que "algumas empresas, porém, têm demonstrado que é possível ganhar dinheiro e proteger o meio ambiente mesmo não sendo uma organização que atua no chamado mercado verde, desde que as empresas possuam certa dose de criatividade e condições internas que possam transformar as restrições e ameaças ambientais em oportunidades de negócios‖. 3 – A responsabilidade ambiental da empresa Ecologia e empresa eram considerados dois conceitos e realidades inconexas. A ecologia é à parte da biologia que estuda a relação entre os organismos vivos e seu ambiente. Dessa forma a ecologia é entendida como uma ciência específica dos naturalistas, distanciada da visão da Ciência Econômica e Empresarial. Para a empresa o meio ambiente que estuda ecologia constitui simplesmente o suporte Rua Dr. Moacir Birro, 663 – Centro – Cel. Fabriciano – MG CEP: 35.170-002 Site: www.ucamprominas.com.br e-mail: diretoria@institutoprominas.com.br 133 físico que fornece a empresa os recursos necessários para desenvolver sua atividade produtiva e o receptor de resíduos que se geram. Alguns setores já assumiram tais compromissos com o novo modelo de desenvolvimento, ao incorporarem nos modelos de gestão a dimensão ambiental. A gestão de qualidade empresarial passa pela obrigatoriedade de que sejam implantados sistemas organizacionais e de produção que valorizem os bens naturais, as fontes de matérias-prima, as potencialidades do quadro humano criativo, as comunidades locais e devem iniciar o novo ciclo, onde a cultura do descartável e do desperdício sejam coisas do passado. Atividades de reciclagem, incentivo à diminuição do consumo, controle de resíduo, capacitação permanentes dos quadros profissionais, em diferentes níveis e escalas de conhecimento, fomento ao trabalho em equipe e às ações criativas são desafios-chave neste novo cenário. A nova consciência ambiental, surgida no bojo das transformações culturais que ocorreram nas décadas de 60 e 70, ganhou dimensão e situou o meio ambiente como um dos princípios fundamentais do homem moderno. Nos anos 80s, os gastos com proteção ambiental começaram a ser vistos pelas empresas líderes não primordialmente como custos, mas como investimentos no futuro e, paradoxalmente, como vantagem competitiva. Figura 2 - O Sistema Econômico e o Meio Ambiente Fonte: Tietenberg (1994) A inclusão da proteção do ambiente entre os objetivos da organização moderna Rua Dr. Moacir Birro, 663 – Centro – Cel. Fabriciano – MG CEP: 35.170-002 Site: www.ucamprominas.com.br e-mail: diretoria@institutoprominas.com.br 134 amplia substancialmente todo o conceito de administração. Administradores, executivos e empresários introduziram em suas empresas programas de reciclagem, medidas para poupar energia e outras inovações ecológicas. Essas práticas difundiram-se rapidamente, e em breve vários pioneiros dos negócios desenvolveram sistemas abrangentes de administração de cunho ecológico. Para se entender a relação entre a empresa e o meio ambiente tem que se aceitar, como estabelece a teoria de sistemas, que a empresa é um sistema aberto. Sem dúvida nenhuma, as interpretações tradicionais da teoria da empresa como sistema tem incorrido em uma certa visão parcial dos efeitos da empresa geral e em seu entorno. A empresa é um sistema aberto porque está formado por um conjunto de elementos relacionados entre si, porque gera bens e serviços, empregos, dividendos, porém também consome recursos naturais escassos e gera contaminação e resíduos. Por isto é necessário que a economia da empresa defina uma visão mais ampla da empresa como um sistema aberto. Neste sentido Callenbach (1993), diz que é possível que os investidores e acionistas usem cada vez mais a sustentabilidade ecológica, no lugar da estrita rentabilidade, como critério para avaliar o posicionamento estratégico de longo prazo das empresas. 4 - Desenvolvimento Sustentável – a expressão entra em cena Em 1983, a ONU cria a Comissão Mundial sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento como um organismo independente. Em 1987, a comissão sobre a presidência de Gro Harlem Brundtland, primeira-ministra da Noruega, materializa um dos mais importantes documentos do nosso tempo – o relatório Nosso Futuro Comum, responsável pelas primeiras conceituações oficiais, formais e sistematizadas sobre o desenvolvimento sustentável - idéia-mestra do relatório. O segundo capítulo – ―Em busca do desenvolvimento sustentável‖ – o relatório define o desenvolvimento sustentável com sendo ―aquele que atende às necessidades do presente sem comprometer a possibilidade de as gerações futuras atenderem a suas próprias necessidades‖. Rua Dr. Moacir Birro, 663 – Centro – Cel. Fabriciano – MG CEP: 35.170-002 Site: www.ucamprominas.com.br e-mail: diretoria@institutoprominas.com.br 135 Ele contém dois conceitos-chave: o de ―necessidades, sobretudo as necessidades essenciais dos pobres no mundo, que devem receber a máxima prioridade‖; e ―a noção das limitações que o estágio da tecnologia e da organização social impõe ao meio ambiente, impedindo-o de atender às necessidades presentes e futuras‖. Em 1992 no Rio de Janeiro, na Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, reconheceu-se à importância de assumir a idéia de sustentabilidade em qualquer programa ou atividade de desenvolvimento. Nesse aspecto as empresas têm um papel extremamente relevante. Através de uma prática empresarial sustentável, provocando mudança de valores e de orientação em seus sistemas operacionais, estarão engajadas à idéia de desenvolvimento sustentável e preservação do meio ambiente. Neste novo paradigma, Almeida (2002) diz que a idéia é de integração e interação, propondo uma nova maneira de olhar e transformar o mundo, baseada no diálogo entre saberes e conhecimentos diversos. No mundo sustentável, uma atividade – a econômica, por exemplo – não pode ser pensada ou praticada em separado, porque tudo está inter-relacionado, em permanente diálogo. Abaixo tem-se as diferenças entre o velho e o novo paradigmas: Quadro 1 – Paradigma cartesiano versus paradigma da sustentabilidade Cartesiano Sustentável Reducionista, mecanicista, tecnocêntrico Orgânico, holístico, participativo Fatos e valores não relacionados Fatos e valores fortemente relacionados Preceitos éticos desconectados das práticas cotidianas Ética integrada ao cotidiano Separação entre o objetivo e o subjetivo Interação entre o objetivo e o subjetivo Rua Dr. Moacir Birro, 663 – Centro – Cel. Fabriciano – MG CEP: 35.170-002 Site: www.ucamprominas.com.br e-mail: diretoria@institutoprominas.com.br 136 Seres humanos e ecossistemas separados, em uma relação de dominação Seres humanos inseparáveis dos ecossistemas, em uma relação de sinergia Conhecimento compartimentado e empírico Conhecimento indivisível, empírico e intuitivo Relação linear de causa e efeito Relação não‘linear de causa e efeito Natureza entendida como descontínua, o todo formado pela soma das partes Natureza entendida como um conjunto de sistemas interrelacionados, o todo maior que a soma das partes Bem-estar avaliado por relação de poder (dinheiro, influência, recursos) Bem-estar avaliado pela qualidade das inter-relações entre os sistemas ambientais e sociais Ênfase na quantidade (renda per capita) Ênfase na qualidade (qualidade de vida) Análise Síntese Centralização de poder Descentralização de poder Especialização Transdisciplinaridade Ênfase na competição Ênfase na cooperação Pouco ou nenhum limite tecnológico Limite tecnológico definido pela sustentabilidade Fonte: Almeida (2002). Os empresários neste novo papel, tornam-se cada vez mais aptos a compreender e participar das mudanças estruturais na relação de forças nas áreas ambiental, econômica e social. Também, em sua grande parte, já decidiram que não querem ter mais passivo ambiental. Além disso, desenvolvimento sustentável introduz uma dimensão ética e política que Rua Dr. Moacir Birro, 663 – Centro – Cel. Fabriciano – MG CEP: 35.170-002 Site: www.ucamprominas.com.br e-mail: diretoria@institutoprominas.com.br 137 considere o desenvolvimento como um processo de mudança social, com conseqüente democratização do acesso aos recursos naturais e distribuição eqüitativa dos custos e benefícios do desenvolvimento. Camargo, apud Novaes (2002), diz que nos últimos dois séculos têm vivido sob a tríade da liberdade, da igualdade e da fraternidade. À medida que caminhamos para o século XXI, precisamos tomar como inspiração os quatros valores da liberdade, da igualdade, da fraternidade e da sustentabilidade. O desenvolvimento sustentável, além de equidade social e equilíbrio ecológico, segundo Donaire (1999), apresenta, como terceira vertente principal, a questão do desenvolvimento econômico. Induz um espírito de responsabilidade comum como processo de mudança no qual a exploração de recursos materiais, os investimentos financeiros e as rotas do desenvolvimento tecnológico deverão adquirir sentidos harmoniosos. Neste sentido, o desenvolvimento da tecnologia deverá ser orientado para metas de equilíbrio com a natureza e de incremento da capacidade de inovação dos países em desenvolvimento, e o progresso será entendido como fruto de maior riqueza, maior benefício social eqüitativo e equilíbrio ecológico. Sachs apud Campos (2001) apresenta cinco dimensões do que se pode chamar desenvolvimento sustentável: Figura 4 - As cinco dimensões da sustentabilidade. Fonte: Sachs apud Campos (2001) - A sustentabilidade social – que se entende como a criação de um processo de desenvolvimento sustentado por uma civilização com maior equidade na distribuição de renda e de bens, de modo a reduzir o abismo entre os padrões de vida dos ricos Rua Dr. Moacir Birro, 663 – Centro – Cel. Fabriciano – MG CEP: 35.170-002 Site: www.ucamprominas.com.br e-mail: diretoria@institutoprominas.com.br 138 e dos pobres. - A sustentabilidade econômica – que deve ser alcançada através do gerenciamento e alocação mais eficientes dos recursos e de um fluxo constante de investimentos públicos e privados. - A sustentabilidade ecológica – que pode ser alcançada através do aumento da capacidade de utilização dos recursos, limitação do consumo de combustíveis fósseis e de outros recursos e produtos que são facilmente esgotáveis, redução da geração de resíduos e de poluição, através da conservação de energia, de recursos e da reciclagem. - A sustentabilidade espacial – que deve ser dirigida para a obtenção de uma configuração rural-urbana mais equilibrada e uma melhor distribuição territorial dos assentamentos humanos e das atividades econômicas. - A sustentabilidade cultural – incluindo a procura por raízes endógenas de processos de modernização e de sistemas agrícolas integrados, que facilitem a geração de soluções específicas para o local, o ecossistema, a cultura e a área. A busca de sustentabilidade é um processo, sendo a própria construção do conceito uma tarefa ainda em andamento e muito longe do fim. Alguns resultados práticos já podem ser reconhecidos e celebrados como argumenta Almeida (2002), que entre julho de 1996 e julho de 2001, o Índice Dow Jones de Sustentabilidade ultrapassou com folga o Índice Dow Jones Geral: 18,4% para o primeiro, contra 14,8% para o segundo. O Índice Dow Jones de Sustentabilidade reflete a lucratividade das ações das 312 empresas com melhor desempenho sócio ambiental, dentre as cerca de três mil que compõem o Índice Dow Jones Geral, principal índice bolsista do mundo. Hoje, a principal ferramenta de escolha de ações de empresas com responsabilidade social e ambiental é o Índice Dow Jones de Sustentabilidade (DJSI, em inglês Dow Jones Sustainability Group Index). O DJSI foi lançado em setembro de 1999 pela Dow Jones e a Sustainable Asset Management (SAM), gestora de recursos da Suíça especializada em empresas comprometidas com a responsabilidade social e ambiental. O índice é formado por 312 ações de empresas de 26 países e quatro brasileiras integram a lista: Itaú, Unibancos, Embraer e Cemig. Os índices de sustentabilidade fornecem marcas de nível objetivas para os produtos financeiros que são ligados aos critérios econômicos, ambientais e sociais. Oferecem uma linha de base do desempenho como uma marca de nível e Rua Dr. Moacir Birro, 663 – Centro – Cel. Fabriciano – MG CEP: 35.170-002 Site: www.ucamprominas.com.br e-mail: diretoria@institutoprominas.com.br 139 universo do investimento para o número crescente de fundos mútuos, de certificados e de outros veículos de investimento que são baseados no conceito de sustentabilidade. As empresas que integram a lista do DJSI tem vários benefícios como: - Reconhecimento público da preocupação com a área ambiental e social. - Reconhecimento dos stakeholders importantes tais como legisladores, clientes e empregados (por exemplo conduzir a uma lealdade melhor do cliente e do empregado). - Benefício financeiro crescente pelos investimentos baseados no índice. - Os resultados altamente visíveis, internos e externos à companhia, como todos os componentes são anunciados publicamente pelo Boletim do Índice e a companhias são intituladas a usar ―membro da etiqueta oficial de DJSI‖. Verifica-se, portanto, que as empresas estão cuidando dos aspectos sociais e ambientais e muitas delas têm ganho econômico e maior durabilidade a longo prazo, ou seja, o risco do investidor é menor. O Jornal Valor Econômico de 07 de março de 2003, trouxe a seguinte manchete : ―Sustentabilidade entra na pauta das multinacionais, que diz: Presidentes e diretores de multinacionais e de grandes grupos brasileiros participaram segunda-feira dia 10 de março de 2003, no Rio, da reunião executiva do Conselho Empresarial Mundial para o Desenvolvimento Sustentável (WBCSD, na sigla em inglês). A entidade, que representa 169 grupos com faturamento anual de US$ 6 trilhões, discutiu os caminhos do desenvolvimento sustentável, abordando temas como pobreza, recursos naturais, inovação tecnológica e biotecnologia. O vice-presidente da República, José Alencar, participou de um seminário durante o encontro. Fernando Almeida, diretor-executivo do Conselho Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável (CEBDS, equivalente nacional do WBCSD), disse que na reunião o Brasil poderá se tornar o primeiro caso do projeto-piloto Sobrevivência Sustentável. Criado pelo WBCSD, o projeto tem o objetivo de desenvolver atividades em áreas de baixa renda, oferecendo condições para que essas regiões se desenvolvam conforme o conceito de sustentabilidade. Almeida previu que os líderes empresariais reunidos no Rio poderão apoiar a iniciativa de transformar o Brasil no primeiro "case" do Sobrevivência Sustentável. A idéia é começar com dois projetos-piloto, um na caatinga e outro na região Rua Dr. Moacir Birro, 663 – Centro – Cel. Fabriciano – MG CEP: 35.170-002 Site: www.ucamprominas.com.br e-mail: diretoria@institutoprominas.com.br 140 Noroeste do estado do Rio. Segundo ele, os temas discutidos pelo WBCSD, como clima e energia, acesso a água, biodiversidade, inovação e tecnologia, valem também para os 42 conselhos nacionais (por país), que reúnem cerca de mil empresas. Há ainda projetos setoriais discutidos pelo conselho, como florestas, mineração, cimento e setores elétrico e financeiro. 5. – Gestão ambiental – o novo paradigma Gestão ambiental é um aspecto funcional da gestão de uma empresa, que desenvolve e implanta as políticas e estratégias ambientais. Diversas organizações empresariais estão cada vez mais preocupadas em atingir e demonstrar um desempenho mais satisfatório em relação ao meio ambiente. Neste sentido, a gestão ambiental tem se configurado como uma das mais importantes atividades relacionadas com qualquer empreendimento. Além dessa ferramenta, a problemática ambiental envolve também o gerenciamento dos assuntos pertinentes ao meio ambiente, por meio de sistemas de gestão ambiental, da busca pelo desenvolvimento sustentável, da análise do ciclo de vida dos produtos e da questão dos passivos ambientais. Para Meyer (2000), a gestão ambiental é apresentada da seguinte forma: *objeto de manter o meio ambiente saudável (à medida do possível), para atender as necessidades humanas atuais, sem comprometer o atendimento das necessidades das gerações futuras. *meio de atuar sobre as modificações causadas no meio ambiente pelo uso e/ou descarte dos bens e detritos gerados pelas atividades humanas, a partir de um plano de ação viáveis técnica e economicamente, com prioridades perfeitamente definidas. *instrumentos de monitoramentos, controles, taxações, imposições, subsídios, divulgação, obras e ações mitigadoras, além de treinamento e conscientização. *base de atuação de diagnósticos (cenários) ambientais da área de atuação, a partir de estudos e pesquisas dirigidos em busca de soluções para os problemas que forem detectados. Assim, para que uma empresa passe a realmente trabalhar com gestão ambiental deve, inevitavelmente, passar por uma mudança em sua cultura empresarial; por uma revisão de seus paradigmas. Neste sentido, a gestão ambiental tem Rua Dr. Moacir Birro, 663 – Centro – Cel. Fabriciano – MG CEP: 35.170-002 Site: www.ucamprominas.com.br e-mail: diretoria@institutoprominas.com.br 141 se configurado com uma das mais importantes atividades relacionadas com qualquer empreendimento. Quadro 2 – Visão geral da gestão ambiental GESTÃO AMBIENTAL Gestão de Processos Gestão de Resultados Gestão de Sustentabilidade Gestão do Plano Ambiental Exploração de recursos Emissões gasosas Qualidade do ar Princípios e compromissos Transformação de recursos Efluentes líquidos Qualidade da água Política ambiental Acondicionament o de recursos Resíduos sólidos Qualidade do solo Conformidade legal Transporte de recursos Particulados Abundância e diversidade da flora Objetivos e metas Aplicação e uso de recursos Odores Abundância e diversidade da fauna Programa ambiental Quadros de riscos ambientais< /o:p> Ruídos e vibrações Qualidade de vida do ser humano Projetos ambientais Rua Dr. Moacir Birro, 663 – Centro – Cel. Fabriciano – MG CEP: 35.170-002 Site: www.ucamprominas.com.br e-mail: diretoria@institutoprominas.com.br 142 Situações de emergência Iluminação Imagem institucional Ações corretivas e preventivas Fonte: Macedo, R.K. 1994. De acordo com Macedo (1994), se uma unidade produtiva, ao ser planejada, atender a todos os quesitos apresentados na tabela acima, através de ferramentas e procedimentos adequados, certamente ela atenderá a todas as requisições existentes relativas à qualidade ambiental. O mesmo autor subdivide a gestão ambiental em quatro níveis: Gestão de Processos – envolvendo a avaliação da qualidade ambiental de todas as atividades, máquinas e equipamentos relacionados a todos os tipos de manejo de insumos, matérias primas, recursos humanos, recursos logísticos, tecnologias e serviços de terceiros. Gestão de Resultados – envolvendo a avaliação da qualidade ambiental dos processos de produção, através de seus efeitos ou resultados ambientais, ou seja, emissões gasosas, efluentes líquidos, resíduos sólidos, particulados, odores, ruídos, vibrações e iluminação. Gestão de Sustentabilidade (Ambiental) – envolvendo a avaliação da capacidade de resposta do ambiente aos resultados dos processos produtivos que nele são realizados e que o afetam, através da monitoração sistemática da qualidade do ar, da água, do solo, da flora, da fauna e do ser humano. Gestão do Plano Ambiental – envolvendo a avaliação sistemática e permanente de todos os elementos constituintes do plano de gestão ambiental elaborado e implementado, aferindo-o e adequando-o em função do desempenho ambiental alcançado pela organização. Os instrumentos de gestão ambiental objetivam melhorar a qualidade ambiental e o processo decisório. São aplicados a todas as fases dos empreendimentos e poder ser: preventivos, corretivos, de remediação e pró-ativos, dependendo da fase em que são implementados 5.1. - Impacto Ambiental Rua Dr. Moacir Birro, 663 – Centro – Cel. Fabriciano – MG CEP: 35.170-002 Site: www.ucamprominas.com.br e-mail: diretoria@institutoprominas.com.br 143 A expressão ―impacto ambiental‖ teve uma definição mais precisa, nos anos 70 e 80, quando diversos países perceberam a necessidade de estabelecer diretrizes e critérios para avaliar efeitos adversos das intervenções humanas na natureza. A definição jurídica de impacto ambiental no Brasil vem expressa no art. 1º da Res. 1, de 23.1.86 do CONAMA – Conselho Nacional do Meio Ambiente, nos seguintes termos: ―considera-se impacto ambiental qualquer alteração das propriedades físicas, químicas e biológicas do meio ambiente, causada por qualquer forma de matéria ou energia resultante das atividades humanas, que direta ou indiretamente, afetam-se: a saúde, a segurança e o bem-estar da população; as atividades sociais e econômicas; a biota; as condições estéticas e sanitárias do meio ambiente e a qualidade dos recursos naturais‖. O Impacto ambiental é a alteração no meio ou em algum de seus componentes por determinada ação ou atividade. Estas alterações precisam ser quantificadas, pois apresentam variações relativas, podendo ser positivas ou negativas, grandes ou pequenas. O que caracteriza o impacto ambiental, não é qualquer alteração nas propriedades do ambiente, mas as alterações que provoquem o desequilíbrio das relações constitutivas do ambiente, tais como as alterações que excedam a capacidade de absorção do ambiente considerado. Assim, de acordo com Moreira (2002) o ambiente urbano como relações dos homens com o espaço construído e com a natureza, em aglomerações de população e atividades humanas, constituídas por fluxo de energia e de informação para a nutrição e biodiversidade; pela percepção visual e atribuição de significado às conformações e configurações da aglomeração; e pela apropriação e fruição (utilização e ocupação) do espaço construído e dos recursos naturais. Porém o impacto ambiental é entendido como qualquer alteração produzida pelos homens e suas atividades, nas relações constitutivas do ambiente, que excedam a capacidade de absorção desse ambiente. Em suma, os impactos ambientais afetam a estabilidade preexistente dos ciclos ecológicos, fragilizando-a ou fortalecendo-a. Antes de se colocar em prática um projeto, seja ele público ou privado, precisamos antes saber mais a respeito do local onde tal projeto será implementado, conhecer melhor o que cada área possui de ambiente natural (atmosfera, hidrosfera, Rua Dr. Moacir Birro, 663 – Centro – Cel. Fabriciano – MG CEP: 35.170-002 Site: www.ucamprominas.com.br e-mail: diretoria@institutoprominas.com.br 144 litosfera e biosfera) e ambiente social (infraestrutura material constituída pelo homem e sistemas sociais criados). A maioria dos impactos é devido ao rápido desenvolvimento econômico, sem o controle e manutenção dos recursos naturais. A conseqüência pode ser poluição, uso incontrolado de recursos como água e energia etc. Outras vezes as áreas são impactadas por causa do subdesenvolvimento que traz como conseqüência a ocupação urbana indevida em áreas protegidas e falta de saneamento básico. De maneira geral, os impactos ambientais mais significativos encontram-se nas regiões industrializadas, que oferecem mais oportunidades de emprego e infraestrutura social, acarretando, por isso, as maiores concentrações demográficas. Quadro 3 - Principais impactos ambientais ATIVIDADES DE MAIOR POTENCIAL DE IMPACTO AMBIENTAL TIPO DE DEGRADAÇÃO Garimpo de ouro Assoreamento e erosão nos cursos dágua Poluição das águas, aumento da turbidez e metais pesados Formação de núcleos populacionais com grandes problemas sociais· Degradação da paisagem Degradação da vida aquática com conseqüências diretas sobre a pesca e a população Mineração industrial, Ferro, Manganês, Cassiterita, Cobre, Bauxita, etc. Degradação da paisagem Poluição e assoreamento dos cursos dágua Esterilização de grandes Rua Dr. Moacir Birro, 663 – Centro – Cel. Fabriciano – MG CEP: 35.170-002 Site: www.ucamprominas.com.br e-mail: diretoria@institutoprominas.com.br 145 áreas Impactos sócio-econômicos Agricultura e pecuária extensivas (grandes projetos agropecuários) Incêndios florestais, destruição da fauna e flora Contaminação dos cursos dágua por agrotóxicos Erosão e assoramento dos cursos dágua Destruição de áreas de produtividade natural Reservas extrativistas Grandes Usinas Hidrelétricas Impacto cultural - provas indígenas Impacto sócio-econômico Inundação de áreas florestais, agrícolas, vilas, etc Impacto sobre flora, fauna e ecossistemas adjacentes Pólos industriais e/ou grandes indústrias Poluição do ar, água e solo Geração de resíduos tóxicos Conflitos com o meio urbano Caça e pesca predatórias Extinção de mamíferos aquáticos e diminuição e peixes Drástica redução de animais de valores econômico e ecológico Indústrias de Alumínio Poluição atmosférica Poluição marinha Impactos indiretos pela enorme demanda de energia elétrica Rua Dr. Moacir Birro, 663 – Centro – Cel. Fabriciano – MG CEP: 35.170-002 Site: www.ucamprominas.com.br e-mail: diretoria@institutoprominas.com.br 146 Crescimento populacional vertiginoso (migração interna) Problemas sociais graves, chegando - em alguns casos - a um aumento de 40% da população entre 1970 e 1980 Ocupação desordenada do solo com sérias conseqüências sobre os recursos naturais Fonte: http://www.sivam.gov.br 6 – Benefícios da Gestão Ambiental A gestão ambiental facilita o processo de gerenciamento, proporcionando vários benefícios às organizações. North apud Cagnin (2000) enumera os benefícios da gestão ambiental, que estão discriminados abaixo: Quadro 4: Benefícios da gestão ambiental BENEFÍCIOS ECONÔMICOS Economia de Custos  Redução do consumo de água, energia e outros insumos.  Reciclagem, venda e aproveitamento e resíduos, e diminuição de efluentes.  Redução de multas e penalidades por poluição. Incremento de Receita  Aumento da contribuição marginal de ―produtos verdes‖, que podem ser vendidos a preços mais altos.  Aumento da participação no mercado, devido à inovação dos produtos e à menor concorrência.  Linhas de novos produtos para novos mercados.  Aumento da demanda para produtos que contribuam para a diminuição da poluição. Rua Dr. Moacir Birro, 663 – Centro – Cel. Fabriciano – MG CEP: 35.170-002 Site: www.ucamprominas.com.br e-mail: diretoria@institutoprominas.com.br 147 BENEFÍCIOS ESTRATÉGICOS  Melhoria da imagem institucional.  Renovação da carteira de produtos.  Aumento da produtividade.  Alto comprometimento do pessoal.  Melhoria nas relações de trabalho.  Melhoria da criatividade para novos desafios.  Melhoria das relações com os órgãos governamentais, comunidade e grupos ambientalistas.  Acesso assegurado ao mercado externo.  Melhor adequação aos padrões ambientais. Fonte: Adaptado de North, K. Environmental business management. Genebra: ILO, 1992. In: Cagnin, 1999. 7 – SGA - Sistema de Gestão Ambiental Para a institucionalização da função Gestão Ambiental na organização, é preciso ressaltar algumas condições ou princípios em que ela deverá se basear. São as etapas de um SGA, apresentadas sob a forma de princípios: Política do Ambiente é a posição adotada por uma organização relativamente ao ambiente. A elaboração e definição desta política é o primeiro passo a dar na implementação de um SGA, traduzindo-se numa espécie de comprometimento da organização para com as questões do ambiente, numa tentativa de melhoria contínua dos aspectos ambientais. Planejamento - O sucesso de um bom SGA, tal como acontece com muitas das medidas que queremos que sejam tomadas com sucesso, requer um bom planejamento. Deve-se começar por identificar aspectos ambientais e avaliar o impacto de cada um no meio ambiente. Por aspectos ambientais entende-se, por exemplo, o ruído, os resíduos industriais e as águas residuais. A organização deve estabelecer e manter procedimentos para identificar os aspectos ambientais que controla e sobre os quais exerce alguma influência, devendo igualmente garantir que os impactos por eles provocados estão considerados no estabelecimento da sua Rua Dr. Moacir Birro, 663 – Centro – Cel. Fabriciano – MG CEP: 35.170-002 Site: www.ucamprominas.com.br e-mail: diretoria@institutoprominas.com.br 148 política ambiental. Através dos requisitos legais, relativamente a cada um dos aspectos ambientais, estabelecem-se objetivos e metas que se definem num Programa Ambiental, que clarifica a estratégia que a organização irá seguir na implementação do SGA. Neste Programa de Gestão Ambiental, os objetivos ambientais a estabelecer e manter devem ser considerados relevantes para a organização. Deve ser designado um responsável por atingir os objetivos a cada nível da organização, sem esquecer os meios e espaçamento temporal para que os mesmos possam ser atingidos. Implementação - As regras, responsabilidades e autoridades devem estar definidas, documentadas e comunicadas a todos, por forma a garantir a sua aplicação. A gestão deve providenciar os meios humanos, tecnológicos e financeiros para a implementação e controle do sistema. O responsável pela gestão ambiental deverá garantir que o Sistema de Gestão Ambiental é estabelecido, documentado, implementado e mantido de acordo com o descrito na norma e que à gestão de topo é transmitida a eficiência e eficácia do mesmo. A organização deverá providenciar formação aos seus colaboradores, conscientizando-os da importância da Política do Ambiente e do SGA em geral, da relevância do impacto ambiental das suas atividades, da responsabilidade em implementar o SGA e das conseqüências em termos ambientais de trabalhar em conformidade com procedimentos específicos. A organização deve estabelecer e manter procedimentos para a comunicação interna entre os vários níveis hierárquicos e para receber e responder às partes externas. Compete ainda à organização estabelecer e manter informação que descreva os elementos base do SGA e da sua interação, controlando todos os documentos exigidos pela norma. As operações de rotina que estejam associadas a impactos ambientais consideráveis deverão ser alvo de um controle eficaz. Por último, devem ser estabelecidos e mantidos procedimentos que visem responder a situações de emergência, minimizando o impacto ambiental associado. Verificação e ações corretivas - A organização deve definir, estabelecer e manter procedimentos de controle e medida das características chave dos seus Rua Dr. Moacir Birro, 663 – Centro – Cel. Fabriciano – MG CEP: 35.170-002 Site: www.ucamprominas.com.br e-mail: diretoria@institutoprominas.com.br 149 processos que possam ter impacto sobre o ambiente. Do mesmo modo, a responsabilidade pela análise de não conformidades e pela implementação de ações corretivas e preventivas deve estar devidamente documentada, bem como todas as alterações daí resultantes. Todos os registros ambientais, incluindo os respeitantes às formações e auditorias, devem estar identificáveis e acessíveis. Procedimentos e planos que visem garantir auditorias periódicas ao SGA, de modo a determinar a sua conformidade com as exigências normativas, devem ser estabelecidos e mantidos. Revisão pela direção - Cabe à direção, com uma freqüência definida por ela própria, rever o SGA e avaliar a adequabilidade e eficácia do mesmo, num processo que deverá ser devidamente documentado. A revisão pela direção deve ter em conta a possível necessidade de alterar a Política do Ambiente, objetivos e procedimentos, como resposta a alterações organizativas, melhorias contínuas e modificações externas. Após todo este processo que deverá ser acolhido de braços abertos por toda a estrutura organizacional e em especial pela gestão, a organização deverá estar em condições de proceder à respectiva certificação do seu SGA por uma autoridade independente e externa. 7.1. - ISO 14000 A ISO é uma organização internacional fundada em 1946 para desenvolver padrões de manufatura, do comércio e da comunicação, tais como linhas padrão do parafuso, tamanhos do recipiente de transporte, formatos de vídeo, etc. Estes padrões são para facilitar o comércio internacional aumentando a confiabilidade e a eficácia dos bens e serviços. Todos os padrões desenvolvidos por ISO são voluntários; entretanto, os países freqüentemente adotam padrões de ISO e fazemnos imperativos. Após a aceitação rápida da ISO 9000, e o aumento de padrões ambientais em torno do mundo, a ISO (International Organization for Starda-dization) constitui o Grupo Estratégico Consultivo sobre o meio ambiente (SAGE) em 1991, para considerar se tais padrões atendiam o seguinte: - Promover uma aproximação comum à gerência ambiental similar à gerência da qualidade; Rua Dr. Moacir Birro, 663 – Centro – Cel. Fabriciano – MG CEP: 35.170-002 Site: www.ucamprominas.com.br e-mail: diretoria@institutoprominas.com.br 150 - Realçar a habilidade das organizações de alcançar e medir melhorias no desempenho ambiental; e - Facilite o comércio e remova as barreiras de comércio. - Em 1992, as recomendações do SAGE criaram um comitê novo, o TC 207, para padrões ambientais internacionais da gerência. O comitê, e seus sub-comitês incluem representantes da indústria, das organizações de padrões, do governo e das organizações ambientais de muitos países. Os padrões aplicam-se a todos os tipos e tamanhos de organizações e são projetados a abranger circunstâncias geográficas, culturais e sociais diversas. A ISO 14000 séries dos padrões consistem em dois tipos de padrões a) Padrões da organização que podem ser usados para executar e avaliar o sistema de gerência ambiental (EMS) dentro de uma organização, incluindo a ISO 14010 séries de padrões de auditorias ambientais e a ISO 14030 série dos padrões para a avaliação de desempenho ambiental. · Sistemas de gerência ambientais - Os padrões do EMS incluem uma especificação e uma guia. O original da especificação é consultado como a ISO 14001 (sistemas de gerência ambientais – especificações como orientação para o uso). A ISO 14001 é o padrão que uma organização registra seu EMS usando third-party independente de avaliar o sistema e confirmar que o EMS da organização se conforma às especificações do ISO 14001. A ISO 14001 é o único padrão na série inteira a que uma organização pode ser registrada. O original do guia é consultado como ISO 14004 (sistema de gerência ambiental – guias gerais em princípios, sistemas e técnicas). A intenção da ISO 14004 é ajudar a organização a desenvolver e executar um EMS que se encontre com as especificações da ISO 14001. São pretendidos para o uso como uma ferramenta de gerência e não uma certificação ou um registro voluntário, interno. · Auditoria Ambiental - Estes originais fornecem uma estrutura ambiental consistente de auditoria e permitem também o registro third-party sob ISO 14001. Os guias para auditoria ambiental incluem originais: · esboçando os princípios gerais (ISO 14010), · estabelecendo os procedimentos da auditoria (ISO 14011), · e descrevendo os critérios da qualificação do auditor (ISO 14012). Rua Dr. Moacir Birro, 663 – Centro – Cel. Fabriciano – MG CEP: 35.170-002 Site: www.ucamprominas.com.br e-mail: diretoria@institutoprominas.com.br 151 Os artigos novos do trabalho forma propostos para as avaliações ambientais do local (ISO 14015), revisões e a gerência iniciais do programa de auditoria. · Avaliação de Desempenho Ambiental - A ISO 14031 fornecerá a organização uma orientação de como desenvolver e executar um sistema ambiental da avaliação de desempenho (EPE). Este padrão define EPE como "uma ferramenta de gerência que ajude a uma organização focalizar sua melhora no desempenho ambiental". O padrão fornecerá também a orientação no desenvolvimento e na seleção de indicadores do desempenho. Figura 5 - Espiral do Sistema de Gestão Ambiental (ISO 14001) Fonte: Adaptado de Maimon (1996) e Cajazeira (1997). b) Padrões de produtos que podem ser usados para avaliar os impactos ambientais dos produtos e dos processos. Fazem parte deste grupo a ISO 14020 série de padrões de rotulagem ambiental, a ISO 14040, série de padrões da análise do ciclo de vida e a ISO 14060 série de padrões do produto. · Rotulagem Ambiental - Os padrões são desenvolvidos para três tipos de programas: · Os programas do tipo I são consultados como os programas do "practitioner" que são produto ou categoria do produto baseada, similares ao programa bem escolhido ambiental ou ao programa azul do angel de Germany. Rua Dr. Moacir Birro, 663 – Centro – Cel. Fabriciano – MG CEP: 35.170-002 Site: www.ucamprominas.com.br e-mail: diretoria@institutoprominas.com.br 152 · Os programas do tipo II são baseados nos termos e nas definições comuns que podem ser usados para reivindicações self-declaradas. · Os programas do tipo III são baseados do "em um conceito do cartão relatório", bem como etiquetas existentes do nutrition. Esta série inclui também um padrão que esboça um jogo de princípios comuns para todos os tipos de programas de rotulagem. · Análise do Ciclo de Vida (LCA) - Diversos padrões de LCA estão sendo desenvolvidos atualmente que cobrem cada estágio do ciclo de vida de um produto, incluindo a avaliação do inventário, a avaliação do impacto, e a avaliação da melhoria. As aplicações específicas de LCA incluem comparar produtos alternativos e processos, o ajuste de linhas de base do desempenho, e benchmarking o progresso. Os conceitos de LCA podiam ser usados como uma base eco-rotulagem. · Aspectos ambientais em padrões do produto - A ISO 14060 (guia para a inclusão de aspectos ambientais em padrões do produto) é o sexto padrão. Este original é uma guia para escritores dos padrões nas áreas fora da gerência ambiental, e o TC 207 está emitindo o padrão de esboço ao secretariado central do ISO para uma experimentação de 12 a 18 meses. 7.2. - BS 7750 Padrão britânico BS 7750 - a especificação para sistemas de gerência ambientais, baseada nos princípios do padrão britânico BS 5750 e o ISO da qualidade 9000 séries, foi esboçada em 1991 pela instituição britânica dos padrões (BSI). O comitê, o ambiente e o comitê da política dos padrões da poluição dos padrões britânicos instituem constituídos por 40 membros de indústria, comércio, governo e partidos legislativos do corpo e os interessados. É usado para descrever o sistema de gerência ambiental da companhia, avalia seu desempenho e defini a política, as práticas, os objetivos; e fornece um catalisador para a melhoria contínua. O padrão foi publicado primeiramente em junho 1992, e subseqüentemente revisto e revisado a uma edição nova de janeiro 1994. BS 7750 é projetado agora ser compatível com o esquema da (EMAS) e também com padrão internacional ISO 14001. Ele requer uma política ambiental de Rua Dr. Moacir Birro, 663 – Centro – Cel. Fabriciano – MG CEP: 35.170-002 Site: www.ucamprominas.com.br e-mail: diretoria@institutoprominas.com.br 153 acordo com a legislação ambiental que possa a organização efetuar e força um compromisso à melhoria contínua. Deve relacionar-se aos locais dentro da organização abrangida pelo sistema de gerência, deve fornecer uma vista geral das atividades da companhia no local e em uma descrição daquelas atividades. A revisão e a definição preparatórias dos efeitos ambientais da organização não são parte de uma avaliação BS 7750, porém a auditoria destes dados fornecerá um exame externo com uma riqueza da informação nos métodos adotados pela companhia. A companhia declarará seus objetivos ambientais preliminares, aqueles que podem ter a maioria de impacto ambiental. A fim ganhar a maioria de benefício estes transformar-se-ão as áreas preliminares de consideração dentro do processo da melhoria, e o programa ambiental da companhia. O sistema de gerência ambiental fornece um detalhe mais adicional no programa ambiental. O EMS estabelece procedimentos, instruções de trabalho e controles assegurar-se de que a execução da política e da realização dos alvos possa se transformar uma realidade. Em junho 1993, a organização de padrões internacional (ISO) reviu as recomendações do Grupo Estratégico Consultivo sobre o meio ambiente (SAGE) e decidiu-se dar forma a um comitê técnico internacional novo ISO/TC 207 7.3 - EMAS O EMAS – Sistema Comunitário de Eco-Gestão e Auditoria ou Eco-Management and Audit Scheme foi estabelecido pelo Regulamento (CEE) nº 1836/93 de 29 de Junho, que definia as responsabilidades dos Estados-membro na criação das estruturas de base do EMAS, as condições de funcionamento e operacionalidade dessas estruturas, bem como os requisitos de adesão a este sistema. É um instrumento voluntário dirigido às empresas que pretendam avaliar e melhorar os seus comportamentos ambientais e informar o público e outras partes interessadas a respeito do seu desempenho e intenções ao nível do ambiente, não se limitando ao cumprimento da legislação ambiental nacional e comunitária existente. Rua Dr. Moacir Birro, 663 – Centro – Cel. Fabriciano – MG CEP: 35.170-002 Site: www.ucamprominas.com.br e-mail: diretoria@institutoprominas.com.br 154 Em 2001 foi publicado o novo regulamento EMAS (EMAS II), instituído pelo Regulamento (CE) n.º 761/2001 do Parlamento Europeu e do Conselho de 19 de Março de 2001, que revoga o primeiro. As vantagens em aderir ao EMAS são: · Ajuda ao cumprimento legal; · Permite melhorar o desempenho ambiental; · Demonstrar às partes interessadas um empenho na melhoria ambiental; · Integrar princípios de desenvolvimento sustentável na ação da autoridade, de acordo com a agenda local 21; · Permite realizar economias no que respeita à redução de resíduos, poupança de energia e utilização de recursos; · Permite melhorar o controle da gestão; Após o registro no EMAS as organizações podem utilizar o logotipo nas seguintes modalidades: O relatório ambiental de EMAS é chamado de Indicação Ambiental. É uma maneira para que a empresa faça a informação em seu desempenho ambiental publicamente disponível. Pode ser usado para informar os sucessos, problemas e objetivos no campo da gerência ambiental. Também é usado para: - Motivar os empregados a se motivarem ativamente em medidas da proteção ambiental; - Documento de atividade e desempenho ambiental; - Reforça o compromisso à execução da gerência ambiental; - Monitore o sucesso, e - Ajude no planejamento. 8 – Conclusão O desenvolvimento sustentável é um importante conceito de crescimento, presente no debate político internacional em especial quando se trata de questões referentes à qualidade ambiental e à distribuição global de uso de recursos. A sociedade como um todo acaba por sofrer as conseqüências de um problema nascido de sua relação com o meio ambiente. Os grandes problemas que emergem da relação da sociedade com o meio ambiente são densos, complexos e Rua Dr. Moacir Birro, 663 – Centro – Cel. Fabriciano – MG CEP: 35.170-002 Site: www.ucamprominas.com.br e-mail: diretoria@institutoprominas.com.br 155 altamente inter-relacionados e, portanto, para serem entendidos e compreendidos nas proximidades de sua totalidade, precisam ser observados numa ótica mais ampla. A implantação de um sistema de gestão ambiental poderá ser soluções para uma empresa que pretende melhorar a sua posição em relação ao meio ambiente. O comprometimento hoje exigido às empresas com a preservação ambiental obriga mudanças profundas na sua filosofia, com implicações diretas nos valores empresariais, estratégias, objetivos, produtos e programas. Como diz Callenbach (1993), nós, seres humanos, somos organismos que pensam. Não precisamos esperar que os desastres nos ensinem a viver de maneira sustentável. 9 – Referencias ALMEIDA, F. O bom negócio da sustentabilidade. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2002. CALLENBACH, E., et al. Gerenciamento Ecológico – Eco-Manangement – Guia do Instituto Elmwood de Auditoria Ecológica e Negócios Sustentáveis. São Paulo: Ed. Cultrix, 1993. CAGNIN, C. H. Fatores relevantes na implementação de um sistema de gestão ambiental com base na Norma ISO 14001. 2.000. Dissertação (Mestrado em Engenharia da Produção) – Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis. CAMPOS, L. M. S. SGADA – Sistema de gestão e avaliação de desempenho ambiental: uma proposta de implementação. 2001. Tese (Doutorado em Engenharia da Produção) – Universidade Federal de Santa Catarina. Florianópolis. COMISSÃO Mundial sobre Ambiente e Desenvolvimento Nosso Futuro Comum. Rio de Janeiro: FGV, p.44-50, 1988. CONAMA – Conselho Nacional do Meio Ambiente. Resolução nº 001, de 23 de janeiro de 1986, publicado no D. O U. de 17.2.86. Acesso em 03 jun. 2002. Rua Dr. Moacir Birro, 663 – Centro – Cel. Fabriciano – MG CEP: 35.170-002 Site: www.ucamprominas.com.br e-mail: diretoria@institutoprominas.com.br 156 DONAIRE, D. Gestão ambiental na empresa. 2.ed. São Paulo: Atlas, 1999. MACEDO, R. K. de, Gestão Ambiental - Os Instrumentos Básicos para a Gestão vAmbiental de Territórios e de Unidades Produtivas. ABES: AIDIS. Rio de Janeiro. vRJ. 1994. MAIMON, D. Passaporte Verde Gestão ambiental e competitividade. Rio de Janeiro: Qualitymark, 1996. MEYER, M. M. Gestão ambiental no setor mineral: um estudo de caso. 2000. Dissertação (Mestrado em Engenharia da Produção) – Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis. MOREIRA, A. C. Conceitos de ambiente e de impacto ambiental aplicáveis ao meio urbano. http://www.usp.br/fau/docentes/depprojeto/a_moreira/producao/conceit.htm . Acesso em 21 de mar.2002. NOVAES, W. A década do impasse. Da Rio-92 à Rio+10. São Paulo: Estação Liberdade, 2002. SOUZA, M. T. S. Rumo à prática empresarial sustentável. Revista de Administração de Empresas. São Paulo, SP: v.4, n.33, p. 40-52, jul/ago/1993. TIETENBERG, T. Economia de recursos ambiental e natural. www.colby.edu/personal/thtieten/ – Acesso em 08 de abril de 2003 http://www.valoronline.com.br. 7 de março de 2003, ano 4, nº 712. Sustentabilidade entra na pauta das multinacionais. http: www.sivam.gov.br. Acesso em 13 de setembro de 2002. Rua Dr. Moacir Birro, 663 – Centro – Cel. Fabriciano – MG CEP: 35.170-002 Site: www.ucamprominas.com.br e-mail: diretoria@institutoprominas.com.br 157 A EDUCAÇÃO AMBIENTAL COMO INSTRUMENTO DE MUDANÇA NA CONCEPÇÃO DE GESTÃO DOS RESÍDUOS SÓLIDOS DOMICILIARES E NA PRESERVAÇÃO DO MEIO AMBIENTE IZABEL CRISTINA BRUNO BACELLAR ZANETI Doutoranda - Centro de Desenvolvimento Sustentável - CDS - UnB izaneti@terra.com.br (61)5772648 LAIS MOURÃO SÁ Doutora em Antropologia -UnB Docente - Centro de Desenvolvimento Sustentável – UnB lais.maria@terra.com.br (61) 3073210 1 - Crise ambiental e busca de sustentabilidade Nos últimos tempos, a sociedade capitalista tem poluído a natureza pelo consumo exagerado de produtos industrializados e tóxicos que, ao serem descartados, acumulam-se no ambiente, causando danos ao planeta e à própria existência humana. A produção de resíduos em larga escala - entenda-se não só no sentido de resíduos sólidos, mas também no sentido social: miséria, fome e exclusão - caracteriza a sociedade de consumo que vem do século passado e avança neste início do terceiro milênio. O lucro, como corolário da ação empresarial, continua a ser o objetivo teleológico do modo de produção capitalista, caracterizado pela economia de mercado, hoje ancorada no neoliberalismo. Em decorrência, está ele diretamente ligado ao consumo sem limites que traz o desperdício e a grande produção de resíduos. A manutenção da produção de maneira a atender o crescente consumo requer, ao mesmo tempo, o uso cada vez maior de recursos naturais e energéticos. Considerando a articulação entre Ecologia e Economia, no padrão civilizatório do capitalismo industrial globalizado, verifica-se que a atual forma produtiva da economia de mercado baseia-se numa tecnosfera que produz uma grande pegada Rua Dr. Moacir Birro, 663 – Centro – Cel. Fabriciano – MG CEP: 35.170-002 Site: www.ucamprominas.com.br e-mail: diretoria@institutoprominas.com.br 158 ecológica (resíduos, poluição) e envenenamento da biosfera (Layrargues, s/d). Existe atualmente uma enorme diferença de ritmos e intensidade entre o metabolismo industrial e o biológico, este último baseado nos ciclos de auto-ecoorganização dos sistemas naturais, que realizam sem cessar as transformações entre energia e matéria em todo o planeta. Pode-se afirmar que a apropriação privada dos recursos naturais, guiada pela lógica capitalista do lucro, com seus ritmos produtivos artificiais lineares e em aceleração crescente, é o fator responsável pela crise ambiental e pela grande quantidade de lixo gerado na produção e no consumo. Assim, a crescente ameaça de colapso ambiental e de esgotamento de recursos, e a necessidade de encontrar soluções, explicam um movimento também crescente na revisão de paradigmas, no sentido de pensar as condições de operacionalização social, política e tecnológica do desenvolvimento sustentável. Nas discussões sobre os rumos do processo de destruição da natureza, desde a Conferência de Estocolmo (1972), Sachs propôs o conceito de ecodesenvolvimento, depois ampliado para desenvolvimento sustentável. Ele enfatizou a necessidade de se planejar formas de harmonização entre atividades socioeconômicas e o trabalho de gestão do meio ambiente, buscando ―aquele desenvolvimento que atenda às necessidades do presente, sem comprometer as possibilidades das gerações futuras atenderem às próprias‖. Esta concepção incorpora as diferenças entre países e culturas, além de implicar na integração entre meio ambiente e estrutura socioeconômica – num processo que melhora as condições de vida das comunidades humanas e, ao mesmo tempo, respeita os limites da capacidade de carga dos ecossistemas. (Sachs: 1993). Não se pode, pois, separar a sociedade da natureza, pois a natureza não é um espaço passivo à disposição do homem, como tem sido entendido nestes últimos séculos, mas um movimento dinâmico, cíclico, em que a inter-relação e a interdependência garantem sua reprodução e manutenção. Sachs nos diz que não se trata de crescer menos ou negar o desenvolvimento, mas reconhecer que o limite é uma categoria necessária para planejar as ações futuras. Então, a idéia de sustentabilidade implica na articulação entre passado, presente e futuro, natureza e cultura, tecnologia e relações humanas, no sentido de possibilitar Rua Dr. Moacir Birro, 663 – Centro – Cel. Fabriciano – MG CEP: 35.170-002 Site: www.ucamprominas.com.br e-mail: diretoria@institutoprominas.com.br 159 a realização dos ciclos necessários à existência de uma humanidade social e ambientalmente equilibrada. (Dansa & Mourão;1998) Nesse sentido, as estratégias de sustentabilidade, tanto urbana quanto rural, devem levar em conta a complexidade das dimensões de envolvidas nos processos ambientais considerados, tal como colocado por Sachs(1993:37);(2000), ao destacar os aspectos sociais, ecológicos, espaciais, culturais e políticos do planejamento. Dentre estas dimensões, interessa-nos aqui discutir as questões ligadas ao papel do Estado, da sociedade civil e da Educação no processo de gestão ambiental e, particularmente, dos resíduos sólidos urbanos. 2 - Políticas públicas - o papel regulador do Estado O neoliberalismo busca adaptar os princípios do liberalismo econômico às condições do capitalismo moderno, ou seja, adaptado à realidade de um mundo em que a nãointervenção do Estado na economia é um ideal. A meta seria a intervenção mínima do Estado deixando o mercado ditar os rumos. A visão neoliberal, “ainda que na aparência se valha do desmantelamento do Estado, busca, na verdade, a conquista do mesmo, como forma de viabilizar a construção de um outro Estado: onde o mercado substitua as formas de mediação entre os diferentes atores sociais; onde a concorrência substitua a cooperação; onde o eu substitua o nós” (Bursztyn,M. 1998: 155). Esse padrão de organização do modo de produção capitalista, em sua evolução ao longo da história da cultura ocidental, culmina na crise ambiental e social da atualidade, em função da pressão socioambiental. A racionalidade econômica capitalista gera uma tensão antagônica entre o interesse comum e o privado, pois opera a partir de uma construção ideológica do particular enquanto isolado do coletivo. No entanto, a crise ambiental coloca à visão neoliberal o desafio de responder à necessidade de regulação coletiva, a partir da intervenção do poder público em favor dos interesses comuns de preservação da vida no planeta. Em toda parte, salvo nos países socialistas - até os anos 80 - foram sendo criadas estruturas governamentais voltadas para a regulamentação e para a fiscalização das atividades causadoras de danos ambientais. Rua Dr. Moacir Birro, 663 – Centro – Cel. Fabriciano – MG CEP: 35.170-002 Site: www.ucamprominas.com.br e-mail: diretoria@institutoprominas.com.br 160 Atualmente, a necessidade de regulamentação ambiental tornou-se mais intensa e é considerada indispensável diante do fato de que: “o meio ambiente envolve uma categoria de riscos e de danos onde os problemas se apresentam com acuidade bem particular (cadeias de causalidade extensas e múltiplas, responsabilidades divididas, caráter de massas e coletivo dos riscos, à saúde das pessoas).Trata-se de um terreno em que as acomodações com a doutrina individualista da responsabilidade parecem difíceis de evitar. Da mesma forma que para o tráfego de veículos,a minimização de riscos pessoais implica a aceitação de certas regras e restrições públicas.‖ (Lepage,1989: 327 apud Bursztyn 1994: 85) Por esta razão, o Estado não pode ser o Estado mínimo, como defendido pelo liberalismo, mas o Estado necessário para exercer essa função reguladora em defesa do meio ambiente. Essa função se refere, basicamente, à criação de instrumentos legais que definam as bases de políticas públicas adequadas à gestão ambiental. No que diz respeito à legislação sobre resíduos sólidos domiciliares, existem mais de 50 instrumentos legais tratando de múltiplos aspectos do gerenciamento dos resíduos, incluindo preocupações com o controle da poluição, a preservação dos recursos naturais e a ocupação do solo urbano. São tratados internacionais, leis, resoluções, decretos e portarias. No Brasil, compete à União o disciplinamento geral da matéria, e aos municípios e ao Distrito Federal o estabelecimento de regras específicas. Mandarino (2000) analisou a legislação em vigor no DF a partir de dois parâmetros: a eficácia dos instrumentos legais e sua adequação à base conceitual dos resíduos sólidos, e a efetividade desses instrumentos, face às práticas comuns no Distrito Federal, de destinação final do lixo domiciliar. Constatou que o arcabouço legal necessita de urgente sistematização, com vistas à superação de suas falhas, como confusões conceituais, omissões e ambigüidades, fatores que comprometem seu cumprimento, uma vez que carecem da explicitação de parâmetros e critérios para a matéria, embora seja pródigo em comandos genéricos. Em nível nacional, o Brasil está adotando providências visando à criação de um aparelhamento jurídico que possibilite a regulação dos resíduos. A Rua Dr. Moacir Birro, 663 – Centro – Cel. Fabriciano – MG CEP: 35.170-002 Site: www.ucamprominas.com.br e-mail: diretoria@institutoprominas.com.br 161 proposta de lei que dispõe sobre a Política Nacional de Resíduos Sólidos sugere que esta política seja desenvolvida em consonância com as Políticas Nacionais de Meio Ambiente, de Recursos Hídricos, de Saneamento e de Saúde, de acordo com os objetivos, princípios, fundamentos, diretrizes, instrumentos, planos e programas adotados na lei. Esta política prevê regulamentações e sanções pelo seu descumprimento. Segundo Bursztyn, a responsabilização é uma das condições necessárias para criar bases para o estabelecimento de mecanismos regulatórios que disciplinem e compatibilizem interesses difusos de um sistema de decisões complexo. Neste sentido, é preciso que, num sistema democrático, o poder público se articule às forças organizadas da sociedade civil e promova espaços de debate e negociação de interesses, visando a consolidação de princípios norteadores para políticas públicas voltadas às questões socio-ambientais. 3 - A relação poder público/sociedade civil A pressão política do modelo neoliberal pela supressão das mediações do Estado nas relações de mercado, produz a redução progressiva do trabalho assalariado, o crescimento da terceirização e da economia informal, o que gera, no nível micropolítico, a perda do enraizamento da cidadania nas formas organizativas tradicionais da sociedade civil. Essa disjunção entre economia e cidadania, responsável pelos antagonismos e tensões entre o poder público e a sociedade civil, vem sendo re-visitada na literatura acadêmica com foco na capacidade de auto-eco-organização das comunidades e do poder público no âmbito local: "A modernidade implica numa visão política de que participar na construção de seu espaço de vida, mais do que receber presentes das 'autoridades', constitui uma condição essencial da cidadania. Implica numa visão institucional menos centrada nas 'pirâmides' de autoridade, e mais aberta para a colaboração, as redes, os espaços de elaboração de consensos e os processos horizontais de interação" (Dowbor, 1999:126) "O poder local, com seus instrumentos básicos, que são a participação comunitária e Rua Dr. Moacir Birro, 663 – Centro – Cel. Fabriciano – MG CEP: 35.170-002 Site: www.ucamprominas.com.br e-mail: diretoria@institutoprominas.com.br 162 o planejamento descentralizado, constitui um mecanismo de ordenamento político e econômico de grande eficiência" (Dowbor, op cit::83) "O poder local, como sistema de organização de consensos da sociedade civil num espaço limitado, implica alterações no sistema de organização da informação, reforço da capacidade administrativa e um amplo trabalho de formação tanto da comunidade como na própria máquina administrativa" (Dowbor, op cit : 72) Neste sentido, é preciso compreender a construção democrática de políticas públicas como um processo que envolve necessariamente a existência de espaços e redes de articulação entre o poder público e a sociedade civil. Esse processo vem dar visibilidade a um novo modo de reconstrução da polis, a partir de uma busca da autonomia organizativa das comunidades locais, com base nas necessidades compartilhadas de sobrevivência, de saúde psicofísica e socioambiental, as quais podem e devem ser o ponto de partida para uma reconexão entre ecologia, ética e política. É aí que se insere o papel da Educação, atuando sobre as raízes dos processos de disjunção e insustentabilidade das situações de crise socioambiental. Política Nacional dos Resíduos Sólidos em tramitação na Câmara dos Deputados, cujo relator é o deputado Emerson Kapaz. 4 - A compreensão dominante de Educação Ambiental A Educação Ambiental-EA tem sido muito discutida em nível mundial e local, resultando em documentos relevantes para a visibilidade da questão. A Conferência de Tbilisi (1977) definiu a EA como: “um processo permanente no qual os indivíduos e a comunidade tomam consciência de seu meio ambiente e adquirem o conhecimento, os valores, as habilidades, as experiências e a determinação que os tornam aptos a agir - individual e coletivamente- a resolver os problemas ambientais.” Por ocasião da Rio/92 foram produzidos três documentos importantes para a validação da EA no âmbito internacional: Agenda 21 (elaborada pelos chefes de estado), o Tratado de Educação Ambiental para Sociedades Sustentáveis e Responsabilidade Global (elaborado pelo Fórum Global, realizado paralelamente por ONGs de todo o mundo) e a Carta Brasileira de Educação Ambiental (elaborada pela coordenação do MEC). Rua Dr. Moacir Birro, 663 – Centro – Cel. Fabriciano – MG CEP: 35.170-002 Site: www.ucamprominas.com.br e-mail: diretoria@institutoprominas.com.br 163 No Brasil, a Lei 9.795 de 27/04/99, dispõe sobre a Educação Ambiental e institui a Política Nacional de Educação Ambiental, que é definida como: “processos por meio dos quais o indivíduo e a coletividade constroem valores sociais, conhecimentos, habilidades, atitudes e competências voltadas para a conservação do meio ambiente, bem de uso comum do povo, essencial à sadia qualidade de vida e sua sustentabilidade.” Os princípios básicos são: enfoque humanista e participativo; concepção do meio ambiente em sua totalidade; pluralidade de idéias e concepções pedagógicas, na perspectiva de inter, multi e transdisciplinaridade; vinculação entre a ética, a educação, o trabalho e as práticas sociais; garantia de continuidade e permanência do processo educativo; abordagem articulada das questões ambientais locais, regionais,nacionais e globais; reconhecimento e respeito à pluralidade e a diversidade individual e cultural. Embora a EA seja definida nestes documentos como um processo dinâmico integrativo, transformador, participativo, abrangente, globalizador, permanente e contextualizador, há um aspecto que é praticamente escamoteado nestas definições. Trata-se de conceber a Educação como um instrumento no processo de gestão ambiental, postulando-se a necessidade de criação de espaços democráticos de exercício do poder de gestão. Uma tal concepção implicaria em se prever formas de compartilhamento com as populações locais envolvidas nas questões ambientais das informações necessárias à compreensão da complexidade dessas questões, bem como a criação de espaços de decisão quanto às políticas públicas a serem adotadas. Neste sentido, a Agenda 21 Brasileira, recém concluída (julho/02), contém algumas indicações interessantes a respeito, da dimensão política da sustentabilidade que, embora não diretamente articuladas às questões da Educação, valem ser destacadas: "O planejamento governamental deve ser um processo de negociação permanente entre o Estado e as instituições da sociedade" "Negociar é assumir as diferenças e reconhecer nos conflitos de interesse a essência da experiência e dos compromissos democráticos. As lutas, os conflitos e as dissidências são formas pelas quais a liberdade se converte em Rua Dr. Moacir Birro, 663 – Centro – Cel. Fabriciano – MG CEP: 35.170-002 Site: www.ucamprominas.com.br e-mail: diretoria@institutoprominas.com.br 164 liberdades públicas concretas. Desse modo, o compromisso democrático impõe a todas as etapas do processo de planejamento o fortalecimento de estruturas participativas e a negação de procedimentos autoritários, que inibem a criatividade e o espírito crítico" (Introdução - "Democracia participativa e as lições aprendidas", p. 1) Existem aí também algumas referências indiretas ao processo educativo necessário à implementação das propostas transformadoras, incluídas no "Objetivo 20 - Cultura cívica e novas identidades na sociedade da comunicação - A formação de capital social" ( 86-87): "A longa crise do Estado em países onde o setor público foi o grande propulsor do desenvolvimento, gerou um vazio político que só poderá ser preenchido com o fortalecimento e a capacitação da sociedade civil para dividir responsabilidades e conduzir ações sociais de interesse público." Dessa forma, ainda nos deparamos com um discurso fragmentado e uma visão compartimentada sobre os potenciais transformadores de um processo educativo que possa ser utilizado como instrumento viabilizador da sustentabilidade política da gestão ambiental. 5 - A Educação no processo de gestão ambiental Atualmente, falar em resíduos sólidos domiciliares, nos reporta à Coleta Seletiva e à política dos 3 Rs: reduzir o consumo, reaproveitar e reciclar os resíduos. Mas a ênfase dos programas de coleta seletiva está no reaproveitar e no reciclar e não no reduzir o consumo, que é o principal problema. Há uma insustentabilidade da estrutura sócio-ambiental das cidades, tanto das relações entre as pessoas, como das relações das pessoas com a natureza e com os seus resíduos. Para que estas relações sejam viáveis, é necessário que haja uma Educação integrada no processo de Gestão Ambiental que: “proporcione as condições necessárias para a produção e aquisição de conhecimentos e habilidades, e, que desenvolva atitudes, visando à participação individual e coletiva na gestão do uso de recursos ambientais e na concepção e aplicação das decisões que afetam a qualidade dos meios físico-natural e sóciocultural.” (Quintas, J. 2000: 18) Rua Dr. Moacir Birro, 663 – Centro – Cel. Fabriciano – MG CEP: 35.170-002 Site: www.ucamprominas.com.br e-mail: diretoria@institutoprominas.com.br 165 A Educação entendida como um dos instrumentos básicos e indispensáveis à sustentabilidade dos processos de gestão ambiental traz o foco para a importância de se considerar as questões de cidadania a partir do universo cognitivo, comunicativo e socio-político dos sujeitos que dão suporte às ações implementadas, suas relações inter-subjetivas e inter-grupais, suas diferenciações socioeconômicas, culturais e ideológicas. O enfoque na Educação traz, assim, a necessidade de compreensão das raízes das questões tratadas a partir de um olhar complexo e multirreferencial, capaz de integrar os pontos de vista antropológico, sociológico e psicológico, como suporte para a razão econômica e política. Para que a EA possa contribuir nesse processo, é preciso que o educador ambiental atue como um intérprete: ...―a busca dos sentidos da ação humana que estão na origem dos processos socioambientais parece sintetizar bem o cerne do fazer interpretativo em educação ambiental. Ao evidenciar os sentidos culturais e políticos em ação nos processos de interação sociedade-natureza, o educador seria um intérprete das percepções –que também são, por sua vez, interpretações –sociais e históricas – mobilizadoras dos diversos interesses e intervenções humanas no meio ambiente. Bem ao contrário de uma visão objetivadora, na qual interpretar o meio ambiente seria captá-lo em sua realidade factual, descrever suas leis, mecanismos e funcionamento, trata-se aqui de evidenciar os horizontes de sentido histórico-culturais que configuram as relações com o meio ambiente para uma determinada comunidade humana e num tempo específico.” (Carvalho,I. 2001:32) Compreender os sentidos culturais e políticos implica em perceber suas formas de construção e enraizamento na vida cotidiana. Podemos utilizar, aqui, a noção de habitus, criada por Bourdieu (1972) para referir-se aos fenômenos de imprinting dos padrões culturais na vivência cotidiana dos indivíduos-sujeitos. Bourdieu fala de um sistema de disposições duráveis que se torna matriz de representações e ações, de acordo com a posição dos sujeitos na estrutura social. No que se refere à racionalidade do lucro capitalista, esta dimensão aponta para as repercussões das ideologias do individualismo e do consumismo na formação da ética pessoal e grupal, incompatíveis com a lógica do cuidar. Rua Dr. Moacir Birro, 663 – Centro – Cel. Fabriciano – MG CEP: 35.170-002 Site: www.ucamprominas.com.br e-mail: diretoria@institutoprominas.com.br 166 O ethos que confere sentido a essa racionalidade pode ser detectado a partir dos valores e ideologias que dão suporte intersubjetivo à cultura capitalista e reproduzem as estratégias socio-econômicas, tais como a competição, a negação da cooperação, o individualismo, a acumulação de riqueza em detrimento da distribuição igualitária. Do ponto de vista da produção, esta ética está presente nas tensões entre capital e trabalho, entre o público e o privado, aparece sob a forma da obsolescência planejada dos produtos-mercadorias, e, no caso do capitalismo globalizado, tensiona as relações entre as necessidades coletivas, enquanto bem comum, e os interesses privados das empresas multinacionais. No processo de consumo, manifesta-se na face da descartabilidade, do desperdício, da geração de necessidades artificiais e dos resíduos não reciclados que contaminam o meio ambiente e degradam a qualidade de vida. Buscando entender microfisicamente os efeitos destes fenômenos nas dimensões pessoal e coletiva dos comportamentos e estilos de vida, Guattari afirma que "o lucro capitalista é, fundamentalmente, produção de poder subjetivo. Isso não implica uma visão idealista da realidade social: a subjetividade não se situa no campo individual seu campo é o de todos os processos de produção social e material" (Guattari, 1986: 24). "Assim como o capital é um modo de semiotização que permite ter um equivalente geral para as produções econômicas e sociais, a cultura capitalística é o equivalente geral para as produções de poder. As classes dominantes sempre buscam essa dupla mais-valia: a mais-valia econômica, através do dinheiro, e a mais-valia de poder, através da cultura-valor. Considero essas duas funções inteiramente complementares. Elas constituem, juntamente com o poder sobre a energia - a capacidade de conversão das energias umas nas outras - os três pilares do capitalismo mundial integrado.” (Guattari, op cit:24). O fato da perda cultural de conexão humana com os processos biológicos cíclicos dos ecossistemas repercute na dimensão pessoal e intersubjetiva sob a forma de um desenraizamento físico, emocional e mental que faz dos indivíduos peças atreladas à máquina de produzir necessidades artificiais, representada pela mídia mercadológica. A perda das raízes ecológicas se traduz na insatisfação consumista, na identificação ideológica da felicidade com o ter, e contamina os padrões de Rua Dr. Moacir Birro, 663 – Centro – Cel. Fabriciano – MG CEP: 35.170-002 Site: www.ucamprominas.com.br e-mail: diretoria@institutoprominas.com.br 167 sentimentos e percepções intersubjetivas, nas relações com a família, com o território, com a comunidade e com a história. Nesse contexto, o entendimento da questão da gestão dos resíduos, da coleta seletiva, pelo viés da cidadania, passa necessariamente pela busca de participação política para a superação das carências cotidianas. Para isso, é preciso também que os processos educativos venham a superar a dicotomia entre indivíduo e coletividade, atuando na rede de significados que é a própria cultura, e reforçando sua função de suporte e linguagem para uma percepção dos interesses comuns compartilhados, que são a essência da cidadania e do poder local. O processo participativo pode propiciar às pessoas e às comunidades uma reflexão contextualizada sobre a realidade e proporcionar formação e capacitação para organizações coletivas democráticas. Nos processos grupais, a participação, quando existe de fato, é necessariamente educativa. Propicia níveis cada vez mais elevados de consciência e organicidade. Na medida em que se produz essa participação consciente e orgânica dos grupos comunitários, dar-se-ão ações concretas de transformação social e, dessa maneira, conseguir-se-á influir, direta ou indiretamente, na transformação da realidade. A participação só pode ser aprendida e aperfeiçoada se for praticada. Faundez (1993) e Dowbor (1999) colocam como condições necessárias para o aprendizado da participação o sentimento de pertencimento ao grupo, o diálogo e a determinação das necessidades coletivas. Estas condições podem dar sustentação à construção do conhecimento necessário ao desenvolvimento da cidadania e ao poder e capacidade para a tomada de decisões. 6 - Um olhar sobre a gestão dos resíduos sólidos urbanos do ponto de vista da sustentabilidade: pontos críticos das atuais experiências brasileiras Em termos de uma Ecologia Urbana, entendida aqui no sentido da dinâmica que sustenta a vitalidade do ecossistema socioambiental urbano, podemos afirmar que as cidades brasileiras contemporâneas são ecossistemas em constante ameaça de colapso, devido ao crescimento desordenado e à enorme pegada ecológica que suscitam para sua reprodução (alimentos, insumos externos como água, lixo, energia, extração de matérias-primas, impermeabilização do solo, emissão de gases, etc.), sem que haja reposição ou correção eficaz desses efeitos. Rua Dr. Moacir Birro, 663 – Centro – Cel. Fabriciano – MG CEP: 35.170-002 Site: www.ucamprominas.com.br e-mail: diretoria@institutoprominas.com.br 168 O sistema socioeconômico não gera espontaneamente as suas condições de reprodução e as políticas públicas têm sido ineficazes nesse sentido. A ecologia urbana vem se degenerando pela perda da característica fundamental de auto-ecoorganização que é a marca da sustentabilidade dos sistemas vivos no planeta. De um modo geral, o aumento do lixo urbano nos últimos 40 anos se deve à produção indiscriminada de embalagens não recicláveis (multiplicadas principalmente através do sistema de franquias), aos hábitos alimentares artificializados (fast-food e congelados), ao lixo doméstico, industrial, comercial, e dos serviços de saúde. Olhando as experiências brasileiras existentes na gestão dos resíduos sólidos urbanos, identificamos alguns pontos críticos que desejamos ressaltar. Estamos considerando principalmente as experiências de Porto Alegre, Belo Horizonte, Curitiba, Fortaleza, Brasília e São Paulo. Embora existam, evidentemente, diferenças qualitativas marcantes entre essas experiências, queremos ressaltar pontos comuns, quanto a seus efeitos sobre a ecologia urbana. Em primeiro lugar, as políticas públicas para o setor não adotam como ponto de partida um conhecimento objetivo da complexidade do sistema socioeconômico que gera os resíduos e, portanto, já partem de um desconhecimento sobre os pontos críticos apontados acima. Dessa forma, estas propostas tendem a permanecer atreladas à lógica de mercado, sendo automaticamente orientadas pela ética que acompanha essas relações, e, assim, deixando de promover qualquer mudança significativa de valores e práticas que possam reverter a insustentabilidade do padrão vigente. Por exemplo, não se modificam os padrões de concentração de renda e a dependência do mercado para os setores da população com inserção indireta (catadores). O valor gerado a partir da transformação do lixo em mercadoria ("resíduo") é desigualmente distribuído entre os atores do processo de comercialização (os catadores ficam, em média, com 20% do valor), e só existem investimentos do poder público em relação aos resíduos cuja reciclagem é de interesse das empresas, que compram os resíduos recicláveis para diminuir seus custos de produção. Isto significa que as políticas públicas não privilegiam as necessidades sociais ao definir suas diretrizes, colocando-se, a priori, a serviço dos interesses particulares do capital. No caso, por exemplo, do alumínio, o Rua Dr. Moacir Birro, 663 – Centro – Cel. Fabriciano – MG CEP: 35.170-002 Site: www.ucamprominas.com.br e-mail: diretoria@institutoprominas.com.br 169 que realmente é privilegiado como produto do sistema de gestão de resíduos é a eco-eficiência das empresas que fazem uso do mesmo como matéria-prima (Cf. Layrargues, s/d e Nunesmaia, 2001). Não existe também, na ideologia da reciclabilidade, uma atitude crítica quanto aos valores e a hierarquia de necessidades que foi definida no Fórum Global 92: 1º reduzir (consumo e obsolescência planejada); 2º reutilizar; 3º reciclar (interesse das empresas - redução de custos de produção). Além de privilegiar a racionalidade de mercado, os projetos implantados pelo poder público restringem-se aos aspectos técnicos do sistema de gestão, descuidando-se da dimensão educativa/comunicativa que é o instrumento básico para priorizar o reduzir e o reutilizar na hierarquia dos valores da gestão. Dessa forma, tanto as unidades familiares, que geram lixo pelo consumo, quanto as empresas, que geram lixo no processo de produção e colocação no mercado, não são atingidas por propostas concretas de mudança dos hábitos de consumo e produção. Além disso, os modelos de organização implementados na inserção dos catadores no sistema de gestão estão pautados pelo viés da terceirização, fazendo com que os mesmos se encontrem sempre sob o controle da indústria da reciclagem e com pouca margem de negociação quanto aos preços de mercado. Não existe, portanto, nas políticas públicas para o setor, a intenção explícita de gerar novas formas organizativas capazes de dar autonomia, consciência crítica e poder de modificar sua qualidade de vida, aos indivíduos e grupos ligados aos serviços de catação, separação e comercialização do lixo urbano (faça-se a ressalva dos projetos desenvolvidos em Belo Horizonte, cf. Nunesmaia, 2001). Ainda um outro ponto crítico a ser destacado é que as práticas de inserção desses segmentos sociais no sistema de gestão geram conflitos de interesses (quanto ao acesso ao lixo de melhor qualidade e ao controle dos preços) tanto entre catadores e os outros atores do sistema, tais como escolas, poder público, empresas, quanto entre os próprios grupos de catadores, que passam a concorrer entre si a partir de uma variedade de formas organizativas. Podemos dizer, assim, que os pontos críticos das experiências brasileiras em gestão de resíduos urbanos resumem-se numa incapacidade das políticas públicas de tocar na essência da crise ambiental, que é a questão da insustentabilidade dos padrões de relação socioambiental vigentes. Rua Dr. Moacir Birro, 663 – Centro – Cel. Fabriciano – MG CEP: 35.170-002 Site: www.ucamprominas.com.br e-mail: diretoria@institutoprominas.com.br 170 7 - A gestão integrada de resíduos sólidos urbanos É comum encontrarmos a palavra "integrada" como qualificativo das propostas de sistemas de gestão de resíduos sólidos. No entanto, se levarmos às últimas conseqüências o sentido dessa qualificação, observaremos que ela deveria trazer para os sistemas de gestão propostos, a natureza participativa essencial para que uma verdadeira integração ocorra entre os atores e setores inseridos nos mesmos. No sentido da complexidade que caracteriza as questões ambientais, uma verdadeira integração implica em circularidade e retro-alimentação do sistema, com mecanismos de correção dos desvios e atenção às novas emergências surgidas no processo de desenvolvimento. Essa integração exige a criação de redes relacionais de sustentação da comunicação entre os atores, que, no caso dos resíduos sólidos urbanos, são os produtores, catadores, o poder público, os serviços privados, os intermediários e as empresas que utilizam os resíduos como matéria prima.. Por outro lado, a gestão integrada deve implicar na necessidade de compreender a complexidade da questão socioambiental, ou seja, da ecologia urbana que é alvo do sistema de gestão proposto, o que inclui conhecer a natureza das fontes geradoras de resíduos, seus impactos na população e ambiente urbanos, estudando-se a realidade local em seus aspectos socioeconômicos, políticos, e pessoais/coletivos, além de articulá-los co m os impactos da dimensão global, para que se obtenha uma visão real da complexidade da questão. É também conseqüência da adoção do ponto de vista integral a necessidade de considerar o sistema completo de gestão, que inclui, de acordo com os tipos de resíduos existentes: a) prevenção - mudança de hábitos de produção e consumo; responsabilização das empresas quanto ao destino das embalagens e do lixo gerado na extração dos recursos; b) redução - reutilização e reciclagem; c) valorização orgânica/energética dos resíduos; d) eliminação - aterros e incineração. A incorporação da dimensão participativa nas políticas públicas para o setor de resíduos sólidos urbanos deve ser entendida não como simples busca da concordância da população a modelos pré-definidos, mas como busca conseqüente de uma verdadeira responsabilização de todos os atores envolvidos no Rua Dr. Moacir Birro, 663 – Centro – Cel. Fabriciano – MG CEP: 35.170-002 Site: www.ucamprominas.com.br e-mail: diretoria@institutoprominas.com.br 171 processo de gestão. A dimensão participativa deve ser considerada como prérequisito para a viabilidade das soluções encontradas e para a sustentabilidade dos procedimentos operativos e técnicos escolhidos, tendo em vista que tais aspectos dependem basicamente da capacidade organizativa, mobilizadora e comunicativa dos grupos sociais e instituições envolvidos nos mesmos. A organização da gestão participativa a partir da iniciativa do poder público conta com algumas experiências em curso, como as de Curitiba (participação de associações de bairro, compra/troca de lixo por produtos verdes, participação das escolas) e de Belo Horizonte (organização dos carroceiros como autônomos para a coleta nas ruas, acompanhamento dos centros de triagem por equipes de educadores, campanhas públicas de informação nas ruas e nos meios de comunicação). Faz-se necessário, porém, uma avaliação dessas experiências a partir de critérios que apontem os modos de preencher as lacunas existentes, na perspectiva de uma real organização participativa de todos os atores sociais envolvidos, considerando-se a integração do sistema de gestão, o que significa uma eficiente articulação entre o poder público e a sociedade civil. No processo de mobilização dos atores para participar consciente e eficazmente na gestão, é necessário que sejam levados em conta o universo cognitivo e os valores socio-culturais dos atores, bem como suas relações micro-políticas. É necessário também que sejam previstos no sistema integrado de gestão mecanismos de retroação e recorrência entre os atores do sistema, de modo que os processos em cadeia funcionem realmente como anéis retroativos, do ponto de vista da sustentabilidade do mesmo. Tudo isso implica em intensa comunicação, circulação de informações, troca de experiências, esferas de diálogo e negociação, que coloquem em contato permanente os atores envolvidos, incluindo-se aí também o poder público. Ora, essa articulação precisa basear-se em metas que só serão alcançadas pela mudança nos estilos de vida, com novos padrões de consumo e novas tecnologias ambientalmente adequadas- o que só ocorrerá num esforço organizado, integrando as políticas publicas no que diz respeito à legislação, educação e gestão ambiental. BIBLIOGRAFIA Rua Dr. Moacir Birro, 663 – Centro – Cel. Fabriciano – MG CEP: 35.170-002 Site: www.ucamprominas.com.br e-mail: diretoria@institutoprominas.com.br 172 AGENDA 21 BRASILEIRA - Ações Prioritárias/Comissão de Políticas de Desenvolvimento Sustentável e da Agenda 21 Nacional. 2002. BOURDIEU, P. - Squisse d´une Théorie de la Pratique. Paris: Libraire Droz, 1972. BURSZTYN, Marcel (org.) - Para pensar o Desenvolvimento Sustentável. S. 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(Natal) vol.8 no.2 Natal May/Aug. 2003 doi: 10.1590/S1413-294X2003000200005 A GESTÃO AMBIENTAL, NOVO DESAFIO PARA A PSICOLOGIA DO DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL1 Enric Pol Universidade de Barcelona RESUMO Todo projeto industrial, desenvolvimento urbano ou oferta de serviço implica modificações em seu entorno, um impacto ambiental que pode afetar mais do que o local físico. Essas mudanças podem ser gestionadas positivamente, para minimizar seu impacto, ou podem ser ignoradas, deixando que o meio alterado (físico e social) siga seu curso, normalmente em um processo de degradação cada vez mais acelerado. A forma atual de entender a gestão ambiental remete ao conjunto de ações preventivas e paliativas para minimizar os efeitos ambientais da atividade humana. A gestão ambiental é antes de tudo gestão do comportamento humano, tanto dentro como fora das organizações. A pergunta que devemos nos fazer é se a Psicologia Ambiental tem suficiente bagagem – ou se está disposta a desenvolvê-la – para fazer frente ao desafio e assumir a responsabilidade de estar presente na Rua Dr. Moacir Birro, 663 – Centro – Cel. Fabriciano – MG CEP: 35.170-002 Site: www.ucamprominas.com.br e-mail: diretoria@institutoprominas.com.br 175 gestão ambiental. Este artigo revisa algumas novas propostas nesse campo. Palavras-chave: gestão ambiental; avaliação do impacto ambiental; efeito nimby; participação; psicologia ambiental Uma psicologia ambiental com vocação de contribuir para o progresso da sociedade, desenvolvendo conhecimento básico, aplicável e aplicado, requer assumir os desafios sociais de cada momento histórico. Se não, corremos o risco de nos tornarmos um "fóssil" acadêmico ou um "luxo para os ricos que os ricos não nos pedem" (Pol, 1993, 1998). Os desafios que a Psicologia Ambiental tem a enfrentar na sociedade atual apresentam pelo menos duas dimensões: uma de intervenção (gerar mudanças no meio ambiente) e outra de gestão (tomar decisões a partir de uma escala de valores implícita ou explícita), ambas com base nos parâmetros da sustentabilidade como novo valor social positivo; valor necessário para a sobrevivência do planeta e da espécie humana, segundo se depreende dos debates sociais e das propostas das Nações Unidas no Informe Brundtland (1987) e das Conferencias Rio'92 e Johanesburgo'02. A intervenção ambiental apresenta, por sua vez, duas formas. Por um lado, o que sincreticamente se pode chamar de criação de lugares, um componente da tradição mais característica da Psicologia Ambiental Arquitetônica. Por outro, encontra-se a planificação e o projeto de infra-estruturas e serviços, menos comum na literatura da Psicologia Ambiental. Ambas estão relacionadas ao bem-estar das pessoas e à sua qualidade de vida. A situação nova, em relação aos planejamentos clássicos da Psicologia Ambiental, é que a "unidade de medida" da qualidade de um projeto (em qualquer uma das duas acepções mencionadas) já não é somente a pessoa, mas sim a pessoa em um ambiente sustentável. Ainda que o objetivo último de um desenvolvimento sustentável possa ser comum a toda a humanidade, os objetivos imediatos, as estratégias e a orientação das ações para alcançá-los podem (e devem) ser específicos de cada lugar. Estes podem até mesmo chegar a ser opostos àquele, especialmente se consideramos a situação nos países desenvolvidos do ocidente e a dos países empobrecidos. Por isso mesmo, não faltam razoáveis visões críticas do conceito de desenvolvimento sustentável. Rua Dr. Moacir Birro, 663 – Centro – Cel. Fabriciano – MG CEP: 35.170-002 Site: www.ucamprominas.com.br e-mail: diretoria@institutoprominas.com.br 176 Assim, por exemplo, Allende (1995) assinala que o Informe Brundtland (1987) oferece somente soluções tecnocratas que, a médio prazo, não são sustentáveis (Olson, 1995). Cobb (1995) afirma que o desenvolvimento sustentável deveria preservar a auto-suficiência das diversas regiões. A solução não consiste em gerar recursos por meio do crescimento, mas sim por intermédio da redistribuição de recursos e tecnologia de maneira mais eqüitativa, respeitando as formas locais de produção, que em grande medida se ajustam à capacidade do ecossistema (Martínez-Alier, 1992). Milbrath (1986, 1995) destaca que a raiz do problema se encontra no atual sistema de crenças do paradigma social dominante. Corson (1995) recomenda que os programas de conscientização ambiental sejam intensificados, ao mesmo tempo em que se busca reduzir as injustiças sociais e políticas. Neste trabalho definiremos alguns conceitos centrais de intervenção e gestão ambientais e sintetizaremos algumas contribuições fundamentais para tratar das dimensões comportamentais implícitas ou explícitas nos instrumentos mais típicos desse âmbito, que afetam tanto as empresas como as administrações públicas. A Psicologia Ambiental clássica esteve centrada quase exclusivamente no comportamento da pessoa como indivíduo, e pouco no conhecimento que possa ser útil para a tomada de decisões na gestão, como já afirmavam Stern e Oskamp (1987). Nos últimos anos, entretanto, começou a haver um crescente enfoque empírico e conceitual nessa direção. Uma comprovação desse fato está no número de artigos e números monográficos em distintas revistas internacionais de Psicologia, entre elas (embora não sejam as únicas) Environment and Behavior, Journal of Environmental Psychology e Journal of Social Issues. Esta última publicou quatro números temáticos nos últimos dez anos (1992, 1994, 1995, 2000), com participação de autores que se destacam como os de maior visibilidade sobre o tema, como Oskamp, Stern, Schultz, ou McKenzie-Mohr, entre outros. Também não é por acaso que no ano 2002 apareceram quase simultaneamente pelo menos seis títulos com referência ou contribuições explícitas ao desenvolvimento sustentável, à gestão e promoção ambientais e à cidade sustentável (Bechtel & Churchman, 2002; García-Mira, Sabucedo & Romay, 2002; Moser, Ratiu & Fleury-Bahi, 2002; Pol, 2002a, 2002b; Schultz & Schmuck, 2002). Rua Dr. Moacir Birro, 663 – Centro – Cel. Fabriciano – MG CEP: 35.170-002 Site: www.ucamprominas.com.br e-mail: diretoria@institutoprominas.com.br 177 Alguns conceitos chaves Nesta seção definiremos alguns conceitos-chave que caracterizam o âmbito da intervenção e gestão ambientais e que são a base das aplicações que veremos nas seções a seguir. Como sintetizado na Figura 1, toda intervenção provoca impactos ambientais, que têm, pelo menos, uma dimensão física e uma dimensão social que altera (positiva ou negativamente) o ecossistema, o comportamento e o bem-estar das pessoas. Impactos, efeitos e mudanças que se gestionam por ação ou por omissão. Rua Dr. Moacir Birro, 663 – Centro – Cel. Fabriciano – MG CEP: 35.170-002 Site: www.ucamprominas.com.br e-mail: diretoria@institutoprominas.com.br 178 Entendemos por gestão ambiental (Moreno & Pol, 1999) aquela que incorpora os valores do desenvolvimento sustentável na organização social e nas metas corporativas da empresa e da administração pública. Integra políticas, programas e práticas relativas ao meio ambiente, em um processo contínuo de melhoria da gestão. A gestão ambiental se centra principalmente nos recursos. Pressupõe escolher entre alternativas (que não são somente tecnológicas) e criar as condições para que aconteça o que se pretende que aconteça. Deve controlar e assegurar o cumprimento da lei ou normas que estão estabelecidas e regulam os Rua Dr. Moacir Birro, 663 – Centro – Cel. Fabriciano – MG CEP: 35.170-002 Site: www.ucamprominas.com.br e-mail: diretoria@institutoprominas.com.br 179 comportamentos das pessoas, das sociedades, das empresas, das formas de produção e seus efeitos. Porém também deve levar em consideração as pessoas e seu comportamento. Dimensões psicológicas nos instrumentos típicos da intervenção e gestão ambientais nas organizações O universo da intervenção e gestão ambientais constantemente gera novas figuras e novos instrumentos, que sempre acabam incidindo no comportamento das pessoas. Uma das características desse setor é que boa parte deles surge a partir de recomendações, normativas e regulamentos de organismos internacionais como Nações Unidas ou International Standards Organization (ISO), além das legislações de cada país. Focalizaremos aqui alguns aspectos típicos e complementares que se aplicam a três níveis distintos: sobre a organização em funcionamento, sobre um projeto antes de sua construção e sobre um produto (outros aspectos serão apresentados mais adiante, na seção sobre administração pública). Figuras e instrumentos de gestão ambiental para organizações em funcionamento Boa parte das figuras legislativas e instrumentos para a gestão está orientada à mudança ambiental nas organizações já existentes. Eles têm por objetivo estimular e/ou facilitar uma mudança de estilo nos modos de fazer, uma modificação de comportamento da organização e seus membros e obter certificações ambientais que, teoricamente, situarão a organização em melhor posição em um mercado competitivo. A seguir, trataremos da implantação de sistemas de gestão ambiental e dos processos de auditorias ambientais usados para seu controle ou verificação (conforme o caso). Sistema de gestão ambiental. A norma de sistema de gestão ambiental (SGA, ou EMS, Environmental Management System) mais conhecida internacionalmente é a ISO 14000, embora existam países que possuem suas próprias legislações. A ISO 14000, de 1996, define SGA como aquela parte do sistema geral de gestão da organização que compreende a estrutura organizativa, as responsabilidades, as práticas, os procedimentos, os processos e os recursos para determinar e executar Rua Dr. Moacir Birro, 663 – Centro – Cel. Fabriciano – MG CEP: 35.170-002 Site: www.ucamprominas.com.br e-mail: diretoria@institutoprominas.com.br 180 sua política ambiental. Na implantação de um SGA se distinguem cinco etapas: 1. Conscientizar: nesta etapa é especialmente importante envolver a alta direção. 2. Comprometer: a formulação da política ambiental, em forma de declaração, deverá ser pública e divulgada. 3. Organizar: a partir de um diagnóstico ambiental inicial, as tecnologias e os processos são revisados; e também a adequação do organograma e das mudanças necessárias; estabelecem-se objetivos ambientais; e redige-se o manual de gestão ambiental e os manuais de boas práticas. 4. Implementar o SGA: na implementação deve-se estabelecer os sistemas de controle de operações, de gestão e de registros. 5. Verificar e revisar: o SGA contempla um programa de auditorias ambientais, de sistemas de informação, comunicação, informes, marketing, etc., como formas que permitam a verificação sistemática do correto funcionamento de acordo com o estabelecido na política ambiental da organização. Uma vez comprovada a eficácia do sistema e o cumprimento dos requisitos estabelecidos na norma, procede-se à solicitação de uma certificação do sistema. Em cada uma das fases de implantação de um SGA existe uma série de aspectos psicológicos implicados: valores, atitudes e condutas; formação ambiental, cultura organizacional e gestão das mudanças nas organizações, condições ambientais de trabalho como elementos de conforto, de segurança, de oportunidade ou facilitadoras dos comportamentos desejados, relações de grupo, influência social, comunicação e liderança. Mesmo que a implantação de SGA signifique um progresso em direção a um modelo mais sustentável, ela não está isenta de aspectos críticos. Como destacado por Kirkland e Thompson (1999), existe uma importante defasagem entre a teoria e a prática. O principal obstáculo para a adoção de um SGA é a própria organização (Moxen & Strachan, 2000) e sua resistência às mudanças internas e às mudanças Rua Dr. Moacir Birro, 663 – Centro – Cel. Fabriciano – MG CEP: 35.170-002 Site: www.ucamprominas.com.br e-mail: diretoria@institutoprominas.com.br 181 em suas relações com a comunidade e parceiros externos (Jørgensen, 2000). Para Hillary (1999), a falta de formação suficiente e eficiente dos membros da organização; a insuficiente transmissão dos objetivos e dos valores ambientais aos próprios gestores; a percepção de que a própria organização não gera impactos ambientais importantes e de que os clientes não valoram uma melhora no seu comportamento ambiental são um obstáculo à adoção de um SGA que alcance além do estritamente formal. Auditoria ambiental. A auditoria ambiental (AA) é um instrumento de verificação que permite a avaliação sistemática documentada, periódica e objetiva da eficácia da organização, do SGA e dos procedimentos planejados para a proteção do meio ambiente. Seu objetivo é facilitar à direção da organização (empresa ou administração pública) a informação precisa para o controle dos trabalhos, comportamentos e/ou ações que possam ocasionar efeitos sobre o meio ambiente, e avaliar sua adequação à política ambiental preestabelecida. Aspectos organizacionais, sociais e comportamentais a considerar. Os manuais profissionais para a realização de auditorias ambientais (e.g., Chermisinoff & Chermisinoff, 1993; Harrison, 1995) incluem questionários, checklists, fichas de observação, etc., que costumam ser muito exaustivos nas dimensões tecnológicas, porém insuficientes nas dimensões organizacionais. Sincreticamente, a partir de uma ótica psicológica, Moreno (1995) considera os seguintes âmbitos: - a estrutura organizacional e tipo de gestão, que inclui entre outros aspectos, o estilo de relações, o nível de participação dos trabalhadores nas decisões organizacionais; - estilo de liderança e processos de tomada de decisões, que inclui o clima organizacional, a gestão das mudanças organizacionais e as motivações relacionadas às mudanças; - a política ambiental e os responsáveis ambientais, que trata de como se estabelece a política ambiental e de quem decide criá-la, recursos materiais e recursos humanos dedicados a temas ambientais, descrição de tarefas e condições de Rua Dr. Moacir Birro, 663 – Centro – Cel. Fabriciano – MG CEP: 35.170-002 Site: www.ucamprominas.com.br e-mail: diretoria@institutoprominas.com.br 182 trabalho; - motivação e comunicação, envolvendo os sistemas de reconhecimento das contribuições dos empregados em relação a temas ambientais, sistemas internos de promoção, comunicação interna e externa. Figuras e instrumentos de gestão ambiental para projetos antes de sua construção Uma das principais dimensões da gestão ambiental é a preventiva, que compreende a avaliação prospectiva de projetos mediante o Estudo de Impacto Ambiental (EIA). O EIA é o instrumento mais antigo para a gestão preventiva do meio ambiente (ver, em relação aos EUA, National Environmental Policy Act / NEPA, em United StatesEnvironmental Protection Agency, 1969; ou, relativas à Europa, as diretivas 85/337/CEE e 97/11/CE, em European Commission, 1985, 1997). Ele compreende a avaliação dos efeitos que uma instalação industrial ou um serviço pode causar sobre o meio ecológico, o bem-estar humano e o patrimônio cultural e, em cada caso, recomendar medidas de correção, prevenção ou compensação. O EIA é realizado sobre o projeto de uma indústria, de uma infra-estrutura ou de um serviço, antes de ser autorizada sua construção. É preciso distinguir entre Estudo de Impacto Ambiental (EIA) e Relatório de Impacto Ambiental (RIMA). O EIA é o processo de decisão que os organismos oficiais competentes realizam a partir do projeto e do RIMA que deve sempre acompanhálo. O Relatório de Impacto Ambiental (RIMA) é o documento resultante do trabalho de análise, detecção e descrição dos efeitos previsíveis vinculados ou vinculáveis ao projeto da instalação ou serviço que se pretende construir, e deve contemplar propostas para a minimização de tais efeitos. A partir do projeto, do RIMA e das alegações que a população possa apresentar durante o período de audiências públicas prévias, o órgão competente da administração pública prepara uma Declaração de Impacto, em que aprova ou indefere a autorização para a construção do projeto, incrementando, se necessário, as medidas preventivas ou as compensatórias. Conforme a maioria das legislações Rua Dr. Moacir Birro, 663 – Centro – Cel. Fabriciano – MG CEP: 35.170-002 Site: www.ucamprominas.com.br e-mail: diretoria@institutoprominas.com.br 183 específicas de cada país, devem ser levados em consideração tanto os impactos físicos como os sociais. O Comitê Interorganizacional para Diretrizes e Princípios para a Avaliação de Impacto Social (ICGPSIA, 1995) dos EUA define o impacto social como as conseqüências para as populações humanas de qualquer ação, pública ou privada, que altere a maneira como as pessoas vivem, trabalham, atuam, se relacionam com os demais, se organizam para satisfazer suas necessidades e, em geral, como se comportam como membros da sociedade. Para avaliar estes aspectos, o ICGPSIA (1995) considera queum estudo de impacto social deve contemplar: - o uso do solo e dos recursos disponíveis para a comunidade; - a existência ou não de serviços essenciais e a possibilidade de serem alterados; - os efeitos no emprego, da distribuição dos custos e dos benefícios; - as relações sociais, a qualidade de vida; e - os significados subjetivos dos espaços, dos recursos e dos efeitos que a intervenção possa ter. A partir da Psicologia Ambiental foram desenvolvidos alguns métodos para detecção e valoração de impactos sociais. Um deles é o DIS/BCN (Pol & Moreno, 1994, 2002). Entre outros aspectos, o método contempla a necessidade de realizar uma valoração histórica e prospectiva da evolução social de lugar; considerar os efeitos na vertebração sociocultural (que inclui a organização social formal e informal) desde suas dimensões funcional e simbólica; e a informação, aceitação ou rejeição do projeto por parte da população. Esse método enfatiza a necessidade de um diagnóstico social inicial, como referência para a estimação de impactos sociais. Consiste de um roteiro para realizar o inventario social inicial e protocolos para a detecção de impactos com base em checklists versáteis e de fácil aplicação. Outros métodos envolvem sistemas informatizados de simulação, como o SIMPACT (Huston & DeSouza, 1980), ou propõem sistemas de quantificação padronizada dos Rua Dr. Moacir Birro, 663 – Centro – Cel. Fabriciano – MG CEP: 35.170-002 Site: www.ucamprominas.com.br e-mail: diretoria@institutoprominas.com.br 184 impactos, como os chamados de orientação numérica, por exemplo, os do Instituto Battelle-Columbus (ver Battelle-Columbus Laboratories, 1972). Alguns utilizam estratégias combinadas, como os de Larry W. Canter (1977/1997). Torgerson (1980) utiliza estratégias participativas e Freudenberg (1986) enfatiza a necessidade de considerar as redes sociais na detecção de impactos. Taylor e Bryan (1990) destacam a conveniência de focalizar os problemas sociais já existentes e os que a nova intervenção pode gerar. O centro de referência europeu para os EIAs é o EIA Center da Universidade de Manchester, dirigido pelos professores N. Lee e Ch. Wood, que publica o EIA Newsletter. No trabalho de Moreno e Pol (2002) pode-se encontrar ampla revisão de metodologias para a detecção de impactos sociais. A prevenção ambiental sobre um produto: a Análise do Ciclo de Vida A Análise do Ciclo de Vida (ACV, ou Life Cycle Analysis / LCA) é um instrumento de gestão ambiental centrado sobre um produto concreto, e não sobre a atividade global da organização. Sua finalidade é avaliar e reduzir, desde a fase de projeto, os impactos ambientais associados e associáveis ao produto. Além de um melhor comportamento ambiental da organização produtora, uma das utilidades e/ou benefícios de submeter um produto a uma ACV é a possibilidade de obter o direito de usar uma ecoetiqueta. A ACV está regulada pela ISO-14040 e a regulação das ecoetiquetas (ou ecolabels) pela ISO-14020, além das leis específicas de cada país. Com uma ACV se pretende: reduzir o consumo de matérias primas e os impactos associados a sua extração e transporte, substituindo-as (quando possível) por subprodutos de outros processos industriais ou reciclando produtos já gastos; reduzir ou otimizar o consumo de energia nas fases de produção industrial e de uso do produto; e diminuir o volume e toxicidade dos resíduos resultantes. Ainda que essa questão pareça ser eminentemente tecnológica, tem uma dimensão direta e indiretamente vinculada ao comportamento humano e social. Por princípio, a ACV requer uma vontade, uma disposição ética (que implica valores, atitudes e comportamentos) por parte dos promotores, planejadores e gestores. Mas também compromete o comportamento específico do usuário. Rua Dr. Moacir Birro, 663 – Centro – Cel. Fabriciano – MG CEP: 35.170-002 Site: www.ucamprominas.com.br e-mail: diretoria@institutoprominas.com.br 185 Na ACV pode-se diferenciar dois ciclos: o ciclo de projeto e produção e o ciclo do uso e disposição (Rieradevall, Moreno, Serena & Pol, 1996). No ciclo de projeto e produção deve-se levar em consideração as tendências do comportamento do usuário, como condicionantes do projeto; além do comportamento das pessoas que intervém no ciclo produtivo, como fator humano que pode provocar desvios dos comportamentos desejados, com conseqüências ambientais. No ciclo do uso, é fundamental prever não só os usos primários, para os quais o produto foi desenhado, mas também os usos secundários ou reutilizações, e as destinações finais que podem ser dadas por grupos específicos de usuários. Em ambos os casos, trata-se de análise e previsão de comportamentos. Assim, ao planejar-se um novo produto é preciso conhecer quais são as tendências de utilização e reutilização habituais dos grupos-alvo (target groups) ao quais o produto se dirige. É necessário prever um catálogo de funções secundárias factíveis e de usos e destinos finais a evitar. A explicação das formas desejáveis de utilização e destinação final suscitam um problema de comunicação eficiente, também relacionado aos campos de conhecimento tradicionais da Psicologia. Dimensões psicológicas na intervenção e gestão ambientais nas administrações públicas As administrações públicas (AP) desempenham pelo menos três papéis distintos em intervenção e gestão ambientais. Elas são em si organizações que desempenham um comportamento ambiental. Como tal, as APs podem (ou devem) ter um sistema de gestão ambiental próprio que pode optar por ser reconhecido ou certificado (via ISO 14000, por exemplo). Além disso, as APs são os órgãos competentes para o controle das ações ambientais das empresas (concedem e controlam autorizações de funcionamento, estudos de impacto ambiental, concessão de certificações ambientais a empresas ou a produtos, etc.). Nestes dois primeiros papéis, são aplicáveis as mesmas figuras e instrumentos descritos na seção anterior, referente a organizações. O terceiro papel que as APs desempenham é uma gestão ambiental própria em seus âmbitos de competência (estabelecimento de políticas ambientais em nível Rua Dr. Moacir Birro, 663 – Centro – Cel. Fabriciano – MG CEP: 35.170-002 Site: www.ucamprominas.com.br e-mail: diretoria@institutoprominas.com.br 186 nacional, regional ou local, planificação territorial, gestão de espaços naturais, política energética e de gestão de resíduos, de transporte, aplicação de uma agenda 21 local, etc.). Essa gestão nem sempre é bem aceita pelos coletivos sociais, encontrando, às vezes, resistências e reactâncias (efeito NIMBY, por exemplo). Voltaremos a esses tópicos nas subseções a seguir. Planejamento, desenho e gestão urbanística Este é o âmbito mais desenvolvido e divulgado na Psicologia Ambiental tradicional. Na sociedade ocidental, as administrações públicas são as responsáveis básicas pelo planejamento, desenho e gestão dos espaços urbanos e dos usos territoriais. Devem se ocupar da manutenção da qualidade ambiental, dos níveis de serviços (gestionados diretamente ou por meio de concessionárias) e, em última instância, da qualidade de vida e satisfação residencial da população, em que a apropriação do espaço e os aspectos relacionais aparecem como elementos-chave (Amérigo, 2000; Bell, Greene, Fisher & Baum, 1996; Fleury-Bahi, 1997; Moser, Ratiu & Fleury-Bahi, 2002; Pol, 1996, no prelo; Pol & Valera, 1999). Mas as APs também são as principais promotoras de mudanças, melhorias, inovações ou de estabelecer objetivos estratégicos comuns. Isso implica conhecer as diferentes situações que existem, a detecção de necessidades e tendências sociais, o funcionamento dos sistemas técnicos, mas também das tendências de comportamento dos cidadãos que permitam que estes sistemas técnicos cumpram a função para a qual foram criados. Para cumprir com estes objetivos, as APs devem prover-se dos conceitos, instrumentos e recursos humanos adequados e suficientes. A Psicologia Ambiental pode (deve) contribuir para cada um desses objetivos. Valera, Íñiguez, Pol e Llueca (1996) sintetizam um modelo para a intervenção ambiental que diferencia três fases: - Fase I - Avaliação e seleção de necessidades manifestas e latentes, às quais a intervenção proposta deve dar resposta. A origem da iniciativa da intervenção e sua motivação real (melhorar a qualidade de vida, reabilitação de uma área, estimular a renovação de população, etc.), além da congruência do que se projeta com a realidade atual, sua aceitação ou rejeição por parte dos afetados, condicionarão Rua Dr. Moacir Birro, 663 – Centro – Cel. Fabriciano – MG CEP: 35.170-002 Site: www.ucamprominas.com.br e-mail: diretoria@institutoprominas.com.br 187 inevitavelmente a avaliação. Isso implica considerar a memória histórica e a descrição atual do lugar e dos recursos disponíveis antes do projeto; a valoração atribuída pela população e o conhecimento de suas necessidades e expectativas. - Fase II - Peritagem dos projetos: colaboração com os técnicos na concepção de projetos de intervenção e na previsão de seus efeitos. A peritagem de um projeto deve sempre realizar-se a partir de suas qualidades intrínsecas e em função da leitura social do lugar em que se projeta a intervenção. Isso implica dispor da informação sintetizada na fase I, ou seja, é necessário buscar ou criar essa informação, como ponto referencial de partida para a valoração, a fim de evitar desde o início do projeto que as decisões possam ter efeitos sociais e ambientais indesejáveis já que, uma vez finalizado, poderiam ter difícil correção por terem condicionado seu desenvolvimento. Uma vez finalizado o desenho do projeto, é necessário reavaliar os potenciais efeitos sociais e ambientais, para corrigir – se for preciso – o que se considere pouco desejável. Por isso é imprescindível a discussão conjunta com o cliente, os responsáveis políticos e os técnicos. - Fase III - Valoração posterior à intervenção. A valoração se refere à estimação do valor de uma determinada intervenção. Mediante o uso dos métodos e das técnicas pertinentes a cada caso, avalia-se a consecução dos objetivos formulados na intervenção, sua adequação à população, a funcionalidade da intervenção, o grau de satisfação dos habitantes e o nível de identificação e apropriação que neles gerou, e o seu impacto socioambiental. Francescato, Weidemann e Anderson (1989) propõem métodos para avaliar a partir da perspectiva do usuário. As avaliações pósocupação (APO, ou POE, para Post Occupancy Evaluation) (Preiser, Rabinowitz e White, 1987) seriam um caso específico de avaliação de intervenções em lugares muito concretos. Os requisitos do desenvolvimento sustentável estabelecem que, além de o projeto ser sustentável em si (Centre de Cultura Contemporánia de Barcelona, 1998), suas formas permitam ou facilitem o comportamento sustentável dos usuários ou cidadãos. A Agenda 21 A Agenda 21 tem sua origem na Conferência Rio'92; potencializando-se e Rua Dr. Moacir Birro, 663 – Centro – Cel. Fabriciano – MG CEP: 35.170-002 Site: www.ucamprominas.com.br e-mail: diretoria@institutoprominas.com.br 188 concretizando-se em conferências monográficas posteriores. Seu objetivo se centra em instar os municípios e órgãos locais a que elaborem um plano de ação local, como elemento chave para alcançar um desenvolvimento sustentável. A Agenda 21 é uma proposta para a ação inclusiva, participatória e compreensiva (International Council for Local Environmental Initiatives, 2000). Do ponto de vista da Psicologia Ambiental, existem pelo menos quatro grandes âmbitos de interesse das Agendas 21 em que se pode apresentar contribuições relevantes: 1) A forma da cidade como facilitadora/dificultadora, condicionante e até mesmo determinante de alguns comportamentos dos cidadãos, como é o caso da mobilidade, mas também da criação de atitudes e comportamentos ambientais (CityIdentity-Sustainability Network, 2002; Gardner & Stern, 1996; Oskamp, 2000; Ostrom, 1990; Zelezny & Schultz, 2000); 2) Incidência sobre valores, atitudes e comportamentos, como processo comunicativo e como objeto da educação ambiental (Bator & Cialdini, 2000; Hernández, Corral, Hess & Suárez, 2001; Palmer & Neal, 1994; Pol, Vidal & Romeo, 2001); 3) A implicação e o compromisso dos cidadãos e as formas de gestão participativa (Castro, 2000; McKenzie-Mohr, 2000; Suárez, 2000) incentivadas pela Agenda 21; 4) A criação de indicadores psico-socioambientais para o acompanhamento e a avaliação do progresso em direção a um modelo mais sustentável. Intervenção, gestão e efeito NIMBY A tomada de decisões em intervenção e gestão ambientais nem sempre agrada por igual a todos os cidadãos. As administrações públicas devem encontrar lugar para determinados serviços que precisam ser executados, por serem necessários e imprescindíveis, ainda que tenham uma imagem social negativa. É o caso, por exemplo, da gestão de resíduos industriais e do lixo domiciliar. Todo o mundo reconhece a necessidade do serviço, porém ninguém está disposto a ter as instalações necessárias perto de sua casa. Este tipo de rejeição ou resistência ficou conhecido como efeito NIMBY (Not In My Back Yard, não em meu quintal), efeito LULU (Local Unwanted Land Use, uso não desejado do território local), ou efeito Banana (Building anything at All Near anyone, não construir nada perto de ninguém). Rua Dr. Moacir Birro, 663 – Centro – Cel. Fabriciano – MG CEP: 35.170-002 Site: www.ucamprominas.com.br e-mail: diretoria@institutoprominas.com.br 189 O efeito NIMBY pode ser considerado "normal". Está relacionado à percepção social de risco, à atribuição de causas e potencialidades de alteração do próprio bem-estar e, portanto, levando a condutas de autodefesa (Freudenberg, 1984). Nos parece curioso que, em se tratando de um fenômeno eminentemente ligado à percepção humana, às atitudes e comportamentos dos cidadãos, a problemas de comunicação (ou sua falta) entre gestores e cidadãos, ao desenho urbano e de instalações industriais, se encontre tão pouca literatura sobre o tema na Psicologia Ambiental. A desconfiança na gestão e na tecnologia, além do medo dos efeitos sobre a saúde, são as razoes mais repetidas nos resultados das investigações sobre o efeito NIMBY, bem como outras razões ideológicas e demográficas (e.g., Hunter & Leyden, 1995). Ainda que o efeito NIMBY possa ter uma expressão individual e grupal, as pessoas que reagem às suas causas não constituem grupos homogêneos (Halstead, Luloff & Myers, 1993). Na sociedade moderna há uma superestimativa do risco, tanto nos países desenvolvidos como nos menos desenvolvidos (Dunlap & Mertig, 1995). Beck (1992a, 1992b) fala de um "novo paradigma da sociedade do risco" diante a necessidade de enfrentar os riscos resultantes da "modernização". As investigações técnicas, sociais e psicológicas constatam que a nocividade e dano dos estímulos ambientais não têm porque ter relação, mesmo que ambas alterem o bem-estar das pessoas. Aspectos como a distância sentida entre uma situação presente e a que se deseja, entre o que se alcançou e o que se considera legitimamente alcançável, resultam muito importantes na avaliação das implicações para o bem-estar. Isso parece intimamente ligado ao locus de controle e a processos de atribuição de causa (Allen & Ferrand, 1999; Willians & Less-Haley, 1993), de redução de dissonância cognitiva na concepção de Festinger (1957), ao equilíbrio custobenefício, à percepção de eqüidade, além do receio de perder os níveis de qualidade de vida alcançados (Lake, 1996; Moreno, Garrido, Martínez, Sandoval & Saura, 1989/1996). A experiência subjetiva das pessoas aparece como um construto cultural ligado a um sistema de valores que determina uma construção social do que é, e do que não é, mensurável como risco (Valera, 2000). Rua Dr. Moacir Birro, 663 – Centro – Cel. Fabriciano – MG CEP: 35.170-002 Site: www.ucamprominas.com.br e-mail: diretoria@institutoprominas.com.br 190 Os diagnósticos do efeito NIMBY encontrados na literatura permitem planejar estratégias e prever ações possíveis sobre os processos sociais e psicossociais implicados, orientados à administração de tal efeito (ver Pol, 2001, 2003). Certamente, não existem fórmulas mágicas para sua resolução, já que, por definição, o NIMBY sempre surge de uma história própria e se dá em um contexto particular. As soluções ou as estratégias para sua gestão têm de ser construídas sempre de forma específica para cada caso. O prestígio social das administrações públicas e dos gestores, a informação, a participação e o controle social dos processos tecnológicos e da gestão resultam cruciais para diluir as distorções perceptivas do risco associado, como também para restaurar a confiança e a credibilidade na administração pública. Para concluir Neste trabalho tratamos de perfilar uma serie de âmbitos pouco visíveis na Psicologia Ambiental, mas que constituem parte de uma agenda aplicada que a disciplina está desenvolvendo. A intervenção e a gestão ambientais utilizam os conhecimentos criados a partir da pesquisa básica da Psicologia Ambiental, da Psicologia Social ou da Psicologia em geral, além de outros ramos das ciências sociais, mas também desenvolvem pesquisa e instrumentos próprios. Detivemo-nos em seus aspectos mais específicos para facilitar ao leitor a aproximação a seus conceitos e instrumentos, e nos limitamos a referenciar aqueles aspectos que consideramos estarem ao alcance do leitor na literatura geral da disciplina. Referências Allen, J. B., & Ferrand, J. L. (1999). Environmental locus of control, sympathy and proenvironmental behavior. A test of Geller's actively caring hypothesis. Environment and Behavior, 31, 338-353. [ Links ] Allende, J. (1995). Desarrollo Sostenible. De lo global a lo local. Ciudad y Territorio, III(104), 267-281. [ Links ] Amérigo, M. (2000). Ambientes residenciales. In J. I. Aragonés & M. Amérigo (Orgs.), Psicología Ambiental (pp. 173-193). Madri: Pirámide. 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Citado por 8 - Artigos relacionados - Ver em HTML - Todas as 7 versões [PDF] A Valoração Econômica como instrumento de Gestão Ambiental-O Caso da Despoluição da Baía de Guanabara [PDF] de ufrj.brCBS Dubeux - 1998 - ppe.ufrj.br DE GESTÃO AMBIENTAL - O CASO DA DESPOLUIÇÃO ... TESE SUBMETIDA AO CORPO DOCENTE DA COORDENAÇÃO DOS PROGRAMAS DE PÓSGRADUAÇÃO DE ENGENHARIA DA UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO COMO PARTE DOS REQUISITOS ... Citado por 8 - Artigos relacionados - Ver em HTML - Todas as 6 versões [PDF] Gestão ambiental: uma prática para mediar conflitos socioambientais Rua Dr. Moacir Birro, 663 – Centro – Cel. Fabriciano – MG CEP: 35.170-002 Site: www.ucamprominas.com.br e-mail: diretoria@institutoprominas.com.br 198 [PDF] de paho.orgSH Theodoro, PMF Cordeiro… - II Encontro da ANPPAS, …, 2004 - bvsde.paho.org RESUMO A definição mais geral de Gestão Ambiental sugere que a mesma seja um conjunto de ações que envolvem políticas públicas, o setor produtivo ea sociedade de forma a incentivar o uso racional e sustentável dos recursos ambientais. Ela é, portanto, um processo que ... Citado por 6 - Artigos relacionados - Ver em HTML - Todas as 3 versões Diagnóstico e análise ambiental de microbacia hidrográfica: proposição metodológica na perspectiva do zoneamento, planejamento e gestão ambiental F MENDONÇA - RA'E GA-O Espaço Geográfico em Análise, 2010 - ojs.c3sl.ufpr.br Existe, na atualidade, muitas proposições metodológicas para o estudo do ambiente, uma grande parte na perspectiva interinstitucional e interdisciplinar. A proposta metodológica para a elaboração de análise e diagnóstico ambiental aqui apresentada insere-se dentro do campo ... Citado por 6 - Em cache Avaliação qualitativa paraconsistente do processo de implantação de um sistema de gestão ambiental [HTML] de scielo.brCAF Bispo… - Gest. Prod - SciELO Brasil O objetivo deste artigo é apresentar a proposta de um novo processo de avaliação qualitativa de implantação de um Sistema de Gestão Ambiental (SGA) elaborado com base na norma ISO 14001: 2004 e com a intenção de sua futura certificação por essa norma. A avaliação ... Citado por 6 - Artigos relacionados - Em cache - Todas as 2 versões Democracia e participação na gestão dos recursos hídricos no Brasil [HTML] de scielo.brPR Jacobi… - Rev. katálysis - SciELO Brasil ... Participação da sociedade civil na gestão ambiental compartilhada. ... À medida que aumentam os efeitos da degradação ambiental sobre a disponibilidade de recursos hídricos, a gestão de bacias hidrográficas assume crescente importância no Brasil. ... Citado por 12 - Artigos relacionados - Em cache - Todas as 8 versões [LIVRO] Psicologia da criatividade [PDF] de uniban.brT Lubart… - 2007 - uniban.br ... TEC. EM HOTELARIA 12/08/2010 Clube Juventus TEC. EM GESTÃO AMBIENTAL 11/08/2010 Clube Juventus TEC. ... II - dos cursos que conferem diploma de tecnólogo em Agroindústria, Agronegócios, Gestão Hospitalar, Gestão Ambiental e Radiologia. Art. ... Citado por 22 - Artigos relacionados - Ver em HTML [PDF] Gestão ambiental de atividades rurais: estudo de caso em agroturismo e agricultura orgânica [PDF] de sp.gov.brGS Rodrigues, C Campanhola, IA Rodrigues… - Agricultura em São …, 2006 - sp.gov.br RESUMO: Um estudo de avaliação ambiental e gestão territorial participativa foi desenvolvido para atividades de agrotu- rismo e agricultura ecológica, Rua Dr. Moacir Birro, 663 – Centro – Cel. Fabriciano – MG CEP: 35.170-002 Site: www.ucamprominas.com.br e-mail: diretoria@institutoprominas.com.br 199 respectivamente, nas regiões de Itu (SP) e Venda Nova do Imigrante (ES), e Francisco Bel- trão (PR) e Ibiúna (SP). ... Citado por 6 - Artigos relacionados - Ver em HTML - Todas as 3 versões Um modelo de evidências sobre riscos ambientais para a gestão pública em Belém do Pará fundamentado na auditoria interna e ambiental [HTML] de 59.toIS Teixeira, BH Kopittke, C Loch, R de Oliveira… - 1998 - forkatliphis.59.to Aos meus pais, Gerson Henrique e Almerinda Teixeira, a quem dedico mais este trabalho. Aos meus sogros, Manoel Avelino e Cleide Nazareth, às Irmãs Ivete Teixeira da Silva e Ivaneide Teixeira Pinto sempre presentes, e aos cunhados José Armindo Pinto, Paulo Júlio Neto, ... [PDF] Sugestão de indicadores para avaliação do desempenho das atividades educativas do sistema de gestão ambiental–SGA da Universidade Regional de … [PDF] de furg.brIC Butzke, GR Pereira… - … do Mestrado em Educação Ambiental. … - remea.furg.br ... ATIVIDADES EDUCATIVAS DO SISTEMA DE GESTÃO AMBIENTAL – SGA DA UNIVERSIDADE REGIONAL DE BLUMENAU – FURB ... Noebauer (bolsista de iniciação científica PIPe/FURB) RESUMO: A gestão ambiental consiste de um conjunto de medidas e procedimentos ... Citado por 7 - Artigos relacionados - Ver em HTML - Todas as 5 versões Limites do consenso: territórios polissêmicos na Mata Atlântica ea gestão ambiental participativa CL Rodrigues, ACR Moraes, CR Brandão… - 2001 - lakh.unm.edu ... 34798. Title: Limites do consenso: territórios polissêmicos na Mata Atlântica ea gestão ambiental participativa Limits of consensus: polysemic territories in Atlantic Forest and the participatory environmental management. Authors ... Citado por 7 - Artigos relacionados - Em cache [HTML] Gerenciamentos de resíduos químicos em instituições de ensino e pesquisa [HTML] de scielo.brAE Gerbase, FS Coelho, PFL Machado… - Química Nova, 2005 - SciELO Brasil ... O foco do evento foi a participação da administração central das Instituições de Ensino Superior (IFE's) ea implementação de políticas de segurança e gestão ambiental, especialmente de resíduos perigosos. Na oportunidade ... Citado por 15 - Artigos relacionados - Em cache - Todas as 2 versões [PDF] Gestão ambiental municipal: preservação ambiental eo desenvolvimento sustentável [PDF] de ufrgs.brE SCHNEIDER - Mestrado Interinstitucional PPGA-UNIVATES, 2001 - portalga.ea.ufrgs.br A preocupação ecológica passou a ser uma variável importante a ser considerada pelas administrações públicas. As pressões das organizações internacionais, do governo e da sociedade em relação Rua Dr. Moacir Birro, 663 – Centro – Cel. Fabriciano – MG CEP: 35.170-002 Site: www.ucamprominas.com.br e-mail: diretoria@institutoprominas.com.br 200 à demanda por uma maior qualidade ambiental, têm levado o poder público municipal a ... Citado por 7 - Artigos relacionados - Ver em HTML - Todas as 4 versões [LIVRO] Economia ambiental: gestão de custos e investimentos; Environmental economy: management of costs and investments LAA Moura - 2000 - bases.bireme.br ... A maior parte das empresas vêm realizando investimentos significativos, em vista das novas leis e normas ambientais, além de implantarem Sistemas de Gestão Ambiental do tipo ISO 14001 e Atuação Responsável, como resposta às crescentes demandas expressas pela ... Citado por 47 - Artigos relacionados - Em cache [PDF] Produção mais Limpa: uma ferramenta da Gestão Ambiental aplicada às empresas nacionais [PDF] de abepro.org.brJCG da Silva Filho - abepro.org.br Este artigo apresenta de forma sucinta a utilização de uma ferramenta ambiental na melhoria contínua de empresas nacionais. A abertura dos mercados internacionais fizeram com que as empresas tivessem que se aperfeiçoar. A concorrência se tornou mais acirrada. Então, ... Citado por 6 - Artigos relacionados [PDF] Guia da série de normas ISO 14001: sistemas de gestão ambiental [PDF] de udesc.brT DYLLICK, HPW GILGEN, B HÄFLIGER… - Blumenau: …, 2000 - joinville.udesc.br 2 Sistema de Gestão Ambiental 2.2 Tarefas e características da gestão ambiental 2.3 Idéia central e elementos estruturais do Sistema de Gestão Ambiental 2.4 Cumprimento do direito ambiental 2.5 Correlação com a norma tização européia 2.6 A normalização ISO 14000 Gestão ... Citado por 8 - Artigos relacionados - Ver em HTML [PDF] As indústrias farmacêuticas eo sistema de gestão ambiental (SGA) [PDF] de ufpa.brJAB de Macêdo - ufpa.br REVISTA FÁRMACOS & MEDICAMENTOS, v.1, n.4, Mai/Jun de 2000, p.46-50 www.aguaseaguas.ufjf.br / www.aguaseaguas.hpg.com.br jmacedo@fbio.ufjf.br / j.macedo@terra.com.br ... As indústrias farmacêuticas eo Sistema de Gestão Ambiental ( ... Citado por 6 - Artigos relacionados - Todas as 3 versões [PDF] Instrumentos econômicos para a gestão ambiental no Brasil [PDF] de coletivobraganca.com.brRS DA MOTTA… - Rio de Janeiro: IPEA, 1997 - coletivobraganca.com.br ... 42 5. EXPERIÊNCIA INTERNACIONAL NA APLICAÇÃO DE IES PARA A GESTÃO AMBIENTAL DA ÁGUA 46 5.1 Incentivos Fiscais e Subsídios 46 ... 103 Page 4. 9. ASPECTOS JURÍDICOS DA APLICAÇÃO DE INSTRUMENTOS ECONÔMICOS PARA GESTÃO AMBIENTAL 106 ... Citado por 8 - Artigos relacionados - Ver em HTML Rua Dr. Moacir Birro, 663 – Centro – Cel. Fabriciano – MG CEP: 35.170-002 Site: www.ucamprominas.com.br e-mail: diretoria@institutoprominas.com.br 201 [PDF] Governabilidade e descentralização da gestão ambiental no Brasil [PDF] de unbcds.pro.brFP Scardua - Brasília: UnB/CDS, 2003 - unbcds.pro.br ... UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA CENTRO DE DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL Governabilidade e descentralização da gestão ambiental no Brasil FERNANDO PAIVA SCARDUA ... Governabilidade e descentralização da gestão ambiental no Brasil Fernando Paiva Scardua ... Citado por 8 - Artigos relacionados - Ver em HTML [PDF] Metodologia científica [PDF] de unc.brPA BERVIAN… - São Paulo: Makron, 1996 - cni.unc.br ... Ementa: Normas técnicas. Sistema de Gestão Ambiental. Conceitos Básicos. Normas ISO 14001 e EMAS. ... DONAIRE, Denis. Gestão ambiental na empresa / Denis Donaire. São Paulo: Atlas, 1995. MOURA, Luiz Antônio Abdalla de. Qualidade e gestão ambiental: sugestões ... Citado por 57 - Artigos relacionados - Ver em HTML - Todas as 12 versões [HTML] A gestão ambiental, novo desafio para a psicologia do desenvolvimento sustentável [HTML] de scielo.brE Pol - Estudos de Psicologia (Natal), 2003 - SciELO Brasil Todo projeto industrial, desenvolvimento urbano ou oferta de serviço implica modificações em seu entorno, um impacto ambiental que pode afetar mais do que o local físico. Essas mudanças podem ser gestionadas positivamente, para minimizar seu impacto, ou podem ser ... Citado por 10 - Artigos relacionados - Em cache - Todas as 5 versões [LIVRO] Sistema integrado de gestão ambiental: como implementar um sistema de gestão que atenda à Norma ISO 14001, a partir de um sistema baseada na … EV Junior… - 1998 - books.google.com ^_ • 'W m »• / f ^ » . ^' "^ • ^ Emo viteimyunior SISTEMA INTEGRADO DE GESTÃO'AMBIENTAL ... COLEÇÃO ESTRATÉGIA & NEGÓCIOS O mundo atravessa uma época de grandes transformações com enormes mudanças sociais, políticas e económicas. Todos somos impactados pela ... Citado por 12 - Artigos relacionados [LIVRO] Uso de instrumentos econômicos na gestão ambiental da América Latina e Caribe: lições e recomendações [PDF] de ipea.gov.brRS da Motta, J Ruitenbeek, R Huber… - 1996 - ipea.gov.br O IPEA é uma fundação pública vinculada ao Ministério do Planejamento e Orçamento, cujas finalidades são: auxiliar o ministro na elaboração e no acompanhamento da política econômica e prover atividades de pesquisa econômica aplicada nas áreas fiscal, financeira, externa ... Citado por 12 - Artigos relacionados - Ver em HTML - Todas as 9 versões [PDF] O sistema ISO 14000 ea certificação ambiental [PDF] de rae.com.brMAR Nahuz - Revista de administraçao de empresas, 1995 - rae.com.br Rua Dr. Moacir Birro, 663 – Centro – Cel. Fabriciano – MG CEP: 35.170-002 Site: www.ucamprominas.com.br e-mail: diretoria@institutoprominas.com.br 202 ... Ao mesmo tempo, a indústria sentiu a necessidade de dispor de normas para os Sistemas de Gestão Ambiental. ... Os trabalhos do SAGE resultaram na criação do Comitê Técnico 207 – Gestão Ambiental, cujos esforços se refletem na elaboração do Sistema ISO 14000. ... Citado por 36 - Artigos relacionados - Todas as 5 versões 5-SGADA-SISTEMA DE GESTÃO E AVALIAÇÃO DO DESEMPENHO AMBIENTAL: A APLICAÇÃO DE UM MODELO DE SGA QUE UTILIZA O BALANCED … [PDF] de ufrgs.brLMS Campos… - REAd-Revista Eletrônica de Administração, 2010 - seer.ufrgs.br REAd – Edição Especial 30 Vol. 8 No. 6, nov-dez 2002 ... SGADA - SISTEMA DE GESTÃO E AVALIAÇÃO DO DESEMPENHO ... AMBIENTAL: A APLICAÇÃO DE UM MODELO DE SGA QUE UTILIZA O ... Lucila Maria de Souza Campos 1 Rua Uruguai, 458 CEP: 88302-202 ... Citado por 9 - Artigos relacionados [PDF] O desafio da gestão ambiental [PDF] de fcap.adm.brMS Moreira - Banas Ambiental. São Paulo, 2001 - fcap.adm.br As necessidades quanto a produtos e serviços parecem ser mais explícitas, porém a crescente preocupação com a preservação ambiental, por parte do consumidor, nem sempre é percebida ou considerada. Se a conscientização em nosso País ainda não é das melhores, sua ... Citado por 7 - Artigos relacionados - Ver em HTML - Todas as 2 versões [PDF] Participação na gestão ambiental no Brasil: os comitês de bacias hidrográficas eo desafio do fortalecimento de espaços públicos colegiados [PDF] de encob.orgPR Jacobi… - Los tormentos de la materia-aportes para una …, 2006 - encob.org Aborda-se neste texto o tema da participação na gestão pública do meio ambiente no Brasil e as transformações qualitativas na relação estado- sociedade civil, enquanto referência de um ponto de inflexão e reforço das políticas públicas centradas na ampliação da ... Citado por 9 - Artigos relacionados - Ver em HTML - Todas as 5 versões [PDF] AS PRÁTICAS DE GOVERNANÇA E DE RESPONSABILIDADE SOCIAL NO ÂMBITO DA DINÂMICA GLOBAL [PDF] de unisantos.brSP Polizel… - Gestão Ambiental - unisantos.br V Simpósio Internacional de Gestão de Negócios em Ambiente Portuário Sustentabilidade de Negócios em Ambiente Portuário Resumo Um novo espaço social, gerado pelo processo de globalização, exige novas configurações, habilidades organizacionais e formas ... Artigos relacionados - Ver em HTML - Todas as 2 versões [HTML] Legislação ambiental, desenvolvimento rural e práticas agrícolas Rua Dr. Moacir Birro, 663 – Centro – Cel. Fabriciano – MG CEP: 35.170-002 Site: www.ucamprominas.com.br e-mail: diretoria@institutoprominas.com.br 203 [HTML] de scielo.brPS Neumann… - Ciência Rural, 2002 - SciELO Brasil ... No caso brasileiro, os instrumentos de gestão ambiental pública são, na essência e de fato, compostos por instrumentos de comando e controle, ou seja, por regras e padrões a serem seguidos, atribuindo penalidades aos que não as cumprirem. ... Citado por 21 - Artigos relacionados - Em cache - Todas as 11 versões Inserção da gestão das águas na gestão ambiental AE Lanna - … Ambiente. Interfaces da gestão de recursos hídricos: …, 1997 - bvsde.paho.org ... Identificador: 04508 - 3200/M94/ 035743. Au.Personal: Lanna, Antonio Eduardo. Título: Inserção da gestão das águas na gestão ambiental. Fuente: Muñoz, Héctor Raúl. Brasil. Ministério do Meio Ambiente. Interfaces da gestão ... Citado por 23 - Artigos relacionados - Em cache [PDF] Introdução à gestão ambiental pública [PDF] de institutoguara.org.brJS Quintas - Brasília: Edições IBAMA, 2002 - institutoguara.org.br ... Page 12. Page 13. Sumário Unidade I – Bases para a Gestão Ambiental Pública .....15 Introdução .....17 1. A Questão Ambiental .....19 ... 29 SÉRIE EDUCAÇÃO AMBIENTAL 3. Gestão Ambiental como Mediação de Conflitos ... Citado por 25 - Artigos relacionados - Ver em HTML - Todas as 3 versões [HTML] Gestão ambiental: um enfoque no desenvolvimento sustentável [HTML] de ecoterrabrasil.com.brMEP Kraemer - Artigo Científico, Florianópolis- SC, 2006 - ecoterrabrasil.com.br A ameaça à sobrevivência humana em face da degradação dos recursos naturais, a extinção das espécies da fauna e flora, o aquecimento da temperatura devido à emissão de gases poluentes fizeram a questão ambiental ocupar um lugar de destaque nos debates internacionais. O ... Citado por 18 - Em cache [PDF] Estratégias empresariais e instrumentos econômicos de gestão ambiental [PDF] de rae.com.brPCV Guimarães, J DEMAJOROVIC… - … de Administração de …, 1995 - rae.com.br ESTRATEGIAS EMPRESARIAIS E INSTRUMENTOS ECONÔMICOS DE GESTÃO AMBIENTAL Os instrumentos econômicos de gestão ambiental podem assumir um novo papel na realidade brasileira: subsidiar as empresas na formulação de suas estratégias. The economie ... Citado por 13 - Artigos relacionados - Todas as 3 versões A educação ambiental ea gestão ambiental em cursos de graduação em administração: objetivos, desafios e propostas; Environmental education and environmental … Rua Dr. Moacir Birro, 663 – Centro – Cel. Fabriciano – MG CEP: 35.170-002 Site: www.ucamprominas.com.br e-mail: diretoria@institutoprominas.com.br 204 JC Barbieri - Rev. adm. pública, 2004 - bases.bireme.br ... Título: A educação ambiental ea gestão ambiental em cursos de graduação em administração: objetivos, desafios e propostas / Environmental education and environmental management in undergraduate business adimistration courses: goals, challenges, and proposals. ... Citado por 12 - Artigos relacionados - Em cache [PDF] Em direção a um novo paradigma de gestão ambiental–tecnologias limpas ou prevenção de poluição [PDF] de fgv.brR Mazon - Revista de Administração de Empresas, 1992 - fgv.br EM DIREÇÃO A UM NOVO PARADIGMA DE GESTÃO AMBIENTAL. Por outro lado, "os problemas discutidos no contexto da UNCED (ou ECO-92) são muito mais complexos do que aqueles tratados em 1972 em Estocolmo. O duplo tema — desenvolvimento e meio ambiente — ... Citado por 15 - Artigos relacionados - Todas as 4 versões [LIVRO] Novos instrumentos de gestão ambiental urbana HC Vargas… - 2001 - books.google.com É sabido que as cidades concentram a maior parcela da população brasileira e que o processo de urbanização tem-se estendido até áreas bastante circunscritas do território. Os problemas de milhões de pessoas residentes nas cidades têm uma forte ligação com os problemas ... Citado por 16 - Artigos relacionados - Todas as 3 versões A Gestão Ambiental em Instituições de Ensino Superior: modelo para implantação em Campus universitário [PDF] de scielo.brJ Tauchen… - Gest. Prod - SciELO Brasil A preocupação com o desenvolvimento sustentável e ações de gestão ambiental vem ganhando um espaço crescente nas Instituições de Ensino Superior. Isto tem se revelado a partir da abordagem educacional, na preparação de estu- dantes e fornecimento de informações e ... Citado por 12 - Artigos relacionados - Todas as 3 versões [LIVRO] Intergração das ferramentas da qualidade ao PDCA e ao Programa Seis Sigma S Aguiar - 2002 - revistaproducaoengenharia.org ... de volumes: ISBN, 852244269X. Titulo, Gestão Ambiental: Responsabilidade Social e Sustentabilidade. Autor, REINALDO DIAS. Editora, Atlas. Edição, 1ª. Ano, 2006. ... de volumes: ISBN, 8522443572. Titulo, ISO 14001 Sistemas de Gestão Ambiental. Autor, Editora, Atlas. Edição, ... Citado por 37 - Artigos relacionados - Ver em HTML Rua Dr. Moacir Birro, 663 – Centro – Cel. Fabriciano – MG CEP: 35.170-002 Site: www.ucamprominas.com.br e-mail: diretoria@institutoprominas.com.br 205 [PDF] A educação ambiental como instrumento de mudança na concepção de gestão dos resíduos sólidos domiciliares e na preservação do meio ambiente [PDF] de anppas.org.brI ZANETI… - … NACIONAL DE PÓS-GRADUAÇÃO E PESQUISA …, 2002 - anppas.org.br Considerando a articulação entre Ecologia e Economia, no padrão civilizatório do capitalismo industrial globalizado, verifica-se que a atual forma produtiva da economia de mercado baseia-se numa tecnosfera que produz uma grande pegada ecológica (resíduos, ... [PDF] Qualidade e gestão ambiental [PDF] de jus.brLAA Moura - 2008 - bdjur.stj.jus.br 10 - EVOLUÇÃO DA QUESTÃO AMBIENTAL-1 ) I - Conscientização ambiental - 2 I J. I Histól;co ambiental - 2 Década de 60- 3 Décadas de 70 e 80- 5 Déca da de 90 - 12 Anos 2000 - 14 1 1.2 Grandes questões - 15 IO crescimento populacional - 16 2. Esgo tamento dos ... Citado por 78 - Artigos relacionados - Ver em HTML - Todas as 3 versões [PDF] Gestão ambiental proativa [PDF] de fgv.brCS Sanches - RAE, 2000 - fgv.br ... RAE - Revista de Administração de Empresas • Jan./Mar. 2000 PALAVRASCHAVE Auto-regulação, empresa proativa, estratégia de negócios e meio ambiente, tecnologias ambientais, instrumentos de gestão ambiental. ... GESTÃO AMBIENTAL PROATIVA ... Citado por 67 - Artigos relacionados - Ver em HTML - Todas as 6 versões [LIVRO] Caiçaras na Mata Atlântica: pesquisa científica versus planejamento e gestão ambiental C Adams - 2000 - books.google.com Sobre a Obra Dissertação de mestrado defendida em novembro de 1996 no Programa de Pós-Graduação em Ciência Ambiental (PROCAM-USF elaborada sob orientação da profa. dra. Renate B. Viertler (FFLC PROCAM-USP). Participaram da comissão examinadora os ... Citado por 77 - Artigos relacionados - Todas as 3 versões [PDF] Educação para a gestão ambiental: a cidadania no enfrentamento político dos conflitos socioambientais [PDF] de nerea-investiga.orgPP Layrargues - … ambiente: a educação ambiental …, 2000 - material.nerea-investiga.org A educação ambiental está completando duas décadas de existência. Mas não é nosso propósito avaliar neste capítulo o que foi feito nesses vinte anos. Diante da possível ineficácia dessa prática Rua Dr. Moacir Birro, 663 – Centro – Cel. Fabriciano – MG CEP: 35.170-002 Site: www.ucamprominas.com.br e-mail: diretoria@institutoprominas.com.br 206 educativa apontada por alguns pesquisadores, e da construção de um cenário ... Citado por 50 - Artigos relacionados - Ver em HTML - Todas as 2 versões [PDF] Gestão ambiental e mudanças da estrutura organizacional [PDF] de scielo.brRI Corazza - Revista de Administração de Empresas (RAE- …, 2003 - SciELO Brasil ©Copyright, 2002, RAE-eletrônica. Todos os direitos, inclusive de tradução, são reservados. É permitido citar parte de artigos sem autorização prévia desde que seja identificada a fonte. A reprodução total de artigos é proibida. Os artigos só devem ser usados para uso ... Citado por 39 - Artigos relacionados - Ver em HTML - Todas as 8 versões [PDF] Educação no processo de gestão ambiental: uma proposta de educação ambiental transformadora e emancipatória [PDF] de forumeja.org.brJS Quintas - Identidades da educação ambiental brasileira. …, 2004 - forumeja.org.br EDUCAÇÃO NO PROCESSO DE GESTÃO AMBIENTAL: UMA PROPOSTA DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL TRANSFORMADORA E EMANCIPATÓRIA José Silva Quintas Palavras-chave: Educação ambiental, gestão ambiental, sustentabilidade Introdução O artigo 225 da ... Citado por 36 - Artigos relacionados - Ver em HTML - Todas as 21 versões [HTML] A proposição de uma taxonomia para análise da gestão ambiental no Brasil [HTML] de scielo.brSS Rohrich… - Revista de Administração Contemporânea, 2004 - SciELO Brasil Este trabalho propõe uma taxonomia para sistemas de gestão ambiental de organizações industriais e analisa a relação da gestão ambiental com a inovação tecnológica adotada. As organizações têm demonstrado comportamentos diferenciados quanto às políticas de gestão, recursos ... Citado por 29 - Artigos relacionados - Em cache - Todas as 9 versões Gestão ambiental de recursos hídricos: princípios e aplicações S Leal - 1998 - bases.bireme.br ... Mostrando: 1 .. 1 no formato [Detalhado]. página 1 de 1, 1 / 1, REPIDISCA, seleciona. para imprimir. Id: 46740. Autor: Souza Leal, Marcia. Título: Gestao ambiental de recursos hidricos: principios e aplicacoes. Fonte: Rio de Janeiro; CPRM; 1998. 122 p. Idioma: Pt. ... Citado por 33 - Artigos relacionados - Em cache - Todas as 2 versões [LIVRO] Gestão ambiental no Brasil: experiência e sucesso; Environment management in Brazil: experience and sucessful IV Lopes, GS Bastos Filho, D Biller… - 1998 - bases.bireme.br Rua Dr. Moacir Birro, 663 – Centro – Cel. Fabriciano – MG CEP: 35.170-002 Site: www.ucamprominas.com.br e-mail: diretoria@institutoprominas.com.br 207 ... Título: Gestão ambiental no Brasil: experiência e sucesso / Environment management in Brazil: experience and sucessful. ... 377 p. tab. Idioma: Pt. Resumo: Apresenta casos de iniciativas do setor privado que resultaram em práticas benéficas de gestão dos recursos ambientais. ... Citado por 26 - Artigos relacionados - Em cache - Todas as 3 versões 4-EVOLUÇÃO E CONDICIONANTES DA GESTÃO AMBIENTAL NAS EMPRESAS [PDF] de ufrgs.brRS de Souza - REAd-Revista Eletrônica de Administração, 2010 - seer.ufrgs.br ... 8 No. 6, nov-dez 2002 EVOLUÇÃO E CONDICIONANTES DA GESTÃO AMBIENTAL NAS EMPRESAS ... Palavras-chave: estratégias ambientais; ambientalismo empresarial; gestão ambiental. Page 2. Evolução e condicionantes da gestão ambiental nas empresas ... Citado por 29 - Artigos relacionados - Todas as 10 versões [LIVRO] População e meio ambiente: debates e desafios H Torres… - 1999 - books.google.com ... Em 1993, o grupo publicou, sob a coordenação de George Martine, o livro População e meio ambiente: verdades e contradições. Este primeiro livro tem sido amplamente utilizado por professores universitários nas áreas de ciências sociais e geografia para o ensino e debate ... Citado por 33 - Artigos relacionados - Todas as 3 versões [PDF] Mobilidade populacional e meio ambiente [PDF] de unicamp.brDJ Hogan - Revista Brasileira de Estudos de População, 1998 - abep.nepo.unicamp.br ... 89 Page 8. Hogan, Daniel J. Hev. Bras, Estudos Fop., Brasilia, 15(2), 199Й Bibliografia ABRANTES, FJ, ROMEIRO, A, R, Meio ambiente e modernização agrícola. Revista Brasileira de Geografia, Rio de Janeiro, v. 43, n. 1,p. 3-45, jan./nw. 1981, ARMO, Roberto Luiz do. ... Citado por 19 - Artigos relacionados - Todas as 2 versões [PDF] Ciências Sociais e Meio Ambiente no Brasil: um balanço bibliográfico [PDF] de cebrap.org.brA Alonso… - Boletim Informativo Bibliográfico, 2002 - cebrap.org.br ... O ―meio ambiente‖ explodiu como tema das ciências sociais nas últimas três décadas ... tentativa de organizar a produção brasileira sobre a questão ambiental foi realizada ... seu impacto nas diversas ciências sociais (sociologia, ciência política, antropologia, geografia e economia ... Citado por 27 - Artigos relacionados - Ver em HTML - Todas as 2 versões [LIVRO] Meio ambiente no século 21 21 especialistas falam da questão ambiental nas suas áreas de conhecimento A Sirkis, A Trigueiro… - 2005 - books.google.com Rua Dr. Moacir Birro, 663 – Centro – Cel. Fabriciano – MG CEP: 35.170-002 Site: www.ucamprominas.com.br e-mail: diretoria@institutoprominas.com.br 208 ... Jc Jindré ^Trigueiro MEIO AMBIENTE 2?SÉCULO 21 21 especialistas falam da questão ambiental nas suas áreas de conhecimento o * P Page 2. Page 3. Page 4. Um erro bastante comum é confundir meio ambiente com fauna e flora, como se fossem sinónimos. ... Citado por 37 - Artigos relacionados - Todas as 2 versões [PDF] Políticas e planejamento do turismo no Brasil [PDF] de ufrj.brBK Becker - Caderno Virtual de Turismo, 2001 - ivt.coppe.ufrj.br ... Geopolítica da Amazônia: a Nova Fronteira de Recursos, 1982 Editora Zahar, Rio de Janeiro. . Geografia e Meio Ambiente no Brasil, 1995, Editora HUCITEC, São Paulo. . Geografia Política do Desenvolvimento Sustentável, 1997, Editora UFRJ, Rio de Janeiro. ... Citado por 45 - Artigos relacionados - Ver em HTML - Todas as 4 versões Turismo e meio ambiente no litoral paulista dinâmica da balneabilidade nas praias CLV Midaglia - 1994 - bases.bireme.br ... e meio ambiente no litoral paulista dinâmica da balneabilidade nas praias. Fonte: Sao Paulo; ; 1994. 179 p. Ilus, tablas, planos. Idioma: Pt. Tese: Apresentada a Universidade de Sao Paulo. Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas. Departamento de Geografia para ... Citado por 14 - Artigos relacionados - Em cache - Todas as 2 versões [HTML] Saúde e meio ambiente: análise de diferenciais intra-urbanos, Município de São Paulo, Brasil [HTML] de scielo.brM Akerman, P Campanario… - Rev Saúde Pública, 1996 - SciELO Brasil ... 1. AKERMAN, M.; STEPHENS, C.; CAMPANÁRIO, P.; MAIA, PB Saúde e meio ambiente: uma análise de diferenciais intra-urbanos enfocando o ... 22. SOBRAL, HR Mapeamento das causas de morte no Município de São Paulo: subsídios a uma geografia médica da cidade. Bol. ... Citado por 24 - Artigos relacionados - Em cache - Todas as 6 versões Natural hazards: o estudo geográfico dos riscos e perigos [HTML] de scielo.brE Marandola Jr… - Ambient. soc - SciELO Brasil ... Vulnerabilidades e riscos: entre Geografia e Demografia. Texto enviado ao XIV Encontro Nacional de Estudos Populacionais, no Grupo de Trabalho "População e Meio Ambiente", da Associação Brasileira de Estudos Populacionais – ABEP, a realizar-se em Caxambú/MG ... Citado por 18 - Artigos relacionados - Em cache - Todas as 3 versões [HTML] A concepção de" espaço" na investigação epidemiológica [HTML] de scielosp.orgMCN Costa… - Cadernos de Saúde Pública, 1999 - SciELO Public Health ... Sorre, 1955), criou o conceito de habitat, apresentando a inter-relação existente entre o homem, o agente biológico, seus vetores e o ambiente. Este cientista destacou as conseqüências da relação dos indivíduos com o meio, e a necessidade de a geografia apreender tal ... 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Fabriciano – MG CEP: 35.170-002 Site: www.ucamprominas.com.br e-mail: diretoria@institutoprominas.com.br 214 SCIELO Após a escolha do tema do TCC, pertinente ao seu curso de Pós-graduação, você deverá fazer a busca por artigos científicos da área, em sites especializados, para a redação do seu próprio artigo científico. O suporte bibliográfico se faz necessário porque toda informação fornecida no seu artigo deverá ser retirada de outras obras já publicadas anteriormente. Para isso, deve-se observar os tipos de citações (indiretas e diretas) descritas nesta apostila e a maneira como elas devem ser indicadas no seu texto. Lembre-se que os artigos que devem ser consultados são artigos científicos, publicados em revistas científicas. Sendo assim, as consultas em revistas de ampla circulação (compradas em bancas) não são permitidas, mesmo se ela estiver relatando resultados de estudos publicados como artigos científicos sobre aquele assunto. Revistas como: Veja, Isto é, Época, etc., são meios de comunicação jornalísticos e não científicos. Os artigos científicos são publicados em revistas que circulam apenas no meio acadêmico (Instituições de Ensino Superior). Essas revistas são denominadas periódicos. Cada periódico têm sua circulação própria, isto é, alguns são publicados impressos mensalmente, outros trimestralmente e assim por diante. Alguns periódicos também podem ser encontrados facilmente na internet e os artigos neles contidos estão disponíveis para consulta e/ou download. Os principais sites de buscas por artigos são, entre outros: SciELO: www.scielo.org Periódicos Capes: www.periodicos.capes.gov.br Bireme: www.bireme.br PubMed: www.pubmed.com.br A seguir, temos um exemplo de busca por artigos no site do SciELO. Lembrando que em todos os sites, embora eles sejam diferentes, o método de busca não difere muito. Deve-se ter em mente o assunto e as palavras-chave que o levarão à procura pelos artigos. Bons estudos! Rua Dr. Moacir Birro, 663 – Centro – Cel. Fabriciano – MG CEP: 35.170-002 Site: www.ucamprominas.com.br e-mail: diretoria@institutoprominas.com.br 215 Siga os passos indicados: Para iniciar sua pesquisa, digite o site do SciELO no campo endereço da internet e, depois de aberta a página, observe os principais pontos de pesquisa: por artigos; por periódicos e periódicos por assunto (marcações em círculo). Ao optar pela pesquisa por artigos, no campo método (indicado abaixo), escolha se a busca será feita por palavra-chave, por palavras próximas à forma que você escreveu, pelo site Google Acadêmico ou por relevância das palavras. Rua Dr. Moacir Birro, 663 – Centro – Cel. Fabriciano – MG CEP: 35.170-002 Site: www.ucamprominas.com.br e-mail: diretoria@institutoprominas.com.br 216 Em seguida, deve-se escolher onde será feita a procura e quais as palavraschave deverão ser procuradas, de acordo com assunto do seu TCC (não utilizar ―e‖, ―ou‖, ―de‖, ―a‖, pois ele procurará por estas palavras também). Clicar em pesquisar. Rua Dr. Moacir Birro, 663 – Centro – Cel. Fabriciano – MG CEP: 35.170-002 Site: www.ucamprominas.com.br e-mail: diretoria@institutoprominas.com.br 217 Lembre-se de que as palavras-chave dirigirão a pesquisa, portanto, escolhaas com atenção. Várias podem ser testadas. Quanto mais próximas ao tema escolhido, mais refinada será sua busca. Por exemplo, se o tema escolhido for relacionado à degradação ambiental na cidade de Ipatinga, as palavras- Rua Dr. Moacir Birro, 663 – Centro – Cel. Fabriciano – MG CEP: 35.170-002 Site: www.ucamprominas.com.br e-mail: diretoria@institutoprominas.com.br 218 chave poderiam ser: degradação; ambiental; Ipatinga. Ou algo mais detalhado. Se nada aparecer, tente outras palavras. Isso feito, uma nova página aparecerá, com os resultados da pesquisa para aquelas palavras que você forneceu. Observe o número de referências às palavras fornecidas e o número de páginas em que elas se encontram (indicado abaixo). A seguir, estará a lista com os títulos dos artigos encontrados, onde constam: nome dos autores (Sobrenome, nome), título, nome do periódico, ano de publicação, volume, número, páginas e número de indexação. Logo abaixo, têm-se as opções de visualização do resumo do artigo em português/inglês e do artigo na íntegra, em português. Avalie os títulos e leia o resumo primeiro, para ver se vale à pena ler todo o artigo. Rua Dr. Moacir Birro, 663 – Centro – Cel. Fabriciano – MG CEP: 35.170-002 Site: www.ucamprominas.com.br e-mail: diretoria@institutoprominas.com.br 219 Ao abrir o resumo, tem-se o nome dos autores bem evidente, no início da página (indicado abaixo). No final, tem-se, ainda, a opção de obter o arquivo do artigo em PDF, que é um tipo de arquivo compactado e, por isso, mais leve, Caso queria, você pode fazer download e salvá-lo em seu computador. Rua Dr. Moacir Birro, 663 – Centro – Cel. Fabriciano – MG CEP: 35.170-002 Site: www.ucamprominas.com.br e-mail: diretoria@institutoprominas.com.br 220 Rua Dr. Moacir Birro, 663 – Centro – Cel. Fabriciano – MG CEP: 35.170-002 Site: www.ucamprominas.com.br e-mail: diretoria@institutoprominas.com.br 221 Busca por periódicos Caso você já possua a referência de um artigo e quer achá-lo em um periódico, deve-se procurar na lista de periódicos, digitando-se o nome ou procurando na lista, por ordem alfabética ou assunto. Em seguida, é só procurar pelo autor, ano de publicação, volume e/ou número. Rua Dr. Moacir Birro, 663 – Centro – Cel. Fabriciano – MG CEP: 35.170-002 Site: www.ucamprominas.com.br e-mail: diretoria@institutoprominas.com.br 222 É preciso ressaltar que você deve apenas consultar as bases de dados e os artigos, sendo proibida a cópia de trechos, sem a devida indicação do nome do autor do texto original (ver na apostila tipos de citação) e/ou o texto na íntegra. Tais atitudes podem ser facilmente verificadas por nossos professores, que farão a correção do artigo.

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