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tcc pronto O IMPACTO DO TREINAMENTO EM SUPORTE BÁSICO DE VIDA NA ATUAÇÃO DE ENFERMEIROS EM SITUAÇÕES DE PARADA CARDIORRESPIRATÓRIA



O IMPACTO DO TREINAMENTO EM SUPORTE BÁSICO DE VIDA NA ATUAÇÃO DE ENFERMEIROS EM SITUAÇÕES DE PARADA CARDIORRESPIRATÓRIA


 

1.             INTRODUÇÃO

 

A parada cardiorrespiratória (PCR) é uma emergência médica de altíssima gravidade, caracterizada pela interrupção súbita da atividade mecânica do coração e da respiração, resultando, se não tratada prontamente, em óbito em poucos minutos. Nesse contexto, o Suporte Básico de Vida (SBV) representa um conjunto de manobras padronizadas e internacionalmente reconhecidas que visam à reanimação imediata e eficaz da vítima, aumentando significativamente suas chances de sobrevivência. No ambiente hospitalar, a atuação ágil e tecnicamente fundamentada dos profissionais de Enfermagem é essencial para o êxito das intervenções durante esses eventos críticos (Nascimento e Gutierres, 2024).

A área de Urgência e Emergência configura-se como campo estratégico da Enfermagem, exigindo formação específica, atualização constante e domínio prático de protocolos como o SBV. O treinamento sistemático em SBV, alinhado às diretrizes da American Heart Association (AHA), permite que os enfermeiros atuem com maior segurança e competência, reduzindo falhas técnicas e otimizando os resultados clínicos dos pacientes. No entanto, ainda se observa uma lacuna considerável entre o conhecimento teórico adquirido durante a formação acadêmica e a aplicação prática em situações reais de PCR, especialmente quando não há programas contínuos de capacitação (Silva e Reis, 2023).

Nesse cenário, a presente pesquisa insere-se no campo da formação continuada em Enfermagem, voltando-se à análise do impacto do treinamento em SBV na qualidade da assistência prestada por enfermeiros frente à parada cardiorrespiratória. Ao final deste trabalho, pretende-se responder à seguinte questão-problema: Qual é o impacto do treinamento em Suporte Básico de Vida na atuação de enfermeiros durante situações de parada cardiorrespiratória?

 

1.1         OBJETIVO GERAL

 

Analisar o impacto do treinamento em Suporte Básico de Vida na atuação de enfermeiros frente a situações de parada cardiorrespiratória, destacando os benefícios, desafios e contribuições para a prática clínica em unidades de Urgência e Emergência.

 

1.2         JUSTIFICATIVA

 

A escolha do tema se justifica pela relevância clínica e social da parada cardiorrespiratória, uma condição que demanda resposta imediata e eficaz dos profissionais de saúde, especialmente da equipe de Enfermagem, muitas vezes os primeiros a intervir. O treinamento contínuo em SBV é apontado pela literatura científica como uma ferramenta fundamental para garantir intervenções adequadas, com impacto direto na taxa de sobrevida dos pacientes. No entanto, observa-se que muitos enfermeiros, sobretudo em contextos de alta demanda, carecem de atualizações regulares e oportunidades de aperfeiçoamento em técnicas de reanimação (Bernardes e Silva, 2021).

Do ponto de vista teórico, a pesquisa contribui para o aprofundamento da discussão sobre educação permanente em saúde, qualificação profissional e adoção de protocolos baseados em evidências. Socialmente, destaca-se pela possibilidade de subsidiar estratégias institucionais voltadas à capacitação contínua da equipe de Enfermagem, refletindo-se em melhorias na assistência e nos indicadores de mortalidade hospitalar.

A escolha do tema também decorre de uma motivação pessoal vinculada à vivência prática no estágio supervisionado em unidades de emergência, onde foi possível observar tanto a eficácia de profissionais bem treinados quanto as dificuldades enfrentadas por aqueles que não possuem domínio pleno das manobras de SBV. Diante disso, a presente pesquisa visa não apenas analisar o impacto do treinamento, mas também fomentar a reflexão sobre a importância de políticas institucionais voltadas à educação em serviço e à valorização do cuidado qualificado e seguro.

 

2.             FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

 

2.1         CONCEITOS E EVOLUÇÃO DO SUPORTE BÁSICO DE VIDA (SBV) E PARADA CARDIORRESPIRATÓRIA

 

O Suporte Básico de Vida (SBV) constitui o alicerce das manobras iniciais de ressuscitação cardiopulmonar, englobando um conjunto de técnicas padronizadas destinadas a preservar a circulação sanguínea e a ventilação em vítimas de parada cardiorrespiratória (PCR). Essa abordagem visa fornecer oxigenação tecidual adequada até a chegada de um suporte avançado, sendo fundamental tanto no contexto intra-hospitalar quanto pré-hospitalar. Para a American Heart Association (2020), o SBV representa uma cadeia de ações coordenadas, com ênfase na realização de compressões torácicas de alta qualidade, ventilação eficaz e utilização precoce do desfibrilador externo automático (DEA).

Historicamente, as diretrizes do SBV passaram por diversas atualizações à medida que novas evidências científicas emergiram. No passado, a sequência de atendimento seguia a ordem A-B-C (vias aéreas, respiração e circulação), sendo posteriormente substituída por C-A-B, conforme recomendações atualizadas, visando priorizar a circulação sanguínea e reduzir o tempo de início das compressões torácicas. Segundo a Sociedade Brasileira de Cardiologia (2019), tal mudança baseou-se em dados que demonstram a importância de iniciar as compressões precocemente para manter a perfusão cerebral durante a PCR.

O conceito de PCR está associado à interrupção abrupta da função cardíaca e respiratória, podendo ocorrer em diversas situações clínicas, como infarto agudo do miocárdio, arritmias malignas, acidentes, entre outras. Os desfechos dessa condição são fortemente influenciados pelo tempo de resposta da equipe de saúde e pela qualidade da intervenção inicial. Para Silva et al. (2012), a atuação precoce e eficaz dos profissionais treinados em SBV aumenta significativamente as chances de reversão da PCR, reduzindo sequelas neurológicas e a taxa de mortalidade.

Além do aspecto técnico, o SBV também envolve a capacidade de reconhecer os sinais iniciais da PCR, como ausência de resposta, respiração anormal ou inexistente e coloração cianótica. A correta identificação desses sinais é essencial para que a assistência seja iniciada sem atrasos. De acordo com Nascimento e Gutierres (2024), o reconhecimento rápido da parada e a ativação do sistema de emergência são fatores determinantes para o sucesso das manobras de reanimação.

No cenário da prática profissional de Enfermagem, o domínio dos protocolos de SBV é uma exigência indispensável, considerando que enfermeiros são frequentemente os primeiros a responder em situações críticas. A importância da capacitação contínua torna-se evidente, principalmente diante das atualizações frequentes das diretrizes, o que exige dos profissionais não apenas conhecimento teórico, mas também habilidade prática. Para Reis et al. (2016), a eficácia do atendimento depende diretamente do nível de preparo técnico do profissional, bem como da sua familiaridade com os protocolos atualizados.

Com o avanço da ciência e da tecnologia, novas ferramentas e metodologias foram incorporadas ao ensino e à prática do SBV. A utilização de manequins inteligentes, simulações realísticas e feedback em tempo real são alguns dos recursos que vêm sendo amplamente adotados para o aprimoramento das habilidades psicomotoras. Segundo Perez et al. (2025), tais estratégias aumentam a precisão das manobras, melhoram o desempenho dos profissionais e contribuem para a retenção do conhecimento.

A American Heart Association (2020) reforça que a execução de compressões torácicas com frequência e profundidade adequadas, minimizando as interrupções e garantindo o retorno completo do tórax, é a base de um SBV eficaz. Nesse sentido, o domínio das técnicas requer treino regular e avaliação sistemática das competências, uma vez que, com o tempo, há tendência de declínio na performance, sobretudo em profissionais que atuam em áreas não críticas.

Do mesmo modo, a integração entre teoria e prática no ensino do SBV deve ser constantemente fortalecida nos cursos de graduação em Enfermagem e nas políticas institucionais de educação continuada. Bernardes e Silva (2021) destacam que ambientes virtuais de aprendizagem, quando bem estruturados, podem complementar a formação prática e promover a atualização profissional em larga escala, especialmente em tempos de restrição presencial, como observado durante a pandemia da COVID-19.

Ressalta-se, ainda, a importância do trabalho em equipe durante a realização do SBV, uma vez que o sucesso das manobras de reanimação depende da comunicação eficiente e da distribuição adequada de tarefas entre os membros da equipe de saúde. Para Lockey et al. (2025), treinamentos que envolvem cenários simulados com múltiplos participantes promovem a coesão entre os profissionais e preparam-nos melhor para a realidade dinâmica das emergências clínicas.

A compreensão aprofundada do SBV e da fisiopatologia da PCR é fundamental para a formação de profissionais de Enfermagem capacitados a agir com competência e segurança em situações de risco iminente à vida. Conclui-se que o conhecimento técnico-científico aliado ao treinamento prático contínuo representa a principal estratégia para o fortalecimento da resposta inicial em casos de parada cardiorrespiratória, impactando positivamente os desfechos clínicos dos pacientes assistidos.

 

2.2         ESTRATÉGIAS DE CAPACITAÇÃO E FERRAMENTAS PEDAGÓGICAS EM ENFERMAGEM

 

A capacitação em Suporte Básico de Vida (SBV) no contexto da Enfermagem demanda a adoção de metodologias pedagógicas eficazes, que consigam integrar teoria e prática de forma significativa. O ensino tradicional, baseado apenas em exposições teóricas, tem se mostrado insuficiente para desenvolver competências clínicas que exijam resposta imediata e tomada de decisão rápida. Para Nascimento e Gutierres (2024), é essencial que a formação contemple estratégias ativas de aprendizagem, permitindo aos profissionais simularem situações reais de parada cardiorrespiratória e vivenciar os desafios inerentes à prática assistencial.

Uma das ferramentas mais eficientes para o ensino de SBV é a simulação clínica, recurso que proporciona ao aluno ou profissional de saúde a oportunidade de praticar intervenções em um ambiente controlado, mas realista. Essa abordagem permite o desenvolvimento de habilidades técnicas e não técnicas, como liderança, comunicação e trabalho em equipe. Segundo Tsuyuki, Iser e Perez (2025), os treinamentos com uso de simulação de alta fidelidade aumentam significativamente a retenção do conteúdo e a capacidade de resposta diante de emergências.

Além da simulação, o uso de feedback em tempo real tem ganhado destaque nas capacitações em SBV, pois permite que o aluno ajuste imediatamente suas técnicas de compressão torácica, ventilação e ritmo, com base nos dados apresentados por dispositivos eletrônicos acoplados aos manequins. Para Perez et al. (2025), essa modalidade de ensino não apenas melhora o desempenho imediato, mas também contribui para a manutenção das habilidades ao longo do tempo, sendo considerada um avanço importante no processo de aprendizagem.

A utilização de Ambientes Virtuais de Aprendizagem (AVAs) representa outra estratégia relevante na formação dos profissionais de Enfermagem, especialmente diante das limitações de tempo e de recursos físicos observadas em diversas instituições de ensino e saúde. Esses ambientes permitem a disponibilização de conteúdos multimodais, como vídeos, quizzes, fóruns e simuladores virtuais. De acordo com Bernardes e Silva (2021), os AVAs são ferramentas complementares eficazes, principalmente quando combinados com atividades presenciais de simulação e discussão de casos clínicos.

É importante destacar que a aprendizagem significativa em SBV só se consolida quando as metodologias adotadas são centradas no estudante e pautadas na resolução de problemas, na construção coletiva do conhecimento e no desenvolvimento da autonomia profissional. Para Lockey, Iser e Tsuyuki (2025), programas de capacitação baseados em metodologias ativas favorecem a formação crítica e reflexiva, o que é essencial para o desempenho eficiente em cenários de urgência e emergência.

Adicionalmente, treinamentos interprofissionais, que reúnem diferentes categorias da equipe de saúde em sessões práticas de SBV, têm demonstrado impacto positivo na integração dos serviços e na eficiência das ações durante situações de PCR. Essa abordagem rompe com o modelo fragmentado de ensino e promove a colaboração entre os profissionais. Segundo Silva e Reis (2023), a capacitação interprofissional melhora os resultados clínicos e fortalece a comunicação em tempo real durante o atendimento de emergência.

Em termos de periodicidade, a literatura aponta que treinamentos únicos não são suficientes para garantir a manutenção das habilidades requeridas no SBV. É necessário instituir ciclos contínuos de reciclagem e revalidação de competências, respeitando as diretrizes estabelecidas por órgãos internacionais, como a American Heart Association. Programas de capacitação que incluem avaliações periódicas são mais eficazes na fixação dos conteúdos e na correção precoce de falhas técnicas (Reis et al., 2016 p. 054).

 

Outra questão relevante refere-se à avaliação do impacto dos treinamentos na prática clínica, o que exige o uso de indicadores objetivos, como tempo de resposta, qualidade das compressões, taxa de sobrevida e satisfação dos profissionais. A mensuração desses dados possibilita a análise da efetividade dos programas e subsidia ajustes pedagógicos. A Sociedade Brasileira de Cardiologia (2019) ressalta que avaliações baseadas em evidências são fundamentais para assegurar a qualidade das ações de educação em saúde.

A escolha adequada dos recursos didáticos também exerce papel importante no processo de capacitação. A combinação de vídeos instrucionais, manuais ilustrados, aplicativos móveis e simuladores interativos pode potencializar a aprendizagem, especialmente em contextos com restrições logísticas. Segundo a American Heart Association (2020), o uso de tecnologias educacionais deve ser planejado de acordo com os objetivos do treinamento, o perfil do público-alvo e os recursos disponíveis, garantindo assim a acessibilidade e a eficácia do ensino.

É imprescindível que as instituições de saúde e de ensino superior incorporem em seus planejamentos pedagógicos uma política institucional de educação permanente voltada à capacitação em SBV. Essa política deve incluir a formação de instrutores qualificados, a padronização de conteúdos, o uso de recursos atualizados e o monitoramento contínuo dos resultados. De acordo com Nascimento e Gutierres (2024), a consolidação de uma cultura organizacional voltada à atualização profissional contínua é o caminho mais promissor para a excelência no atendimento à PCR.

 

2.3         IMPACTOS NA ATUAÇÃO DO ENFERMEIRO E NOS RESULTADOS DE SOBREVIVÊNCIA

 

A capacitação dos profissionais de Enfermagem em Suporte Básico de Vida (SBV) tem demonstrado impacto significativo sobre a qualidade da assistência prestada em situações de parada cardiorrespiratória (PCR). A atuação do enfermeiro, por sua posição estratégica nos serviços de saúde, é determinante para o início precoce das manobras de reanimação e, consequentemente, para a elevação das taxas de sobrevida. Segundo Silva et al. (2012), o desempenho técnico do enfermeiro treinado está diretamente associado à redução do tempo entre a ocorrência da PCR e o início da assistência, fator crucial para a preservação da função neurológica do paciente.

Além do tempo de resposta, a qualidade das intervenções realizadas influencia diretamente os desfechos clínicos. Compressões torácicas adequadas em profundidade, frequência e retorno torácico estão entre os principais preditores de sucesso na reanimação cardiopulmonar. De acordo com a American Heart Association (2020), profissionais devidamente treinados apresentam maior acurácia na execução dessas manobras, o que reflete positivamente na estabilidade hemodinâmica do paciente até a chegada do suporte avançado.

Outro aspecto relevante está na segurança clínica e na redução de eventos adversos. Enfermeiros capacitados em SBV tendem a apresentar menor índice de falhas técnicas durante a execução dos procedimentos, o que contribui para a melhoria dos protocolos assistenciais. Para Nascimento e Gutierres (2024), a capacitação sistemática fortalece a autoconfiança do profissional e o prepara para agir de forma racional mesmo em ambientes de alta pressão, reduzindo a ocorrência de erros evitáveis.

O impacto do treinamento também se reflete na postura proativa do enfermeiro frente às situações emergenciais. Profissionais treinados estão mais preparados para liderar equipes, distribuir tarefas, coordenar fluxos assistenciais e monitorar a efetividade das manobras executadas. Segundo Tsuyuki, Iser e Perez (2025), o domínio do protocolo SBV eleva o protagonismo da Enfermagem no atendimento à PCR, fortalecendo sua autonomia e consolidando seu papel como agente fundamental no cuidado em urgência.

Do ponto de vista institucional, a presença de equipes de Enfermagem treinadas influencia na credibilidade dos serviços de saúde e nos indicadores de qualidade. Taxas de retorno à circulação espontânea (ROSC) e de alta hospitalar são frequentemente utilizadas como parâmetros de avaliação da efetividade dos treinamentos. Conforme destaca a Sociedade Brasileira de Cardiologia (2019), instituições que investem em capacitação contínua colhem resultados positivos nos desfechos clínicos e na satisfação dos usuários.

Além disso, o treinamento em SBV contribui para o desenvolvimento de habilidades de comunicação e trabalho em equipe, fundamentais em contextos de urgência. Enfermeiros que participam de capacitações periódicas tendem a integrar-se mais eficazmente às equipes multiprofissionais, promovendo sinergia nas ações e favorecendo uma resposta assistencial mais coesa e eficiente. Esse aspecto é particularmente importante em ambientes com alta rotatividade de pessoal ou em serviços descentralizados (Lockey, Iser e Tsuyuki, 2025, p 04).

 

A manutenção das habilidades adquiridas durante os treinamentos também merece atenção especial. Estudos demonstram que o conhecimento técnico tende a declinar com o tempo, especialmente na ausência de prática constante. Por isso, programas de reciclagem periódica são essenciais para assegurar que o enfermeiro mantenha a competência necessária para atuar com excelência. Segundo Reis et al. (2016), treinamentos regulares com foco na prática simulada contribuem para manter o desempenho elevado mesmo meses após a capacitação inicial.

Outro impacto observável diz respeito ao reconhecimento da importância do enfermeiro como elo entre o paciente e a equipe médica durante eventos críticos. O enfermeiro treinado em SBV é capaz de identificar precocemente os sinais de deterioração clínica, acionar os recursos necessários e iniciar intervenções até a chegada de suporte avançado. Para Silva e Reis (2023), essa capacidade de resposta rápida é um diferencial que pode determinar a sobrevivência do paciente.

Cabe ainda destacar a influência positiva do treinamento na saúde emocional dos profissionais. Situações de PCR podem gerar ansiedade intensa e sensação de impotência, especialmente entre os profissionais menos experientes. A capacitação adequada fornece ferramentas para que o enfermeiro atue com maior serenidade e segurança, reduzindo o risco de burnout. Segundo Bernardes e Silva (2021), a simulação realística, quando inserida em programas de formação, contribui não apenas para o aprimoramento técnico, mas também para o fortalecimento emocional dos participantes.

De acordo com Lockey, Iser e Tsuyuki (2025), o treinamento em SBV exerce influência direta e multidimensional sobre a atuação do enfermeiro e os resultados de sobrevivência em casos de parada cardiorrespiratória. Conclui-se que investir na capacitação contínua da equipe de Enfermagem não é apenas uma exigência técnica, mas uma estratégia essencial para a segurança do paciente e a eficácia da assistência prestada. Por isso, recomenda-se que instituições de saúde incorporem essa prática como parte de sua política de qualidade e humanização do cuidado.

 

3.             CONSIDERAÇÕES FINAIS

 

O presente projeto de pesquisa propôs-se a analisar a relevância do treinamento em Suporte Básico de Vida (SBV) como elemento transformador na atuação do profissional de Enfermagem diante de situações de parada cardiorrespiratória. Ao longo do estudo, foi possível identificar que a capacitação sistemática dos enfermeiros não apenas melhora a qualidade técnica da assistência, como também contribui para a redução do tempo de resposta e o aumento das chances de sobrevivência dos pacientes acometidos por essa grave emergência clínica. A fundamentação teórica evidenciou que o domínio de protocolos atualizados e a prática regular das manobras de SBV são pilares fundamentais para a segurança do cuidado e a excelência profissional em contextos de urgência e emergência.

Além disso, o desenvolvimento deste projeto permite refletir criticamente sobre os modelos de capacitação adotados atualmente e os desafios enfrentados pelos profissionais de Enfermagem para manterem-se atualizados frente às constantes mudanças nas diretrizes internacionais. A pesquisa demonstrou que estratégias de ensino baseadas em simulações realísticas, feedback em tempo real e ambientes virtuais de aprendizagem são eficazes para promover a consolidação das competências necessárias ao atendimento de qualidade em PCR. Dessa forma, observa-se que a incorporação de metodologias ativas de aprendizagem, bem como a implementação de programas regulares de educação continuada, pode transformar o cenário assistencial em diversos níveis de atenção à saúde.

Por fim, este estudo contribui de maneira significativa para a comunidade científica e para o campo da Enfermagem ao destacar a urgência de se investir em processos formativos que capacitem os profissionais para lidar com situações críticas de forma segura, eficiente e humanizada. Ao mesmo tempo, o projeto reafirma a importância da pesquisa acadêmica como instrumento de aprimoramento das práticas de cuidado, subsidiando políticas institucionais de qualificação profissional. Conclui-se, portanto, que a ampliação e a sistematização do treinamento em SBV devem ser compreendidas como estratégias imprescindíveis para a valorização da Enfermagem, para a proteção da vida e para a promoção de uma assistência mais eficaz, ética e comprometida com a excelência em saúde.

 

4.             REFERÊNCIAS

 

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SILVA, C. M. B. R.; REIS, C. M. B. Conhecimentos dos enfermeiros sobre assistência ao paciente pós‑parada cardiorrespiratória: revisão integrativa. Cognitioniss, 2023.

 

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